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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
O carnaval é uma das minhas épocas preferidas do ano. Mas se gosto do meu carnaval, o das escolas de samba e dos grupos, das plumas, das figuras de destaque, dos desfiles na avenida ou, mais recentemente, à beira mar, não posso deixar de lembrar que há tradições bem diferentes pelo mundo fora. Como por exemplo, o carnaval italiano.
Este ano celebrou-se a 500ª edição do tradicional Carnaval de Bagolino (hoje, norte de Itália). Bagolino é "uma pequena cidade de origem medieval" na região da Lombardia.
O carnaval de Itália é um dos mais antigos a nível europeu. O carnaval de Veneza "tem registos desde o século XI, na época do governante Vitalie Falier, mas a festa só foi oficialmente reconhecida no século seguinte." O carnaval da Veneza medieval vinha da época em que "os venezianos se permitiam aos divertimentos proibidos em outras épocas do ano e as máscaras permitiam um disfarce," para que ninguém os conhecesse e se pudessem permitir a comportamentos de festa a todos os estratos sociais, desde pobres a ricos, ao povo e à nobreza. "Até mesmo os religiosos usavam as máscaras para aproveitar as festanças."
"As máscaras de Veneza eram usadas também em outras ocasiões além do carnaval como nos banquetes oficiais da República. Havia épocas também em que as máscaras de Veneza foram restringidas pelo governo porque tinham se tornado muito frequentes e acabavam sendo ligados a atividades ilícitas e pouco cristãs." Originalmente feitas em papel màché, ainda hoje estas máscaras são usadas e são uma marca da tradição italiana. "Primeiro o rosto a ser representado é feito de argila, depois um molde de gesso define a forma baseado no rosto criado na argila, aí então o molde é coberto pelo papel màché." Depois de seca, "é retirada do molde e coberta com uma camada fina de papel especial." Depois, estas máscaras "são decoradas com pintura, plumas e o que mais quiser." Hoje o fabrico mudou, havendo máscaras feitas de plástico e de metal, "mas as máscaras em papel màché continuam presentes em pequenas lojas especializadas."
Uma das figuras mais conhecidas é a do Arlequim ou "Arlecchino", que representa um "servo cómico da Commedia dell’Arte italiana. Tradicionalmente usava roupas remendadas e trapos, que evoluiu para uma manta de retalhos em forma de losango, como conhecemos hoje. A máscara é preta com uma mancha grande e vermelha na testa."
Outras figuras conhecidas são o Pierrot e a Columbina. O Pierrot costuma ser "retratado como belo, charmoso e gentil a ponto de se culpar pelos erros que nunca fez." Geralmente "tem o rosto esbranquiçado e é representado com uma lágrima" no rosto. A Columbina, também representa "uma personagem serva da Commedia dell’Arte," que normalmente se vestia com "um vestido esfarrapado e remendado adequado a um funcionário. Era conhecida por usar maquiagem pesada ao redor dos olhos e levar um pandeiro para se defender dos avanços amorosos de Pantaleão." A sua máscara, tradicionalmente, apenas cobre metade do rosto.
Entre os "séculos XV e XVI, os Médicos em Florença" organizavam desfiles de carros alegóricos (carrroças puxadas a cavalos e decoradas) que eram chamados "triunfos" e acompanhados por músicas alegres, "para dançar."
O Carnaval de Veneza e o de Viareggio "são considerados" dois "dos maiores do mundo," com o de Veneza a ser reconhecido "pela beleza das fantasias, a pompa das festividades" e pela diversidade de outras manifestações, tais como as "exposições de arte, desfiles de moda ou apresentações teatrais." Já o de "Viareggio é caraterizado por carros alegóricos que desfilam nos domingos entre janeiro e fevereiro, e que possuem enormes esculturas de papel-machê, que retraram caricaturas de homens famosos no campo da política, cultura e entretenimento, cujos traços caraterísticos, especialmente os recursos são sublinhados com sátira e ironia."
Noutra zona de Itália, em Ivrea na região de Turim, a tradição passa pela "tradicional Batalha das Laranjas," que é uma "tradição de inspiração medieval," que conta a história da filha de um oleiro local, uma plebeia de nome "Violeta," que na noite do seu "casamento, pelas leis locais, terá sido obrigada a passar a noite com o nobre tirano que liderava a aldeia. Para defender a honra, Violeta matou o nobre e libertou Ivrea da tirania." Daí a uma luta de laranjas... bem, ainda se passam vários séculos. Já no século XX, nos anos 30, as jovens "daquela localidade, por alturas do Carnaval, começaram a atirar laranjas das varandas para chamar a atenção dos rapazes." Esta "tradição evoluiu para uma agressiva tradição carnavalesca", onde os "participantes se dividem em duas equipes: a dos nobres e a dos plebeus", sendo já uma atração turística local.
Mas ao falarmos da antiguidade dos carnavais, não nos podemos esquecer que nem toda a Itália, era Itália como geograficamente a conhecemos hoje. No "final do século XV, a Itália foi invadida pela França e, mais tarde, pelo imperador Carlos V, que subjugou a maior parte do território em 1550. A seguir a Carlos V, os Habsburgo espanhóis controlaram a Itália até os Habsburgo austríacos governarem o território, na primeira metade do século XVIII. No final da ocupação napoleónica, em 1815, alguns estados tornaram-se independentes."
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval_da_It%C3%A1lia
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$italia
https://pt.euronews.com/2018/02/11/-batalha-das-laranjas-no-carnaval-a-italiana
https://www.bbc.com/portuguese/videos_e_fotos/2014/03/140304_batalha_laranjas_bg
https://www.westwing.com.br/guiar/mascaras-de-veneza/
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