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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Em Portugal, hoje celebra-se o Dia da Criança. No entanto, não somos o único país a celebrar esta efeméride. Foi em 1950 que se assinalou pela primeira vez esta data, sendo uma iniciativa das Organização das Nações Unidas, "na sequência do congresso da Federação Democrática Internacional das Mulheres, realizado em 1949, em Paris." Esta data, tinha como principal objetivo o "de chamar a atenção para os problemas que as crianças então enfrentavam."
Neste dia, os Estados-membros reconheceram que todas as crianças, independentemente da raça, cor, religião, origem social, país de origem, têm direito a afeto, amor e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, proteção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de paz e fraternidade." Em muitos locais do país são várias as atividades que podemos encontrar por estes dias, mas não nos podemos esquecer que, além de ser um dia que se pretende feliz e memorável para as nossas crianças, também deve ser um dia de reflexão para nós, adultos. Se por um lado as queremos proteger, por outro queremos que se desenvolvam de forma global e harmoniosa.
No que respeita à UE, esta entidade tem vindo a desempenhar "um papel de liderança no apoio às crianças de todo o mundo, reforçando o acesso a uma educação de qualidade, segura e inclusiva, aos serviços básicos, à saúde, à ajuda humanitária e à proteção em situações de conflito violento." É de lamentar que as crianças sejam as principais vítimas dos conflitos que assolam neste momento tanto a Europa como outras zonas do mundo e que sejam, elas também, as mais prejudicadas quando ocorrem catástrofes naturais ou fenómenos atmosféricos extremos. São muitos vezes, o lado escondido da guerra, da fome e da pobreza que assola as zonas mais carenciadas do mundo.
Nesta data é importante que as crianças ganhem voz no mundo!
Fontes:
https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-da-crianca
Hoje tive de ir a Lisboa e, depois de uma noite mal dormida - ainda ia culpar o meu sporting, mas foi mesmo por pura ansiedade - lá fui.
A viagem até foi rápida, mas estacionar é que foi a grande dor de cabeça! Acabei por optar por um daqueles estacionamentos subterrâneos que nos estragam logo o dia só de olhar para os preços, mas enfim, entre isso e arriscar ser multada... pareceu-me melhor o dito cujo. Para começar, o local onde o IPR ainda se encontra ao fim de tantos anos, é tudo menos o melhor. É que na impossibilidade de estacionar ali perto, lá temos de fazer grandes caminhadas a pé, por entre calçadas esburacadas e estaleiros de obras porta sim, porta sim.
Um ano depois lá estava eu e a conversa parecia um déja-vu.
Lá consegui que a médica, entre as infelizes expressões de "isso é normal", "isso é só muscular" e "isso é da sua doença", fizesse o favor de avaliar as minhas queixas... à saída, trazia já o papel para marcar uma eco, que ficou marcada para uma vaga em setembro (dois anos depois de eu me ter começado a queixar da anca). Enfim, se ando a coxear há tanto tempo, mais uns meses não irão fazer diferença, pois não? Os joelhos é que já se vão queixando de compensarem o peso e o andar mais desengonçado mas desses trato depois. Lá trouxe mais do mesmo em medicação... não deve haver muito por onde escolher, nem opções a tentar, ou então dá muito trabalho ajudar um pouco nessa parte.
O que ainda me lixa, é que ao fim de tantos anos de ouvir tantas coisas, ainda me conseguem fazer correr as lágrimas. Mas já passou, amanhã é outro dia.
E pronto, desculpem lá, mas hoje precisava de desabafar um pouco.
Há 50 anos Portugal vivia em ditadura, mas a coragem de um grupo de capitães e de todos os militares que os seguiram sem virar as costas, mesmo podendo fazê-lo, fez com que hoje eu e todos os cidadãos deste país, possamos viver em democracia. A liberdade foi uma conquista que se celebra com uma data, mas que foi preparada e tentada em várias ações e com muita luta e, não devemos esquecer cada um desses momentos, nem as pessoas que os fizeram. Às vezes, resumimos Abril a meia dúzia de pessoas que tiveram um papel fundamental e que por isso ficaram reconhecidas. Mas porque o golpe deu certo. Temos de relembrar também todos os ex-combatentes, temos de lembrar todas as figuras que estiveram nos bastidores e todos aqueles que deram a cara por nós, pelo nosso povo!
Logo, irei possivelmente dar um passeio até ao Seixal, onde se prepara já uma grande festa de celebração, porque temos de dar a cara, temos de estar presentes e temos de continuar a semear cravos. O nosso contributo tem de ser nas ruas e tem de ser no local e momentos próprios. Amanhã (daqui a umas horas) celebraremos meio século da Revolução.
Somos um país que reclama. Mas somos um país que só reclama porque estes capitães se juntaram num posto de comando na Pontinha (mais especificamente num barracão de arrumações do Regimento de Engenharia n.º 1) e daí comandaram todas as movimentações das tropas que fizeram a Revolução. Hoje peço que se fale mais disto nas escolas - não se pintem só cravos, falem com as crianças e com os nossos jovens sobre estas pessoas. Que saibam que foi Salgueiro Maia que disse:
"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos”.
Que saibam que foi a voz de João Paulo Dinis que anunciou "aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa: «Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, «E Depois do Adeus», uma canção de José Niza." E que esta foi a primeira senha para o avanço das tropas. Quantos conhecem o capitão Bicho Beatriz, o capitão Pombinho, o capitão Santos Coelho e, tantos outros, capitães, tenentes e soldados que, naquela noite, podiam ter sido presos ou morrido, mas que mesmo assim, foram em frente.
Nos livros da escola, não se fala no capitão Santos Silva, nem do Capitão Mira Monteiro, nem do capitão Patrício, e nem dos "tenentes Andrade Silva, António Pedro, Sales Grade, Ruaz e Nave," e nem do papel do Major Fontão durante as operações.
