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Afetações e limitações de circulação

por Elsa Filipe, em 01.07.21

Os casos estão a aumentar muito no Seixal e em Sesimbra. Infelizmente, estas regiões têm sido notícia quase todos os dias, expondo-se as nossas gentes ao olhar inquiridor e maldoso de tanta gente.

Hoje em comunicado do Conselho de Ministros, Seixal e Sesimbra são aplicadas as medidas de Risco muito elevado, o que significa entre outras coisas que voltamos a estar confinados das 23h00m às 05h00m. Todas estas medidas são necessárias, embora me incomodem a mim como incomodam muita gente.

A minha vida pessoal não devia estar dependente das medidas anunciadas nas notícias, mas está. Preciso saber diariamente o que se espera de mim, dos meus comportamentos, para saber até onde posso levar as minhas liberdades. Se saio, se vou, se não vou... 

Mas eu tento cumprir as medidas, sempre, pensando em mim e nos outros. Não me sinto com medo, mas acho que se não cumprirmos, não estamos a respeitar o trabalho duro das equipas hospitalares. É tão difícil o seu trabalho.

 

Fontes:

https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/governo/comunicado-de-conselho-de-ministros?i=429

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publicado às 21:57

Dia da Mulher

por Elsa Filipe, em 08.03.21

Eu sou mulher e ter um dia que nos é dedicado a nós, faz-me muito orgulhosa. Mas eu nunca fiz nada para merecer este dia. Sou apenas eu, mãe e trabalhadora, que faço o que posso, mas nada de excecional.

Mas na minha vida tive e tenho mulheres excecionais. A minha mãe que já me deixou foi uma delas, uma lutadora até ao fim, sempre de cabeça erguida enfrentava o mundo. A mãe que nos trazia sempre limpas, arranjadas, mas que nos deixava brincar na terra, apanhar caracóis de chinelos e chegar a casa cheias de picos, ou subir às figueiras para roubar figos na Fonte de Carvalho. Que às 07h da manhã nos levava ainda ensonadas para a cozinha da Santa Casa, para ir trabalhar. A mãe que me levava à noite para o carnaval, que me ensinou como "sobreviver" à confusão e a amar aquela festa, desfilando comigo e com a minha irmã nos primeiros anos, na escola de samba "Juventude na Baía". Que me mostrou que podemos mentir mas só no dia das mentiras, que podemos fazer badalos no carnaval e colocar espuma de barbear em todos os carros da rua (incluindo no do meu pai, para os vizinhos não desconfiarem). Ainda me viu entrar para o meu curso, que sempre apoiou, mas que já não me viu completar o 1º ano, nem nunca chegou a andar de carro comigo. Na verdade, a minha primeira viagem a conduzir de carta acabadinha de tirar foi de minha casa para o IPO e nas (poucas) semanas seguintes era assim que treinava a condução, no carro do meu pai ou do meu tio, vingando "sozinha" nas rotundas de Lisboa, na auto estrada - nunca fui medrosa a conduzir.

Dela herdou a minha irmã muitas caraterísticas e por isso a admiro todos os dias mais, por estar sempre, sempre, pronta a ajudar. Mesmo nos piores momentos, levanta-se e parece um furacão enfrentando tudo e todos. Quase telepaticamente, dou-me a pensar em ligar para ela e está o telemóvel a tocar. Independente muito cedo, tal como eu, fez da raiva e da tristeza força, uma força imensa que leva tudo à frente se preciso for. E que me deu as meninas mais lindas do mundo que amo como se fossem minhas tanto como amo o meu filho.

E a minha avó, sem a qual nada disto teria sido possível. Pois foi ela que lutou com unhas e dentes por salvar os filhos e a si mesma, dando-lhes uma vida melhor, que enfrentou todos e depois, nos deu a nós tudo. A minha avó esteve sempre lá, a perda da sua menina fez-la sofrer até hoje e deixou marcas muito profundas, mas é aquela avó a quem recorremos quando precisamos de alguma coisa, que nos dá tanto sem "mostrar" que dá. 

A avó onde ficavamos o verão todo para podermos ir para a praia com os nossos primos e os nossos amigos. Que me deixava ler aqueles livros que estavam nas prateleiras e que ainda não eram para a minha idade. E que ensinou a ler, a escrever, a contar, somar multiplicar, dividir. Que me ia todos os dias levar o lanchinho ao portão da escola, a casa de quem eu ia almoçar e depois lanchar e às vezes onde eu ficava também para jantar ou dormir. 

