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A queda da ponte de Morandi

por Elsa Filipe, em 15.08.18

Ontem os nossos olhos ficaram colados ao ecrã com as imagens terríveis da queda de uma ponte rodoviária em Génova, Itália. Esta é uma área densamente povoada, com a ponte de Morandi a permitir escoar o volume de gente que diariamente entra e sai da cidade.

Ontem dia 14, sem ninguém prever, por volta das 11h15 durante uma forte chuva que atingia a região, a estrutura da ponte colapsa arrastando carros e camiões, levando dezenas de vidas para uma morte certa. Uma parte da ponte caiu no rio, mas outros setores acabaram por ruir sobre habitações por cima das quais havia sido construída.

Aos poucos foram sendo avançados os números referentes às vítimas mortais e aos feridos, consoante as equipas de socorro no local iam conseguindo desencarcerar feridos e recuperar corpos. De acordo com o Expresso, o balanço "subiu para 39 mortos, entre os quais três crianças de 8 a 12 anos. Há ainda 16 feridos, nove em estado crítico, e dez pessoas dadas como desaparecidas. Esta quarta-feira, o Governo italiano declarou o estado de emergência por 12 meses para a região."

Onze edifícios foram evacuados, uma vez que a ponte passava por cima de habitações e fábricas, o que obrigou à retirada de 432 pessoas. Os trabalhos de limpeza vão continuar e estima-se que sejam necessários entre dez a 15 dias - trabalhando 24 horas sobre 24 horas - para que sejam concluídos.

São desoladoras as imagens a que assistimos e que não nos deixam qualquer explicação para a queda da ponte, construída na década de 60 e inaugurada em 1967. A estrutura, que atravessa a cidade portuária de Gênova, tem cerca 100 metros de altura e 1.182 metros de comprimento e o governo tinha iniciado uma reforma na ponte em 2016.

A ponte Morandi era conhecida como a "Brooklyn Bridge de Génova" e segundo algumas fontes, a estrutura apresentava problemas de construção desde o primeiro dia. Há 50 anos, uma ponte gémea do mesmo engenheiro colapsou.

 

Há dois anos, segundo referido no Expresso, já o engenheiro Antonio Brencich, da Universidade de Génova, garantia que existiam motivos de preocupação. “Pouco após a sua construção, o viaduto Morandi já apresentava problemas. Não foram tidos em consideração, por exemplo, os efeitos da deterioração do betão, que acabaram por resultar num plano de estrada não-horizontal”, explicou à página de notícias da comunidade de engenheiros civis Ingegneri. “Mesmo nos anos 80, aqueles que passassem na ponte teriam que conduzir sobre altos e baixos dado o deslocamento da placa de circulação.

Fontes:

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/14/ponte-cai-na-italia.ghtml

https://observador.pt/2018/08/14/ponte-morandi-a-brooklyn-bridge-de-genova-que-tem-problemas-desde-que-foi-inaugurada/

https://expresso.pt/internacional/2018-08-14-Tragedia-imensa-o-que-ja-se-sabe-sobre-a-queda-da-ponte-em-Genova

https://expresso.pt/internacional/2018-08-15-Balanco-de-mortos-na-queda-da-ponte-em-Genova-sobe-para-39.-Governo-procura-culpados

 

 

 

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publicado às 13:54

Quando ajudar é crime

por Elsa Filipe, em 09.08.18

São às centenas os refugiados que atravessam o Mediterrâneo em busca de um lugar seguro. Várias organizações não governamentais tentam ajudar e salvam aqueles que lutam pela vida na iminência de uma morte por afogamento.

Se deviam estar ali? Talvez... talvez não... a nossa opinião pode ser condicionada por tantos fatores que é difícil.

Penso que não deviam, porque não era suposto estarem em fuga abandonando as suas coisas, a sua terra, as pessoas que conhecem e amam para irem para um lugar desconhecido. Mas é para muitos a única escapatória, de um país em guerra, da fome e da miséria, na busca por colocar comida na boca dos filhos, mesmo que esta solução os possa conduzir à morte. Alguns dizem que preferem a morte a tentar do que continuar no país onde nasceram e isto devia dizer-nos muito sobre aquilo que estão a passar neste momento.

