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Tufão Kong-Rey atinge Taiwan

por Elsa Filipe, em 31.10.24

O tufão Kong-Rey, considerado já o mais "extenso tufão a atingir Taiwan nas últimas décadas", apresentando "um raio de 320 quilómetros" e já deixou um vasto rasto de destruição à sua passagem, contabilizando-se, até agora, 73 feridos e 1 morto em Taiwan. Há ainda a lamentar dois desaparecidos. Trata-se de "dois turistas checos que faziam caminhadas no desfiladeiro de Taroko", perto de Hualien, e que desde ontem estão incontatáveis.

O fenómeno causou "ondas de 10 metros de altura" bem como vários "deslizamentos de terra."  Durante o dia de ontem, "dezenas de serviços de transporte por barco e voos domésticos foram cancelados." Várias regiões tiveram de ser evacuadas, entre os quais "Yilan, Hualien e Taitung." 

Este verão, dois outros tufões atingiram o país. Primeiro o "Gaemi" que provocou 10 mortos e centenas de feridos, e depois "o Krathon, que varreu o sul de Taiwan no início de outubro, provocando ventos destruidores, inundações e deslizamentos de terras que causaram pelo menos quatro mortos e centenas de feridos."

Fontes:

https://observador.pt/2024/10/31/tufao-kong-rey-faz-um-morto-e-73-feridos-na-chegada-a-taiwan/

 

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publicado às 20:15

Catástrofe em Espanha

por Elsa Filipe, em 30.10.24

Espanha está a ser assolada por uma tempestade de proporções extremas, sendo a região de Valência a mais afetada, com 64 mortos confirmados e dezenas de desaparecidos uma vez que as equipas de socorro ainda não conseguiram chegar a todas as zonas atingidas. Num balanço mais atualizado, as autoridades espanholas falam já em 95 mortos!

Desde ontem que o território espanhol está sob a influência de uma "depressão isolada em níveis altos", um "fenómeno meteorológico conhecido como DANA em castelhano, que causou chuvas torrenciais e ocorrências em diversos pontos do país, sobretudo na costa do Mediterrâneo."

As imagens que nos chegam pelas redes sociais e através da comunicação social mostram algo nunca visto nesta região, com "aldeias, estradas, ruas e campos inundados, carros arrastados pelas águas e presos em autoestradas e pessoas em telhados ou árvores à espera de resgate."

"Segundo o governo regional da Comunidade Valenciana, no leste de Espanha, pelo menos 62 pessoas morreram por causa de chuvas torrenciais e inundações que atingiram a região de Valência na última noite e de madrugada. Está confirmada também a morte de mais uma pessoa na região vizinha de Castela La Mancha."

De acordo com dados oficiais do governo espanhol, a precipitação que na última noite caiu "na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966."

Em Valência, "cerca de 200 pessoas foram resgatadas durante a madrugada de diversos locais, mas as equipas de proteção civil e de militares que estão no terreno continuavam ao início da manhã sem acesso a várias zonas afetadas, por haver vias inundadas e destruídas ou infraestruturas afetadas."

Várias regiões estão também sem comunicações ou eletricidade. "Os apagões provocados pelas chuvas chegaram a deixar 150 mil pessoas sem acesso à rede de telecomunicações em Valência."

Na localidade de Letur, em Albacete houve "uma vítima mortal." As buscas continuam para "localizar cinco pessoas desaparecidas depois de um riacho transbordar e uma enchente gigantesca devastar a pequena cidade. Nesta localidade do município de Albacete, dois funcionários municipais foram arrastados pela corrente dentro de um veículo, que ainda não foi encontrado."

Na Andaluzia, a única vítima registada até agora"será um cidadão britânico de 71 anos." Já em "Cuenca, a norte de Albacete, as autoridades confirmaram a morte de uma mulher de 88 anos." Em Málaga registaram-se "três feridos e uma vítima mortal."

Na cidade de Alzira, há vários carros ainda "presos em vias inundadas," onde podem estar muitas das pessoas que ainda não foram encontradas. "Dezenas de pessoas ficaram presas pela água em diferentes pontos da província da região, incluindo em centros comerciais, veículos, telhados ou árvores, disseram moradores de diferentes localidades."

O "Governo de Espanha decidiu decretar três dias de luto nacional." 

Fontes:

https://expresso.pt/internacional/europa/espanha/2024-10-30-sanchez-diz-que-emergencia-por-mau-tempo-em-espanha-continua-e-garante-apoio-a-afetados-0008b890

https://expresso.pt/internacional/europa/espanha/2024-10-30-cheias-em-valencia-rei-de-espanha-garante-todo-o-apoio-necessario-aos-afetados-e-familiares-dos-mais-de-60-mortos-confirmados-a16a09d3

https://www.publico.pt/2024/10/30/azul/noticia/chuvas-torrenciais-provocam-vitimas-mortais-valencia-2109938

 

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publicado às 19:25

Israel - os ataques continuam

por Elsa Filipe, em 28.10.24

Israel atacou ontem as "cidades libanesas de Haret Saïda, Aïn Baal e Bourj al-Chemali," provocando pelo menos 21 mortos.

