
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Lembraram-me hoje que é Dia da Espiga, ou Quinta-Feira da Ascensão. Lembro-me de ver os raminhos atrás da porta da cozinha da minha avó, ou na casa das vizinhas, mas nunca liguei muito a isso. É uma tradição muito antiga e como tal decidi procurar um pouco mais sobre esta data e o simbolismo do raminho.
Neste dia celebra-se a consagração da Primavera, uma tradição ligada à agricultura. Começou há muito muito tempo com os celtas e os romanos a agradecerem aos deuses as primeiras colheitas do ano. Mais tarde, de acordo com a tradição católica, começou a festejar-se neste dia a subida de Jesus Cristo aos céus 40 dias após a sua ressurreição (na Páscoa).
Segundo a tradição, o Dia da Espiga era considerado “o dia mais santo do ano”, em que não se devia trabalhar e que as pessoas partiam num passeio matinal pelos campos para colherem espigas e depois fazerem um ramo que incluía também flores silvestres como papoilas ou malmequeres, raminhos de oliveira, de alecrim e de videira. Infelizmente, agora trabalha-se neste dia e encontrar espigas por aí também não é tarefa fácil.
Por ter uma ligação com a Natureza, pensa-se que este costume está relacionado com antigas tradições pagãs associadas às festas da deusa Flora que aconteciam por esta altura. Com a chegada do Cristianismo, a Igreja de Roma, à semelhança do que fez com outras festas ancestrais pagãs, cristianiza depois a data e tendo em conta as datas de celebração da Páscoa, em Portugal este dia foi associado à Festa da Ascenção, celebrada 40 dias depois da Páscoa e que em tempos foi comemorada com feriado nacional.
Cada planta que é colocada no ramo, está associada a um significado:
Ditam os antigos costumes que o ramo deve ser colocado atrás da porta de entrada de casa e apenas deve ser substituído no ano seguinte, por um ramo novo, como símbolo de sorte e prosperidade do lar.
Além destas associações ao pão e ao azeite, a espiga surge também conotada com o leite, com as proibições do trabalho e ainda com o poder da Hora, isto é, com o período de tempo que decorre entre o meio-dia e a uma hora da tarde, tomando mesmo, nalguns sítios do país a designação de Dia da Hora.
Nas localidades em que assim é entendida esta quinta-feira, acredita-se que neste período do dia se manifestam os mais sagrados e encantatórios poderes da data e nas igrejas realiza-se um serviço religioso de Adoração, após o qual toca o sino. Diz a voz popular que nessa hora “as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e até as folhas se cruzam”. Nalgumas povoações era também do meio-dia à uma que se colhia a espiga.
Não se cozia nem se remendava e havia quem deixasse comida feita de véspera para não ter de cozinhar neste dia. Em algumas aldeias, era também costume guardar-se pão, para que durante todo o ano não falte este alimento em casa. Este pão consumia-se no ano seguinte «sem bolor», prova da santidade do dia.
Fontes:
https://hortodocampogrande.pt/flores/dia-da-espiga-conheca-a-historia-e-o-simbolismo-desta-data/
https://ensina.rtp.pt/artigo/quem-sabe-o-que-e-o-dia-da-espiga/
OLIVEIRA, Ernesto Veiga – Festividades Cíclicas em Portugal. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1984. 357 p.(Colecção Portugal de Perto n.º 6) in https://www.santovarao.net/17-de-maio-dia-da-ascensao-dia-da-espiga-ou-quinta-feira-de-espiga/
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.