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Crise anunciada

por Elsa Filipe, em 16.03.23

Esta semana tem-se ouvido falar em Crise Financeira, algo que muitos analistas já andavam a falar, mas que tem sido um pouco desvalorizado. Se bem que já vivemos em crise há vários anos e que estes últimos meses têm sido bem difíceis, a verdade é que parece que a coisa está mesmo a instalar-se e com tendência a piorar.

Há uns dias o fundo imobiliário americano (BlackStone), que falhou o pagamento de um reembolso de obrigações no valor de cerca de 500 milhões de euros, vê-se agora na obrigação de vender ativos de forma acelerada para evitar falhar outros pagamentos.

Estas crises são cíclicas porque o problema está no financiamento a médio e longo prazo. Como houve uma grande emissão de dinheiro pelos bancos centrais em 2007 e 2008 para amenizar os efeitos da crise das novas tecnologias que já vinha a afetar os mercados, nos anos seguintes os estados não tiveram forma de recuperar e de pagar a dívida. Esta crise económica foi depois também acentuada por outros problemas, como a própria pandemia e a guerra na Ucrânia. Estados mais frágeis e endividados estão agora numa grave crise de dívida soberana, Portugal incluído.

Merkel foi uma das pessoas que tentou obrigar a União Europeia a fazer reformas estruturais ao nível das economias ocidentais, mas estas foram poucas ou mesmo nenhumas. Talvez desta vez, os banqueiros centrais se pareçam estar a lembrar dos princípios mais básicos daquilo que é a base da política monetária. Esta crise não poderá ser resolvida com uma nova emissão de dívida, pois isso só iria avolumar o problema.

Nos próximos tempos poderemos não ficar satisfeitos ao ouvir falar de congelamento de contas, uma vez que essa legislação já existe e permite a imposição de moratórias aos levantamentos bancários e resgate de ativos em massa. Foi aprovada discretamente pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu por proposta do BCE.

Muito têm os nossos governantes que fazer, mas parece que andam a discutir outras coisas e não se impõem medidas que evitem as falências de restaurantes, de pequenos negócios, bem como de setores inteiros da economia, assim como evitem o aumento desmesurado do crédito mal parado dos bancos. Tiremos a venda dos olhos!

Mas deixemos de olhar por momentos lá para fora e foquemos a nossa atenção cá dentro. Uma apresentação do Banco Central Europeu (BCE) num encontro de governadores dos bancos centrais do sistema demonstrou que as margens de lucros das empresas tinham aumentado, quando, por via do aumento dos custos, deveriam estar a diminuir. Perante isto, podemos concluir que as subidas de preço, que contribuem para o agravamento da taxa de inflação, estão a servir para aumentar os rendimentos das empresas à custa da perda de compra dos consumidores. É verdade isto? Irão manter-se as subidas desenfreadas de preços?

Os cabazes alimentares básicos estão a aumentar muito! A ASAE inspecionou vários super e hipermercados e verificou a inflação dos preços em diversos produtos alimentares. Ao mesmo tempo, o Governo reconhece que há “aumentos exagerados” nos preços dos bens essenciais e garante que está “atento” para identificar situações de especulação.

 

Fontes:

https://expresso.pt/economia/2023-03-02-A-inflacao-deve-se-a-subida-das-margens-de-lucro-das-empresas--O-BCE-suspeita-que-sim--pelo-menos-em-parte--ccab5609

https://expresso.pt/sociedade/2023-03-01-Ha-um-aumento-exagerado-de-precos-e-situacoes-de-margem-de-lucro-bruta-acima-dos-50-como-a-ASAE-esta-a-fiscalizar-os-supermercados-7b582bc1

https://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/detalhe/tombo-do-silicon-valley-bank-contagia-mercados-internacionais-banca-cai-quase-5

 

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publicado às 08:10



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