Estas foram as mulheres que mais me influenciaram no meu crescimento. As que tenho em mente sempre que tenho de fazer uma escolha. As que moldaram a minha personalidade.

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publicado às 08:02

A terra tremeu em 1969

por Elsa Filipe, em 28.02.21

Foram muitos os eventos sismográficos que afetaram o nosso país e um dos mais destruídores terá sido o sismo do século XVIII (1755). No entano, no século passado, ocorreram também outros eventos que alguns de vós se poderão ainda lembrar.

Em 1969, na noite de 28 de Fevereiro, entre as 03:41 e as 03:45, o país, em pânico, saiu para a rua meio despido ou em pijama. Portugal era assolado pelo maior tremor de terra desde o sismo de 1755. O sul, nomeadamente o Algarve, e a região de Lisboa foram as zonas mais atingidas pelo sismo de 7,9 na escala de Richter, que se fez sentir também em Espanha e Marrocos. Na zona de Lisboa, registaram-se intensidades um pouco mais baixas, mas mesmo assim bastante destruídoras.

Há registos que indicam 13 mortos no nosso país (duas em consequência direta do abalo e onze indiretas) e cerca de 58 feridos.

Muita gente passou a noite na rua, as pessoas ficaram pelos passeios, outros em bancos de jardim, embrulhados em cobertores, com medo de voltar para dentro de casa. O pânico voltou às 5:28, quando se sentiu uma réplica de pequena intensidade. Mas o medo levou a crer que era outra vez um abalo de grande intensidade. Entre 28 de fevereiro e 24 de março, registaram-se 47 réplicas.

O epicentro deu-se a cerca de 200km a sul de Vila do Bispo, no Algarve (vila onde nasceu o meu avô, "algarvio" de Sesimbra), localizando-se o epicentro no Banco de Gorringe.

Seguindo-se ao sismo, formou-se um tsunami (ou maremoto) que destruiu diversas localidades, entre as quais: Cascais, Cacilhas, Sesimbra, Lisboa, Faro, Lagos e, nas ilhas, Horta e Angra, entre outras. A onda formada teria tido cerca de 50 cm na sua origem e 44 nos seus extremos (em comparação a onde de 1755 teria tido 3.8 metros na sua origem).

O tsunami, provocou também muito medo, arrastou estruturas que já tinham sido destruídas pelo sismo alagaram casas e provocaram em algumas zonas o alagamento e desmoronamento de terras.

Portugal resistiria a um sismo como o de 1969? "Pessoas estão a comprar  gato por lebre ao preço do ouro" - RenascençaFoto: Centro Europeu de Riscos UrbanosImagens: Renascença.

 

Fontes:

https://rr.sapo.pt/2019/02/28/pais/portugal-resistiria-a-um-sismo-como-o-de-1969-pessoas-estao-a-comprar-gato-por-lebre-ao-preco-do-ouro/especial/142714/

https://docentes.fct.unl.pt/sites/default/files/cmcr/files/tsunamis-chastre_rodrigues.pdf

http://sismo1969.ipma.pt/

https://www.mun-setubal.pt/memorias-do-sismo-de-1969-em-exposicao/

https://www.dn.pt/dossiers/cidades/sismos/noticias/sismo-de-magnitude-60-foi-o-maior-desde-1969-video-1449732.html

 

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publicado às 18:02

Ciclone de 1941

por Elsa Filipe, em 15.02.21

Passaram-se 80 anos que a dia 15 de Fevereiro de 1941, o país e em particular a vila de Sesimbra, da qual eu sou oriunda (saudades da minha terra natal) foram fustigados por um ciclone. Desde miúda que oiço falar deste evento, pelos meus avós que me diziam "isto? Isto não é nada! Não queiras saber como foi no ciclone. Tudo destruído." A verdade é que sempre quis saber. Tenho desde já a agradecer justamente, ao Museu Marítimo de Sesimbra, por partilhar este e outros factos da nossa amada vila, fazendo-nos recordar a força da qual os pexitos são feitos.