Quantos saberão que na Rua Capelo, na Rádio Renascença, Paulo Coelho, "locutor de serviço, nessa noite, no programa «Limite», sem saber dos compromissos assumidos por dois dos seus colegas, Carlos Albino e Manuel Tomás, quase faz perigar a transmissão da senha à hora exata por ter antecipado a leitura de anúncios publicitários." Foi preciso que "no final da leitura do primeiro anúncio, Manuel Tomás, também presente na cabine técnica," tenha dado "um pequeno safanão (aparentemente sem intenção) na mão do técnico de som José Videira," provocando o "arranque da bobine que" continha a senha. "Então, pela voz previamente gravada de Leite de Vasconcelos, através dos potentes emissores da Rádio Renascença, ouve-se a primeira quadra da canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso. Já no final da transmissão, o agente da Censura, ali presente, dá sinais de que escutara algo que não previra." Ali, tudo podia ter ido por água abaixo.
E que, a preparação para a movimentação, tenha passado por sabotagem? O "oficial do MFA, Capitão Rosário Simões tinha acordado que a sua missão seria neutralizar a unidade evitando a sua ação contra o Movimento, pois a maioria dos oficiais não era aderente. Na véspera foram sabotadas as Bocas de Fogo por forma a não poderem ser utilizadas, mas com capacidade de retorno rápido caso elas viessem a ser necessárias para o Movimento."
Apesar de todas as movimentações que aconteciam pelo país, às 03h16m, a interceção de uma chamada telefónica "entre o Ministro da Defesa, Dr. Silva Cunha e o Ministro do Exército Gen. Andrade e Silva," dá a conhecer ao Posto de Comando das operações que àquela hora "o Regime não tinha conhecimento do desenrolar das ações."
A coluna que entrou nessa madrugada em Lisboa e que era comandada pelo capitão Salgueiro Maia, "era composta por um Esquadrão de Reconhecimento a 10 Viaturas Blindadas e um Esquadrão de Reconhecimento a 160 homens com 12 viaturas de transporte, 2 Ambulâncias e 1 Jeep." Depois de ocupados vários pontos fundamentais, entre eles o aeroporto de Lisboa, foi dada ordem para que os elementos que tinham ocupado o Rádio Clube Português transmitissem o 1.º Comunicado. "Foi com emoção que em todo o País centenas de militares ouviram pela voz de Joaquim Furtado o primeiro de vários comunicados que haviam sido redigidos pelo Maj. Vitor Alves. Estava previsto que os comunicados seriam lidos pelo Maj. Costa Neves, no entanto, Joaquim Furtado, locutor de serviço ao RCP, ao saber das intenções do Movimento de imediato se prontificou para o fazer. No comunicado pede-se para que a população se mantenha calma e apela-se à classe médica para ocorrer aos hospitais."
Ao longo do dia, a emissão do RCP prossegue com a leitura de outros comunicados que iam colocando a população a par do que se passava, mas também com a transmissão de "canções de luta, algumas delas há muito proibidas ouviram-se: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Luís Cília, José Mário Branco."
Às 7h30m, uma "coluna da GNR que estacionara no Campo das Cebolas avança para o Terreiro do Paço. O Cap. Salgueiro Maia dirige-se ao Comandante da coluna dizendo-lhe que deve sair da zona pois não tem potencial para o enfrentar. O Comandante da Coluna obedece e retira."
Muitos foram também os episódios em que representantes das forças do Regime, acabaram por se mudar para o lado dos revoltosos. E eu penso que isso fez toda a diferença, para que o número de vítimas, tivesse sido tão baixo.
A fragata N.R.P. Alm. Gago Coutinho, "integrava uma força NATO (StaNavForlant) que navegava rumo à barra Sul do Porto de Lisboa, com destino a Nápoles, quando recebe ordem do Vice-Chefe do Estado Maior da Armada, Almirante Jaime Lopes, para abandonar a formatura e colocar-se frente ao Terreiro do Paço à ordem do Estado Maior da Armada."
Pelas 7h50m, o Almirante Jaime Lopes, "dá ordem ao Comandante do navio para abrir fogo sobre os tanques do Exército posicionados no Terreiro do Paço. O Comandante da unidade não cumpre a ordem, alegando que estava muita gente no Terreiro do Paço e , também, que vários cacilheiros se encontravam nas proximidades."
Por volta das 8h30, o "Ministro do Exército" apercebe-se da ocupação do Terreiro do Paço e vendo a sua situação muito complicada, "ordena a abertura, à picareta, de uma parede de tijolo que dava para o Ministério da Marinha. Aí conjuntamente com o Ministro da Marinha e outras entidades fogem, dirigindo-se para o parque de estacionamento da Marinha entrando para uma carrinha que os irá conduzir ao RL2." Mais ou menos à mesma hora, a fragata Gago Coutinho, "recebe uma comunicação do Posto Comando da Marinha efetuada através da Esquadrilha de Submarinos e do Centro de Comunicações da Armada, onde se encontrava o Cap. Ten. Almada Contreiras, dando indicação para o navio sair a barra." Caldeira dos Santos, 1º Tenente, informa que "a situação a bordo está controlada e que a guarnição estava com o Movimento."
Às 14h00m, o Secretário de Estado da Informação e Turismo, Dr. Pedro Pinto, já se "apercebera da inevitabilidade da queda do regime. Resolve assumir a mediação entre o Governo e o General Spínola. O Dr. Nuno Távora, Chefe de Gabinete do Dr. Pedro Pinto desloca-se a casa do General António de Spinola entregando-lhe uma carta do Secretário de Estado." Duas horas depois, o "Dr. Nuno Távora e o Dr. Feytor Pinto são recebidos pelo Prof. Marcelo Caetano" que é informado "da disponibilidade do Gen. Spínola para aceitar a sua rendição e assumir o poder." Pouco tempo depois, Marcelo Caetano reune com o capitão Salgueiro Maia e é ao aperceber-se da inevitabilidade da situação, que decide render-se desabafando: “assim o poder não cai na rua." Às 16h45m, o general Spínola fica "mandatado pelo PC para receber a rendição de Marcelo Caetano. Spínola é também informado que os dirigentes do regime serão conduzidos ao Funchal por um DC 6 da Força Aérea."
