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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Neste meu blogue, infelizmente tenho dado conta de vários atentados, mas aqueles que mexem mais comigo e me deixam completamente desnorteada são os que envolvem crianças. Hoje, em Blumenau, no município de Santa Catarina, um homem com cerca de 25 anos, entrou dentro de uma escola privada, matando quatro crianças da sala do pré escolar que estavam numa roda no recreio, deixando outros quatro feridos com gravidade.
A confusão foi grande, mas uma das educadoras conseguiu esconder-se com algumas crianças, mais pequenas, numa das casas de banho e usar o telemóvel para pedir ajuda. O homem depois acabou por saltar de novo o muro e fugir, tendo-se entregue entretanto às autoridades.
O ataque foi perpretado com arma branca, ao que parece com um pequeno machado. Como pode alguém fazer algo assim?
Fontes:
https://expresso.pt/internacional/brasil/2023-04-05-Quatro-criancas-mortas-em-ataque-a-creche-no-Brasil-afdbef83
Hoje, é terça-feira de Carnaval. Aquele dia que eu sempre achei que devia ser feriado, pois o Carnaval faz parte das festividades de várias terras, de norte a sul do país. As festas datam de há muitos séculos. Sabiam que os Romanos faziam algo parecido?
As Saturnálias, eram festas épicas que aconteciam na Roma antiga em exaltação a Saturno, deus da agricultura. A diferença é que essas festas aconteciam em dezembro. O mais interessante da Saturnália, não era apenas este estado de relaxamento constante, mas sim a inversão de papéis e de convenções sociais a que se assiste. Por exemplo, os senhores usavam o pilleus – chapéu de escravo liberto –, e deixavam os escravos fazerem aquilo que mais desejassem ou, até mesmo, demonstrarem algum ato de insolência. Esta peculiaridade do festival era uma forma de escape das pressões sociais acumuladas, ao longo do ano, dentro das rígidas regras de sociabilidade romana.
Outra curiosidade da época dos Romanos, é que também tinham uma espécie de "carro alegórico" onde iam homens e mulheres nus. Chamava-se de carrus navalis (“carro naval”), pois tinham formato de navio. Terá sido essa a origem da palavra “Carnaval”?
Sabemos que, mais tarde, quando a Igreja Católica começou a cristianizar diversas tradições pagãs, o termo passou a significar, por aproximação fonética, carne vale (adeus à carne).
Porquê “adeus à carne”? Tem ligação com o período que antecede a quaresma (Páscoa) e por isso, o dia de Carnaval antecede o "carne vale", que nunca fez parte do calendário religioso oficial, ficou marcado como o momento de exagero feito para compensar a entrada no período de penitência – no qual o consumo de carne era proibido.
E em Portugal, a história do Carnaval também deriva de festividades religiosas e é festajado de formas muito diferentes, com tradições seculares.
Sabiam que os festejos do Carnaval do Brasil ganharam outra vida com a chegada dos colonos portugueses?
Apesar do forte secularismo presente no Carnaval, a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a Quaresma. O Carnaval não é uma invenção brasileira, pois sua origem remonta à Antiguidade.
O Brasil já teria as suas tradições, mas entre os séculos XVI e XVII surgiu o entrudo. Essa brincadeira fixou-se primeiramente no Rio de Janeiro e era realizada dias antes do início da Quaresma.
O entrudo manifestava o clima de zombaria pública que regia o Carnaval e foi uma brincadeira muito comum até meados do século XIX. A sua manifestação mais tradicional era conhecida como “molhadelas”, em que as pessoas atiravam líquidos malcheirosos umas nas outras (água suja, lama e até urina). No entrudo também se usavam águas aromatizadas, principalmente pela classes mais altas da sociedade.
A partir do século XX, o envolvimento popular com a festa contribuiu para a consolidação de ritmos que incorporavam a influência da cultura africana na capital brasileira. Assim, na década de 1930, o samba e os desfiles das escolas de samba tornaram-se no elemento fundamental do Carnaval
A música não tem apenas relação com os povos africanos, mas também com os portugueses. Por exemplo, o cavaquinho (que é um instrumento da família dos cordofones originário do Minho, norte de Portugal) foi levado para outras paragens como Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Havai.