Hoje, a cidade de Tiro (cidade libanesa que alberga locais históricos inscritos pela UNESCO na sua lista de património mundial), provocando, para já, sete mortos e dezassete feridos. O alvo terá sido uma zona residencial. As forças israelitas tinham dado ordens de evacuação ao "início desta manhã,"  emitindo "um aviso de evacuação para várias zonas da cidade," e garantindo que o alvo são os "centros de comando de unidades do Hezbollah." Israel afirma querer "neutralizar o Hezbollah para pôr termo ao lançamento de foguetes" a partir do território libanês "e permitir que dezenas de milhares de pessoas deslocadas regressem a casa."

Enquanto isso, continuam os ataques na Faixa de Gaza, onde um drone israelita terá morto três pessoas. Em Jabalya, "onde o exército israelita tem conduzido uma devastadora ofensiva terrestre e aérea desde 6 de outubro para impedir o Hamas de reagrupar as suas forças", uma "escola convertida em abrigo para pessoas deslocadas" foi também atacada, com o resultado de nove mortos.

Infelizmente, quem sofre no meio de tudo isto, é a população civil... famílias inteiras deslocadas, fome, frio e doenças que levam ao decréscimo da qualidade de vida destas populações. Apesar de várias tentativas de negociação, o cessar-fogo parece estar longe de acontecer...

 

Fontes:

https://www.publico.pt/2024/10/28/mundo/noticia/bombardeamento-israelita-cidade-tiro-faz-menos-cinco-mortos-2109661

https://www.jn.pt/2736835242/israel-ataca-cidade-libanesa-de-tiro-apos-apelos-de-evacuacao/

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/israel-prossegue-ataques-em-gaza-e-ordena-retirada-da-populacao-de-cidade-libanesa_n1610879

 

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publicado às 20:07

Dias tumultuosos

por Elsa Filipe, em 27.10.24

"O motorista do autocarro que foi incendiado, (...) em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, ficou gravemente queimado e foi encaminhado para a Unidade de Cuidados Intensivos do hospital de Santa Maria."

O motorista da carris metropolitana, conduzia um autocarro na zona de Loures. Estava simplesmente a fazer o seu trabalho mas um grupo de encapuzados resolveu que aquele autocarro seria para incendiar. Sem se preocuparem com quem lá estava dentro, lançaram contra o autocarro vários cocktails molotov e, um deles, acertou no motorista que saiu do autocarro em chamas. Este permanece na "unidade de queimados da unidade hospitalar."  Vai ficar com marcas para toda a vida, vida essa pela qual ainda está a lutar.

Felizmente, "o autocarro vandalizado e incendiado em Santo António dos Cavaleiros  seguia sem passageiros quando se deu o incidente."

Este motorista "é um dos três feridos resultantes dos tumultos das últimas 24 horas. Os outros dois feridos são ligeiros, de acordo com o mais recente balanço da PSP, que dá ainda conta de 13 detenções na sequência de 45 ocorrências, entre as quais, nove carros e dois autocarros destruídos pelo fogo."

Nos últimos dias têm sido diversas as ocorrências, principalmente na zona metropolitana de Lisboa, com situações a ocorrer também na margem sul, mas esta terá sido mesmo uma das mais graves.

Por aqui, também se registaram distúrbios na zona da Arrentela, levados "a cabo por um grupo organizado de cerca de 20 pessoas". O grupo "mandou parar o autocarro na Arrentela, fez sair os passageiros e o condutor, e regou o veículo com combustível". No Miratejo, registaram-se também contentores que foram incendiados, mas a população conseguiu logo apagar as chamas.

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/pais/motorista-de-autocarro-incendiado-em-santo-antonio-dos-cavaleiros-esta-nos-cuidados-intensivos_n1610022

https://www.dn.pt/2482930634/motorista-de-autocarro-incendiado-em-loures-em-estado-grave/

https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/10/24/motorista-em-estado-grave-apos-autocarro-incendiado-em-santo-antonio-dos-cavaleiros/398783/

 

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publicado às 23:11

Capital a ferro e fogo

por Elsa Filipe, em 25.10.24

São muitas as imagens e os debates à volta dos confrontos que se vão espalhando noite dentro por vários bairros da capital e dos arredores. A situação que levou a esta violência e a toda esta revolta foi a ação policial contra um dos residentes do bairro do Zambuja, localizado na freguesia de Alfragide e pertencente ao município da Amadora que ocorreu n amadrugada de 21 de outubro.

