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O movimento começou a ser mais conhecido aquando da participação dos portugueses Mariana Mortágua (deputada da Assembleia da República), Sofia Aparício (manequim e atriz), Miguel Duarte e Diogo Chaves, que se juntaram a ativistas de outras quarenta nacionalidades numa viagem com destino a Gaza, onde pretendiam entregar ajuda humanitária e contestar o bloqueio israelita sobre o território palestiniano. Este grupo de barcos que viajou em direção a Gaza, não foi o primeiro a tentá-lo, tendo havido já situações que resultaram em mortes de ativistas.

Desde logo, é de realçar as intenções mediáticas que um transporte por terra não causaria - a intenção também era desde logo marcar uma posição! A ativista sueca Greta Thunberg faz também parte desta missão. A ajuda humanitária, essa não seria assim de grande volume - sendo divergentes as opiniões sobre as quantidades transportadas a bordo - mas fosse o que fosse, seria sempre mais o valor mediático da viagem do que o da própria ajuda em si, mostrando que Israel não permite que se entre na região nem para ajudar quem passa fome. A questão aqui é muito mais complexa. Uma das opiniões é a de que Israel não permitindo que civis ali entrem serve primeiramente como proteção aos próprios, uma vez que aquela é uma zona de guerra. Outras opiniões dizem que este encerramento de fronteiras leva ao agravamento da fome, ao isolamento da população palestiniana e ao seu genocídio. A própria declaração de genocídio não foi ainda aceito por todos os estados da mesma forma.  

Composta por mais de 50 embarcações e cerca de 500 pessoas a bordo, a flotinha partiu de Barcelona, tendo sofrido vários contratempos que obrigaram a paragens forçadas, começando por terem tido todos de regressar à costa espanhola devido a condições meteorológicas adversas. Devido ao mau tempo que se fez sentir no Mediterrâneo, "cinco dos barcos mais pequenos," acabaram mesmo por não seguir viagem, "por causa das condições do mar." Dias depois, algumas das embarcações chegaram mesmo a ser atacadas por drones.

A 28 de setembro saíram de Creta, mesmo sendo avisados da perigosidade de prosseguirem a viagem. A deputada Mariana Mortágua chegou a dizer, na aproximação ao destino que "o sentimento" era o "de missão mais próxima de ser cumprida e de sucesso na parte em que foi possível pressionar os governos para garantir que a missão chegava até aqui." O facto de se aproximarem de Gaza, levantava agora mais riscos, uma vez que começavam a "entrar em águas que Israel declarou exclusivas." Vários navios começavam então a rodear a flotilha. O governo chegou mesmo a aconselhar que regressassem, uma vez que a posição que queriam mostrar estava alcançada. Itália aconselhou o mesmo, acompanhando até àquela posição os barcos, numa forma de os proteger, mas avisando que a partir daquele ponto já estariam por sua conta se decidissem avançar, sugerindo até que poderiam "entregar a ajuda humanitária noutro lugar que não Gaza."

Semelhantes avisos vieram de Espanha.

Apesar dos avisos e de já estarem sob mira de Israel, decidem prosseguir viagem, avisando que só parariam em Gaza e, é na saída da segurança das águas internacionais que "o exército israelita interveio, detendo a maioria dos ativistas, entre eles os quatro portugueses que se sabe que seguiam a bordo."

No momento em que Mariana Mortágua (coordenadora do Bloco de Esquerda) fazia declarações para a RTP, foi-lhe mandado que atirasse o telemóvel à água assim como a todos os que estavam a bordo. Além desta, outras 12 "embarcações da flotilha foram intercetadas pela Marinha do Estado hebraico. Uma delas terá sido mesmo abalroada em águas internacionais, de acordo com a Flotilha Global Sumud." Mortágua havia ainda conseguido gravar um vídeo, que publicou nas redes sociais, em que apelava "para que os portugueses" se mobilizassem e pressionassem "o Governo português a agir."

De acordo com Paulo Rangel (MNE), todos os que foram detidos estão em segurança e irão estar na presença de um representante da embaixada portuguesa em Telaviv. Paulo Rangel referiu também, que já era esperada esta intervenção israelita, uma vez que "a flotilha saiu das águas internacionais," e que tinha existido sempre um acompanhamento da parte do Estado portuguêsm, dando como exemplo Tunes e explicando que, a intervenção militar, seria desproporcional.

No entanto, apesar do apoio que Portugal está a dar através da embaixada, "as diligências poderão atrasar-se por estas detenções terem ocorrido num período de festividades em Israel, durante as quais os serviços estão parados."

Entretanto, em várias cidades europeias, sucedem-se manifestações que pedem a libertação dos ativistas e voltam a exigir o fim do genocídio em Gaza. Qual é a sua opinião? Existe ou não um genocídio? E não existirá também noutros locais dos quais pouco se fala? 

Fontes:

https://sicnoticias.pt/especiais/guerra-no-medio-oriente/2025-10-01-iniciada-abordagem-israelita-a-flotilha-global-sumud-a0fc6350

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/do-ultimato-a-abordagem-marinha-israelita-intercetou-flotilha-e-deteve-ativistas_v1687764

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/portugueses-na-flotilha-foram-sempre-acompanhados-pelo-mne-afirma-paulo-rangel_e1687697

https://pt.euronews.com/2025/10/02/flotilha-humanitaria-portugal-junta-se-aos-protestos-mundiais-apos-detencao-de-ativista

https://sicnoticias.pt/especiais/guerra-no-medio-oriente/2025-10-01-video-flotilha-com-ajuda-humanitaria-devera-chegar-esta-quinta-feira-a-gaza-2c99194f

https://sicnoticias.pt/especiais/conflito-israel-palestina/2025-09-28-portugueses-na-flotilha-insistem-em-levar-missao-ate-ao-fim-2824d250

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publicado às 23:18



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