Também não podemos deixar de reparar nas similiaridades entre o Bombo, tipicamente tão português e o surdo.
Estes traços históricos não são muito explicados às crianças, a não ser pelas tradições da terra onde vivem e em que podem participar. O que são os "caretos" de Podence? O que são os "diabos" de Vinhais?
Fontes:
https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-15567/saturnalia/
https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/os-caretos-de-podence
https://www.cm-vinhais.pt/pages/139
https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.htm
O jovem loiro que saiu de Macedo de Cavaleiros e conquistou o mundo com a sua voz e a sua alegria, partiu hoje, depois de nos deixar um legado de músicas que perpetuarão a sua memória.
Dele lembro-me de ter os discos da minha avó a tocar lá em casa e de o ver na televisão quando vinha atuar a Portugal, em programas como o Big Show Sic. Em casa, a minha mãe ouvia-o em cassetes ou nos discos pedidos da rádio Santiago.
Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes, filho de Avelino Augusto Fernandes e de Maria Julia Patricio, nasceu na freguesia de Vale da Porca, Macedo de Cavaleiros, a 27 de novembro de 1951e com a sua música e presença artística uniu dois povos.
Cantor, compositor e ator português radicado no Brasil, era considerado embaixador da cultura portuguesa no Brasil. Ao longo da carreira de mais de 45 anos, ganhou trinta discos de ouro, além de cinco de platina e quinhentos troféus.
Teve uma infância pobre e declarou que comeu apenas batatas por um ano, após a colheita de trigo da família ter sido destruída por uma trovoada. Em 1962, emigrou com os pais e com os nove irmãos para o Brasil, com o objetivo de ter uma vida melhor, Na cidade de São Paulo, após trabalhar como sapateiro e comerciante de doces,começou a carreira de cantor de fados e músicas românticas.
Em 1971 obteve o seu primeiro grande sucesso com "Arrebita", conhecida pelo seu refrão "Ai cachopa, se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita", após aparição no programa Discoteca do Chacrinha. Logo depois, começou a ganhar grande popularidade, sendo convidado para vários programas no Brasil. Os álbuns Carimbó Português (1976) e Rock Vira (1977) ganharam mbos o disco de ouro, por mais de 150 mil cópias vendidas cada um.
Em 1978, participou do filme Milagre - O Poder da Fé, que contou com participação especial de alguns nomes importantes como o apresentador Chacrinha, Elke Maravilha e a atriz Lolita Rodrigues. Lançado em 1979, o filme que abordava a história da sua vida e foi dirigido por Hércules Breseghelo, foi filmado em parte na sua terra natal.
Além do reportório romântico-popular, o seu trabalho também se caraterizava por misturar ritmos lusitanos aos brasileiros, além de ter gravado em estilos tipicamente brasileiros como o forró. Quase todo o seu reportório é composto por faixas da sua autoria ou em parceria com a esposa Márcia Lúcia, com quem foi casado e tinha três filhos entre os quais, o cantor e produtor musical Rodrigo Leal.
Além de cantor e compositor, Roberto Leal foi apresentador de programas na Rádio Capital de São Paulo na década de 1980, apresentador no canal português TVI e no Brasil e também apresentou programas na TV Gazeta e Rede Vida.
Em 2007, gravou o CD Canto da Terra, e em 2009, Raízes. Nesses discos gravou músicas em mirandês para divulgar a segunda língua oficial de Portugal, e onde usou vários instrumentos tradicionais como por exemplo a Gaita de Foles.
Em 2011 participou do elenco no programa Último a Sair, um falso reality show da autoria de Bruno Nogueira, João Quadros e Frederico Pombares, exibido pela RTP1, do qual saiu vencedor. Nesse mesmo ano publicou uma autobiografia, intitulada Minhas Montanhas, que foi lançada tanto no Brasil como em Portugal.