Mas quem ali está para os ajudar, não pode atracar nos portos italianos. Incorrem em crimes, em acusações que os podem levar à cadeia por muitos anos. Uma destas pessoas, é Miguel Duarte, um português, de 25 anos e estudante do Instituto Superior Técnico de Lisboa, é acusado de auxílio à emigração ilegal. Certo, estas pessoas não estão a entrar de forma legal num país europeu, mas estão a fugir de um conflito e da morte certa numa terra que anda em guerra há anos. Não estão a vir de férias nem estão a vir para uma empresa trabalhar! Estão a fugir, são refugiados. 

 A 24 de Junho, já o navio da ONG alemã Mission Lifeline continuava à espera de autorização para desembarcar 239 migrantes, entre eles 14 mulheres e quatro crianças, resgatados no Mar Mediterrâneo entre a costa da Líbia e a ilha italiana de Lampedusa.

No sábado, o ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, disse que os navios de resgate de migrantes podem "se esquecer" de atracar em portos italianos. "Esses barcos podem se esquecer de chegar à Itália, eu quero acabar com os negócios do tráfico e da máfia", declarou o líder do partido de ultradireita Liga.

No início de Junho, também se deu outro caso, o do navio de resgate Aquarius que só depois do novogoverno socialista espanhol ter acordado aceitá-los, foi autorizado a atracar em Espanha com quase 600 migrantes resgatados.

Concorde-se ou não, apoie-se ou não, vamos deixá-los morrer no mar e não os deixar entrar? Cá estando na Europa tem de ser feito um encaminhamento. Se calhar, em vez de se ir lá deixar armas se se fizesse um cordão humanitário para os ajudar a sair das cidades mais afetadas e se os apoiassem mais no terreno, eles não estivessem nestas situações, mas os governos olham de forma diferente para estes países como se eles não fossem pessoas como nós.

A Líbia, localizada no norte de África é um desses países.

Tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, exportando grandes quantidades de petróleo e de gás natural. A cultura deste país é influenciada pelo islamismo. Será isto que está a impedir que sejam ajudados?

 

Fontes:

https://www.dw.com/pt-br/navio-com-239-migrantes-ainda-sem-porto-para-atracar/a-44373730

 

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publicado às 21:39

Carnaval no mundo - Itália

por Elsa Filipe, em 15.02.18

O carnaval é uma das minhas épocas preferidas do ano. Mas se gosto do meu carnaval, o das escolas de samba e dos grupos, das plumas, das figuras de destaque, dos desfiles na avenida ou, mais recentemente, à beira mar, não posso deixar de lembrar que há tradições bem diferentes pelo mundo fora. Como por exemplo, o carnaval italiano.

Este ano celebrou-se a 500ª edição do tradicional Carnaval de Bagolino (hoje, norte de Itália). Bagolino é "uma pequena cidade de origem medieval" na região da Lombardia. 

O carnaval de Itália é um dos mais antigos a nível europeu. O carnaval de Veneza "tem registos desde o século XI, na época do governante Vitalie Falier, mas a festa só foi oficialmente reconhecida no século seguinte." O carnaval da Veneza medieval vinha da época em que "os venezianos se permitiam aos divertimentos proibidos em outras épocas do ano e as máscaras permitiam um disfarce," para que ninguém os conhecesse e se pudessem permitir a comportamentos de festa a todos os estratos sociais, desde pobres a ricos, ao povo e à nobreza. "Até mesmo os religiosos usavam as máscaras para aproveitar as festanças."

"As máscaras de Veneza eram usadas também em outras ocasiões além do carnaval como nos banquetes oficiais da República. Havia épocas também em que as máscaras de Veneza foram restringidas pelo governo porque tinham se tornado muito frequentes e acabavam sendo ligados a atividades ilícitas e pouco cristãs." Originalmente feitas em papel màché, ainda hoje estas máscaras são usadas e são uma marca da tradição italiana. "Primeiro o rosto a ser representado é feito de argila, depois um molde de gesso define a forma baseado no rosto criado na argila, aí então o molde é coberto pelo papel màché." Depois de seca, "é retirada do molde e coberta com uma camada fina de papel especial." Depois, estas máscaras "são decoradas com pintura, plumas e o que mais quiser." Hoje o fabrico mudou, havendo máscaras feitas de plástico e de metal, "mas as máscaras em papel màché continuam presentes em pequenas lojas especializadas." 

