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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
São tradições diferentes e uns festejam uma, outros pedem pela outra. Eu confesso que prefiro o Halloween. E porquê?
Pessolamente porque na minha casa, não se fazia o Pão por Deus e ouvi várias vezes a minha acvó dizer "dá com a direita que nem a esquerda saiba" referindo-se às pessoas que davam neste dia, para que os outros vissem, mas nos restantes não ajudavam ninguém. Por outro lado, se apareciam lá alguns vizinhos a pedir doces, dava-se algumas boachas ou pão, ou até arroz, feijão, comida que sabíamos que aquelas crianças levariam para a família mas raramente se davam chocolates ou chupas. Mas não se dava só naqueles dias. Trocavam-se produtos de mercearia por ovinhos caseiros, ou por frangos para a canjinha "das meninas". Era comum esta ajuda entre vizinhos e não porque se pedia por algo.
No meu tempo de criança não se festejava o Halloween, mas faziam-se lanchinhos na escola com sumpos, tortas dancake e batatas ruffles. Lembro-me de no 5º ano, quando comecei a ter InglÊs, a professora ter proporcionado à turma um pouquinho desta tradição e aí sim ter festejado com um lanche e irmos mascarados! Como sempre adorei o carnaval, era mais uma oportunidade de voltar a usar as máscaras. Cortavamos as calças que já nos ficavam curtas para um estilo mais "punk" e usavamos o lápis dos olhos das mães para desenhar verrugas no queixo!
Estas festividades são ambas festas de origem cultural muito remotas. Umas mais ligadas à tradição religiosa, outras à pagã.
Eu como não creio em religiões nem me identifico com nenhuma em particular, prefiro a pagã em que o folclore popular festeja a vida e a morte, como o fim de um ciclo e o início de outro (não tendo tanto a ver com a "morte como nós a entendemos, mas trata-se de o fim do ciclo do verão e das cultura, para o iniciar um novo ciclo, um novo ano, novas culturas). E é uma tradição bem mais antiga, pois tem mais de 3000 anos, vindo já do tempo dos Celtas. Celtas esses que eram politeístas, ou seja acreditavam em vários deuses relacionados com a natureza, festejavam o Samhaim que comemorava o novo ano Celta cujo 1º dia equivalia ao nosso 1º de novembro.
Eles acreditavam que nesse dia os mortos se levantavam e se apoderavam do corpo dos vivos e usavam fantasias com artefatos sombrios para afastar esses espíritos.
A própria igreja foi ao longo dos anos adaptando as tradições pagãs, dando uma nova vida às mesmas. No sentido de afastar quem se opunha aos dogmas da igreja, na idade média começou-se a condenar a morrer na fogueira as bruxas - hoje muitos cientistas, seriam chamados bruxos e muitos médicos queimados por saberem como usar medicamentos para curar as doenças - mas na época a ciência estava a aparecer e estava rodeada de obscuridade. Tudo o que era estranho ou se opunha à "criação de Deus" era mal entendida e calada através do uso das fogueiras. Condenando estas festividades pagãs, a igreja declarou o "Dia das Bruxas" e instituiu o medo.
Não conseguindo lutar contra todas as manifestações culturais e tal como fez com outras festividades, começa a festejar o Dia de Finados, que é o mesmo que mortos e mais tarde a igreja acaba por trocar o dia de Todos os santos, de 13 de Maio para 1 de Novembro, começando a tradição de se pedir esmola para os pobres através do "Pão por Deus". No fundo, este ritual, é festejar o dia dos mortos, mas com outro nome pois se numas culturas se oferecem banquetes aos mortos, noutras se põem velas e flores. A ideia é a mesma, a intenção de agradar a quem já morreu.
De notar que mais recentemente, o 13 de Maio ganhou um novo significado, mas poucos sabem que antes de se celebrar as aparições de Nossa Senhora, se festejava o dia de Todos os Santos.
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