Em 2018 candidatou-se a deputado estadual por São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro, mas não foi eleito.
Em janeiro de 2019, Roberto Leal revelou lutar havia dois anos contra um melanoma, mas sofreu com metástases nos olhos e na coluna, e que por conta disto havia perdido parte da visão, também devido a cataratas. A sua morte decorreu de um internamento após ter feito uma reação alérgica a um medicamento e que lhe provocou insuficiência renal.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Leal
https://observador.pt/2019/09/15/morreu-o-cantor-roberto-leal/
O Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos é celebrado anualmente no dia 25 de março e tem como principal objetivo o prestar de uma homenagem àqueles que sofreram e morreram nas mãos do brutal sistema de escravidão e, também de lembrar e consciencializar sobre os perigos do racismo e do preconceito ainda existentes nos dias de hoje.
Esta data foi proclamada através da Resolução 62/102 adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas de 17 de dezembro de 2007. "Neste dia, a Organização das Nações Unidas honra a memória de milhões de africanos retirados, à força, das suas famílias e terras, ao longo de centenas de anos." Infelizmente, o tráfico humano e a escravatura ainda são uma dura realidade e não pensemos que está apenas restrita a países menos desenvolvidos. Atualmente, encontramos ainda pelo mundo, pela Europa e aqui mesmo em Portugal, notícias que espelham bem a realidade vivida pelos escravos da atualidade e sobre as quais por vezes não damos a devida atenção. Conhece alguns desses casos? Partilhe-os nos comentários.
Mas vamos agora um pouco mais atrás. Num dos capítulos mais terríveis da história, mais de "15 milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas do trágico comércio transatlântico de escravos." Portugal foi "o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos vindos de África" mas acabou por ser um dos pioneiros "na abolição da escravatura". Apesar de ter sido um dos primeiros países a "abolir a entrada de escravos na Europa", não nos podemos esquecer que foi um dos últimos Estados a "abolir a escravatura nos territórios coloniais.” Mas afinal quando é que este flagelo se deu por terminado? A verdade é que em Portugal, "entre 2014 e 2015, o Observatório do Tráfico de Seres Humanos, do Ministério da Administração Interna, sinalizou 193 presumíveis escravos e deu conta de 40 condenações de traficantes."
"Já Portugal era há muito uma república quando morreu, em Lisboa, a última escrava do império. Foi nos anos 30 do século passado. Os jornais da época diziam que teria 120 anos. Era muito conhecida no Bairro Alto, onde vendia amendoins. Tinha sido escrava até 1869, data em que foi publicado o decreto que abolia a escravatura em todo o território português." Nem o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal acabou com a escravatura, uma vez que esta "não foi proibida, o que foi proibido foi a entrada de novos escravos" pelo que, até as crianças "que nasciam de mãe escrava," continuavam a ser escravos. De acordo com o historiador Arlindo Caldeira, "em 1763, o Marquês de Pombal aprovou uma nova lei, a lei do ventre livre, que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados." Segundo ele, na teoria poderiamos pensar que "restava apenas uma geração de escravidão, mas isso não aconteceu por razões fraudulentas: a entrada ilegal de escravos vindos das colónias.”
Em 1822, a independência do Brasil, trouxe de regresso a Portugal "muitos portugueses que trouxeram os escravos como um dos seus aforros" e apesar destes se deverem tornar livres, isto não aconteceu uma vez que "o rei concedeu aos seus donos um privilégio especial para os poderem manter".
António de Almeida Mendes, refere que o "tráfico moderno de escravos africanos para a Europa, as Américas e o continente asiático é uma das manifestações dessas migrações mundiais de longa distância que acompanham a modernidade atlântica, mas também se inscreve nas mobilidades de proximidade, intraeuropeias e intramediterrâneas." Almeida Mendes, explica que foram necessárias várias gerações "para que o Estado português, finalmente, aprovasse o princípio da abolição da escravatura." Vai ainda mais longe, afirmando que a escravatura estava "enraizada na economia, nas práticas e nos costumes desde a Antiguidade; ser escravo era ser obrigado a um trabalho agrícola, a serviços domésticos e de aprendiz mais do que a um trabalho industrial, e era ser também um membro efetivo da Igreja cristã portuguesa."