Ao que se sabe - há várias versões, mas não se confirma ainda nada - é que o comportamento de um condutor terá despertado a atenção de um carro que patrulhava a zona e, ao mandar o condutor parar, este em vez de o fazer, fugiu tendo cometido diversas infrações durante a fuga. Seguidamente, o condutor terá entrado em despiste, "abalroando viaturas estacionadas, tendo o veículo em fuga ficado imobilizado". A fuga terminou com a tentativa de detenção do homem, que segundo relatos da própria polícia, "terá resistido à detenção" e tentado agredir os agentes "com recurso a arma branca".

Um dos polícias terá disparado dois tiros para o ar e, não tendo obtido o efeito desejado, terá disparado na direção do homem, acabando este por morrer devido aos ferimentos. 

Horas depois, "o movimento Vida Justa contesta a versão da polícia sobre a morte de Odair, afirmando que a versão dada pela PSP é “totalmente falsa”, e exigindo "uma comissão independente para investigar as mortes em circunstâncias estranhas que ocorrem na periferia" de Lisboa.

Nesta versão, a PSP informa que um homem "em fuga foi baleado por um agente do Comando Metropolitano de Lisboa, às 05:43, na Cova da Moura, quando alegadamente terá resistido à detenção e agredido os agentes com recurso a arma branca". Isto terá levado, segundo o mesmo comunicado, a que"um dos polícias, esgotados outros meios e esforços", tenha recorrido "à arma de fogo"  e atingido "o suspeito, em circunstâncias a apurar em sede de inquérito criminal e disciplinar." Seguidamente, o MAI abriu "um inquérito urgente à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre a morte de Odair."

A lamentável morte de um cidadão veio então levantar várias questões, entre as quais, se havia necessidade de disparar na sua direção. Se sim ou não, não sei, o que sei é que não gostaria de estar na situação dos agentes que, ao fazerem o seu trabalho, tiveram de abordar um condutor a meio da noite, em fuga e que não cumpre as ordens que lhe são dadas. Se agiram da melhor forma, acredito que não, e que poderiam ter feito as coisas de outra forma, que podem ter-se sentido ameaçados, que podem ter sentido a vida em risco ou que podem ter agido de impulso, sem pensar. Não quero desculpar a ação do agente que disparou, mas também não o quero recriminar por tê-lo feito. Se estivesse no seu lugar, o que teria eu feito? Não consigo imaginar. 

Em relação à ação que despoletou a perseguição. Sempre me ensinaram que, perante um veículo da polícia, devidamente identificado, que nos mande parar, é isso que devemos fazer: encostar, parar, e deixar que os agentes acedam aos documentos e ao veículo se for esse o caso. Não entendo porque não o fez Odair. Se tinha algo a esconder no carro, não o devia ter, se estava alcoolizado, também não deveria estar ao volante de um automóvel. Se passou realmente como dizem um traço contínuo, devia assumir o seu erro, e se fosse o caso receber a contra-ordenação. Fugir? Nunca seria essa a opção a tomar. Daquilo que se sabe, as fugas nunca correm muito bem. Alguém se fere, outros ficam feridos. Alguém morre... muitas vezes, pessoas que nem têm relação com o caso, simplesmente estavam no lugar errado à hora errada. Não foi o caso. Odair morreu não porque estava no lugar errado à hora errada. Morreu porque fugiu, porque desobedeceu. Não devia ter acontecido, não devia ter sido atingido, devia ter sido detido. Devia estar preso e não morto. 

"Em menos de quatro dias, a morte de Odair Moniz por um agente da PSP no Bairro do Zambujal desencadeou desacatos e tumultos por toda a Grande Lisboa, foram reveladas versões contraditórias do que antecedeu os tiros fatais, realizou-se uma reunião entre autarcas e Governo, organizaram-se duas manifestações e foram proferidas muitas reações extremadas sobre o caso, da esquerda à direita."

As ações têm consequências. E agora uma comunidade chora a morte de um dos seus, uma família está enlutada. Odair deixou uma família, deixou filhos, mas naquela noite, estaria ele a pensar neles quando fugiu às autoridades? E, se realmente foi assim como contam que aconteceu - como já disse, ainda há muito que não se sabe e existem várias versões - terá pensado nos filhos? Cada um de nós vê a vida de uma forma diferente. Eu sinto-me segura na presença da polícia, mas há quem não se sinta assim e tenha as suas razões para tal, cultural e sociologicamente falando.

Acredito que o medo se imponha nos jovens que crescem em bairros, porque assistem a rusgas, assistem a portas deitadas a baixo a meio da noite e a casas invadidas. A minha porta nunca foi deitada abaixo... se tocarem, eu abro, podem ver tudo que não terei receio, de resto o que encontrarão será talvez pó.