Às 19h30m, o Capitão Salgueiro Maia teme que, "perante um Largo do Carmo a transbordar de população entusiasmada" se possa desenrolar uma onda de violência durante a operação de retirada "dos membros do regime do Quartel do Carmo." É numa chaimite, de nome Bula, que são retirados "Marcelo Caetano, Rui Patrício, César Moreira Baptista e outros membros do Governo."
O que mostrou a força desta revolução também foi o apoio do povo! Ainda antes do poder passar para o lado dos revoltosos, já as pessoas que entretanto se juntavam nas ruas, festejavam a queda do Regime. A felicidade estava estampada nos mesmos rostos onde antes havia medo. Às 20h30, o povo de Lisboa que desde manhã seguia as movimentações militares, "começava a engrossar pelas ruas da Baixa, à medida que as Forças do Movimento iam conquistando objetivos. A população começou a dirigir-se maciçamente para a sede da PIDE/DGS na Rua António Maria Cardoso." Infelizmente, às 21h00m, os agentes da "PIDE, vendo a sua sede cercada de população, abrem fogo indiscriminado tendo efetuado 4 mortes e 45 feridos que serão socorridos pela Cruz Vermelha e encaminhados para o Hospital S. José e Hospital Militar." São estas as quatro vítimas que se lamentam deste dia e que o ensombram, mesmo não tendo sido por culpa dos militares revoltosos, mas sim de um grupo de agentes da PIDE.
No fim, nem tudo correu como desejado. Por volta das 23h45m, a Junta de Salvação Nacional "reune-se" e é aprovada "a Proclamação da Junta" que designa como "Presidente da República, o General António de Spínola. Esta designação foi contrária ao anteriormente acordado com o MFA que escolhera o General Costa Gomes."
Apesar de tudo, é proclamada a primeira lei da primeira República pós-regime.
"Lei n.º 1/74: destitui das suas funções o Presidente da República e o Governo, dissolve a Assembleia Nacional e o Conselho de Estado e determina que todos os poderes atribuídos aqueles aos referidos órgãos passem a ser exercidas pela JSN."
O decreto-lei nº 169, vem também dar início ao processo de descolonização e ao fim da guerra colonial.
"DL n.º 169/74: exonera os Governadores Gerais dos Estados de Angola e Moçambique e determina que as suas funções passem a ser desempenhadas interinamente pelos Secretários Gerais desse Estados."
À 01h30m, já no dia 26 de abril, é lida já "perante as câmaras da RTP, a Proclamação da Junta de Salvação Nacional" por António de Spínola.
Às 07h00m, o "Almirante Américo Tomás, sob escolta de uma força do Movimento, comandada pelo Ten. Cor. Almeida Bruno segue para o aeroporto de Lisboa. À mesma hora o Ten.Cor. Lopes Pires acompanha o Prof. Marcelo Caetano e os ex-Ministros Silva Cunha e Moreira Baptista ao aeroporto onde todos embarcam" num avião da "Força Aérea rumo ao Funchal onde ficam com residência vigiada."
Só no dia 26, pelas 9h30m, os homens do RC3 "desarmam os agentes da PIDE/DGS e passam revista às instalações."
E tantas pessoas se poderiam ouvir sobre o que aconteceu nestes dias! Que outros pontos de vista interessante teríamos concerteza sobre a Revolução que, teve o seu ponto alto no dia 25 mas não se esgotou no Terreiro do Paço, nem no largo do Carmo. Amanhã, muitos irão descer a Av. da Liberdade. Absorvam tudo o que puderem, porque são 50 anos de liberdade!
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/a-revolucao-de-25-de-abril-de-1974/
https://a25abril.pt/base-de-dados-historicos/o-dia-d/
No dia 24 de abril de 1974, o país viveu o seu último dia de um regime fascista e ditatorial.
Durante quase quarenta anos, os portugueses viam grandes projetos cair principalmente devido à grande dependência petrolífera. A agricultura empobrecia cada vez mais, levando muitos cidadãos nacionais a fugir, a grande maioria clandestinamente, para outros países da Euroca, como a França, a Suíça ou a Alemanha.
Lisboa estava repleta de barracas. Muitas zonas do país, sacudidas pelo sismo de 1969, ainda estavam em ruínas e até hoje se esconde o verdadeiro número de vítimas. A educação não chegava a todos, existindo uma enorme exclusão social. Em Portugal havia fome.
Mas ainda hoje, precisamos relembrar o que era a vida antes de 25 de Abril de 1974, para que não se "deseje" voltar a esses tempos. Antes da revolução não havia turmas mistas de alunos nas escolas, as professoras davam aulas às meninas e os professores aos meninos. Por vezes, estavam em escolas diferentes - como acontecia por exemplo em Sesimbra, onde os meninos frequentavam a escola Conde Ferreira, junto ao Jardim, e as meninas frequentavam as aulas no edifício onde hoje funciona o pré escolar da vila. Nas aldeias ou em sítios onde as escolas eram mais pequenas, as meninas frequentavam a escola de manhã e, os rapazes, de tarde.
Às meninas estava vedado o uso de calças! Era hábito, quando os alunos não aprendiam ou se portavam mal serem castigados. Nas salas de aula havia uma palmatória ou réguas grossas de madeira. Alguns professores usavam uma cana de bambu para bater nos alunos. Havia também as “orelhas de burro”, que eram colocadas na cabeça do aluno, estando este, muitas vezes, virado para a janela, para ser visto por quem passava, como forma de humilhação.