Fontes:
https://books.openedition.org/oep/1541
Um incêndio que cause vítimas mortais é já por si uma tragédia, mas acho que ninguém fica indiferente, quando as vítimas são todas jovens elementos da mesma equipa de futebol. A tragédia aconteceu no Brasil, "no Centro de Treinamento do Flamengo no início da manhã desta sexta-feira". As dez vítimas "tinham entre 14 e 16 anos." De acordo com declarações prestadas por um porta-voz do Flamengo, "há três jovens internados, dois deles em situação estável e conscientes; o terceiro está em estado grave" uma vez que ficou com "cerca de 40% do corpo queimado."
"O fogo destruiu parte dos alojamentos do Ninho do Urubu," assim chamado pela ave que é a mascote do clube e que se localiza "em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio." De acordo com informações dadas pelo jornal "Globoesporte, o incêndio terá começado no quarto de Felipe Cardoso, médio da equipa Sub-17 que chegou esta semana ao Flamengo vindo do Santos," e terá tido provavelmente origem num curto-circuito numa instalação de ar condicionado.
A estrutura principal "conta com cinco campos de futebol, alojamentos, ginásio e um parque aquático," mas esta seria uma construção ilegal, constituída por seis contentores entreligados entre si e para a qual já estaria prevista a demolição. De facto, a estrutura onde os jovens tinham ficado alojados, também "não tinha certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros, que atesta a existência e o funcionamento dos dispositivos contra incêndio previstos pela legislação vigente" no Brasil. O Munícipio local "informou que lavrou 30 autos de infração contra o Centro de Treinamento do Flamengo," uma vez que estaria a funcionar "sem o alvará de aprovação dos Bombeiros."
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47169580
https://observador.pt/2019/02/08/incendio-no-centro-de-treinos-do-flamengo-faz-pelo-menos-10-mortos/
Apesar de só na viagem de Pedro Álvares Cabral, ter sido feita a documentação da existência de uma terra a que chamaram Brasil - a verdade é que o território já tinha sido avistado "ou tocada por navios portugueses, em anos anteriores. Embora não tendo havido na época registos oficiais, em dezembro de 1498, a frota de Duarte Pacheco Pereira chegou ao Brasil. Sabe-se também que quando os termos do Tratado de Tordesilhas foram definidos em 1494, "o rei D. João II exigiu que fosse traçada mais para oeste do que tinha sido inicialmente proposto pelos castelhanos," facto que pode indiciar que o monarca já conhecia ou suspeitava "da existência de terra naquelas paragens." Em 1498, D. Manuel I, encarrega então Duarte Pacheco Pereira, cosmógrafo da sua confiança, "de uma expedição relacionada com a demarcação da linha estabelecida pelo mesmo tratado" e dois anos depois, Pacheco Pereira acompanha também Pedro Álvares Cabral na sua viagem.
Quando Cabral, em viagem para a Índia, acaba por chegar ao Brasil, foi de tal maneira apanhado de surpresa "que o capitão mandou um dos navios de regresso a Lisboa, para informar o rei do achado da nova terra." Mas porquê, se Pacheco Pereira já conhecia a existência daquelas terras?
Em 1892, é revelado “Esmeraldo de Situ Orbis”, escrito pelo próprio Duarte Pacheco Pereira (documento que foi iniciado em 1505 mas que só seria publicado 400 anos mais tarde) onde desvenda a sua chegada ao Brasil. Nestes escritos, perpassa a "emergência de uma nova época, uma nova Idade onde se enfrentam os antigos e os modernos saberes," mas têm de ser postos em confronto com um mapa de 1519 para realmente mostrarem como seria a concepção geográfica de Duarte Pacheco Pereira e o alcance que a sua viagem tinha tido. Para compreendermos, temos de olhar para a questão perante os conhecimentos da época. Camões chegou mesmo a chamá-le de "Aquiles lusitano."
