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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
As Nações Unidas já alertaram que os bombardeamentos aéreos israelitas estão a atingir o Líbano de forma “cada vez mais profunda” e que "já deixaram 344 mortos, incluindo 18 jovens." Como resultado destes ataques, "as principais infraestruturas das estações de água foram destruídas, deixando cerca de 100 mil pessoas sem acesso a água potável” e "23 unidades de saúde, que atendem 4 mil pessoas," foram também encerradas.
De certa forma, a situação em Gaza acaba por estar a afetar o Líbano, provocando também aí o agravamento da situação humanitária, "aumentando a insegurança alimentar, especialmente entre as crianças que vivem em acampamentos informais para deslocados." Uma das consequências, além da fome, é o aumento do trabalho infantil. Há casos de crianças com quatro anos ou até menos que estão a ser "forçadas a trabalhar na agricultura. Nos centros de saúde, os médicos relataram casos de crianças de sete anos com problemas nas costas por causa das pesadas cargas de lixo que carregam diariamente." Além do mais, o risco aumenta com a grande "quantidade de explosivos não detonados que existem agora" em muitas das zonas agrícolas.
A violência exercida por Israel contra territórios palestinianos e que se tem vindo a agravar cada vez mais, chegou também ao Líbano, onde "Israel lançou uma série de ataques contra o que disse serem fábricas de armamento do Hamas não só na Faixa de Gaza, mas também no sul do Líbano." A verdade, é que a organização terrorista Hamas "tem uma forte influência junto dos campos de refugiados palestinianos" que se localizam na região sul deste país. Os ataques de Israel vêm também em "resposta a uma chuva de rockets, na sua maioria intercetados pela cortina de ferro israelita, disparados a partir de território libanês."
Mas este conflito está longe de ser novo. A tríade Israel, Líbano e Síria, assim como várias milícias não-estatais que atuam no Líbano, estão esm guerra desde há muitos anos e a situação está longe de ser resolvida.
Fontes:
https://news.un.org/pt/story/2024/04/1830996
https://pt.euronews.com/2023/04/07/espiral-de-violencia-chega-ao-libano
No dia 4 de dezembro de 1961, "o imponente Chrysler preto que fora carro oficial do ditador, foi o veículo de fuga de oito presos, que aproveitaram a blindagem da viatura para rebentar o portão da prisão e fugir em direção à autoestrada."
Esta fuga começa a ser preparada dois anos antes e foi uma das mais emblemáticas e caricatas da história do Estado Novo. António Tereso, militante do PCP, encontrava-se preso em Caxias" por ter participado em protestos sindicais." Supostamente, por não aguentar "a pressão da prisão", Tereso meteu-se "em zaragatas com antigos camaradas, com quem partilhava a cela," e acabou por pediu para ser "admitido como trabalhador da prisão." Mas apenas dois camaradas conheciam o plano e, só esses, "continuavam, discretamente, a comunicar com ele - os camaradas José Magro e Afonso Gregório." António Tereso tentava assim conquistar a "confiança dos guardas e do diretor de Caxias, de forma a ganhar liberdade de movimentos e poder investigar eventuais hipóteses de fuga." E se bem o planearam, melhor o fizeram.
Depois da fuga de Peniche, "os carcereiros" receavam ainda mais pela "segurança de Caxias. Houve reforço de guardas, os períodos de isolamento dos presos eram maiores, o tempo de recreio era mais curto, as visitas em comum foram suspensas e os prisioneiros eram constantemente mudados de sala, para evitar que pudessem planear fugas ou atividades subversivas."
Além de percorrer "cada palmo das instalações, à procura de passagens, túneis ou outros espaços esquecidos que pudessem servir para uma fuga," Tereso ainda se conseguiu tornar no mecânico do "novo diretor da prisão, Gomes da Silva." Além de limpar e cuidar do Volkswagen de Gomes da Silva, Tereso ainda "conduzia a viatura dentro das instalações da prisão sempre que era preciso." A pedido do novo diretor, Tereso começa a trabalhar no Chrysler de 1937, de sete lugares, que havia sido de Salazar. "Constava que tinha sido oferecido ao ditador por Hitler." A viatura tinha uma forte blindagem e, rapidamente, Tereso descobriu o botão que ligava e desligava o motor de arranque. No dia da fuga, fez em marcha atrás o caminho pelo túnel que dava acesso à zona de recreio dos presos.