Bem, as escolas eram locais muito formais onde se tinha de obedecer a muitas regras e nos manuais escolares, estavam expressos alguns dos ideais da ditadura. Nesta época era obrigatório o ensino da Religião Católica. Por esse motivo, em todas as salas havia um cruxifixo e os alunos rezavam, além de no início das aulas, cantarem o hino nacional, que tinham de saber de cor! O regime assentava em três princípios fundamentas: Deus, Pátria e Família. E isso refletia-se no ensino. Apesar do ensino obrigatório contemplar a 4ª classe e exigir a realização de um exame, muitas crianças não chegavam sequer a ir à escola e iam trabalhar muito novas para ajudar em casa.
Em algumas cidades, para as famílias que tinham poder económico para manter os filhos a estudar, a opção eram os liceus. Nestes, aperfeiçoavam-se as matérias que se tinham aprendido até à 4ª classe, mas também se aprendiam outras matérias, como o francês, o inglês, a história universal, as ciências... Estes alunos, se passassem nos exames a que eram sujeitos, podiam depois ir para a universidade.
Os alunos que queriam continuar a aprender mas não tinham tanto poder económico, seguiam muitas vezes para as escolas industriais e comerciais, onde se aprendiam diversos (serralheiro, eletricista, contabilista, dactilógrafa...). Além destas escolas, também haviam escolas agrícolas.
Não era permitido fazer greve nem sequer protestar! Se meia dúzia de pessoas se juntassem para discutirem ideias, eram presas. Era proibido festejar-se o Dia do Trabalhador...
Para uma mulher ser professora, o pai ou o marido tinham de assinar uma autorização. Se quisessem saír sozinhas do país, "todas as mulheres casadas precisavam da autorização do marido." As "enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se podiam casar."
Mas havia algo muito pior... a guerra colonial. Desde abril de 1961 que o estado mandava os seus jovens para as colónias em África (que para que Salazar ficasse bem na fotografia europeia, passou a chamar de "Províncias" como se Portugal se salpicasse como país por aqui e por ali) onde morriam e matavam, por uma causa sem sentido. Esta era uma guerra que, para muitos, nunca iria ter solução, e muitos dos países da ONU "reclamavam a independência das colónias de África," aprovando "sucessivas moções contra Portugal." Foram milhares os mortos nessa guerra! E como em todas as guerras, ambas as partes acusavam a outra pelos ataques, escondendo verdadeiros massacres que ainda hoje envergonham o nosso país.
Recomendo o visionamento de:
https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/
https://www.rtp.pt/play/p3445/e285330/mulheres-de-abril
Fontes:
https://lisboasecreta.co/como-era-viver-antes-do-25-de-abril/
https://observador.pt/opiniao/os-50-anos-do-25-de-abril/
https://media.rtp.pt/50anos25abril/rtp-memoria/
https://a25abril.pt/arquivos-historicos/filmes-e-documentarios/
Ultimamente não tenho dedicado muito a falar sobre mim, porque na verdade, tudo continua igual e, realmente, a conjuntura nacional e internacional tem sido muito mais interessante. Talvez porque não me dê grande relevância, ou porque tenha mais que fazer do que me estar a dar demasiado valor. No fundo, há sempre coisas boas e más a acontecer todos os dias na minha vida, mas a principal, sem dúvida, é sentir-me realizada com aquilo que agora estou a fazer.
Ontem caiu uma certa nostalgia e, até um certo aperto, quando comecei a pensar que está tudo a seguir no bom caminho. Mas eu não estou habituada a que as coisas me corram bem e isso faz-me sempre recear... não sei se conhecem a sensação. Eu não estou aqui a dizer que está tudo perfeito, não está mesmo, há muito para melhorar, tenho muito para trabalhar e sobretudo, para me auto-construir. Mas é este caminho que agora estou a percorrer é que me está a dar uma motivação diferente e me faz olhar para situações passadas e me faz pensar: como é que isto me aconteceu? como é que eu deixei que me fizessem isto? como é que eu me permiti a passar por isto? como é que eu não vi isto?
E estas memórias ainda me afetam. Sim, ainda acordo a meio da noite com angústias. Ainda temo e desconfio.
Ainda há sonhos e apertos que me fazem acordar a meio da noite.
E aqui está o foco que quero muito melhorar. A minha saúde. Vivo há anos demais presa a diagnósticos, a medicamentos, a tentativas de fazer os outros perceberem que há doenças que não são visíveis mas que estão cá e nos magoam, nos vão tirando as forças bocadinho a bocadinho. Mas sabem o que eu também sei? É que aquilo que mais me tira as forças, não é a doença nem a medicação, que sim estão cá e fazem parte da minha vida há muitos anos, é a minha preocupação sobre o que os outros pensam de mim. E essas pessoas interessam? Não deviam, porque não são as pessoas próximas de mim, nem as pessoas da minha família próxima, nem as pessoas que me querem bem. Se são só as "outras" e, muitas delas já nem fazem parte da minha vida, porque é que ainda me magoam, me fazem angustiar? Porque é que as memórias do que se passou, não podem passar apenas de memórias e, ainda hoje, me fazem ficar triste?
E porque é que eu estou hoje a escrever isto? Bem, uma das razões é porque não sou a única pessoa a viver com fibro e sei que há muitas pessoas que dizem que o pior desta doença é a incompreensão dos outros. E é exatamente aí que eu sinto que tenho de trabalhar. Não nos outros, mas em mim, em aceitar-me como sou, sem me estar a preocupar se os outros acreditam em mim ou se falam por trás, ou se são falsos... é que eu sei que isso não me devia estar a magoar, não aos quarenta anos, nem depois de tudo aquilo que eu já passei na minha vida, de tudo aquilo que eu já vi e já vivi.
E é tudo isso que importa.
Algumas pessoas poderiam responder "amor", "família", "reencontro"... ou até "paz".
