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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Durante a manhã de ontem, sábado, cinco reclusos da cadeia de Vale de Judeus, evadiram-se daquelas instalações. Contaram com ajuda do exterior e, vamos a saber se não terão tido também ajuda do interior, mas o que salta desde logo à vista, é a facilidade com que o plano foi colocado em prática e as falhas que têm estado a ser faladas nos meios de comunicação social. Falhas essas que não são novidade para ninguém - e que provavelmente eram do conhecimento dos reclusos. Aquilo que acaba por me espantar no meio de tudo o que tenho estado a ver nas notícias é, como é que só saíram cinco?
Porventura, os restantes não quiseram arriscar o agravamento das suas penas ou, talvez cá fora as condições para serem recebidos na sociedade não fossem as melhores se se apresentassem como fugitivos, resolvendo por isso, que seria muito mais benéfico cumprirem o resto das suas penas. Mas para estes cinco reclusos, fugir foi uma opção em que tiveram tempo de pensar, e se bem o pensaram, melhor o fizeram.
Sem brincadeiras, estes homens são considerados muito perigosos (quatro deles tinham “medidas especiais de segurança”) e devíamos todos estar bastante preocupados com o facto de eles se encontrarem à solta e sem sabermos exatamente se ainda estão no país ou se já seguiram viagem para outro lado. É que só deram pela fuga quarenta minutos depois e, durante esse lapso temporal, os mesmos tiveram tempo de se pôr bem longe dali. Vale de Judeus fica em Alcoentre, perto de Lisboa, numa zona em que com facilidade se tem acesso a autoestradas (já para não falar da possibilidade de terem saído de barco ou de avião para outro lado, o que com documentos falsos não terá sido assim tão difícil).
Mas como é que o fizeram? Até agora, o que se sabe é tiveram ajuda do exterior, havendo "três suspeitos envolvidos," e o apoio de de duas viaturas para a fuga (uma de marca Mercedes e outra de marca Volvo). Os reclusos saíram pelo pátio, recorrendo a uma escada e a uma corda que lhes foram lançadas do exterior, sem que os guardas dessem conta. Isto foi possível por haver uma clara “falta de meios humanos (haverá 20 guardas para cerca de 500 reclusos)," facto que tem sido sucessivamente desvalorizado pelas diferentes tutelas. Outro factor que terá ajudado à fuga, ou pelo menos facilitado a sua execução, é que devido às últimas obras realizadas na prisão de Vale de Judeus, "as torres de vigia foram retiradas e substituídas por câmaras de vigilância." Estas câmaras são visualizadas por apenas um guarda, o que é humanamente impossível.
E quem são estes homens?
Rodolfo Lohrmann é "um criminoso argentino que chegou a ser um dos dez homens mais procurados da América Latina" e que por cá era conhecido como "El Ruso". É acusado de crimes de rapto, sequestro e homicidio. Uma das suas vítimas foi "Christian Schaerer (na altura com 21 anos), filho de um político argentino." Apesar de ter sido pago um "resgate de 277 mil dólares (cerca de 249 mil euros)" pela família, o jovem nunca veio a aparecer. Neste crime esteve também envolvido um cúmplice de nome Horacio Maidana. "Os dois acabariam por ser detidos em Aveiro, onde estariam a preparar assaltos a carrinhas de transporte de valores, e eram suspeitos de serem os autores de vários assaltos a bancos na zona de Lisboa e Odivelas. Ambos aguardaram julgamento na prisão de alta segurança do Monsanto, em Lisboa."
Fernando Pereira, foi "condenado com duas penas, uma de seis anos e outra de 24 por crimes como tráfico de droga e assaltos à mão armada," o que em Portugal perfaz apenas 25 anos.
Fábio Loureiro, de 33 anos e natural de Lagoa, no Algarve, cumpria também uma pena de 25 anos, "por vários crimes, incluindo sequestro e associação criminosa." É conhecido pela alcunha de "Cigano", e "foi considerado um dos maiores traficantes de droga do Algarve."
Mark Roscaleer, estava a cumprir 9 anos, acusado de crimes de roubo e sequestro. De nacionalidade britânica, Mark tem 39 anos e "já tinha fugido da prisão no seu país de origem."
Shergili Farjani, de 40 anos, é georgiano e estava a cumprir uma pena menor, de apenas 5 anos, "pelo crime de ofensa à integridade física." De notar que nesta prisão de alta segurança, estão, além de criminosos condenados a penas mais longas, estão também muitos reclusos estrangeiros.
O que pergunto é, se eles eram tão perigosos, deviam estar juntos, num espaço não vigiado? E entre muitas outras coisas que nos devem preocupar, é que havia alertas de falta de efetivos no meio prisional. Já se falava há muitos anos do fraco investimento nas prisões e das más condições de trabalho. Todos sabemos que existem telemóveis dentro das cadeias (um meio que facilita a comunicação com o exterior e ajuda na preparação deste tipo de fugas).
Vale de Judeus, está sem diretor e sem chefe dos guardas! Mas que mais tem sido feito e, o que é que foi feito, pelo menos nesta prisão, desde que se soube desta fuga? Algo mudou lá dentro?
Fontes:
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