Conforme planeado, dez dos "prisioneiros encenavam um jogo de futebol e esperavam pela aproximação do carro de fuga. Assim que entrou no terreno que servia de campo de futebol, os dez presos cercaram o carro, como se protestassem por o seu jogo ter sido interrompido. Dispuseram-se conforme planeado: três do lado esquerdo, quatro do lado direito, e três na parte de trás do Chrysler. Estes últimos não participariam na fuga, pois não cabiam no veículo."
Três guardas da GNR, observavam a cena que ali decorria, achando que os presos estavam a protestar com "o antigo camarada," por lhes estar "a estragar a futebolada com aquela inopinada incursão automobilística. Quando um dos presos gritou Golo!, os sete escolhidos saltaram para dentro do carro: seis apertados no banco de trás, um ao lado do condutor. José Magro, Francisco Miguel, António Gervásio, Domingos Abrantes, Guilherme da Costa Carvalho, Elídio Esteves e Rolando Verdial."
O carro deitou abaixo o portão do forte de Caxias, mas "o embate mal se sentiu por quem ia no carro. Apesar disso, o veículo ficou bastante amolgado, e acabou por perder o pára-choques durante a fuga, já em Lisboa." Os guardas ainda dispararam contra o carro, mas apesar das marcas, a "blindagem dos vidros e da parte superior do automóvel deu boa conta do recado."
O carro, que pode ser visto no Museu do Caramulo, "só seria encontrado oito horas mais tarde, sem pára-choques e sem um farolim, abandonado na zona de Campolide, a 12 quilómetros de distância da prisão."
Fontes:
Nos últimos dias tenho lido muitos relatos de antigos combatentes, sejam feitos pelos próprios, sejam pelos seus familiares, e muitas vezes tenho dado por mim a chorar com vários destes testemunhos e a pensar "Como é que foi possível?" e depois penso... muitos nunca foram devidamente ressarcidos daquilo que sofreram, daquilo que perderam...
A Guerra Colonial começou em 1961, onde a União dos Povos Africanos (UPA), subsidiada pelo então governo dos Estados Unidos torna Angola no "palco da primeira resistência armada ao colonialismo português." Em 1963, a ação estende-se à Guiné-Bissau e no ano seguinte, a Moçambique.
A NATO, a que Portugal tinha aderido, era também contra a existência de Colónias (e a solução encontrada por Salazar foi mudar-lhes a denominação para Províncias Ultramarinas). "Simultaneamente os Estados Unidos continuavam a pressionar na frente diplomática ao ponto de no dia 15 de março de 1961 nas Nações Unidas, ao lado da URSS, condenarem a repressão que se seguiu ao ataque às prisões de Luanda na madrugada de 4 de fevereiro por parte de nacionalistas angolanos." Salazar, que teria sido avisado "pela CIA de um ataque da UPA no norte de Angola a coincidir com o debate sobre Angola nas Nações Unidas," não confiou na veracidade da informação. O gatilho desta guerra, que duraria 13 longos anos "começou norte de Angola, distrito de Malange, na Baixa do Cassange, motivado pelas condições de trabalho a que os agricultores estavam sujeitos," que os fazia viver na "miséria," e pela revolta que sentiam contra os maus tratos a que eram sujeitos pelos "funcionários da Cotonang." Este não foi episódio único e já a PIDE estava no local a realizar interrogatórios. "Os acontecimentos na Baixa do Cassange prolongam-se até março mas logo a 6 de fevereiro um loockeed PV-2 Harpoon bombardeia a região com napalm. O número de mortos não é certo, variando entre as dezenas e os milhares." (Na exposição que está no quartel do Carmo, podemos ver as máscaras de proteção utilizadas).
Mas o MPLA atribui o início das hostilidades ao momento do ataque às prisões de Luanda ocorridas a 4 de fevereiro desse ano, depois do navio Santa Maria (desviado pelo capitão Henrique Galvão), ter atracado em Luanda.
"No dia 15 de março, tal como a CIA tinha dito e tinha feito chegar a informação a Salazar, a UPA ataca dezenas de fazendas de café no norte de Angola são atacadas em simultâneo. Os ataques provocam 800 mortos portugueses e africanos," o que terá "sido determinante para o governo português perceber que a revolta estava em curso." Estes acontecimentos no norte de Angola, "lançaram o pânico entre os colonos portugueses. No espaço de uma semana, mais de 3 mil colonos foram evacuados desta região para Luanda." A situação complicava-se cada vez mais, com a demora da chegada dos reforços vindos da capital (chamada "metrópole") e com a formação de guerrilhas. "No dia 7 de maio, o governo do distrito de Carmona, ameaçado pelo assassinato de centenas de trabalhadores indígenas das suas fazendas, pedia ao governo-geral que enviasse urgentemente reforços militares." Várias operações vão tendo lugar, entre elas, a Operação Viriado, ou a Esmeralda, mas de ambos os lados os mortos e feridos são demasiados!
