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Natal em estado de guerra

por Elsa Filipe, em 26.12.24

Poderíamos pensar que aqueles que acreditam num qualquer deus, pusessem a mão na consciência e parassem de uma vez por todos de atacar os seus irmãos.

Poderíamos até, esperar, que onde se diz que Jesus nasceu, a paz pudesse reinar. 

A brutalidade de um povo sobre o outro vem dos corações gelados dos homens... vem da ignorância mascarada de um poder que lhes é permitido pelos restantes, talvez com medo ou... quem sabe... por acharem que lhes chegará algum benefício. Como se pode afirmar ser líder do "mundo na luta contra as forças do mal..."  e nada acontecer? Onde andam os nossos decisores, os homens e mulheres que nos deviam proteger contra os novos ditadores que se mascaram de mártires e salvadores?

Nem no natal as armas se calaram, atingindo inocentes e aumentando ainda mais o número já elevado de mortos e feridos. Na véspera de natal, em vez da paz prometida, "o exército israelita obrigou pacientes do Hospital Indonésio, no norte da Faixa de Gaza," a seguir a pé, evacuando "aquela que é uma das últimas unidades de saúde ainda em funcionamento no enclave."

Pelo segundo ano consecutivo, Belém não assiste às tradicionais procissões natalícias, assistindo em vez disso à continuação da violência na Faixa de Gaza, em Israel e nos países limítrofes. Muitas das famílias cristãs estão a abandonar a região devido à guerra.

A 13 de dezembro, sucessivos "ataques aéreos israelitas causaram a morte de pelo menos 61 pessoas," incluindo 33 vítimas resultantes de um "bombardeamento junto a um campo de refugiados em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza." Não sei se é a esta acalmia que algumas igrejas cristãs se referem, mas não me parece que sejam cegos a este ponto! 

Ou talvez se tenham esquecido os ataques a escolas que albergavam refugiados e que provocou a morte a "dez membros de uma mesma família, incluindo sete crianças e uma mulher." Eram todos membros da "família Khalla," e a criança "mais velha" tinha apenas seis anos.

A situação na Síria também não está a ficar melhor. Tem-se vindo a descobrir aquilo que era feito pelo regime de Assad e cada descoberta parece ser mais macabra que a anterior. Durante muitos anos, Alepo esteve sob ataque com "centenas de milhares de pessoas" a serem "mortas em bombardeamentos indiscriminados, enquanto o colapso económico do país mergulhou a maior parte da população na pobreza." As memórias dos ataques não trarão paz aos sobreviventes.

Já em Moçambique, "569 pessoas" terão sido "baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos," números que têm vindo a aumentar desde 21 de outubro. Neste natal, regista-se a fuga de "1500 reclusos" que terão fugido ou sido libertados deliberadamente "da prisão." Não se espera que a situação vá melhorar nas próximas horas. As "manifestações pós-eleitorais," ensombraram o natal e a situação acabou por piorar depois do anúncio da vitória da Frelimo e de Daniel Chapo.

Marcelo Rebelo de Sousa saúdou "a intenção já manifestada de entendimento nacional e sublinha a importância do diálogo democrático entre todas as forças políticas, que" segundo o presidente português, "deve constituir a base de resolução dos diferendos, no quadro e no reconhecimento das novas realidades na sociedade moçambicana e do respeito pela vontade popular." Parece que nem todos concordam com esta declaração, especialmente o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que "considera lamentáveis as posições do presidente da República português e do primeiro-ministro, sobre as eleições em Moçambique."

Mondlane, afirmou ainda que a situação vai piorar na região, pedindo aos seus apoiantes que "intensifiquem" os protestos. O que já se vê é a destruição e os saques, lojas incendiadas e viaturas destruídas.

Em "Litapata, província moçambicana de Cabo Delgado," as pessoas começaram ontem a "abandonar a sua aldeia após detetar a presença de supostos terroristas," que surgiram "em massa na aldeia, a cerca de 20 quilómetros da sede distrital de Muidumbe."

Também aqui, os insurgentes poderão estar relaciondos a grupos extremistas islâmicos, com vários ataques a terem sido já reivindicados.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/mocambique-populacao-em-fuga-apos-chegada-de-alegados-terroristas-a-muidumbe_n1623749

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/mocambique-saques-e-destruicao-apos-anuncio-de-resultados-eleitorais_v1623657

https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2024/12/nota-do-presidente-da-republica-sobre-eleicoes-em-mocambique/

https://www.rfi.fr/pt/mundo/20241224-v%C3%A9spera-de-natal-ensombrada-no-m%C3%A9dio-oriente-pela-guerra-na-faixa-de-gaza

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/defesa-civil-de-gaza-anuncia-morte-de-sete-criancas-da-mesma-familia-num-ataque-israelita_n1622977

https://pt.euronews.com/2024/12/22/habitantes-de-alepo-lembram-horrores-do-regime-de-assad

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publicado às 15:48


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