Este ciclone provocou a morte de quatro pessoas na vila de Sesimbra e a destruição de, aproximadamente, três centenas de embarcações. Os ventos podem ser considerados os mais violentos desde que há recolha de registos meteorológicos (finais do século XIX), tendo rondado os 130 km/hora.

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e ao ar livre

A destruição causada pelo ciclone, pode ser vista em algumas das fotos que o próprio museu disponibiliza.
 
Pode ser uma imagem de ao ar livre
 
Nesta foto, podemos ver um grupo de homens (possivelmente todos pescadores, ou quase) a verificar os estragos nas embarcações arremessadas pelo mar e pelo vento contra as casas.
 
A história das gentes de Sesimbra, é um dos temas sobre os quais escrevo (só falta coragem de publicar alguma coisa, talvez um dia).
 
 
Fontes:
 
https://www.sesimbra.pt/viver/cultura/museu-municipal/museu-maritimo-de-sesimbra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclone_de_1941
http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/22578
 

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publicado às 18:00

Há 50 anos, o país foi assolado por um forte temporal. Tinha passado cerca de um ano desde que um sismo abalou o país. 

A agitação marítima e os fortes ventos destruíram muitas embarcações. Os barcos que tentavam entrar nas barras marítimas, eram lançados contra as rochas.

Em Sesimbra, três filhos da terra perderam a vida. 

Em todo o país, dezenas de embarcações ficaram destruídas. Em Sesimbra, morreram Vítor Manuel Vidal Costa, com apenas 26 anos, Manuel Joaquim Soromenho Oliveira, com 31 anos, ambos tripulantes da embarcação “Graças a Deus”, e Artur Pinto Gomes, proprietário da barca “Marlene”. 

Fontes:

https://www.facebook.com/photo?fbid=871698746666471&set=a.641956459640702

 

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publicado às 12:07

Este ano, vou aqui contar um pouco do que é uma das maiores tradições de Sesimbra. É que o nosso Carnaval não está apenas nos desfiles grandiosos, que a (quase) todos contagiam! É muito mais do que isso. Quando falamos do Carnaval de Sesimbra não podemos apenas falar nas Escolas de Samba e nos grupos de Axé que desfilam. Há todo um "mar" de gente, inserida em coletividades e grupos que preparam grandes momentos do mais tradicional Carnaval.

Sesimbra é um dos poucos locais do país que ainda mantém viva a tradição das Cegadas e das Cavalhadas, um costume da nossa zona rural, com mais de cem anos. Podemos ver aqui um ensaio do grupo de Cegantes de Alfarim.

Podemos aqui ver também uma das atuações do grupo, no Zambujal. As cegadas, "com mais de cem anos" são a voz do povo, que a brincar com as palavras fazem uma crítica social, à boa maneira popular, com malícia mas sem maldade. São uma espécie de teatro popular satírico originário das zonas mais rurais do concelho. "Em verso, e acompanhados à guitarra, o grupo" apresenta, "ao estilo das antigas canções de escárnio e maldizer, alguns dos acontecimentos mais marcantes da sociedade portuguesa." Podem criticar o país, ou o senhor do talho da aldeia, um presidente de um clube, o presidente da república ou o chefe dos correios. Todos podem ser visados e é nas entrelinhas dos textos que escrevem e que depois nos põem a rir, que vão deixando a sua marca e a sua alfinetada!

Já nas Cavalhadas, "um costume típico das zonas rurais e no concelho de Sesimbra" e que "têm acompanhado várias gerações", as habilidades são outras. Demonstrando a sua perícia, um grupo de homens, a cavalo, de bicicleta ou de mota, vão recriando hábitos medievais.

Na noite de quarta-feira, há também tradição de se fazer o Enterro do Bacalhau. O Um "cortejo, que encerra os festejos carnavalescos no concelho" e que "conta a história de um defunto que teve uma vida muito preenchida e animada. A acompanhar o "Bacalhau" (o morto) pelas ruas da vila, vai a "viúva", as recém conhecidas "amantes", o "padre", e os "amigos" que o vão chorando! É uma galhofada.

Fontes:

https://www.coolture.pt/event/carnaval-de-sesimbra-2018-programa-geral/

https://www.sesimbra.pt/noticia-72/enterro-do-bacalhau-marca-fim-dos-festejos-de-carnaval-em-sesimbra

 

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publicado às 20:30


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