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Manuel Cargaleiro

por Elsa Filipe, em 30.06.24

Faleceu o ceramista e pintor português, Manuel Cargaleiro. 

Nasceu em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão, a 16 de março de 1927. Em 1928, foi morar "na Quinta da Silveira de Baixo, no Monte da Caparica" e é em 1939 que dá inícia aos seus "estudos no Instituto Secundário de Lisboa." As suas primeiras experiências com a modelação de barro, ocorreram "na olaria de José Trindade,"enquanto esteve no Monte da Caparica.

Mais tarde, inscreve-se em Lisboa, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, "no curso de Geografia e Ciências Naturais, que mais tarde abandona para se dedicar exclusivamente às Artes Plásticas." As suas obras foram expostas pela primeira vez na Primeira Exposição Anual de Cerâmica”, na Sala de Exposições do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), no Palácio Foz, em Lisboa. "Um ano mais tarde, organizou com a Comissão Municipal de Turismo de Almada o I Salão de Artes Plásticas da Caparica. A primeira exposição em nome próprio foi feita em 1952, na Sala de Exposições do SNI." Em 1953, fez a sua "primeira exposição de pintura, no Salão da Jovem Pintura, na Galeria de Março, em Lisboa. Um ano mais tarde, apresenta a exposição individual Cerâmicas de Manuel Cargaleiro."

Em 1954, começa  a dedicar-se ao ensino das artes, trabalhando por quatro anos "como professor de cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa." Também em 1954, Cargaleiro vai pela primeira vez a Paris, onde acaba por conhecer "Maria Helena Vieira da Silva, Arpad Szènes e Roger Bissière."

Ainda durante a década de 50, "o artista plástico dirige os trabalho de passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Em 1955, faz também a primeira participação numa exposição coletiva internacional dedicada à cerâmica, no I Festival International de Céramique, em Cannes, França." É da sua autoria "o painel de azulejos para a fachada da nova igreja de Moscavide."

Em 1957, torna-se mais reconhecido e recebe "uma bolsa do governo italiano, através do Instituto de Alta Cultura. Estuda a arte da cerâmica em Faença, com Giuseppe Liverani, Roma e Florença. É também nesse ano que se fixa em Paris, em França."

Foi um dos "primeiros bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian, fazendo um estágio na Faïencerie de Gien, sob a orientação de Roger Bernard." Colabora em "várias exposições individuais e coletivas" em países como "França, Brasil, Japão, Alemanha, Itália, Angola, Moçambique, Espanha, Venezuela, Suíça ou Bélgica." Organiza em 1965, na "Galeria Gravura, em Lisboa, a exposição 12 Artistas de Paris: Gravuras da Colecção Manuel Cargaleiro."

"Em 1974, quando se comemoram 25 anos do trabalho artístico do Mestre Cargaleiro, é editada uma medalha do escultor Lagoa Henriques." 

"Em 1980, volta às exposições individuais, primeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e depois em Paris e Reims."

"Em 1984, o seu nome é dado à Escola Secundária Manuel Cargaleiro, no concelho do Seixal, que tem em destaque um painel de azulejos do artista plástico." Mais tarde seria erguido também no Seixal, mais precisamente na Quinta da Fidalga, "a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro." Este foi "um projeto arquitetónico da autoria de Álvaro Siza Vieira que se carateriza por uma articulação harmoniosa entre os diferentes elementos arquitetónicos e os espaços envolventes.

Nos anos 90, "a arte de Manuel Cargaleiro" extende-se a diversos locais públicos em Portugal e França, como a "estação de Metro do Rato, em Lisboa," ou a "estação de metro dos Campos Elísios," em Clemenceau. Em 1990 foi fundada, em Castelo Branco, a Fundação Manuel Cargaleiro.

Foi-lhe atribuído o "primeiro prémio no concurso internacional Viaggio attraverso la Ceramica, em Vietri sul Mare, na província de Salerno. Em 2004, foi inaugurado em Itália o Museo Artistico Industriale di Ceramica Manuel Cargaleiro." Em 2014, seria erguido também no Seixal, mais precisamente na Quinta da Fidalga, "a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro." Este foi "um projeto arquitetónico da autoria de Álvaro Siza Vieira que se carateriza por uma articulação harmoniosa entre os diferentes elementos arquitetónicos e os espaços envolventes." Em 2015, "recebe o Prémio Obra de Vida do projeto SOS Azulejo, dedicado à salvaguarda e valorização do património azulejar português e coordenado pelo Museu da Polícia Judiciária.

