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No dia 4 de dezembro de 1961, "o imponente Chrysler preto que fora carro oficial do ditador, foi o veículo de fuga de oito presos, que aproveitaram a blindagem da viatura para rebentar o portão da prisão e fugir em direção à autoestrada."

Esta fuga começa a ser preparada dois anos antes e foi uma das mais emblemáticas e caricatas da história do Estado Novo. António Tereso, militante do PCP, encontrava-se preso em Caxias" por ter participado em protestos sindicais." Supostamente, por não aguentar "a pressão da prisão", Tereso meteu-se "em zaragatas com antigos camaradas, com quem partilhava a cela," e acabou por pediu para ser "admitido como trabalhador da prisão." Mas apenas dois camaradas conheciam o plano e, só esses, "continuavam, discretamente, a comunicar com ele - os camaradas José Magro e Afonso Gregório." António Tereso tentava assim conquistar a "confiança dos guardas e do diretor de Caxias, de forma a ganhar liberdade de movimentos e poder investigar eventuais hipóteses de fuga." E se bem o planearam, melhor o fizeram.

Depois da fuga de Peniche, "os carcereiros" receavam ainda mais pela "segurança de Caxias. Houve reforço de guardas, os períodos de isolamento dos presos eram maiores, o tempo de recreio era mais curto, as visitas em comum foram suspensas e os prisioneiros eram constantemente mudados de sala, para evitar que pudessem planear fugas ou atividades subversivas."

Além de percorrer "cada palmo das instalações, à procura de passagens, túneis ou outros espaços esquecidos que pudessem servir para uma fuga," Tereso ainda se conseguiu tornar no mecânico do "novo diretor da prisão, Gomes da Silva." Além de limpar e cuidar do Volkswagen de Gomes da Silva, Tereso ainda "conduzia a viatura dentro das instalações da prisão sempre que era preciso." A pedido do novo diretor, Tereso começa a trabalhar no Chrysler de 1937, de sete lugares, que havia sido de Salazar. "Constava que tinha sido oferecido ao ditador por Hitler." A viatura tinha uma forte blindagem e, rapidamente, Tereso descobriu o botão que ligava e desligava o motor de arranque. No dia da fuga, fez em marcha atrás o caminho pelo túnel que dava acesso à zona de recreio dos presos. 

Conforme planeado, dez dos "prisioneiros encenavam um jogo de futebol e esperavam pela aproximação do carro de fuga. Assim que entrou no terreno que servia de campo de futebol, os dez presos cercaram o carro, como se protestassem por o seu jogo ter sido interrompido. Dispuseram-se conforme planeado: três do lado esquerdo, quatro do lado direito, e três na parte de trás do Chrysler. Estes últimos não participariam na fuga, pois não cabiam no veículo."

Três guardas da GNR, observavam a cena que ali decorria, achando que os presos estavam a protestar com "o antigo camarada," por lhes estar "a estragar a futebolada com aquela inopinada incursão automobilística. Quando um dos presos gritou Golo!, os sete escolhidos saltaram para dentro do carro: seis apertados no banco de trás, um ao lado do condutor. José Magro, Francisco Miguel, António Gervásio, Domingos Abrantes, Guilherme da Costa Carvalho, Elídio Esteves e Rolando Verdial."

O carro deitou abaixo o portão do forte de Caxias, mas "o embate mal se sentiu por quem ia no carro. Apesar disso, o veículo ficou bastante amolgado, e acabou por perder o pára-choques durante a fuga, já em Lisboa." Os guardas ainda dispararam contra o carro, mas apesar das marcas, a "blindagem dos vidros e da parte superior do automóvel deu boa conta do recado."

O carro, que pode ser visto no Museu do Caramulo, "só seria encontrado oito horas mais tarde, sem pára-choques e sem um farolim, abandonado na zona de Campolide, a 12 quilómetros de distância da prisão." 

Fontes:

https://cnnportugal.iol.pt/pcp/a-incrivel-fuga-da-prisao-de-caxias-no-carro-de-salazar/20211204/61aa8b620cf2c7ea0f0bd161

https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/mercedes-oferecido-por-hitler-a-salazar-era-mesmo-blindado-a-historia-de-uma-fuga-de-caxias-que-tem-50-anos-14379406.html/

 

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