O que agora está a acontecer é que não pode também ser permitido. Está a ser aproveitada a morte de um homem, uma morte que não deveria ter acontecido, para se fazer violência, para se criarem desacatos e destruírem bens de pessoas que nada têm que haver com o caso. Estão a destruir bens públicos, que são de todos, e bens privados. Não está a ser um ataque direcionado à polícia, mas ataques provocatórios e que podem levar a mais mortes! Se um polícia agora disparar contra um indivíduo que tenha na mão um cocktail molotov e o matar? Será mais um "mau" polícia? E não, não defendo nada que se entre de arma em punho, se atire indiscriminadamente e que se resolvam estas situações ao tiro! Isso não pode acontecer, não devia acontecer! Mas os bens que estão a destruir, são bens que têm dono! Estão a destruir coisas que são úteis aos bairros onde moram? Isso faz sentido? Estão a queimar carros de pessoas que têm família, que têm trabalho e que se esforçam por pagar as mensalidades todos os meses? Como é que, desta forma, dizem estar a manifestar-se contra esta morte? Tem de haver justiça, sim, tem de haver justiça. Mas estes atos são selváticos! São pensados para criar o caos.

No meio disto tudo, algo me passou esta noite pela cabeça. E se quem está à frente destes atos de selvajaria, não são "as pessoas" do bairro, não são "os amigos de Odair", nem quem o defende... mas sim, pelo contrário, se quem aparece de cara tapada, são aqueles que os querem fora dali? E se, imaginem, estes que atacam de forma indiscriminada, estão de facto a aproveitar o caso para fazer valer a sua posição e, ao fazerem-no, tentam-nos colocar contra estas pessoas? E se os atacantes, incendiários, estão mais à direita do que nos fazem crer? Talvez eu esteja enganada... mas foi isso que esta noite me passou pela cabeça, foi uma suposição, uma hipótese...

Fontes:

https://rr.sapo.pt/especial/pais/2024/10/25/morte-de-odair-moniz-e-desacatos-na-grande-lisboa-o-que-se-sabe-ate-agora/398881/

https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/10/21/versao-mal-contada-vida-justa-contraria-versao-da-policia/398396/

https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2024/10/21/homem-em-fuga-morre-apos-ter-sido-baleado-pela-psp-na-cova-da-moura/398362/

 

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publicado às 02:52

Marco Paulo

por Elsa Filipe, em 24.10.24

Faleceu hoje o conhecido cantor Marco Paulo, aos 79 anos, após uma luta inglória contra o cancro, uma doença que continua a matar de forma indiscriminada apesar de todos os avanços que a medicina tem tido.

João Simão da Silva, nasceu a 21 de Janeiro de 1945, em Mourão, "no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960." Marco Paulo - ou, como em menino era conhecido - João Silva, tinha uma relação de afeto e "cumplicidade com os irmãos," mas do pai, um homem austero, recebeu "pouco carinho."

A sua carreira foi sempre seguida por milhares de fãs, tendo o cantor lançado "mais de 70 discos e várias canções de sucesso" ao longo de 50 anos de carreira. 

A sua estreia foi nas festas de Alenquer a cantar a "Campanera" de Joselito. Com 14 anos, "entra para o rancho folclórico de Alenquer onde esteve dois anos como cantor até ir viver para o Barreiro."

Devido à profissão do pai, que obrigava a várias deslocações chegou a viver também em "Celorico de Basto, Alcabideche, Alenquer e Arcos de Valdevez," bem como no Barreiro ou em Sintra.

É a fadista"Cidália Meireles," que o vem a descobrir, já no Lavradio, onde o jovem João Simão frequentava "aulas de canto com Corina Freire," cantora lírica. Cidália Meireles levou-o ao seu programa e, as portas abriram-se para que participasse "pela primeira vez no Festival da Canção da Figueira da Foz." Esta participação fez com que fosse visto e fosse "convidado por Mário Martins, da editora Valentim Carvalho, para gravar o seu primeiro disco."

Em 1967, participou no Festival RTP da Canção com "Sou Tão Feliz", depois do que foi para a Madeira onde cantou "com Madalena Iglésias," e em 1982 voltou ao festival para interpretar “É o Fim do Mundo”, de João Henrique e Fernando Guerra. 

Marco Paulo, fez a tropa "em Beja, Leiria e Estremoz", mas com a guerra colonial ainda decorrer foi enviado para a Guiné, onde a sua estadia foi um pouco diferente da da maioria dos jovens que para lá iam. Apesar de lhe terem dado uma Mauzer, era no escritório que passava a maior parte do tempo. O seu principal problema, se é que assim se poderia chamar, era andar sempre distraído em cantorias. Durante uma brincadeira, um colega atingiu-o na cabeça com uma pressão de ar e o chumbo nunca chegou a ser retirado. Durante o tempo que esteve na Guiné, ficou sempre na cidade e nunca chegou a estar no mato, onde a situação era muito mais complicada. "Cantava nos aniversários" dos camaradas e animava as festas para que o convidavam por já ter discos seus a passar "na rádio."