"Uma das duas concepções do mundo dominantes na época," inferia que a terra rodeava todos os oceanos. Nos textos deixados por Pacheco Pereira, o que ele está "verdadeiramente a discutir quando fala desta viagem é qual a proporção entre terra e água. Ele conclui que a terra ocupa a maior parte do espaço e que a água se situa no centro. É, em termos gerais, a concepção ptolomaica do mundo."
Nesta abordagem, Duarte Pacheco pensa então que atingiu a margem dessa "terra que tudo envolve." Embora realmente ele possa lá ter chegado, a descoberta não foi documentada como tal e, só se considera como registo da primeira viagem de descobrimento do Brasil, a "carta de Pêro Vaz de Caminha a D. Manuel I," no ano de 1500, a par também "das cartas de Mestre João e do chamado Piloto Anónimo." Na época, Portugal estava mais virado para a exploração das rotas do Oriente e o Brasil não era a sua prioridade, mas sim "um destino secundário para as navegações portuguesas."
Em 1508, Pacheco Pereira "interrompe a redacção da sua obra," quando lhe é incumbida a tarefa de "vigiar a costa portuguesa" e "o estreito de Gibraltar."
Em 1519, chega mesmo a ser "nomeado capitão da fortaleza da Mina," mas acaba por vir preso para o reino, por motivos desconhecidos.
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/a-partida-de-pedro-alvares-cabral-para-descobrir-o-brasil/
https://www.infopedia.pt/artigos/$duarte-pacheco-pereira
CARVALHO, Frederico CarvalhoFrederico Carvalho, entrevista, in: https://www.publico.pt/2012/10/14/jornal/o-caso-pacheco-pereira-25408499
VALENTIM, Carlos Manuel, in: http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/g24.html
Quando se descobre um pedaço de história, um vestígio, um documento, tudo é feito para garantir a sua preservação. Aquilo que aconteceu no Brasil, e que acabou por destruir parte do acervo museológico do país, leva com ele também um pouco das nossas recordações, pois há muito em comum na história destes dois países. São perdas irrecuperáveis!
O incêndio de grandes proporções, que terá começado no final da tarde de ontem, destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio. Só foi controlado esta segunda-feira, dia 3, pelo início da manhã. Mas pequenos focos de fogo continuavam ativos em algumas zonas das instalações da instituição que foi criada por Dom João VI em 1818 (fez 200 anos em junho deste ano) e que já foi residência de um rei e dois imperadores.
A maior parte do acervo, de cerca de 20 milhões de itens, foi totalmente destruída. Fósseis, múmias, registos históricos e obras de arte ficaram reduzidas a cinzas. Pedaços de documentos queimados acabaram sendo transportados pelo vento e foram parar em vários bairros da cidade.
Vários pesquisadores e alguns funcionários do Museu Nacional, que conheciam bem o espaço, tentaram ajudar os Bombeiros de forma a orientar o trabalho destes para que o incêendio não chegasse a uma parte do museu que contém produtos químicos que são inflamáveis e que costumam ser usados na conservação de animais raros.
Os Bombeiros tiveram algumas dificuldades devido à falta de carga em hidrantes, o que atrasou o trabalho em cerca de 40 minutos. Foi necessário retirar água do lago que fica na Quinta da Boa Vista para ajudar a controlar as chamas.
O diretor do Museu Histórico Nacional, Paulo Knauss, considerou o incêndio "uma tragédia lamentável. Em seu interior há peças delicadas e inflamáveis. Uma biblioteca fabulosa. O acervo do museu não é para a história do Rio de Janeiro ou do Brasil. É fundamental para a história mundial. Nosso país está carente de uma política que defenda os nossos museus", afirmou Paulo Knauss ao G1.
Entre outras coisas era possível encontrar neste Museu, o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de "Luzia", pode ser apreciado na coleção de Antropologia Biológica, a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I ou a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina;
Fontes:
https://www.poder360.com.br/brasil/museu-nacional-e-tomado-por-incendio-de-grandes-proporcoes/
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