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Ataques e retaliações

por Elsa Filipe, em 14.04.24

Acho que todos sabíamos que haveria uma escalada do conflito no Médio Oriente. Nos últimos dias, o clime de instabilidade tem estado a intensificar-se e, sabemos, que ameaças que venham daqueles lados, nunca devem ser ignoradas. Mais tarde ou mais cedo, as ameaças concretizam-se. A situação é preocupante e já levou a que durante esta tarde o G7 se reúna esta tarde, e que a ONU também tenha marcado uma reunião de emergência.

Ontem, um navio com pavilhão português foi invadido por elementos da Guarda Revolucionária do Irão, uma das divisões a que pertenciam os elementos que foram mortos em Damasco, na passada semana. A bordo, ao que se sabe estão apenas cidadãos de outras nacionalidades, mas apesar disso, segundo o MNE Paulo Rangel, é dever de Portugal, "reclamar a libertação imediata do navio e de todos os tripulantes," bem como, de garantir que estão a ser cumpridos os "direitos fundamentais" das pessoas ali retidas. Aqui o que está em causa é um ataque ao país de registo da embarcação, embora não tivesse sido essa a razão para este navio ter sido o alvo,  mas sim o facto deste navio ser "propriedade de um milionário israelita." No entanto, o facto do barco ter bandeira portuguesa, acaba por obrigar diplomaticamente, Portugal, a ver-se envolvido neste clima de tensão.

Durante a noite, estive a acompanhar através da CNN e da SIC Notícias a situação no Médio Oriente. Tal como tinha sido ameaçado pelo governo de Teerão, depois do alegado ataque de Israel a um edifício junto à embaixada iraniana, em Damasco, na Síria, "que matou dois comandantes da Guarda Revolucionária Iraniana," o Irão lançou um ataque a vários pontos do país, incluindo Telaviv e Jerusalém, com centenas de drones e mísseis balísticos e de cruzeiro. Apesar de poucos terem conseguido atingir algum alvo, houve uma criança que ficou ferida. As linhas de defesa aérea de Israel funcionaram e impediram que este ataque tivesse maiores consequências.

Os drones não foram lançados apenas a partir do Irão, mas também de outros locais, atravessando espaços aéreos diversos. Israel, "com a ajuda dos norte-americanos na região, intercetaram alguns drones no espaço aéreo da Síria." Numa zona habitada do Curdistão iraquiano, várias peças de um míssel iraniano, foram encontradas pela população, bastante perto das suas casas.

Enquanto este ataque decorria, o Hezbollah disparava também "uma série de rockets para os Montes Golã, num ataque aparentemente não relacionado com o iraniano." Apesar de quase 99% dos mísseis e drones terem sido intercetados, vários iranianos saíram às ruas erguendo "bandeiras do Irão e da Palestina," e também, algumas bandeiras do "Hezbollah, o grupo libanês pró-iraniano", celebrando os ataques "contra solo israelita." Numa das praças onde se verificaram estes festejos, existe um relógio de areia que indica o fim do Estado de Israel. 

O lançamento em massa destes engenhos, "parece ter sido um esforço para sobrecarregar as defesas antiaéreas de Israel." De certa forma, a única vítima foi provocada por estilhaços de uma anti-aérea israelita, mas se Irão quisesse e tivesse utilizado outro tipo de engenhos, poderia ter provocado outro tipo de danos, mais extensos. Israel esstá, no entanto, bastante bem protegido. O espaço aéreo de vários países que fazem fronteira com o Irão, (Jordânia, Iraque e Líbano), manteve-se encerrado durante a noite, embora a situação tenha vindo a ser reposta ao longo da manhã.

Netanyau, já veio informar que Israel se prepara agora para retaliar, embora os EUA, que até aqui têm mostrado de certa forma algum apoio a Israel, já tivessem vindo dizer que não estão dispostos a apoiar uma retaliação. Aquilo que se quer evitar e, acho que o ocidente está todo de acordo, é uma escalada deste conflito. França também veio pedir contenção, mas reforçou no entanto que está do lado de Israel. Na Síria foi declarado estado de emergência.

Mesmo estando territorialmente afastados do Irão, existe uma forte ligação àquela área por ser uma importante rota dos hidrocarbonetos. Ou seja, mesmo estando afastados do Médio Oriente, o impacto de uma guerra regional naquela zona, vai afetar-nos diretamente através, por exemplo, das rotas comerciais e, especialmente, do transporte de combustíveis. Isto poderá impactar em todo o mundo no acesso a bens de consumo e no preço dos mesmos.

Fontes:

https://expresso.pt/sociedade/justica/2024-04-13-mne-diz-que-governo-pode-ter-de-tomar-medidas-adicionais-para-confrontar-o-irao-sobre-o-sequestro-do-navio-com-bandeira-portuguesa-f878a7e3

https://observador.pt/2024/04/14/ponto-de-situacao-o-que-aconteceu-no-ataque-iraniano-a-israel/

https://observador.pt/2024/04/14/a-festa-nas-ruas-de-teerao-e-os-misseis-intercetados-pela-cupula-de-ferro-as-fotos-dos-ataques-iranianos/

https://expresso.pt/internacional/medio-oriente/2024-04-13-israel-assegura-que-irao-lancou-dezenas-de-drones-em-direcao-ao-seu-territorio-afd0a3a7

 

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