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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Faleceu aos 91 anos, Celeste Caeiro, a mulher que na manhã de 25 de abril de 1974, teve um gesto que ligou para sempre os cravos à revolução de abril. Um gesto simples que, ao ser fotografado e, depois repetido, ano após ano, celebrado e comemorado em eventos, escolas e homenagens, marcou esta revolução com cor, a cor da liberdade.
Celeste tinha 40 anos e vivia no Chiado, em Lisboa. Era filha de mãe espanhola, "de Badajoz e de pai desconhecido, com dois irmãos mais velhos," tendo crescido na Casa Pia. Naquele dia, o café onde Celeste trabalhava, na rua Braancamp, em Lisboa, "completava um ano e o patrão tinha comprado cravos para oferecer aos clientes," mas a presença dos militares nas ruas fez com que o comércio não abrisse e as flores iriam "estragar-se no armazém, por isso pediram aos funcionários que os levassem para casa."
Celeste foi até ao Chiado para ver o que se estava a passar, e numa troca de palavras com um dos militares que lhe pede um cigarro, ela que não fumava, resolveu dar-lhe um dos cravos que levava. Foi o primeiro. Dali, "até perto da Igreja dos Mártires deu o resto dos cravos que levava a outros militares," mas nunca pensou que a revolução se viesse a chamar "dos cravos" devido àquela singela oferta.
Este ano, na comemoração dos 50 anos desta data, Celeste Caeiro esteve presente na Avenida da Liberdade, em Lisboa, naquele que poderá ter sido "um dos momentos mais marcantes da celebração. Ao lado da família distribuiu cravos, 50 anos depois do dia que a marcou na história do país. Os fotógrafos presentes registaram o momento: as fotografias foram amplamente partilhadas e Celeste Caeiro celebrada pela importância que teve."
"Em 1988, perdeu tudo no incêndio do Chiado, ficou sem casa, sem fotografias e sem as recordações de uma vida. Em abril deste ano tinha sido já noticiado que sofria de graves problemas de visão, audição e locomoção. Viva em casa da filha e da neta em Alcobaça. "
Foi “militante comunista, mulher trabalhadora, de convicções fortes”, que “enfrentou uma vida de dificuldades com perseverança," pode ler-se num comunicado do PCP. Celeste já faz parte dos livros de HGP, só espero que na suaa constante "simplificação" não se perca também o nome desta mulher e de tantosoutros homens e mulheres importantes e sobre os quais as nossas crianças e jovens pouco ou nada sabem.
Fontes:
https://www.dn.pt/3592434070/morreu-celeste-caeiro-a-mulher-que-deu-o-cravo-ao-25-de-abril/
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