Em 2016, vê ser inaugurado em Portugal, "o Museu Cargaleiro, que resulta de uma parceria entre a fundação em nome do artista e a Câmara Municipal de Castelo Branco. Em 2011, o museu foi ampliado para acolher e expor toda a obra da fundação." Em 2017 foi condecorado "com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2019, o artista português foi agraciado em "com a Medalha de Mérito Cultural pelo então primeiro-ministro António Costa e pela ministra da Cultura da altura, Graça Fonseca. Recebeu também a Medalha Grand Vermeil, atribuída pela presidente de Câmara de Paris Anne Hidalgo." Em 2022, Cargaleiro recebeu o "título honoris causa, atribuído pela Universidade da Beira Interior e no ano seguinte, é condecorado "com a Grã-Cruz da Ordem de Camões." 

Cargaleiro faleceu hoje aos 97 anos.

O mestre Cargaleiro ficou reconhecido pelas suas obras que deixou "em igrejas, jardins ou estações de metro e em inúmeras peças tão geométricas e cromáticas como as de outros artistas cosmopolitas que viveram em Portugal”. Muito mais havia a falar desde grande artista. A sua obra predurará.

Fontes:

https://observador.pt/2024/06/30/morreu-ceramista-e-pintor-manuel-cargaleiro-tinha-97-anos/

https://www.cm-seixal.pt/equipamento/oficina-de-artes-manuel-cargaleiro

 

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publicado às 14:20

Tradição... as festas de S. Pedro

por Elsa Filipe, em 29.06.24

Hoje é feriado municipal no Seixal. Além de se celebrar o Dia Municipal do Bombeiro, celebra-se o dia de S. Pedro, registando-se o ponto alto das festividades a decorrer desde dia 21, com a Marcha das Canas e, também, com a já tradicional procissão em honra do santo. Mas quem foi S. Pedro e que ligação tem à vila e à população do Seixal?

Bem, em primeiro lugar, São Pedro era um galileu de nome Simão que viria depois a tornar-se no "primeiro Papa da Igreja Católica." Segundo o Evangelho de São Lucas, Simão, na altura um simples pescador, terá decidido seguir Jesus Cristo, depois de um episódio descrito como "Pesca milagrosa." O nome Pedro vem de "Kepha, palavra aramaica para pedra (ou rocha)."

Pedro, foi considerado Padroeiro dos pescadores e, por isso, é npormal que as localidades piscatórias tenham uma especial devoção a este santo. No Seixal, onde a vida acontecia "à volta da Baía, desde a época romana, comprovada pelos sítios arqueológicos da Olaria Romana da Quinta do Rouxinol, em Corroios, e da Quinta de S. João, em Arrentela, à época dos Descobrimentos e até aos nossos dias," é natural que o santo a que muitos seixalenses são devotos, seja S. Pedro.

"O primeiro Papa da Igreja Católica morreu cruxificado em Roma, entre os anos 64 d.C e 67 d.C, a mando do Imperador Nero." A Basílica de São Pedro, em Roma, guarda os seus restos mortais. "São Pedro distingue-se das imagens graças às chaves que segura na mão" e que serão "as chaves das portas do céu." De acordo com a tradição popular, por guardar o céu, foi-lhe também atribuída a culpa pelo bom ou mau tempo.

A data, como na maioria das celebrações católicas não foi ao acaso: veio substituir "uma antiga celebração pagã que comemorava no mesmo dia a festa de Rómulo e Remo, considerados os pais da cidade de Roma." Assim, o dia 29 de junho, passou a celebrar Pedro e Paulo. Mas voltando à antiguidade, sabe-se que, em Roma, "a tradição mandava celebrar neste dia três missas: a primeira na Basílica de São Pedro, a segunda em São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos Apóstolos tiveram de ser escondidas por algum tempo, para escapar às profanações."