Na Guiné, a situação já precária e sob a influência do que se passava noutras "províncias", leva a que a revolta começa em 1963, com guerrilhas do PAIGC a penetrar no território. "A fim de destruírem as bases de apoio às forças rebeldes, aviões portugueses largaram bombas e napalm sobre várias aldeias guineenses, situação que viria a ser denunciada pela Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas desse ano." A 25 de setembro de 1964, "tinham lugar os primeiros ataques da FRELIMO, em Cobué, no distrito do Niassa." Estava instalada a guerra em três frentes.
Em maio de 1968, o regime por temer a perda de controlo da situaçã na Guiné, "substitui os comandantes na altura, pelo Brigadeiro António Spínola" que era "filho de uma família abastada," tendo o seu pai sido "inspetor-geral de Finanças e chefe de gabinete de Salazar no Ministério das Finanças." António Ribeiro de Spínola é nomeado "governador e comandante-chefe da província." Spínola tinha estado em Angola entre 1961 e 1963 e conhecia já bem a especificidade dos movimentos de guerrilha. Mas, apesar do aparente sucesso da operação secreta, Mar verde, o "agravamento da situação na Guiné-Bissau" levou a que Spínola começasse "a duvidar cada vez mais da solução militar para este território. Em maio de 1972, o general encontrou-se no Senegal com o presidente Leopold Senghor a fim de preparar negociações de cessar-fogo com o PAIGC e de encontrar uma solução política para a guerra. Esta solução seria, no entanto, rejeitada por Marcello Caetano." Em janeiro de 1973, Amílcar Cabral foi "assassinado, em Kaloum," e segundo algumas versões, "a PIDE ou o próprio Spínola teriam estado envolvidos na organização e aprovação do atentado," o que foi negado pelo "o governo português." Em março desse ano, o PAIGC começou "também a utilizar misseis soviéticos terra-ar, acabando assim com a supremacia aérea portuguesa, essencial à contra-guerrilha."
Em Novembro de 1973, Spínola "é convidado por Marcello Caetano," que tinha substituído Salazar, "para ocupar a pasta de ministro do Ultramar, cargo que não aceita."
A 17 de Janeiro de 1974, Spínola é ainda "nomeado para vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, por sugestão de Costa Gomes, cargo de que é demitido em Março, por se ter recusado a participar na manifestação de apoio ao Governo e à sua política." Acabaria, numa reviravolta que se pode dizer histórica e inusitada, por ser ela a aceitar, no Quartel do Carmo, a rendição do Governo, ou seja, a aceitar o poder em nome do Movimento das Forças Armadas, embora depois disso, nem sempre tenha estado do lado dos mesmos.
Destes conflitos, ou - se quisermos juntar "tudo" - da Guerra Colonial, chegaram muitos estropiados, outros tantos mortos! O que eu acho que se tem de trazer, ainda, para as mesas de debate, são a falta de cuidados que foram prestados às vítimas reais e com nome deste conflito! Depois da Revolução, não foram respeitados os direitos destes homens que, saindo do país (muitos deles obrigados), deixaram cá mulher, namorada, filhos, pais, avós... uma casa e um trabalho a que muitos não conseguiram regressar. Regressaram eles homens diferentes! Com outros medos e terrores e, também, alguns deles, com outros valores!
Um dos testemunhos que estive há pouco a ler foi o de uma filha. A filha de um homem que ela carateriza como trabalhador e lutador, apesar de ter sofrido graves ferimentos que o tornaram num dos muitos estropiados de guerra. Ela descreve que, na convivência com o seu pai, se foi apercebendo das graves consequências de uma guerra maldita - que muito além de físicas - são também psicológicas. Se lerem a totalidade deste relato talvez sintam, como eu, um murro no estômago. Desse relato são os seguintes excertos:
Creio que nunca fez as pazes consigo próprio por isso. Ou, pelo menos, nunca conseguiu apaziguar-se. Por ter marchado para o matadouro. Por se ter tornado carne para canhão. Por ter matado, visto morrer. Pelos horrores que fez, os horrores que viu fazer. “Tu não imaginas o que eu fiz”, dizia-me.
Quando tomavam consciência de que a nossa História, a história do colonialismo português, que não teve nada de brando, a história da Guerra Colonial, eram permanentemente branqueadas, e que eles próprios se tornavam num estorvo difícil de gerir. E a sua perplexidade quando, ainda hoje, a Guerra Colonial é nomeada de guerra do ultramar, quando as ex-colónias são chamadas de províncias ultramarinas.