Marco Paulo ganho vários prémios, entre os quais, "em 1978, conquistou o seu primeiro disco de ouro com o single “Canção Proibida/Ninguém Ninguém”, com 85 mil cópias vendidas." Em 1979 ganhou o "disco de ouro com “Mulher Sentimental” e, em 1980, com o êxito “Eu Tenho Dois Amores”, versão de “Petra”, do grego Giorgos Hatzinasios, com 195 mil discos vendidos."

O cantor ganhou ainda "140 discos de platina, ouro e prata, tendo vendido mais de cinco milhões de discos e sendo o quinto cantor nacional com mais discos vendidos de que há registo."

É ainda "o único cantor português com um disco de diamante," que venceu com a canção “Maravilhoso Coração”.

Entre muitos outros discos, editou em 2001, o disco "35 Anos da Nossa Música", onde podíamos ouvir temas como "Nossa Senhora", "Te Amo, Te Amo" e "Amália A Nossa Voz."

Foi também apresentador, num programa que passava ao domingo à noite na RTP 1: “Eu Tenho Dois Amores," (1994-1995). Dois anos depois e ainda na RTP, apresentou o programa “Música no Coração”, onde fazia entrevistas a convidados ligados ao meio musical e artístico.

Foi em 1996 que o diagnóstico do primeiro cancro chegou, localizado no "testículo direito."

Corria já o ano de 2016, quando Marco Paulo "tornou público que lhe fora diagnosticado cancro da mama e que seria submetido a tratamentos. No final desse ano, revelou que o seu estado de saúde se tinha agravado com o diagnóstico de um tumor pulmonar." No mesmo ano, o cantor foi galardoado com "o Prémio de Mérito e Excelência na XXI Gala dos Globos de Ouro." Em 2022, foi "condecorado pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa", com a "distinção de Comendador da Ordem Infante D. Henrique, numa cerimónia que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa."  

Já na SIC, estreia em "junho de 2021," o programa “Alô Marco Paulo”, onde Ana Marques co-apresentava com o artista. O programa, que "começou por ser transmitido nas tardes de sábado da SIC," passou em abril de 2022 para as manhãs de fim de semana. Em 2022, "quando era atualizado sobre o estado do tumor pulmonar, descobriu o cancro no fígado." 

Já em janeiro de 2023, a Sica lança na plataforma Opto, uma série biográfica que descreve com vários pormenores a vida do cantor, “Marco Paulo: A História da Minha Vida."

Desde junho deste ano, tinha estado a ser "transmitida uma emissão especial"com o título, “Força, Marco Paulo”,que tinha como principal intuito apoiar o cantor, já visivelmente debilitado, na"luta contra dois cancros," tendo o cantor sido informado pelos médicos de "que os tratamentos de quimioterapia seriam suspensos por não estarem a resultar." Em resultado disso, "o cantor encontrava-se em repouso em casa."

Em maio do presente ano, foi-lhe feita uma bonita homenagem, como todas deveriam ser, ainda em vida, no espetáculo “Para Sempre Marco." O cantor cantou o refrão de “Maravilhoso Coração”, deixando ainda uma mensagem emotiva. Da sua vida privada, o cantor manteve quase sempre segredo.

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Paulo

https://magg.sapo.pt/celebridades/artigos/do-disco-de-diamante-as-ultimas-palavras-em-palco-recorde-11-momentos-marcantes-de-marco-paulo

https://www.flash.pt/celebridades/nacional/detalhe/marco-paulo-revela-que-levou-um-tiro-na-cabeca-quando-estava-na-tropa-na-guine-a-bala-ficou-alojada-na-minha-cabeca

https://expresso.pt/blitz/2024-10-24-morreu-marco-paulo-aos-79-anos-apos-uma-longa-luta-contra-o-cancro-a582e7b1

https://expresso.pt/blitz/2024-10-24-marco-paulo--1945-2024--a-infancia-nomada-o-pai-austero-a-vida-predestinada-e-a-solidao.-uma-conversa-franca-com-a-blitz-em-2023-65ee0c10

 

 

 

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publicado às 23:38

Itália e França atingidas pelo mau tempo

por Elsa Filipe, em 21.10.24

O mau tempo tem estado a assolar várias regiões de Itália e do centro de França. 

"A região italiana de Emilia Romagna foi a mais atingida."  Na cidade de Pianoro, "uma pessoa morreu" quando a sua viatura foi arrastada pela força das águas. Os rios Icice, Elsa e Salto, bem como o ribeiro Crostolo, um afluente do rio Pó, transbordaram, provocando "inundações repentinas." Nos primeiros dias desta catástrofe, "uma pessoa de 75 anos que foi apanhada pela chuva enquanto caminhava na floresta perto de Génova acabou por falecer." Na cidade de Siena, "os caminhos-de-ferro ficaram cobertos de água."

Já há cerca de um mês, a região tinha sido afetada por fortes chuvas. Nessa altura, a tempestade Boris levou a que os rios transbodassem "em muito pouco tempo e houve vários deslizamentos de terras."