Uma das figuras mais conhecidas é a do Arlequim ou "Arlecchino", que representa um "servo cómico da Commedia dell’Arte italiana. Tradicionalmente usava roupas remendadas e trapos, que evoluiu para uma manta de retalhos em forma de losango, como conhecemos hoje. A máscara é preta com uma mancha grande e vermelha na testa."

Outras figuras conhecidas são o Pierrot e a Columbina. O Pierrot costuma ser "retratado como belo, charmoso e gentil a ponto de se culpar pelos erros que nunca fez." Geralmente "tem o rosto esbranquiçado e é representado com uma lágrima" no rosto. A Columbina, também representa "uma personagem serva da Commedia dell’Arte," que normalmente se vestia com "um vestido esfarrapado e remendado adequado a um funcionário. Era conhecida por usar maquiagem pesada ao redor dos olhos e levar um pandeiro para se defender dos avanços amorosos de Pantaleão." A sua máscara, tradicionalmente, apenas cobre metade do rosto.

Entre os "séculos XV e XVI, os Médicos em Florença" organizavam desfiles de carros alegóricos (carrroças puxadas a cavalos e decoradas) que eram chamados "triunfos" e acompanhados por músicas alegres, "para dançar." 

O Carnaval de Veneza e o de Viareggio "são considerados" dois "dos maiores do mundo," com o de Veneza a ser reconhecido "pela beleza das fantasias, a pompa das festividades" e pela diversidade de outras manifestações, tais como as "exposições de arte, desfiles de moda ou apresentações teatrais." Já o de "Viareggio é caraterizado por carros alegóricos que desfilam nos domingos entre janeiro e fevereiro, e que possuem enormes esculturas de papel-machê, que retraram caricaturas de homens famosos no campo da política, cultura e entretenimento, cujos traços caraterísticos, especialmente os recursos são sublinhados com sátira e ironia."

Noutra zona de Itália, em Ivrea na região de Turim, a tradição passa pela "tradicional Batalha das Laranjas," que é uma "tradição de inspiração medieval," que conta a história da filha de um oleiro local, uma plebeia de nome "Violeta," que na noite do seu "casamento, pelas leis locais, terá sido obrigada a passar a noite com o nobre tirano que liderava a aldeia. Para defender a honra, Violeta matou o nobre e libertou Ivrea da tirania." Daí a uma luta de laranjas... bem, ainda se passam vários séculos. Já no século XX, nos anos 30, as jovens "daquela localidade, por alturas do Carnaval, começaram a atirar laranjas das varandas para chamar a atenção dos rapazes." Esta "tradição evoluiu para uma agressiva tradição carnavalesca", onde os "participantes se dividem em duas equipes: a dos nobres e a dos plebeus", sendo já uma atração turística local.

Mas ao falarmos da antiguidade dos carnavais, não nos podemos esquecer que nem toda a Itália, era Itália como geograficamente a conhecemos hoje. No "final do século XV, a Itália foi invadida pela França e, mais tarde, pelo imperador Carlos V, que subjugou a maior parte do território em 1550. A seguir a Carlos V, os Habsburgo espanhóis controlaram a Itália até os Habsburgo austríacos governarem o território, na primeira metade do século XVIII. No final da ocupação napoleónica, em 1815, alguns estados tornaram-se independentes."

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval_da_It%C3%A1lia

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$italia

https://pt.euronews.com/2018/02/11/-batalha-das-laranjas-no-carnaval-a-italiana

https://www.bbc.com/portuguese/videos_e_fotos/2014/03/140304_batalha_laranjas_bg

https://www.westwing.com.br/guiar/mascaras-de-veneza/

 

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publicado às 11:43


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