Fontes:

https://observador.pt/explicadores/tudo-o-que-precisa-de-saber-sobre-sao-pedro/

 

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publicado às 15:31

Sismo no Perú

por Elsa Filipe, em 28.06.24

Um sismo com uma magnitude de 7 na Escala de Richter abalou hoje "a região sul de Arequipa", no Perú. Também em Lima, capital do país, o abalo se fez sentir, embora de forma mais fraca. Devido à localização do epicentro, chegou a ser equacionada a emissão de um alerta de tsuniami, mas o mesmo acabou por não ser emitido.

"O Peru está localizado numa região conhecida como Anel de Fogo do Pacífico, onde ocorre mais de 80% da atividade sísmica mundial.

Em agosto de 2007, um terramoto de magnitude 7,9" provocou mais de "500 mortos, bem como danos no valor de milhões de euros em infraestruturas e instalações." Aparentemente, desta vez os danos resultantes foram apenas materiais. No entanto, podem vir a ocorrer réplicas, as quais poderão chegar a ser tão ou mais perigosas que o abalo principal, uma vez que as estruturas estão já bastante fragilizadas.

Fontes:

https://www.tsf.pt/6061561877/sismo-de-magnitude-7-abala-peru-emitido-alerta-de-tsunami/

 

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publicado às 15:19

O Clima pela Europa

por Elsa Filipe, em 26.06.24

O tempo está estranho. Num dia, o termómetro marca 36º e no seguinte não passa dos 21º. Espera-se uma nova depressão e a chuva parece estar a caminho. Enquanto uns lutam contra os incêndios e com vagas de calor extremo, outros são atingidos por forte precipitação e deslizamentos de terras.

Ontem, os Alpes Suíços foram atingidos por "fortes chuvas" que aliadas ao rápido "degelo provocaram inundações e deslizamentos de terra," que podem ser explicadas pelas "temperaturas invulgarmente quentes, muito provavelmente ligadas às alterações climática." Na cidade de Sierre, "230 pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas." Estiveram envolvidos nas operações, cerca de "200 bombeiros e 50 funcionários da proteção civil."

Sérvia e Roménia foram também atingidas por uma forte onde de calor. "As temperaturas", que se podem dever "a um anticiclone que está a entrar na Europa vindo de África," aproximaram-se dos 40 graus.

Já na Grécia, o calor intenso tem prejudicado o combate aos incêndios que afetam o território. Um dos casos complicados registou-se na ilha de Hydra. Ao que parece, este "incêndio terá sido provocado por fogos de artifício lançados de um iate alugado por turistas." Apesar destes factos terem sido negados  pelos "membros da tripulação," as autoridades acabaram mesmo por apreender o navio.

O incêndio, que queimou parte do único pinhal da ilha de Hydra, foi já dominado. Perto da cidade de Atenas, vários moradores foram obrigados a evacuar as suas casas, devido aos incêndios florestais. A situação agravou-s devido aos ventos fortes que dificultaram o trabalho das centenas de bombeiro que combatiam as chamas. "Duas aldeias foram completamente evacuadas. Um armazém foi também destruído pelas chamas."

"Habituada a vagas de calor, a Grécia prepara-se há semanas para um verão particularmente difícil em termos de temperaturas elevadas e incêndios florestais, depois de ter tido o inverno mais quente da sua história." Na passada semana, a Grécia foi atingida pela "sua primeira vaga de calor, com temperaturas que atingiram, em alguns locais, mais de 44 graus centígrados."

Fontes:

https://pt.euronews.com/video/2024/06/25/caos-e-destruicao-nos-alpes-suicos-depois-das-cheias

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-06-24-video-fogo-de-artificio-lancado-de-um-iate-tera-provocado-incendio-florestal-na-grecia-161ad080

https://pt.euronews.com/2024/06/20/calor-chuva-e-tempestades-assolam-europa

 

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publicado às 14:44

Durante o dia de ontem, oito pessoas acabaram por perder a vida "na sequência de um incêndio num edifício de escritórios na cidade de Fryazino, nos arredores de Moscovo."

De acordo com o governo russo, mais "de 100 bombeiros e 40 veículos estiveram envolvidos na extinção do incêndio", que alastrou a uma área de 4500 metros quadrados. Em consequência dos danos provocados pelo fogo e pela água, as estruturas interiores do edifício que albergava na sua maioria escritórios, acabaram por desmoronar.