Em França, as fortes chuvas levaram também à ocorrência de graves inundações que "causaram danos generalizados e cortes de eletricidade," tendo a "pequena aldeia de Limony, no sudeste do país," sido "particularmente afetada."

Em Annonay, França, "as águas subiram repentinamente quando a barragem de Ternay, ao norte, transbordou." Os rios Deûme e Gier, também transbordaram. Várias estradas tiveram de ser encerradas de forma a evitar vítimas.

Por cá, o mau tempo ameaçou, mas a situação não teve nem comparação com o que se está a passar nestes dois países. A situação foi pior nas zonas de Lisboa e Vale do Tejo, tendo-se registado várias inundações e quedas de árvores.

Fontes:

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/10/20/cheias-causam-mortes-e-estragos-em-italia-e-franca

https://www.trt.net.tr/portuguese/europa/2024/10/18/chuvas-fortes-provocam-cheias-em-italia-registou-se-1-morto-2200300

https://www.rfi.fr/br/fran%C3%A7a/20241017-chuvas-provocam-fortes-enchentes-e-alagamentos-no-sudeste-da-fran%C3%A7a

https://observador.pt/2023/10/20/mau-tempo-portugal-continental-com-2-694-ocorrencias-ate-as-22h00/

 

 

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publicado às 19:20

Explosão em posto de combustível na Rússia

por Elsa Filipe, em 13.10.24

Uma explosão num posto de combustível russo, na região da Chechénia, "provocou um incêndio" e matou dois adultos e duas crianças que se encontravam naquele local.

 

"Segundo os meios de comunicação social locais, foram mobilizados sete carros de bombeiros e 35 bombeiros para combater o incêndio." As causas estão ainda a ser avaliadas.

Em setembro deste ano, um outro posto de combustível no Daguestão, "na região russa do Mar Cáspio," provocou 13 vítimas mortais, "incluindo duas crianças."

Em 2023, um acidente semelhante tirou a vida a pelo menos 35 pessoas e fez ainda 80 feridos quando um posto de combustível explodiu também na região "no Daguestão, república russa no Cáucaso." Neste caso, o incêndio terá tido início "numa oficina mecânica, onde se encontravam carros estacionados," e propagado "até à bomba de gasolina," levando ao rebentamento de dois dos oito tanques de combustível.

Fontes:

https://pt.euronews.com/my-europe/2024/10/13/pelo-menos-quatro-pessoas-mortas-numa-explosao-e-incendio-numa-bomba-de-gasolina-no-sul-da

https://sicnoticias.pt/mundo/2023-08-15-Explosao-em-posto-de-combustivel-na-Russia-faz-mais-de-30-mortos-bd66d64f

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/explosao-em-posto-de-combustivel-na-russia-faz-mais-de-30-mortos_n1507442

 

 

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publicado às 21:18

O 5 de Outubro contado desde os seus alicerces

por Elsa Filipe, em 05.10.24

Conhecemos o que se passou a 5 de outubro de 1910 e que veio a ditar que amanhã se assinale a Implantação da República, proclamada por José Relvas da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, mas muitos factos acabam por ficar esquecidos, tais como as conferências da geração de 70, a implicação do Ultimato Inglês ou a formação dos partidos políticos que iriam mudar o país.

O Republicanismo não era uma ideia nova em Portugal. Já em 1820, a ideia começava a dar ares da sua graça durante a Revolução Liberal, mas é em 1883 que o Partido Republicano Português é finalmente fundado. O objetivo defendido pelos republicanos "era o de substituir a monarquia e a figura do rei por um regime presidencial apoiado numa assembleia que reunisse representantes votados pela população."

Se até ao início do século XIX, Portugal poderia ser considerado uma grande potência europeia, com o Brasil a proclamar "a sua independência em 1822," Portugal fica "privado da sua principal fonte de receitas" e teve "de reconfigurar a sua economia, apostando na indústria e reativação da agricultura para aumentar a produção interna."

Portugal vivia numa democracia constitucional, (reflexo das ideias das Revoluções Americana e Francesa e das revoluções liberais), a ser governado por "dois partidos, o Regenerador e o Progressista, ambos fiéis ao rei." 

No entanto, a instabilidade causada pelas lutas "entre liberais e absolutistas que se estenderam até 1834 não permitiram o arranque económico." O país ia passando por sucessivos conflitos internos que levaram a tentativas de implementar diversos projetos políticos e económicos, dos quais se destacam as propostas setembristas e cabralistas. Desde logo o "projeto setembrista" (primeiro em 1836 e mais tarde em 1842), tentou "estimular a indústria através de medidas protecionistas," enquanto o cabralismo, (que 1842 sucedeu ao projeto setembrista e, novamente em 1846), embora seguindo também por ideais protecionistas, lançou um amplo pacote de reformas tendentes a obter receitas, através de mais impostos e de impopulares reformas políticas," acabou por lançar "o país em revoltas anti fiscais, como foi o caso da Maria da Fonte," provocando uma "nova guerra civil entre 1846 e 1847."

