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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Um dos casos mais mediáticos dos últimos dias e... enfim, acho que ninguém consegue ficar indiferente àquilo que esta menina sofreu. Não me parece que estes assassinos durem muito dentro da prisão. Jéssica morreu em junho do ano passado depois de ser torturada e de agonizar sem que ninguém a socorresse. É impossível para mim ficar indiferente a um crime destes, especialmente quando a vítima é uma criança tão pequenina.
Segundo as notícias que a comunicação tem divulgado, a pequena Jéssica terá sido usada pela progenitora como pagamento de uma dívida, ou melhor como fiança até à concretização do pagamento de uma dívida, como se de um objeto se tratasse. Mas ao contrário de um objeto valioso, os seus detentores não a guardaram. Em vez disso, violaram a sua infância na forma mais despudorada e violenta que possamos imaginar! Usaram, maltrataram e abusaram do seu corpinho até acharem que ela lhes ia morrer nas mãos. Aí, chamaram pela mulher que a deu à luz mas que não a amou o suficiente para se comover com o seu sofrimento. Essa a que alguns chamam a "mãe" da menina, deixou-a mais uma noite na mão de quem a maltratava e no dia seguinte, levou-a para casa. A menina agonizou durante as suas últimas horas de vida e acabou por chegar ao hospital sem possibilidade de ser salva, apenas porque o padrasto ao ver o seu estado resolveu fazer aquilo que a mãe não se tinha "lembrado" de fazer: ligar a pedir ajuda.
Eu tenho acompanhado através da Linha Aberta da Sic e dos demais jornais (na televisão e online), o julgamento destes presumíveis assassinos. Eram cinco arguidos: Inês Sanches, aquela que foi a progenitora da menina, Tita, a tal da suposta ama de Jéssica, Justo, Eduardo e Esmeralda, marido e filhos de Tita, respetivamente. Eduardo, que estava acusado de tráfico de droga viu as acusações contra si caírem e é o único que está em liberdade neste momento.
Os testemunhos têm sido incoerentes, mas as provas estão lá e mesmo as mentiras têm sido deitadas abaixo. As imagens - a que felizmente, nós público não tivemos acesso - foram uma das maiores provas para se encontrarem as razões (quais razões?) para a morte desta menina. A Jéssica não está cá para contar o que sofreu, mas a autópsia do seu corpinho, falou por si e provou muita coisa. Provou que o ser humano consegue ser pior que um animal selvagem...
Ontem, nas alegações finais do julgamento, no Tribunal de Setúbal, Ana Calado Nunes (advogada de Inês Sanches), sustentou no seu discurso que esta mulher, de 38 anos, não tem "competências parentais" e não teve "perceção" de que a criança corria perigo de vida quando lhe foi entregue moribunda após ter passado cinco dias em casa da família Montes. Desculpem a sinceridade, mas nem que ela nunca tivesse sido mãe na vida, acho que pelas descrições seria bem visível o sofrimento da menina! O que é que esta pessoa "mal nascida" não percebeu? Verdade que ela não tem competências parentais, mas eu acrescento, e competências de ser "gente", é pessoa pelo menos não? Não houve um pingo de empatia pelo sofrimento do outro? De uma bebé?
A pena, que esta advogada tentou reduzir afirmando que não era justa ser de 25 anos é, infelizmente, a pena máxima em Portugal. E não é ela tão culpada como os outros? Pode não ter sido ela a provocar as lesões, mas não será crime igualmente punível o de dar a filha em troca de uma dívida? Os assassinos não foram buscá-la a sua casa, foi ela que lhes entregou a menina, sabendo do perigo que aquela família representava. Numa das versões, a menina terá sido dada como garantia do pagamento de uma dívida de 250 euros por serviços de bruxaria,para melhorar o relacionamento da mãe com o companheiro. Outro aspeto importante ao qual as notícias têm dado voz, é que parece que a menina apresentava marcas anteriores ao período de cinco dias em que esteve na posse da família Montes. Quem a agrediu antes?
A defesa dos outros agressores alega também que a menina poderia "ter sobrevivido com sequelas" (como se isso lhes tirasse a culpa da sua morte) e que não se sabe em concreto o que aconteceu depois da menina ter sido entregue à mãe... só sabemos é que ela está morta depois de ter sido, alegadamente, usada como correio de droga (facto que não pode ser provado ainda em tribunal) e que foi queimada e agredida. Que essas agressões foram de tal forma duras que lhe fraturaram o crâneo... Segundo o coordenador do Gabinete Médico-Legal de Setúbal, a menina não só "foi selvaticamente agredida", como também terá sido "abanada violentamente e atirada várias vezes contra uma superfície dura", o que lhe terá provocado a morte.
O pai de Jéssica, Alexandrino Biscaia, afirmou em tribunal que, nas últimas vezes que viu a criança, ela aparentava estar triste. O homem revelou ainda que Inês lhe pediu dinheiro no dia em que a Jéssica morreu, através de uma mensagem de telemóvel. O padrasto, recusou prestar declarações em tribunal. Uma outra testemunha disse que tinha sido ameaçada para que não contasse o que sabia. Ainda se vão saber mais coisas sobre quem fez o quê, mas até agora ainda há uma culpabilidade coletiva que resultou na morte de Jéssica mas que não determina quem foi o principal responsável.
Fontes:
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