"Segundo a imprensa russa, seis pessoas morreram como consequência direta do incêndio e duas saltaram dos pisos de cima do edifício, morrendo na queda." Apesar das causas ainda estarem por ser divulgadas, o incêndio terá tido início numa "explosão causada por uma botija de gás de uma das 30 empresas sediadas no prédio," que também alberga "um centro de investigação para a indústria da defesa russa." Segundo a imprensa internacional, este edifício "pertence ao instituto de investigação Platan, responsável pela produção de componentes para caças, munições de lançamento nuclear, defesas aéreas e variados tipos de munições." No entanto, outras informações alegam que "o instituto já não está sediado no local desde os anos 90."

No que respeita à Coreia do Sul, houve pelo menos 22 vítimas mortais e um desaparecido "num incêndio numa fábrica de baterias de lítio na Coreia do Sul. Este incêndio, "na fábrica da empresa sul-coreana de baterias Aricell, em Hwaseong," perto de Seul, teve a sua origem esta "segunda-feira, numa altura em que 102 pessoas estavam a trabalhar no local." Segundo informaões policiais, "as vítimas mortais foram encontradas no segundo andar da fábrica, onde começou o incêndio" cuja origem pode ter estado numa explosão de baterias que estavam a ser examinadas para serem embaladas. No local, estariam armazenadas "cerca de 35 mil baterias de lítio."

Os trabalhadores seriam na sua maioria "oriundos da China", da Coreia do Sul e de Laus. As equipas de socorro fizeram "buscas no interior do prédio de três andares, tendo retirado "oito feridos da fábrica, dois deles com gravidade."

Fontes:

https://pt.euronews.com/2024/06/25/pelo-menos-oito-mortos-apos-incendio-em-edificio-de-escritorios-nos-arredores-de-moscovo

https://observador.pt/2024/06/25/oito-mortos-em-incendio-num-edificio-em-moscovo/

https://observador.pt/2024/06/25/novo-balanco-aponta-para-22-mortos-em-incendio-em-fabrica-na-coreia-do-sul/

 

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publicado às 18:20

Dia Internacional das Mulheres na Diplomacia

por Elsa Filipe, em 24.06.24

Assinala-se hoje o Dia internacional das Mulheres na diplomacia, instituída apenas há dois anos por resolução aprovada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas. Esta data pretende valorizar o papel que as mulheres desempenham a nível diplomático, mas que muitas vezes é relegado para segundo plano, bem como a importância de dar cada vez mais competências às mulheres desde tenra idade, como acesso à educação e formação superior e acesso a cargos de topo em empresas e organizações.

"Este dia procura apelar à reflexão sobre o desequilíbrio no acesso à carreira diplomática e a sub-representação feminina, em especial, nas posições diplomáticas de topo."

Podemos destacar Minerva Bernardino, nascida em Santa Cruz de El Seibo, em 1907. Foi uma diplomata da República Dominicana, tendo promovido "os direitos das mulheres internacionalmente" e sendo conhecida como "uma das quatro mulheres a assinar a Carta das Nações Unidas, o tratado original da Organização das Nações Unidas (ONU)." Ao longo da sua vida, Minerva dedicou o seu trabalho à promoção dos "direitos políticos e, especialmente," ao melhoramento do "sufrágio feminino nos países latino-americanos." Em 1945, Minerva consegue mesmo estar na Conferência de São Francisco "como representante da República Dominicana," enviada pelo ditador Rafael Trujillo, que via este gesto como uma "oportunidade de baixo risco para parecer progressista". No ano seguinte, fez parte da presidência da "Comissão das Nações Unidas sobre o Estatuto da Mulher," comissão que viria a ter grande relevância na adoção de uma "linguagem inclusiva de género na Declaração Universal dos Direitos Humanos," bem como na "criação da Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, de 1967."

No ano de 1954, conseguiu incluir na "Convenção sobre os Direitos Políticos das Mulheres," a afirmação dos "direitos das mulheres de votar, concorrer e ocupar cargos." Apoiou também "o direito internacional que asseguraria a igualdade da mulher no casamento e no divórcio," através da "Convenção de Montevidéu sobre a Nacionalidade da Mulher Casada de 1933."