Em 1851, a Regeneração, permitiu o lançamento do desenvolvimento material e trouxe uma aparente estabilidade ao país.

Nos anos 70, debatia sobre os problemas do país um grupo de intelectuais, naquelas que seriam chamadas as "conferências democráticas, também conhecidas como conferências do casino." Este grupo, onde se incluiam entre outros, "Antero de Quental, Eça de Queiroz, Oliveira Martins e Teófilo Braga," era designado pela "geração de 70," e debruçava-se sobre os problemas do país, aproveitando "a onda de mudança que se vivia noutros pontos da Europa." Receando a interferência destes na política e nas "leis" do país, a coroa acabou por interromper e proibir a realização destas conferências, através de uma portaria emitida em 1871.

D. Luís e D. Carlos não conseguiam pôr cobro às sucessivas revoltas e chegaram a recorrer "amiúde à dissolução do parlamento, forçando eleições, mas as mudanças nunca resultavam e apenas descredibilizavam o sistema político português."

A 11 de janeiro de 1890, "Inglaterra lança um ultimato a Portugal para que abandonasse o território entre as suas colónias africanas de Angola e Moçambique," acabando com a proposta do “mapa cor-de-rosa” que Portugal queria impôr. "O Governo português, com o apoio do rei D. Carlos, cede de imediato ao Ultimato, gerando reações nacionalistas e antibritânicas, assim como um movimento de contestação à Monarquia."

O Parlamento acabou por ratificar "um tratado anglo-luso," que acabaria por conduzir ao fim "do regime monárquico em Portugal" e à "emergência do movimento republicano."

Esta cedência do rei e do próprio Parlamento, causou ações em resposta.

Um dos opositores ao regime monárquico foi Guerra Junqueiro, que também fazia parte do grupo de notáveis da Geração de 70, e que viria depois a tornar-se uma das personagens relevantes na Implantação da República. A imprensa incentivava o ódio contra os ingleses:  “Nas lojas de Lisboa, não se vendia a ingleses; nos alfaiates, não se costuravam figurinos ingleses; nas docas, não se descarregavam barcos ingleses; nos hotéis, não havia quartos para ingleses. (...)" 

Um ano depois do Ultimato, a 31 de Janeiro de 1891, ocorre na cidade do Porto "a primeira tentativa de implantação da República em Portugal."

"Alves da Veiga, advogado republicano," chegou mesmo a subir "à varanda da Câmara Municipal do Porto para proclamar a República. Boa parte da acção foi organizada por militares e, no empolgamento, foi esmagada por outros militares fiéis ao monarca. Os líderes do golpe exilaram-se e mais de quinhentos revoltosos foram presos."

Este acontecimento, apesar do fracasso, viria a trazer importantes lições "sobre o que não se fazer quando se quer derrubar um rei."

Do ponto de vista republicano, "só um verdadeiro governo baseado nos ideais liberais da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade, Fraternidade – podia responder aos problemas do país." Parte desta revolta foi também a composição de "A Portuguesa", por "Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça," que se mostrou como um autêntico "manifesto de nacionalismo e de resistência aos britânicos." Este seria "adotado como Hino Nacional após a Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910."

Fontes:

https://ensina.rtp.pt/explicador/os-obstaculos-a-modernizacao-portuguesa-na-primeira-metade-do-seculo-xix/

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-suspensao-das-conferencias-do-casino/

https://ensina.rtp.pt/artigo/guerra-junqueiro-1850-1923/

https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/Ultimato-britanico.aspx

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publicado às 22:04

O almirante que não chegou a ver a República

por Elsa Filipe, em 04.10.24

De origem Cabo-verdiana, Cândido dos Reis nasceu em 1852 e morreu em 1910, na Travessa das Freiras, em Arroios e foi uma das figuras que preparou a revolução mas que acabou por não assistir à mesma. Por esse e outros motivos, acabou por ficar pouco conhecido da maioria dos portugueses, mas este vice-almirante teria um papel muito relevante "na insurreição republicana iniciada em Lisboa à uma da manhã" do dia 4 de outubro de 1910. No entanto, tudo correu mal e ele não chegou a "comandar a marinha de guerra," como estava previsto.

Como combinado, o almirante cobriu a farda de gala com um sobretudo e ficou "no Cais da Viscondessa" a aguardar "transporte para os navios de guerra fundeados no Tejo – os cruzadores S. Rafael, Adamastor e D. Carlos." Mas à "hora marcada, não encontrou o barco previsto, acabou por tentar embarcar noutro, que não estava pronto para navegar, e por fim vieram dizer-lhe que tudo falhara."

Alguém lhe etrá comunicado que estava tudo tranquilo em Lisboa e Cândido "acabou por se recolher à casa de uma irmã, na rua D. Estefânia. Durante a madrugada, concluiu provavelmente que a aventura revolucionária só servira para o comprometer."