Se calhar, eu hoje usufruí de todas estas coisas, talvez alguns de vocês também tenham tido um dia descansado, em família e rodeados de amor. Mas depois olhamos para lá do nosso núcleo, da segurança da nossa casa, e o que vemos são atentados, agressões e mortos. Muitos acreditam em renascimento, outros na importância de Jesus e ainda há aqueles que, como eu, não acreditam em nada disto, mas celebram nesta data, a maravilha de voltar a estar em família. Alguns agradecerão a benção de um novo dia, de ter saúde, de ter trabalho... outros, estarão a olhar para cima, não à procura de qualquer deus, mas de um míssel ou de uma bomba que não lhes caia em cima. Alguns olharão algumas iguarias na mesa... mas outros esperam que lhes caia do céu uma caixa com alguma comida e que não morram enquanto a tentam alcançar.
E a Páscoa, seja qual for a motivação religiosa, ou mesmo na sua inexistência, não deveria ser uma data em que a fome e a morte estão presentes.
Enquanto círios luminosos, alegram com a sua luz algumas igrejas e casas, há dez dias, que Kharkiv, "segunda maior cidade da Ucrânia, está mergulhada na escuridão depois do sistema de energia ter sido destruído por um ataque massivo de mísseis russos." E os ataques não páram!
Já em Gaza, "o hospital de Al-Aqsa," foi atingido por um ataque aéreo, resultando em "quatro mortos e dezassete feridos." Mais uma vez, o ataque que atingiu o hospital localizado em Deir al-Balah, "onde milhares de pessoas se abrigaram depois de terem fugido das suas casas noutros locais do território devastado pela guerra, teve como alvo um centro de comando operado pelo grupo Jihad Islâmica”. Entre os feridos, contam-se vários jornalistas. "O exército de Israel informou" durante o dia de hoje, tentando assim justificar este tipo de ataques, "que as tropas encontraram numerosas armas escondidas no hospital de al-Shifa, na cidade de Gaza."
Enquanto alguns se reúnem em volta da mesa, usufruindo de uma refeição, outros há que são alvejados enquanto tentam arranjar comida. Foi o que aconteceu quando "durante uma distribuição de alimentos na cidade de Gaza," cinco palestinianos foram "mortos a tiro."
O Líbano tem sido também alvo de ataques de tropas israelitas, que afirmam ter já morto dois importantes dirigentes do "grupo xiita libanês Hezbollah." E já que falamos em Hezbollah, o grupo terá também lançado ontem um ataque "contra a zona de Kiryat Shmona, no norte de Israel," já esta manhã, "atacou também zonas próximas das cidades de Malkia e Margaliot, no norte de Israel."
E podia aqui continuar a enumerar... mas sinceramente, acho que basta ligarmos a televisão, ouvirmos as notícias no rádio, ou lermos um dos muitos jornais digitais. É que ficamos logo cansados de tanta desgraça, especialmente, numa época que devia ser de reflexão e de união.
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd1895l159xo
https://pt.euronews.com/2024/03/31/israel-acusa-hamas-de-operar-em-hospitais
Depois do rescaldo da noite eleitoral, o país aguarda agora a indigitação do primeiro-ministro. Essa será a tarefa seguinte do Presidente da República, mas só depois de chegarem os resultados dos círculos externos. "Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir os partidos por ordem crescente de votos e a ritmo de um por dia."
Mas sobre a noite de ontem e os resultados eleitorais que já se conhecem...
Confirmando a maioria das projeções, a Aliança Democrática vence estas eleições com 79 assentos parlamentares, logo seguido a pouca distância do PS, com 77 lugares. Esta derrota da Esquerda já era um resultado esperado e nove anos depois os Socialistas regressam à oposição. Se olharmos para as análises televisivas feitas distrito a distrito, vemos que a AD venceu no Porto, mas o PS até ganhou nos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal. Em Setúbal o CHEGA ficou mesmo à frente da AD, o que deve ser alvo de reflexão por parte dos dirigentes. Já no que a Leiria se refere, "a Aliança Democrática ultrapassou o PS," o que se repetiu também em Braga.
Podemos dizer que houve muito mais gente a ir votar, o que pode ser visto como um ponto positivo. No entanto, apesar da diminuição da abstenção, os resultados alcançados por alguns partidos têm obrigatoriamente de levar o país a fazer uma reflexão sobre o que está mal e o que ainda nos espera.
O Chega foi um dos partidos que mais cresceu, especialmente no Algarve e conquistou 48 deputados na Assembleia da República, sendo de referir que neste distrito, se analisarmos concelho a concelho, "o Chega venceu em Portimão, Lagoa, Silves (onde a Câmara é presidida pela CDU), Albufeira, Loulé e Olhão. Nos restantes 10 municípios algarvios, o PS foi a opção mais escolhida por quem votou." Este crescimento do CHEGA pode dever-se em muitos casos ao chamado "voto de protesto", mas a verdade é que o país e a Europa estão em mudança e a Direita mais radical está, infelizmente, a ganhar força.
André Ventura tem estado a exercer pressão sobre a AD, através de Luís Montenegro, afirmando que ele deve mudar de opinião quanto a fazer um acordo de "entendimento pós-eleitoral com o Chega," chamando-lhe "um líder muito irresponsável," caso a AD viesse a permitir um governo do PS. Esperemos que Montenegro não caia nessa e não ceda a quaisquer ameaças. Ventura fez também vários "ataques aos jornalistas e comentadores," afirmando que deveriam engolir "algumas palavras”, bem como criticou de forma acesa as "empresas de sondagens, a cujos diretores sugeriu a demissão." Criticou o próprio Presidente da República. Entre várias críticas, das quais não escapou sequer o próprio Presidente da República, Ventura afirmou que a vitória do Chega deve ser visto como “um ajuste de contas com a História de um país que durante décadas foi asfixiado e atrofiado pela esquerda e pela extrema-esquerda”. Mesmo chegando de mansinho... já se vão manifestando.
"A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados." Por diversos fatores, a grande derrota do PCP não fez espantar muita gente, conseguindo apenas quatro lugares na AR, tantos como o Livre. "O PCP deixou de ter representação parlamentar em Beja, pela primeira vez em 50 anos de democracia," perdendo também força em Évora.