Muitos dos que vinham feridos com gravidade, eram "descarregados" durante a noite para que o país não os visse e tivesse noção da realidade. Diz-se que "noventa por cento da população jovem masculina do país foi mobilizada para a Guerra do Ultramar." E diz-se também que esta Guerra "causou cerca de 10 mil mortos e 20 mil inválidos entre os soldados e mais de 100 mil vítimas entre os civis que viviam nas colónias."
Vejam este pequeno filme da RTP Ensina e oiçam também esta canção de Paco Bandeira, que retrata as dificuldades dos tempos da Guerra Colonial.
Num outro testemunho, publicado no CM, um ex-combatente (da Cavalaria 2, Moçambique) explica como foi a sua passagem pela Guerra Colonial.
Passados seis meses em Lourenço Marques calhou-me a parte difícil. Estive 18 meses em Mueda, o coração da guerra. Havia picadas, minas, escoltas a viaturas para abastecer, capturas é que não fazíamos. As picadas eram as estradas sem alcatrão, com muitas minas anti-carros e anti-pessoais. Feridos e mortos eram muitos, e botas ainda com o pé, separadas do corpo, era o que se via mais. Ainda me custa falar disso; as cenas voltam à memória quando se fala delas.
Nas colunas, havia um grupo que ia à frente com arame grosso, e esses é que sofriam. Quando detectavam alguma coisa eu tinha o papel ingrato de decidir o que fazer. Éramos obrigados a levantar minas, pois o Salazar queria exibir isso como troféu junto das Nações Unidas, mas nós fazíamos o rebentamento, pois era menos arriscado. Ainda assim, houve muitos feridos e estávamos dependentes da sorte.
E os traumas... os traumas não eram só físicos. Leiam o depoimento desta mulher, de nome Diana, que fala da situação que viveu ao longo da sua infância e juventude com o pai (ex-combatente). Fica aqui apenas um pequeno excerto, o resto é o retrato de tantas outras casas e famílias portuguesas.
"Não me lembro de o meu pai me dar carinho, sou a mais velha de sete filhos e não me lembro de andar ao colo. Quando ele chegava do trabalho, a minha mãe fazia questão de eu já estar a dormir porque pela mais pequena coisa havia logo um estalo... Às vezes olhava para outras crianças na escola e fazia comparações, via os pais a passar a mão pela cabeça dos filhos e pensava que gostava que o meu pai me fizesse o mesmo."
No mesmo artigo, existem outros testemunhos, bastante dolorosos. O de Sandra é um pouco diferente, mas retrata também um pai sempre em alerta.
"A minha mãe contava que, quando se casaram, o meu pai se escondia debaixo da cama por causa dos foguetes, não podia ouvir barulhos, era um pouco agressivo com os animais. Mas nunca foi agressivo para a minha mãe, nem para nós."
Em ambos os casos, a ajuda extende-se aos filhos e às mulheres destes ex-combatentes, que sofrem de stress pós-traumático secundário, por conviverem ao longo de vários anos com as ações e reações dos seus familiares. Infelizmente, a ajuda é pouca. "Existe uma Rede Nacional de Apoio (RNA) para acompanhar os militares com perturbação psicológica crónica resultante da exposição a fatores traumáticos de stress durante a vida militar."
A RNA, tem como principais objetivos: "informar, identificar e encaminhar os casos de PTSD adquiridos em contexto de guerra, e prestar serviços de apoio médico, psicológico e social aos utentes da RNA, em articulação com o Serviço Nacional de Saúde (SNS)."
Segundo dados de 2019, do "Ministério da Defesa, há 2073 utentes da rede inscritos nas cinco associações protocoladas: Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra (APVG), Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra (APOIAR), Associação de Combatentes do Ultramar Português (ACUP) e Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar (ANCU). Das pessoas que recebem apoio desta rede, 139 são mulheres e 85 são filhos."
Fontes:
https://www.esquerda.net/dossier/estilhacos-de-uma-guerra-maldita/63480
https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/a-guerra-instala-se-em-tres-frentes/
https://www.rtp.pt/programa/tv/p32446/e26
https://www.cmjornal.pt/domingo/detalhe/nao-houve-dia-sem-mortos-e-estropiados
Para aqueles que, como eu, não éramos ainda nascidos neste tempo, esta parece uma realidade longínqua. Ouvi falar das prisões políticas, das torturas e das mortes, mas não me lembro de, quando miúda ouvir contar as histórias das fugas e, essas, são também interessantes de se conhecer.