Na manhã de 05 de outubro, Cândido de apenas 58 anos, apareceria "morto na travessa das Freiras, em frente ao hospital de Arroios. Matara-se com um tiro de pistola." Nunca chegaria a saber que "os navios de guerra acabaram mesmo por se revoltar e que umas centenas de sargentos e de soldados insurrectos, acampados na Rotunda (hoje praça Marquês de Pombal), resistiriam o tempo necessário para a monarquia constitucional se desconjuntar." Por um lado, este suicídio, bem como as fugas que ocorreram a essa data, vieram revelar "o carácter caótico da conspiração."

Para que os revolucionários não desmotivassem ao saber do suicídio, chegaram mesmo a "imprimir um panfleto a anunciar que" Cândido dos Reis era o vice-almirante responsável pelo avanço das "tropas da marinha," fazendo com que muita gente tenha acreditado que era ele "quem dirigia a revolução."4

De facto, as primeiras "grandes cerimónias da república" foram mesmo as exéquias de Cândido dos Reis e do médico "Miguel Bombarda, considerado o chefe civil da revolução" acabou por ser "assassinado por um doente na manhã de 3 de Outubro," o que "fez recear a revolução." Se no caso da morte do vice-almirante, "a hipótese de suicídio" tivesse sido "sustentada por um estudante que lhe dedicou uma tese defendida na Faculdade de Medicina de Lisboa em Dezembro de 1911," o caso de Miguel Bombarda terá sido mesmo um atentado.

Sem a participação de Reis ou de Bombarda, provavelmente a revolução republicana não teria acontecido em outubro de 1910. A função de Cândido dos Reis, que pertencia à maçonaria, teria sido a de "recrutar oficiais na marinha e no exército para um golpe armado contra a monarquia constitucional."

"Na última reunião dos conspiradores, às oito meia da noite de 3 outubro," Cândido dos Reis mostrou ser um dos mais decididos, mas o governo tinha posto "a guarnição de Lisboa de prevenção," e isso fez com que alguns achassem "que tudo devia ser adiado. Reis, extremamente exaltado, contrariou a tendência" da maioria. 

Além de ser maçon, Reis também se dava "com jornalistas republicanos." No entanto, "nada disso o impedira de fazer uma carreira cheia de promoções e de condecorações na marinha, com serviço nas colónias," sendo também bastante estimado pelo "rei D. Carlos," que o considerava um “homem de bem”.

Bombarda, que "também não era militante do PRP," era um "crente na ciência como única base legítima do conhecimento, e como tal inimigo do clero católico tradicionalista, especialmente dos jesuítas." No entanto, "isso não o impedira de ser deputado da monarquia e de apoiar o primeiro governo nomeado por D. Manuel II em 1908."

Bombarda só aderiria ao ideal revolucionário em "1909, quando julgou perceber que a influência clerical apenas poderia ser desfeita através de uma mudança de regime."

O suicídio de Cândido dos Reis é muito significativo, principalmente devido à sua reputação de “austeridade”, de vida “espartana”. Era um homem simples e "de opções violentas, que não aceitava calculismos nem transigências." Terá até referido várias vezes que o suicídio seria uma possibilidade caso a revolução fracassasse, repetindo em cada reunião que seria “vitória ou morte."

Nessa madrugada, "o almirante não deve ter suportado a ideia" de vir a ser preso, julgado e deportado.

"Mais do que os tribunais da monarquia, receava provavelmente a imprensa republicana, que havia de o culpar pela precipitação e pelo fracasso do golpe," lembrando-se como tinha terminado "a sublevação do 31 de Janeiro de 1891, no Porto, com a imprensa republicana a renegar a iniciativa e os presos a acusarem-se uns aos outros."

Também os "nove oficiais do exército que deviam ter comando as tropas concentradas na Rotunda" fugiram, e os "líderes do Partido Republicano" acabaram por se esconder e desaparecer: "a maioria só tornou a ser vista na tarde do dia 5 de outubro," já depois de ter sido "proclamada a república."

Foi possivelmente devido às más comunicações que o vice-almirante se acabou por ver "sozinho na madrugada do dia 4 e acreditou que tudo falhara. Mas este caos também salvou a revolução. Se a conspiração tivesse tido uma estrutura centralizada, dirigida por Reis, a sua morte poderia ter comprometido tudo."

Este movimento, que acabou por não ser liderado pelo Partido Republicano, acabou por corresponder em vez disso "à divisão e à alienação das elites da monarquia constitucional," e a revolução acabou assim por ser organizada por dissidentes da monarquia, como Bombarda, e consumada por activistas desconhecidos, como Machado Santos."
 
Será que com Bombarda e Reis, vivos, os primeiros governos teriam tomado outro rumo?
 
Fontes:
 
 
 
 

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publicado às 13:29

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