De preocupar também o resultado do ADN que, embora sem conquistar nenhum lugar na AR, conseguiu 1.6% dos votos, contra "0,20% dos votos" conseguidos nas legislativas de 2022. Será que este crescimento, embora aparentemente pareça pequeno, não nos deve fazer preocupar? O próprio Bruno Fialho, "líder do partido Alternativa Democrática Nacional (ADN), e cabeça de lista por Lisboa nestas eleições legislativas, defendeu este domingo que o partido" teria sido "o grande vencedor da noite" atingindo "mais de 99 mil votos," recusando também que este resultado "seja fruto de uma qualquer confusão entre siglas de partidos."
A não existência de uma maioria absoluta fez com que as agências de rating europeias já se tenham vindo manifestar, explicando que o "facto de nenhum partido ter obtido uma maioria absoluta nas eleições deste domingo," tal como já seria esperado, “pode atrasar o processo de formação de um novo Governo." Assim, ainda é cedo para se falar em mudança, porque a acontecer, terá sempre de passar pela Assembleia, onde nem todos apoiam a AD, caso seja realmente Luís Montenegro a ser indigitado por Marcelo Rebelo de Sousa nos próximos dias.
Fontes:
https://expresso.pt/politica/eleicoes/legislativas-2024/2024-03-11-Um-grande-vencedor-oito-vitorias-e-sete-derrotas---Quem-ganhou-e-quem-perdeu-na-emocionante-noite-das-eleicoes-ba75e983
O Dia da Mulher foi oficializado pela "Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975," mas por muitos países já é comemorado desde o início do século XX. Só em "1979 foi aprovada a Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres."
Podemos dizer que esta data está ligada à luta das classes operárias, em especial, à luta pela igualdade dos direitos das mulheres. Nesta data, assinala-se a desfesa de importantes "causas como o direito ao voto, a igualdade salarial, a maior representação em cargos de liderança, a proteção em situações de violência física e/ou psicológica ou o acesso à educação." Infelizmente, em demasiados países, estes direitos continuam ainda por cumprir.
As minhas mulheres, fizeram de mim o que sou hoje (sem desprezo aos homens, mas hoje é o dia delas). Nas minhas mulheres, admiro a força, a coragem, o trabalho e a determinação. Elas me mostraram que nunca se deve baixar a cabeça perante um desafio, que nunca me devo achar inferior a ninguém e que posso e devo lutar pelos meus direitos e defender as minhas conquistas com orgulho. Identifico-me com as minhas raízes e uma das coisas que é notável ao longo da história da vila onde nasci, é que embora fossem os homens a ir para o mar (algumas mulheres também o faziam) quem ficava a cuidar e a defender a terra eram sobretudo as mulheres! A elas cabia administrar a casa e, claro, assumiam por isso muitas vezes a posição de cabeça de casal, que antigamente em muitas outras regiões cabia apenas ao homem.
Quando a minha avó nasceu, instalava-se a ditadura em Portugal e, até 1974, não conheceu outra maneira de viver. Mas isso, nunca a calou nem fez baixar os braços. No ano em que a minha mãe nasceu, era presidente da República Américo Tomás, mas o país ainda era governado por Salazar.Durante a década de 60, o nosso país estava a ser fortemente reprimido, muitos jovens eram enviados para as ex-colónias e lá morriam ou ficavam estrupiados, condenados a viver para sempre com traumas de guerra. Muita gente é levada a emigrar. A minha mãe tinha 14 anos quando a Revolução saiu à rua e, também ela, saiu para celebrar a liberdade. Tenho a certeza que isso a marcou.
Apesar de não terem tido uma vida nada fácil, com muitas marcas psicológicas (e também físicas) estas mulheres conseguiram depois ser, para mim e para a minha irmã, as grandes referências como exemplos de vida a seguir. Como elas, não nos coibimos de dar a nossa opinião, sabendo que, se somos livres hoje, foi porque elas e outras como elas, não se calaram e não deixaram que ninguém as calasse.
Mas na nossa história temos vários exemplos importantes, sendo que apenas vou referir cinco delas, apesar de serem imensas. Muitas vezes, o que fizeram na sua época não foi tão divulgado, mas felizmente hoje em dia, embora tardiamente, já são de alguma forma valorizadas.
A primeira de quem quero falar é de Carolina Beatriz Ângelo, que foi "a primeira médica a operar no Hospital São José em Lisboa, a primeira mulher a ser considerada “chefe de família”, e sobretudo, a primeira mulher a votar em 1911!" Ela foi a primeira mulher a lutar "pela emancipação das portuguesas." Na época, a lei vigente considerava que “todos os cidadãos maiores de 21 anos, chefes de família, que soubessem ler e escrever” podiam ter um papel ativo na vida política do país. Carolina tinha 33 anos e tinha ficado viúva, com uma filha a seu cargo, o que fazia dela chefe de família. Ao ser médica, estaria implícito na sua formação que sabia não só ler e escrever, mas também tinha formação superior. Carolina foi então a tribunal, invocar "o direito de ser considerada chefe de família" e de poder votar. Conseguiu o seu propósito, embora mais tarde infelizmente, tenha sido acrescentado à Lei que apenas os “chefes de família do sexo masculino” poderiam votar.
Um outro nome importante é o de Sophia de Mello Breyner Andresen, nascida em 1919 e que se destacou tanto na escrita e poetisa, como na luta pela liberdade e pela democracia. Conhece Francisco Sousa Tavares e com ele se junta "à luta contra o regime de Salazar. Apoiou a candidatura de Humberto Delgado, em 1958, e teve em Mário Soares e em Maria Barroso, amigos para a vida." Em 1969, "foi candidata a deputada, juntamente com o marido, pela CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), considerado o início do Partido Socialista." Depois do 25 de abril, foi uma das cinco mulheres que foram eleitas deputadas "à Assembleia Constituinte. A 2 de agosto de 1975 fez a sua primeira intervenção parlamentar e participou na Comissão para a Redação do Preâmbulo da Constituição, à qual presidiu, em 1976. Foi "a primeira mulher a receber o Prémio Camões." Sophia morreu em 2004 e, desde 2014 que o seu corpo está no Panteão Nacional.