Entre 1926 e 1974, foram mais de 30000, as pessoas que foram presas por razões políticas. A maioria delas, nunca tiveram direito a julgamento, ou chegaram sequer a ser indiciadas por qualquer crime em específico. Entregues à Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (posteriormente chamada PIDE e, mais tarde DGS) foram em 1934, as cadeias do Aljube, as duas de Caxias, a de Peniche e a de Angra do Heroísmo (que seria depois substituída pelo campo do Tarrafal, em Cabo-Verde, que foi mandado abrir por Salazar em 1936).
Além das cadeias e da polícia militar, havia o tribunal político que julgava aquilo que o Regime achava estar contra a segurança do próprio Estado. Em 1932, numa das primeiras fugas do Aljube (hoje museu) evadiram-se seis detidos e morreu um GNR Nesta cadeia, localizavam-se os chamados "curros" - salas individuais, minúsculas, onde os detidos eram mantidos e vergados por interrogatórios violentos.
Em maio de 1938, evade-se Francisco de Paula Oliveira (Pavel), que tinha sido capturado pela PVDE a 10 de Janeiro desse ano e que estava preso no Aljube, apenas por pertencer ao PCP. Pavel contou com "a ajuda de um enfermeiro da cadeia," que conheceu durante a sua estadia na enfermaria.
Em 1948, foi a vez de Palma Inácio. Este tinha sido preso por participar num ato de sabotagem, feito por "alguns oficiais da Força Aérea que, por aqueles anos, se insubordinaram contra a ordem ditatorial." Este ato contra o Regime, logo depois de terminada a 2ª Guerra Mundial, ficou conhecido pela “Abrilada de 1947”. Depois da fuga, a 16 de abril de 1948, Palma Inácio conseguiu expatriar-se para o Brasil, "agravando assim a sua condição de arguido. Daí em diante, nunca mais pôde regressar, a não ser que se sujeitasse a prisão, como de facto aconteceu por duas vezes."
Em 1957, dá-se outra fuga inesperada, que implicou um salto do 5º andar! "Américo de Sousa, Carlos Brito e Rolando Verdeal nunca teriam escolhido uma madrugada de sábado para domingo para fugir pelas grades e pelo beiral de um 5º andar da rua Augusto Rosa em Lisboa." Nessa noite, não se via vivalma, o que era normal visto que naquela época ninguém andava a passear por Lisboa durante a noite.
Carlos Brito, tinha 23 anos quando, em outubro de 1956, foi preso pela segunda vez e colocado no Aljube para "interrogatório e tortura." Dali, os presos eram levados "à António Maria Cardoso" para serem torturados. “Era preciso resistir aos interrogatórios, não falar." Conta que foi só depois de terem saído dos curros para uma cela, da qual serraram as grades de ferro, com um serra que tinha vindo dissimulada numa prenda de anos. Para disfarçar os cortes, o estratagema usado foi "miolo de pão pintado com aguarela da cor das grades." Os guardas não desconfiaram. Num prédio ali perto, havia uma casa para alugar, que "Deolinda Franco," na altura mulher de Carlos Brito, visitou na véspera da fuga. "Mostrou-se interessada em alugar a casa, fez perguntas, experimentou janelas ... e teve o cuidado de deixar uma aberta." Depois dos três fugitivos terem passados pelo buraco feito nas grades da janela, e terem descido por uma espécie de corda feita de lençóis, atravessaram em meias os telhados de outros dois edifícios até chegarem à "varanda do andar devoluto que Deolinda simulara querer arrendar."
Aí, arranjaram-se o cabelo, calçaram-se e saíram pela porta do prédio, como se fossem apenas um grupo de amigos, passando enquanto o "sentinela da Guarda Republicana que prestava serviço à entrada do Aljube" se encontrava a seguir na direção oposta. O carro, que deveria estar à espera do grupo, não apareceu e tiveram de se pôr a correr "até ao Largo da Graça," onde apanharam um táxi, "para a Rua da Escola Politécnica," que era perpendicular à rua onde ficava a casa de contacto, onmde chegaram por volta das quatro da manhã.
Estas foram apenas, algumas das muitas fugas organizadas por muitos "destes homens e mulheres, condenados a intermináveis períodos de prisão, tentar fugir era a única forma de reconquistar a liberdade e retomar a luta no exterior."
