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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Ultimamente não tenho dedicado muito a falar sobre mim, porque na verdade, tudo continua igual e, realmente, a conjuntura nacional e internacional tem sido muito mais interessante. Talvez porque não me dê grande relevância, ou porque tenha mais que fazer do que me estar a dar demasiado valor. No fundo, há sempre coisas boas e más a acontecer todos os dias na minha vida, mas a principal, sem dúvida, é sentir-me realizada com aquilo que agora estou a fazer.
Ontem caiu uma certa nostalgia e, até um certo aperto, quando comecei a pensar que está tudo a seguir no bom caminho. Mas eu não estou habituada a que as coisas me corram bem e isso faz-me sempre recear... não sei se conhecem a sensação. Eu não estou aqui a dizer que está tudo perfeito, não está mesmo, há muito para melhorar, tenho muito para trabalhar e sobretudo, para me auto-construir. Mas é este caminho que agora estou a percorrer é que me está a dar uma motivação diferente e me faz olhar para situações passadas e me faz pensar: como é que isto me aconteceu? como é que eu deixei que me fizessem isto? como é que eu me permiti a passar por isto? como é que eu não vi isto?
E estas memórias ainda me afetam. Sim, ainda acordo a meio da noite com angústias. Ainda temo e desconfio.
Ainda há sonhos e apertos que me fazem acordar a meio da noite.
E aqui está o foco que quero muito melhorar. A minha saúde. Vivo há anos demais presa a diagnósticos, a medicamentos, a tentativas de fazer os outros perceberem que há doenças que não são visíveis mas que estão cá e nos magoam, nos vão tirando as forças bocadinho a bocadinho. Mas sabem o que eu também sei? É que aquilo que mais me tira as forças, não é a doença nem a medicação, que sim estão cá e fazem parte da minha vida há muitos anos, é a minha preocupação sobre o que os outros pensam de mim. E essas pessoas interessam? Não deviam, porque não são as pessoas próximas de mim, nem as pessoas da minha família próxima, nem as pessoas que me querem bem. Se são só as "outras" e, muitas delas já nem fazem parte da minha vida, porque é que ainda me magoam, me fazem angustiar? Porque é que as memórias do que se passou, não podem passar apenas de memórias e, ainda hoje, me fazem ficar triste?
E porque é que eu estou hoje a escrever isto? Bem, uma das razões é porque não sou a única pessoa a viver com fibro e sei que há muitas pessoas que dizem que o pior desta doença é a incompreensão dos outros. E é exatamente aí que eu sinto que tenho de trabalhar. Não nos outros, mas em mim, em aceitar-me como sou, sem me estar a preocupar se os outros acreditam em mim ou se falam por trás, ou se são falsos... é que eu sei que isso não me devia estar a magoar, não aos quarenta anos, nem depois de tudo aquilo que eu já passei na minha vida, de tudo aquilo que eu já vi e já vivi.
E é tudo isso que importa.
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