Continuando com outra escritora, quero destacar também a ativista Natália Correia, que nasceu em 1923 e fo"i poetisa, dramaturga e jornalista." Natália Correia nunca deixou de expressar "o seu desagrado em relação ao regime do Estado Novo, tendo apoiado a candidatura de Humberto Delgado e manifestado publicamente a sua amizade com Francisco Sá Carneiro." Acaba por ser até condenada a três anos de prisão (com pena suspensa, pela publicação de uma obra considerada ofensiva para os costumes) e foi processada por ter tido a responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas (o livro das Três Marias)." Desempenhou um importante papel político "no que diz respeito à luta pelos Direitos Humanos e pelos Direitos das Mulheres." É da sua autoria "o Hino dos Açores" e foi também "cofundadora da Frente Nacional para a Defesa da Cultura."
Destaco aqui também Maria de Lourdes Pintassilgo, que nasceu em Abrantes, em 1930. "O seu percurso académico e profissional foi marcado com momentos de avanços significativos para as mulheres. Primeiro, ao ingressar na licenciatura em Engenharia Químico-Industrial, tornou-se uma de três mulheres no curso, quando muito poucas frequentavam o ensino superior. Tornou-se a primeira mulher a ingressar os quadros técnicos superiores da Companhia União Fabril (CUF). Ainda durante o Estado Novo, foi convidada por Marcelo Caetano para se candidatar a deputada à Assembleia Nacional, tendo sido a primeira mulher a exercer funções como procuradora à Câmara Corporativa nas duas últimas legislaturas deste órgão, até abril de 1974. Presidiu, ainda, ao Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social e à Comissão para a Política Social relativa à Mulher (mais tarde denominada Comissão da Condição Feminina). Em 1975, tomou posse como embaixadora junto da ONU para a Educação, Ciência e Cultura." Maria de Lourdes torna-se "a primeira mulher primeira-ministra em Portugal" quando aceita o convite feito por "Ramalho Eanes para chefiar o Governo de Gestão de 1979 a 1980."
Uma outra mulher, bem conhecida e com um percurso digno de destaque foi Manuela Ferreira Leite nascida em Lisboa em 1940. Licenciou-se em economia e "foi chefe de gabinete de Cavaco Silva, em 1980, quando este desempenhava as funções de Ministro no Governo de Francisco Sá Carneiro." No início de 90, "assumiu a Secretaria de Estado do Orçamento e, entre 1993 e 1995, o Ministério da Educação, numa altura de grande contestação, tendo sido, pelo seu perfil austero, apelidada de Margaret Thatcher. Foi eleita deputada à Assembleia da República em 1995 e, em 1999, presidente da Comissão Parlamentar de Economia, Finanças e Plano. Foi também a primeira mulher líder de um Grupo Parlamentar (PSD), entre 2001 e 2002." Nesse ano, "foi nomeada Ministra de Estado e das Finanças, tendo, também aqui, sido a primeira mulher portuguesa a assumir estas funções."
Fontes:
https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-internacional-da-mulher
https://lisboasecreta.co/10-mulheres-portuguesas/
https://josefinas.com/pt/blog/12-mulheres-portuguesas-que-merecem-destaque
https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/Exposicao-As-mulheres-que-mudaram-Portugal.aspx
Hoje faz anos aquela mulher que me ensinou o que é a liberdade e a democracia, que me deu a ler a história da primeira república andava eu no 1º ciclo e me deixava ler tudo o que eu queria, tivesse ou não idade para isso. Tanto é especial, que foi logo teimar em nascer no dia 29! Assim sendo, faz agora uns 30 anitos, se bem que é minha avó e tem a cabeça cheia de cabelinhos brancos.
Para mim, há dois adjetivos que a caraterizam: lutadora e irreverente! E dela eu herdei a teimosia, a dificuldade em dizer que gosto quando não gosto, a incapacidade de sorrir sem me apetecer e a capacidade de ser autónoma e independente. O pior que nos podem fazer, sei que ambas estamos de acordo nisso, é fazerem-nos baixar a cabeça perante alguém. Podemos passar despercebidas, mas nunca nos deixamos rebaixar. Não é de estranhar que por vezes as nossas opiniões e os nossos feitios se choquem e que até passemos algum tempo chateadas, mas na verdade nunca estamos zangadas uma com a outra.
A ela agradeço ter aprendido a ler, a escrever corretamente, a contar, a multiplicar e a dividir. Aprendi e hoje ainda uso diariamente muito daquilo que ela, só com a 4ª classe, me ensinou. Hoje ainda sei de cor as tabuadas, dividir sem usar a calculadora, fazer a prova dos nove ou a prova real. Mas a ela também agradeço ter confiado em mim, tantas vezes! E nem vou falar aqui de outras tantas coisas que fez por tanta gente, mas isso não é para aqui...
Existem muitas mulheres com um papel importante na minha vida, mas esta é especial. Sei que ela odeia fazer anos, especialmente se a data calhar numa ano que não seja bissexto (aí escusamos até de lhe dar os parabéns), mas para mim, é importante dedicar-lhe estas palavras.
Começou na noite de 23 para 24 de fevereiro de 2022 a intrusão das tropas russas no território ucrâniano. Há meses que as tropas se concentravam na fronteira. A ofensiva "mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial."
Os ataques foram-se sucedendo, enquanto Zellenskii pedia apoio à União Europeia e a Nato dirigia meios para países próximos, mas sem interferir de forma direta. "No primeiro dia da invasão, a Rússia mostrava vontade de terminar o conflito rapidamente. Com largas colunas militares e bombardeamentos estratégicos, os soldados do Kremlin avançaram por território ucraniano a passo rápido."
Um dos primeiros alvos foi a "central nuclear de Chernobil." Kiev, capital ucraniana, foi atacada pouco tempo depois. Os primeiros mísseis "atingiram um prédio com civis."