Outra mulher relevante foi a brasileira Bertha Lutz. Filha de Adolfo Lutz, Bertha foi "ativista feminista," tendo-se destacado também como "bióloga, educadora, diplomata e política brasileira." O seu principal papel de destaque foi na "educação no Brasil do século XX."

Bertha iniciou-se na política em 1934, como candidata "à Câmara dos Deputados" pelo "Partido Autonomista do Distrito Federal," chegando mesmo a assumir a posição de deputada em "1936, após a morte do deputado titular Cândido Pessoa." O Estado Novo, instaurado por Getúlio Vargas em 1937, veio pôr fim ao seu mandato. Tal como Minerva, "integrou a delegação brasileira à Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional em São Francisco, no Estados Unidos, em 1945, onde lutou para incluir menções sobre igualdade de género no texto da Carta das Nações Unidas".

Em Portugal, não posso deixar de destacar o papel de Carolina Beatriz Angelo, que se tornou a primeira mulher a obter o direito de votar no nosso país, tendo-se tornado "um marco na história das mulheres e da sua luta pelo direito ao voto, à inclusão social e ao direito de participação na vida política."

Um outro nome que não pode ser deixado de lado nesta data é o de Maria de Lourdes Pintassilgo, que ainda "durante o Estado Novo, foi convidada por Marcelo Caetano para se candidatar a deputada à Assembleia Nacional," tornando-se na "primeira mulher a exercer funções como procuradora à Câmara Corporativa nas duas últimas legislaturas deste órgão, até abril de 1974." Foi também presidente do "Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social e à Comissão para a Política Social relativa à Mulher (mais tarde denominada Comissão da Condição Feminina)."

Em 1975, Maria de Lourdes Pintassilgo, "tomou posse como embaixadora junto da ONU para a Educação, Ciência e Cultura" e, entre 1979-1980, foi "a primeira mulher primeira-ministra em Portugal (segunda na Europa, seguindo Margaret Thatcher), a convite de Ramalho Eanes para chefiar o Governo de Gestão." 

Fontes:

https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-internacional-das-mulheres-na-diplomacia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Minerva_Bernardino

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bertha_Lutz

https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/Exposicao-As-mulheres-que-mudaram-Portugal.aspx

 

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publicado às 22:51

Há poucos dias, fomos chamados a votar para as eleições europeias e, tal como algumas sondagens indicavam, "verificou-se uma ascensão da extrema-direita," que apesar de tudo "não foi suficiente para causar grandes alterações no bloco central do Parlamento, responsável pela distribuição dos cargos mais altos das instituições europeias."

Em França, país que elege 81 eurodeputados, "a vitória do partido de extrema-direita francês, Frente Nacional, levou o Presidente Emmanuel Macron a dissolver a Assembleia Nacional na noite eleitoral," e a convocar legislativas. De acordo com dados publicados pelo Parlamento Europeu, o "partido da extrema-direita União Nacional (Rassemblement national, RN, na sigla francesa) ganhou as eleições europeias de domingo com 31,37%." A situação em França torna-se assim cada vez mais instável.

Por cá, António Costa tem tido um forte apoio, inclusive da parte de Luís Montenegro, atual primeiro-ministro. Caso seja escolhido para o Conselho Europeu, Costa aparenta "reunir todo um conjunto de qualidades" para assumir a função específica de "coordenador do Conselho Europeu." Na sua primeira visita oficial a França, Montenegro, "fala nas qualidades europeístas, nos valores de solidariedade dentro da União e na capacidade de construir pontes entre os vários Estados-membros." O presidente da República, é também um forte apoiante de Costa para este cargo.