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/fuga-prisoes-politicas-estado-novo/
https://expresso.pt/multimedia/2016-09-30-A-espantosa-fuga-da-mais-sinistra-cadeia-da-ditadura
https://www.museudoaljube.pt/wp-content/uploads/2024/01/2024_01_09_Fugir-das-Cadeias-da-Pide.pdf
Este ano, fui pela primeira vez para Lisboa para comemorar um dos feriados mais importantes que hoje temos. E foi um dia muito bem passado, apesar de não ter ficado para assistir ao desfile na Avenida da Liberdade, ponto alto das comemorações e que, pelo que pude constatar depois pela televisão, terá mesmo superado qualquer desfile efetuado até hoje.
Saímos de barco até ao Cais do Sodré e logo aí deu para perceber que ia muita gente a camnho de Lisboa para fazer o mesmo que nós. No banco da frente, um casal, com uma criança conversava sobre a Revolução. Ele, português, explicava à sua companheira, brasileira, como é que tinha sido a Revolução que terminara com o regime, com a ditadura e com a falta de liberdade do povo. "Que lindo! Lá não foi nada assim... morreu muita gente" responde ela a certa altura, com um misto de admiração pelo povo português e de tristeza ao relembrar o tempo de ditadura que, no Brasil, "terminou" em 1985. Voltei a vê-los mais tarde no Terreiro do Paço (ou, Praça do Comércio), assim como muitas outras famílias e grupos que tinham apanhado o mesmo barco que nós.
No Terreiro do Paço, havia uma alegria e emotividade bastante presente nas pessoas e reparei desde logo numa coisa: um grande número de crianças, acompanhadas pelos seus pais e algumas também pelos avós! Ali estava representada a passagem de testemunho que se pretende alcançar com estas celebrações. É que em parte alguma me senti envolvida em saudosismos ou em tristeza. Desde que cheguei a Lisboa que o sentimento geral era de reconhecimento pelo valor dos nossos combatentes do Ultramar, pelas ações não só dos participantes conhecidos do MFA, mas sobretudo pelo reconhecimento daqueles que participaram nas ações que levaram à Revolução. A restauração das viaturas penso que foi um dos maiores sucessos uma vez que, ao porem estes carros na rua, dois feitos foram alcançados: restaurar memórias a uns, dar a conhecer o passado, a outros.
"No total, 14 viaturas foram restauradas desde 2018, em Paço de Arcos e Santa Margarida. O trabalho foi feito pela Associação Portuguesa de Veículos Militares Antigos, com o apoio do Exército Português."
As crianças e os jovens estavam delirantes com o facto de se poderem sentar-se nas viaturas, ou entrar dentro da conhecida chaimite Bula. A presença de muitos ex-combatentes trouxe também uma grande emotividade. Se de manhã cedo, vi na televisão o desfile destas viaturas, ainda na presença das altas-entidades, perto da hora do almoço, as mesmas viaturas deslocaram-se do Terreiro do Paço, até ao largo do Carmo, acompanhadas por um mar de gente que ia aplaudindo entusiasticamente. Nesta deslocação, muitas pessoas (além dos ex-combatentes presentes e de alguns militares que os acompanhavam) tiveram a oportunidade de fazer este percurso sentadas nas viaturas, ou empoleirdas nas mesmas.
À tarde, aproveitamos para conhecer alguns locais, como a Igreja de S. Domingos (no largo de S. Domingos, perto da Praça D. Pedro IV, vulgo Rossio), de mostrar ao meu filho a estação do Rossio, que pela sua dimensão é um pouco diferente daquelas que ele já conhecia e de lhe apontar alguns edifícios importantes naquela zona - como por exemplo, o Café Nicola (por cima do qual, terá vivido Eça de Queirós), o Teatro D. Maria II, com a sua fachada lindíssima e o emblemático elevador de Santa Justa (o qual digo desde já, desculpem, mas está demasiado caro para ser utilizado, pelo que apenas o apreciamos do exterior).
Descemos pelas escadinhas do Carmo e, confesso, fiquei super feliz por encontrar café a um preço normal de 0.75€ num local típico que se chama Ginginha do Carmo e que é uma pequena loja encaixada por baixo das escadinhas e que data de 1930! Um pouco mais tarde, subimos pela ingreme e típica calçada do Carmo, o que acabou por me estragar um pouco o resto do dia, porque a meio da subida os meus joelhos deixaram de querer colaborar.
Depois do meu filho ter voltado a subir aos muitos veículos militares, no meio de um mar de gente que inundava o largo do Carmo, fomos visitar o Quartel do Carmo (que neste dia e, até dia 12 de maio, tem visitas gratuitas - vão que vale muito a pena). Dizer que o Quartel do Carmo, que já foi um convento e que é o quartel da GNR desde a 1ª República (1910), está muito bem preservado e tem uma exposição, não só alusiva ao 25 de Abril de 1974, mas à história da Guarda, desde o tempo da monarquia.