Um dos piores ataques foi o que levou à destruição da cidade de Mariupol e que pode ter conduzido à morte de cerca de 20 mil civis. Um desses "ataques russos teve como alvo o teatro de Mariupol, um edifício que estava a ser usado como refúgio por centenas de residentes, principalmente mulheres e crianças." O presidente da câmara de Mariupol, "Vadym Boychenko, que falava à agência Associated Press através de uma entrevista telefónica, realçou também que as forças russas movimentaram para aquela cidade equipamentos móveis de cremação, para descartar os corpos." O autarca ainda acusou "Moscovo de recusar a entrada de comboios humanitários na cidade, na tentativa de esconder a carnificina."
As autoridades ucranianas acusaram também "as forças russas de cometerem atrocidades, incluindo um massacre na cidade de Bucha, nos arredores de Kiev." Bucha trouxe-nos as piores imagens deste conflito, onde os civis foram atacados de forma intencional e deliberada. "A divulgação pela imprensa internacional de imagens da cidade que mostram cadáveres nas ruas, alguns deles com as mãos amarradas ou parcialmente queimados, ou valas comuns, provocou uma onda de indignação."
Não esqueçamos as várias "maternidades e hospitais" que foram atingidas por mísseis, bem como os bairros habitacionais, as escolas, os museus, as igrejas...
Ao mesmo tempo que a população tentava fugir, iam-se destruindo as estradas e as pontes que davam acesso às cidades. A fuga levou a que milhares de mulheres e crianças tentassem sair do país e foram várias as ações humanitárias que tentaram ajudar. A Portugal, durante o primeiro mês de guerra, chegaram "17.504 refugiados ucranianos."
Apesar do "número de soldados russos mortos durante a invasão" ser quase sempre um "tema tabu para o Kremlin," a verdade é que as baixas são superiores do lado russo.
Além do apoio com armamento e munições, para o qual o nosso país também contribuiu, a "comunidade internacional respondeu à invasão russa com pacotes de sanções, concebidos para estrangular a economia russa." Além disso, houve também a intenção de acabar com "a liquidez dos oligarcas próximos de Vladimir Putin," os quais foram considerados "responsáveis pelo financiamento do esforço de guerra russo" e por isso pessoas "non gratas" em vários países. De forma a retaliar a retirada da maioria dos bancos russos do SWIFT e desvalorização da moeda, retaliação e para contrariar a desvalorização da moeda, Vladimir Putin exigiu "que o pagamento de gás exportado para os países europeus" bem como para outros considerados como “hostis” à Rússia, passasse a ser "feito em rublos e não em euros ou em dólares." Esta "mudança da moeda nas transacções fez com que" houvesse uma subida abrupta do preço do gás no mercado "europeu e britânico" entre "15% e 20%."
No início do verão de 2023, a Ucrânia deu início a uma contra-ofensiva, mas apesar de todos os esforços, esta acabou por falhar. Em junho deu-se o "colapso da barragem de Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia," ataque que foi considerado como um "dos maiores atentados ambientais." Este ataque à barragem "provocou a subida repentina do caudal do rio Dnipro e obrigou a evacuação de dezenas de vilas e de aldeias." A água inundou ruas, destruiu a rede elétrica, entrou pelas casas e deixou centenas sem água potável, levando à evacuação das populações dos dois lados do rio que dividia as forças russas e ucranianas. "O colapso da barragem terá libertado para o rio toneladas de substâncias tóxicas, inundou terrenos agrícolas e matou milhares de animais," mas apesar de tudo, houve muitos habitantes que se recusaram a abandonar as suas casas.
Em outubro, Zaporizhia, Dnipro e Kherson, foram apenas algumas das zonas atacadas e em "Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, a rede elétrica foi danificada pelos bombardeamentos" russos. Mas foi mesmo no fim do ano de 2023 que se registou um dos maiores ataques aéreos "desde que começou a guerra na Ucrânia." A Rússia lançou "158 mísseis e drones" dos quais as "forças ucranianas conseguiram abaterem 118," não evitando porém a "morte de, pelo menos, 30 pessoas em várias regiões do país. Há ainda mais de 160 feridos a registar." A Rússia terá utilizado "mísseis de cruzeiro, balísticos e hipersónicos, incluindo mísseis que são muito difíceis de intercetar," como forma de retaliação ao ataque ucraniano a "um navio de desembarque russo no Mar Negro" que ocorrera nessa mesma semana.
Dois anos passados, a guerra continua e a Zelenskii "faltam-lhe militares no campo de batalha, as munições estão a escassear, e o apoio dos aliados teima em não chegar." Apesar de no dia 13 de fevereiro deste ano, "o senado dos Estados Unidos" ter aprovado "um novo pacote financeiro para enviar à Ucrânia: cerca de 61 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros)," não se sabe se lá chegará. Isto porque "a ajuda de que Zelensky desesperadamente precisa" poderá vir a "ser travada pela Câmara dos Representantes, onde o Partido Republicano tem maioria, e onde a estratégia eleitoral de Donald Trump fala mais alto."
Uns dias antes, "a Hungria deixou cair o seu veto" à aprovação de um novo pacote de ajuda por parte da União Europeia. Assim, foi aprovado "um pacote de apoio adicional de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia - 33 mil milhões em empréstimos até 2027, e 17 mil milhões em subsídios a fundo perdido."
Uma certeza é que "Putin será reeleito em março," uma vez que ninguém lhe consege fazer oposição sem ficar em risco de vida, tal "como aconteceu com Yevgeny Prigozhin, o criador do grupo Wagner, e, agora, com Alexei Navalny, o seu principal opositor político." Também Maxim Kuzminov, "um piloto russo que desertou com o seu helicóptero Mi-8 e se entregou ao exército ucraniano em agosto passado," foi encontrado morto na sua garagem na passada semana, em Espanha. A história da fuga de Kusminov, "serviu de propaganda para o esforço de guerra do país" ucraniano.
Fontes:
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