 

Fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/rtpeuropa-parlamento-europeu/marina-costa-lobo-diretora-do-instituto-de-ciencias-sociais-existiu-mais-estabilidade-e-continuidade-de-2019-para-2024-do-que-era-expectavel_v1579994

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/franca-extrema-direita-da-uniao-nacional-ganhou-com-3137_n1578314

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/primeiro-ministro-insiste-que-costa-tem-o-perfil-certo-para-presidente-do-conselho-europeu_v1580269

 

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publicado às 21:55

No dia 17 de junho de 2017, pelas 14:43 é dado o primeiro alerta para um incêndio florestal que já deflagrava na localidade de Escalos Fundeiros, e que rapidamente avançou sobre os concelhos de Castanheira de Pêra, de Figueiró dos Vinhos e Ansião, no interior do distrito de Leiria. Com o intenso calor e ventos fortes, as chamas galgaram montes e vales e alastraram rapidamente para os concelhos da "Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e da Sertã (distrito de Castelo Branco)."

Mais um, entre tantos incêndios a que ao longo dos anos nos estavamos a habituar. Todos os anos era assim. Chegado o verão, abria a época de incêndios e sabíamos que o norte e centro do país era sempre dos mais atingidos. Infelizmente, este não seria apenas mais um...

Este dia foi diferente. O calor estava diferente, o ar pesado, carregado, quente e uma das grandes conclusões é que não podemos falar apenas de um grande incêndio, mas sim de, pelo menos quatro, o que fez com os meios ficassem dispersos. No mesmo dia, passados apenas uns minutos do primeiro, surge um "segundo alerta para outro incêndio na região, em Góis" (distrito de Coimbra), que viria a tomar grandes proporções, alastrando para os "concelhos de Pampilhosa da Serra e de Arganil." Cerca de uma hora mais tarde, a população alertava "para o terceiro incêndio na região, em Figueiró dos Vinhos." Pelas 19h o pânico está instalado, com estradas cortadas e aldeias completamente cercadas. As pessoas tentam fugir, sem saber quais os caminhos para onde se devem dirigir. O fumo denso impossibilita a condução em segurança.

Pelas 20h41m, surge um quarto incêndio na região, em Alvaiázere, mas entretanto as comunicações estavam caóticas. Às 21h12m, o SIRESP informa "que se regista a queda de três estações da rede de comunicações – Serra da Lousã, Malhadas e Pampilhosa da Serra." A coordenação dos meios no terreno torna-se cada vez mais difícil e, numa situação em que todos os segundos contam, instala-se a incapacidade de entrar em contato com todos os veículos no terreno. Os incêndios encontraram condições climáticas favoráveis ao seu avanço e as matas mal cuidadas deixaram o alimento para que o resto acontecesse. Minutos depois e com o SIRESP praticamente em colapso, é dado o alerta para um quinta deflagração, desta vez em Penela. "Por dificuldades nas comunicações da rede SIRESP reforça-se o recurso à Rede Operacional dos Bombeiros (ROB)."

Minutos antes da notícia começar a surgir nos media, começamos a receber nas redes sociais alertas de que algo não estava bem. Amigos e familiares, não conseguindo entrar em contato com os seus familiares, iam tentando usar as redes sociais para comunicar ou, pelo menos, entrar em contato com alguém que soubesse o que por lá se passava. Por aqui, a noite estava quente, mas não imaginávamos a tragédia que estava a acontecer. 

Por volta das 00h40m, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chega a Pedrógão Grande, mas só pela 01h30m é decretado por Jorge Gomes, o plano de emergência distrital.

Não me esqueço que estava num acampamento. Estavamos perto da segurança do quartel, numa zona arborizada rodeada de casas e vedada, mas havia uma trovoada seca que se ouvia ao longe. O ar tinha um cheiro diferente e estava pesado. Conhecedores dos riscos, sabiamos que se a trovoada se aproximasse mais, teríamos de evacuar o acampamento - o nosso e os dos grupos de escuteiros que ali estavam e que nos tinham cedido as suas instalações para aquela atividade. Aqui não havia fogo ativo nas redondezas, mas era como se a noite nos trouxesse aos poucos o fumo e os gases vindos do centro do país. A desgraça já tinha acontecido quando mandamos os miúdos para as tendas. Sabíamos que era algo grave, só não sabíamos bem o quê. Ponderámos levar os miúdos de volta e, pô-los a dormir no pavilhão do quartel, mas depois percebemos que isso só os preocuparia ainda mais. Os mais velhos, já se tinham apercebido que havia algo grave e que nós não estavamos tranquilos. A noite foi passada em claro e, logo de manhã cedo, terminamos o acampamento e regressamos. Pelas 09h00 da manhã, já existe a certeza de 43 vítimas mortais. Estamos todos em choque, o país está em choque. Apenas uma hora depois, o número passa para "57 vítimas mortais e 59 feridos." Às 13h30 do dia 18, o "Governo decreta três dias de luto nacional."