É engraçado pensarmos que o "Quartel do Carmo foi o último bastião da monarquia em Portugal que caiu a 5 de outubro de 1910" e que mais tarde, no dia "25 de abril de 1974 foi palco da «Revolução dos Cravos» que pôs fim ao regime autoritário de 48 anos em Portugal, dando lugar à liberdade e à democracia." Foi neste quartel que Marcello Caetano se refugiou para tentar escapar dos revoltosos e, de onde, ao fim do dia a chaimite Bula lhe serviu de transporte pelo meio da multidão, levando-o até ao quartel da Pontinha junto com alguns dos seus ministros (essa zona também teria sido interessante de visitar...). Uma placa circular dedicada aos revoltosos e, em especial, ao papel determinante de Salgueiro Maia, assinala desde 1992 nessa praça o local onde no dia 25 de abril de 1975, estava o veículo militar que disparou contra as janelas do quartel do Carmo.
O próprio largo em si é digno de uma visita, pela sua história e pela espetacularidade dos seus edifícios. Desde logo, aqui resistem as ruínas do Convento do Carmo, construído no século XIV, onde se encontra instalado o Museu Arqueológico do Carmo (que não visitamos por estar muita gente, mas que tem um valor de 5€ para residentes em Lisboa e 7€ para os não-residentes). No meio do largo, encontramos um chafariz que data de 1771 e que é abastecido pelo Aqueduto das Águas Livres. Neste largo, residiu Fernando Pessoa.
Começou a levantar-se algum vento e, como o meu joelho direito, devido ao esforço, decidiu aliar-se à minha anca e quase me vi incapaz de andar, resolvemos terminar o nosso passeio com um geladinho, sentados nos degraus do monumento escultório que representa D. Pedro IV. Não ficamos para a marcha pela Avenida da Liberdade, com grande pena minha... nem conseguimos ir ao Quartel da Pontinha, outro local emblemáticos nestas comemorações, mas felizmente, as televisões permitiram-me já em casa, acompanhar os vários momentos importantes que aí decorreram.
Que venham mais 50, mais 100! Que a liberdade não caia, que as janelas não se encerrem e as portas de Abril não se encerrem!
Fontes:
http://arquivomuseugnr.pt/entrada.aspx?Pagina=Convento%20do%20Carmo-&IDP=0
Há 50 anos Portugal vivia em ditadura, mas a coragem de um grupo de capitães e de todos os militares que os seguiram sem virar as costas, mesmo podendo fazê-lo, fez com que hoje eu e todos os cidadãos deste país, possamos viver em democracia. A liberdade foi uma conquista que se celebra com uma data, mas que foi preparada e tentada em várias ações e com muita luta e, não devemos esquecer cada um desses momentos, nem as pessoas que os fizeram. Às vezes, resumimos Abril a meia dúzia de pessoas que tiveram um papel fundamental e que por isso ficaram reconhecidas. Mas porque o golpe deu certo. Temos de relembrar também todos os ex-combatentes, temos de lembrar todas as figuras que estiveram nos bastidores e todos aqueles que deram a cara por nós, pelo nosso povo!
Logo, irei possivelmente dar um passeio até ao Seixal, onde se prepara já uma grande festa de celebração, porque temos de dar a cara, temos de estar presentes e temos de continuar a semear cravos. O nosso contributo tem de ser nas ruas e tem de ser no local e momentos próprios. Amanhã (daqui a umas horas) celebraremos meio século da Revolução.
Somos um país que reclama. Mas somos um país que só reclama porque estes capitães se juntaram num posto de comando na Pontinha (mais especificamente num barracão de arrumações do Regimento de Engenharia n.º 1) e daí comandaram todas as movimentações das tropas que fizeram a Revolução. Hoje peço que se fale mais disto nas escolas - não se pintem só cravos, falem com as crianças e com os nossos jovens sobre estas pessoas. Que saibam que foi Salgueiro Maia que disse:
"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos”.
Que saibam que foi a voz de João Paulo Dinis que anunciou "aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa: «Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, «E Depois do Adeus», uma canção de José Niza." E que esta foi a primeira senha para o avanço das tropas. Quantos conhecem o capitão Bicho Beatriz, o capitão Pombinho, o capitão Santos Coelho e, tantos outros, capitães, tenentes e soldados que, naquela noite, podiam ter sido presos ou morrido, mas que mesmo assim, foram em frente.
