45 anos da Revolução de abril
Celebra-se hoje a passagem de 45 anos sobre a Revolução do 25 de Abril. Um dia especial que marca o fim do Estado Novo e o início da libertação dos presos políticos e o regresso a casa de muitos exilados. Ser clandestino, sussurrar para não ser ouvido pelos bufos, a olhar por cima do ombro em constante sobressalto, era uma realidade nos anos de ditadura. O 25 de Abril (após outras tentativas falhadas) dá-se para acabar com a Guerra Colonial.
Lembrando os jovens de 1974, Marcelo Rebelo de Sousa disse algo muito bonito na Assembleia da República: "a história faz-se sempre de programas, de ideias impossíveis. Portugal é uma impossibilidade com quase 900 anos. Porque haveríamos de ser nós a não acreditar em Portugal?"
Para muitos, hoje é um dia de festa, mas é também um dia de reflexão e de memórias. Eu tenho uma grande admiração pelos homens e mulheres que conseguiram fazer deste um país livre. São centenas, senão milhares, de nomes que conseguiam fugir ao lápis azul da censura, que resistiam às mãos da tortura dos PIDE sem denunciar os outros que com eles lutavam. No nosso país havia fome. Muita fome, muita miséria a que não queremos regressar. Claro que ainda há fome! Não sejamos hipócritas! Há falta de habitação condigna, existem falhas na Educação e na Saúde - para mim os grandes pilares - mas temos liberdade para lutar por mais! Eu posso fazer mais por mim e pelos meus, posso criticar e exigir! Até posso votar!
Posso escolher se quero dizer bem ou se quero dizer mal do governo, se hoje quero concordar com as ideias de um partido mas ontem concordei com as do outro. Posso optar por vestir calças ou saias, mostrar as pernas se bem quiser.
Aprendi a ler! Posso escrever! E mais, posso escrever o que eu quero, mesmo que não gostem e que me critiquem, pois quem quer criticar tem esse direito também, o de dizer mal ou de dizer bem, de gostar e de afirmar que não gosta. Posso não concordar e dizer que não concordo e quais são as minhas ideias.
Abril ainda não está terminado! Nunca estará penso eu, pois estamos famintos de continuar a mudar e a crescer. O país pede mais, merece mais. O caminho tem sido lento, os entraves têm sido tantos... não nos deixem baixar os braços, continuemos a luta pela nossa liberdade, pelos nossos direitos e por não deixarmos cair na rua, o poder que Abril nos deu! As crianças e os jovens de hoje têm de saber daquilo que se passou para que nunca se esqueçam! A estes jovens que já nasceram em liberdade, tal como eu nasci em 1983, tem de ser mostrado o que era Portugal.
Fontes:
https://rr.sapo.pt/noticia/149253/marcelo-pede-mais-ambicao-na-democracia-na-demografia-e-na-economia