Ao longo do dia, este número foi sendo atualizado, culminando em 66 vítimas mortais, 253 feridos, sete dos quais graves, e na destruição de meio milhar de casas e 50 empresas. Só no dia 24 de junho, "o incêndio de Pedrógão Grande é dado como extinto."

"Relativamente às vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido dentro de automóveis, 17 nas imediações durante a fuga ao incêndio e 1 na sequência de um atropelamento." Entre os feridos, contam-se 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana. Muitas destas pessoas, acabaram por ficar incapacitados para voltar a desempenhar as suas funções e, sobrevivem com uma pequena esmola mensal que o nosso Estado lhes atribuiu.

No dia 20 de junho, uma das frentes de fogo do incêndio de Pedrógão Grande juntou-se ao incêndio de Góis, originando o maior incêndio florestal de sempre em Portugal. Alguns dias depois, era publicada uma lista com os nomes de 64 vítimas diretas do incêndio (outras duas, na altura ainda não tinham sido contabilizadas) onde os números ganham rosto e idade. Entre elas, várias crianças, famílias inteiras que ao tentarem fugir, acabaram por correr diretas para a morte. Entre elas, a minha amiga de infância, Sara que com o seu sorriso rasgado ainda hoje me faz sentir um aperto no coração.

Passaram sete anos desde a tragédia. Até agora, muito se discutiu sobre causas, falhas e culpados. Mas temos todos a certeza de que muito ainda falta fazer naqueles territórios do centro do país, a começar pela prevenção, tão falada na altura e que, ainda hoje ou não é feita ou é mal feita. "No rescaldo do incêndio, a causa apontada pelas autoridades foi a trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40ºC) e vento muito intenso e variável, fez deflagrar e propagar rapidamente o fogo. No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que o incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a perceção de alguns habitantes, o fogo já estaria ativo antes da trovoada."

"Despovoamento, envelhecimento da população, falta de empregos qualificados ou de ordenamento e gestão da floresta, falhas nas comunicações, vias de comunicação perigosas ou serviços públicos deficientes, são, afinal, problemas coincidentes com dezenas de concelhos do interior português. A necessidade de coesão do território nacional é incessantemente repetida, mas, naqueles territórios, esse desígnio tarda em cumprir-se."
 
No que respeita a apurar culpados, a investigação feita no âmbito criminal "resultou num julgamento com 11 arguidos, entre os quais o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, então responsável pelas operações de socorro," bem como, "os presidentes de Câmara de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos. Foram todos absolvidos pelo Tribunal de Leiria, em setembro de 2022, que considerou que os mortos e feridos provocados pelos incêndios não foram resultado da ação ou omissão dos arguidos."
 
Num outro processo, "14 arguidos de um total de 28 - incluindo o antigo presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, e o então vereador Bruno Gomes - que estavam acusados num processo relacionado com a reconstrução de casas na sequência dos incêndios."
 
Infelizmente, a 15 de outubro do mesmo ano, o país ainda mal refeito do drama ocorrido em junho, sofre uma nova situação. O país vê-se novamente a braços com grandes frentes de fogo que levam tudo à sua frente. Dois dias depois dos primeiros alertas, os incêndios da zona centro são finalmente "considerados extintos e são anunciadas 45 vítimas mortais, 350 empresas afetadas, um prejuízo de cerca de 360 milhões de euros e uma área ardida de cerca de 54 mil hectares."
 
2017 foi um ano negro, que nunca irei esquecer.
 
Fontes:
 
 

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publicado às 23:01

Incêndio mata trabalhadores no Kuwait

por Elsa Filipe, em 12.06.24

A morte chegou para 49 trabalhadores estrangeiros que estavam albergados num edifício dormitório, no distrito de Mangaf, no sul do Kuwait. As autoridades indianas, de onde se pensa serem várias das vítimas mortais, acusam os proprietários de  cometerem infrações que contribuíram para este incidente, no edifício de seis andares que albergaria cerca de 196 trabalhadores. 

