Durante a manhã de 11 de março de 1975, "Lisboa é palco de inesperadas movimentações militares: uma parelha de T6 sobrevoa Lisboa a baixa altitude em ação de intimidação." Mais tarde, pelas 11h50, "forças da Base Aérea n.º 3 atacam o Regimento de Artilharia Ligeira n.º 1 (RAL 1), provocando um morto e 14 feridos."
Ao princípio dessa tarde, "o general António de Spínola e os principais implicados no golpe fogem para Espanha."
A Intentona de "11 de Março de 1975 apenas é compreensível se analisarmos de uma forma mais ampla os acontecimentos e processos que tiveram lugar desde o 25 de Abril de 1974 e, em particular, a partir do 28 de Setembro."
Ocorre que depois da revolução de abril de 1974, as forças políticas ligadas a Spínola e à direita democrática, queriam que "Portugal liderasse uma organização" em que estivessem incluídas as antigas colónias, e que nestas fossem garantidos os interesses do país. Ora esta posição é oposta à defendida pelos militares que tinham preparado o 25 de Abril, "principalmente os membros do Movimento das Forças Armadas (MFA)."
Este Movimento apoiava por sua vez "os partidos totalitaristas marxistas africanos que estavam a consolidar controlo dos territórios recém-independentes, chegando os portugueses do MFA até a posicionar-se contra as organizações de nativos oposicionistas," apoiando a sua "supressão."
Os "novos regimes africanos em consolidação," não poupam nem os portugueses que por lá se tinham mantido, nem os "autóctones, que são apoiantes do antigo regime ou pertencentes a facções opostas," o que leva a uma situação de precariedade, "com crescentes conflitos, perseguições políticas e exclusões dos processos transicionários na forma de violência, exílios, prisões e mesmo mortes." Spínola queria fazer valer a "independência dos territórios," garantindo a estabilidade dos portugueses, enquanto o MFA, cansado da guerra, queria fazer sair, quão rapidamente fosse possível, as tropas, não se mostrando "dispostos a prolongar a sua presença em África."
Em setembro de 1974, "na tentativa de contrariar uma viragem à esquerda liderada por diversas forças, Spínola" promove "a realização de uma manifestação de apoio à sua política." No entanto, essa manifestação acaba por ser inviabilizada por um grupo de civis apoiantes da esquerda e por "elementos do Movimento das Forças Armadas (MFA)." Em consequência desta derrota, o general Spínola demite-se e é substituído por Costa Gomes.
Demitem-se também os "ministros da Defesa e da Comunicação Social, Firmino Miguel e Sanches Osório, respetivamente." A 1 de outubro de 1974 toma posse o III Governo Constitucional, que se torna "o segundo mais longo de todo o processo revolucionário português, abrindo uma fase de alguma estabilidade." É constituído ainda o "Conselho dos Vinte, organismo que reúne todos os oficiais com funções político-militares: membros da JSN, da Coordenadora do MFA, comandante-adjunto do COPCON e ex-membros da Coordenadora que, nesse momento, desempenhavam funções de ministro ou Alto-Comissário." Pretendia-se assim articular a "intervenção política dos militares e evitar as decisões de cúpula da JSN."
No entanto, a imagem internacional do país passa a ser uma preocupação.
A de março de 1975, Spínola é informado de um possível ataque que visaria a direita. Perante esta suposição denunciada pelos "serviços secretos espanhóis" é preparado um "novo golpe."
Segundo informação que correu então, "1500 pessoas ligadas à direita," estariam sob a mira de forças de esquerda, ligadas ao PCP e à União Soviética. Esta operação (também conhecida como operação matança da Páscoa e que teria entre as personalidades a abater 500 oficiais e 1000 civis apoiantes de Spínola), levou a que no dia 11 de março, o Regimento de Artilharia de Lisboa fosse "atacado por aviões e helicópteros da Força Aérea e por unidades de paraquedistas. Um soldado é morto durante o ataque e, no dia seguinte, regista-se também a morte de um civil."
Perante tal falha, "Spínola escapa de avião para Espanha e outros oficiais pedem asilo político noutras embaixadas localizadas em Lisboa." Uma das consequências é a radicalização "à esquerda" e a consequente nacionalização (nomeadamente, da banca). Mais tarde, "Vasco Lourenço, implicado nesta alegada ação," acabaria por declarar "que não havia lista nenhuma na operação matança da Páscoa, e que afinal tinham "sido serviços de informação americanos ou russos que puseram a circular essa ideia com o fim de «lançar a casca de banana aos spinolistas»."
Fontes:
https://50anos25abril.pt/historia/11-de-marco/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_de_11_de_Mar%C3%A7o_de_1975
https://ensina.rtp.pt/artigo/a-tentativa-de-golpe-de-11-marco-de-1975/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Matan%C3%A7a_da_P%C3%A1scoa
https://50anos25abril.pt/historia/11-de-marco/equilibrios-politicos-no-pos-28-de-setembro/