Ao que se sabe até agora, o proprietário do edifício já terá sido mesmo detido como parte de uma investigação por possível negligência. Além desta acusação, "o ministro do Interior, xeque Fahd al Yusef," informou a imprensa de que "pretende solicitar às autoridades locais que ordenem a evacuação de todos os edifícios nos subúrbios que não respeitam as normas de segurança."

"As nacionalidades das pessoas que morreram não foram divulgadas imediatamente pelas autoridades locais," mas sabe-se que pelo menos 10, serão indianos, sobretudo oriundos do Estado de Kerala. Assim, o ministro das Relações Exteriores da Índia segue "para o Kuwait" de forma a "supervisionar pessoalmente os esforços de socorro e repatriar cidadãos indianos falecidos."
 
O Kuwait, que faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul, com o Iraque ao norte e é banhado a leste pelo mar,é um dos países mais ricos do Médio Oriente.
 
No entanto, a mão de obra barata, vinda sobretudo da Ásia continua a ser uma dura realidade. O país alberga cerca de três milhões de estrangeiros, entre paquistaneses, indianos, filipinos, bengaleses e nepaleses, que trabalham em áreas ligadas aos serviços e à construção. Desde o fim da guerra do Iraque, o Kuwait tem tentado reconstruir-se, com grandes edifícios a serem erguidos.
 
Fontes:
 
https://www.terra.com.br/noticias/mundo/incendio-em-predio-no-kuweit-mata-49-trabalhadores-estrangeiros,5c57c9d027e0e0bea63ec334cadbd872lmgrm5wp.html?utm_source=clipboard
https://www.jn.pt/8193981892/incendio-em-edificio-no-kuwait-provoca-49-mortos/
 

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publicado às 23:42

Dia de Portugal... rescaldo das Europeias

por Elsa Filipe, em 10.06.24

Hoje assinala-se o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades de Língua Portuguesa. É feriado e, neste caso, dá direito até a fim de semana prolongado. 

Esta data começou por ser um feriado municipal em Lisboa, dedicado a Camões, que foi entretanto elevado pelo Estado Novo a feriado nacional, como o «Dia de Camões, de Portugal e da Raça». Depois da Revolução de 25 de abril, esta data passou a ser designada como "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses."

E ontem foi dia de ir votar para as eleições europeias, uma votação importante, para nós portugueses, mas também para todos os outros países que compõem a UE. E por isso, apesar da abstenção ter diminuído em relação a 2019, ainda devemos pensar que cerca de 63% da nossa população não foi às urnas. Foram eleitos 21 deputados - 8 do PS, 7 da AD, 2 do CHEGA, 2 da IL, 1 do BE e 1 da CDU. 

Por um lado, devemos pensar na importância que o orçamento da UE tem para cada um dos países que a integram. Este orçamento "permite garantir que a Europa continua a ser uma força democrática, pacífica, próspera e competitiva. A UE utiliza-o para financiar as suas prioridades e grandes projetos que a maioria dos países da UE não poderia financiar isoladamente." 

Mas além dos benefícios decorrentes das contribuições do orçamento da UE, existem também outros que têm a ver com o facto de fazermos parte de um "mercado único, de uma abordagem partilhada dos desafios comuns da migração, do terrorismo e das alterações climáticas e de ganhos concretos, como melhores infraestruturas de transportes, serviços públicos modernizados e digitalizados e tratamento médico de ponta." Podemos saber quais os projetos que estão a ser realizados na nossa área geográfica, com financiamento europeu, no site Kohesio.

No Parlamento Europeu, podemos então já ter uma ideia dos resultados, sendo que o PPE - Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) foi o grande vencedor com 189 lugares atribuídos, seguido pelo S&D - Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, com 135. 

Fontes:

https://european-union.europa.eu/principles-countries-history/eu-countries/portugal_pt

https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-de-portugal-de-camoes-e-das-comunidades-portuguesas

https://www.europeias2024.mai.gov.pt/resultados/globais

https://www.publico.pt/eleicoes/resultados/europeias/2024/

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publicado às 22:54

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