Nos livros da escola, não se fala no capitão Santos Silva, nem do Capitão Mira Monteiro, nem do capitão Patrício, e nem dos "tenentes Andrade Silva, António Pedro, Sales Grade, Ruaz e Nave," e nem do papel do Major Fontão durante as operações.
Quantos saberão que na Rua Capelo, na Rádio Renascença, Paulo Coelho, "locutor de serviço, nessa noite, no programa «Limite», sem saber dos compromissos assumidos por dois dos seus colegas, Carlos Albino e Manuel Tomás, quase faz perigar a transmissão da senha à hora exata por ter antecipado a leitura de anúncios publicitários." Foi preciso que "no final da leitura do primeiro anúncio, Manuel Tomás, também presente na cabine técnica," tenha dado "um pequeno safanão (aparentemente sem intenção) na mão do técnico de som José Videira," provocando o "arranque da bobine que" continha a senha. "Então, pela voz previamente gravada de Leite de Vasconcelos, através dos potentes emissores da Rádio Renascença, ouve-se a primeira quadra da canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso. Já no final da transmissão, o agente da Censura, ali presente, dá sinais de que escutara algo que não previra." Ali, tudo podia ter ido por água abaixo.
E que, a preparação para a movimentação, tenha passado por sabotagem? O "oficial do MFA, Capitão Rosário Simões tinha acordado que a sua missão seria neutralizar a unidade evitando a sua ação contra o Movimento, pois a maioria dos oficiais não era aderente. Na véspera foram sabotadas as Bocas de Fogo por forma a não poderem ser utilizadas, mas com capacidade de retorno rápido caso elas viessem a ser necessárias para o Movimento."
Apesar de todas as movimentações que aconteciam pelo país, às 03h16m, a interceção de uma chamada telefónica "entre o Ministro da Defesa, Dr. Silva Cunha e o Ministro do Exército Gen. Andrade e Silva," dá a conhecer ao Posto de Comando das operações que àquela hora "o Regime não tinha conhecimento do desenrolar das ações."
A coluna que entrou nessa madrugada em Lisboa e que era comandada pelo capitão Salgueiro Maia, "era composta por um Esquadrão de Reconhecimento a 10 Viaturas Blindadas e um Esquadrão de Reconhecimento a 160 homens com 12 viaturas de transporte, 2 Ambulâncias e 1 Jeep." Depois de ocupados vários pontos fundamentais, entre eles o aeroporto de Lisboa, foi dada ordem para que os elementos que tinham ocupado o Rádio Clube Português transmitissem o 1.º Comunicado. "Foi com emoção que em todo o País centenas de militares ouviram pela voz de Joaquim Furtado o primeiro de vários comunicados que haviam sido redigidos pelo Maj. Vitor Alves. Estava previsto que os comunicados seriam lidos pelo Maj. Costa Neves, no entanto, Joaquim Furtado, locutor de serviço ao RCP, ao saber das intenções do Movimento de imediato se prontificou para o fazer. No comunicado pede-se para que a população se mantenha calma e apela-se à classe médica para ocorrer aos hospitais."
Ao longo do dia, a emissão do RCP prossegue com a leitura de outros comunicados que iam colocando a população a par do que se passava, mas também com a transmissão de "canções de luta, algumas delas há muito proibidas ouviram-se: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Luís Cília, José Mário Branco."
Às 7h30m, uma "coluna da GNR que estacionara no Campo das Cebolas avança para o Terreiro do Paço. O Cap. Salgueiro Maia dirige-se ao Comandante da coluna dizendo-lhe que deve sair da zona pois não tem potencial para o enfrentar. O Comandante da Coluna obedece e retira."
Muitos foram também os episódios em que representantes das forças do Regime, acabaram por se mudar para o lado dos revoltosos. E eu penso que isso fez toda a diferença, para que o número de vítimas, tivesse sido tão baixo.
A fragata N.R.P. Alm. Gago Coutinho, "integrava uma força NATO (StaNavForlant) que navegava rumo à barra Sul do Porto de Lisboa, com destino a Nápoles, quando recebe ordem do Vice-Chefe do Estado Maior da Armada, Almirante Jaime Lopes, para abandonar a formatura e colocar-se frente ao Terreiro do Paço à ordem do Estado Maior da Armada."
Pelas 7h50m, o Almirante Jaime Lopes, "dá ordem ao Comandante do navio para abrir fogo sobre os tanques do Exército posicionados no Terreiro do Paço. O Comandante da unidade não cumpre a ordem, alegando que estava muita gente no Terreiro do Paço e , também, que vários cacilheiros se encontravam nas proximidades."
Por volta das 8h30, o "Ministro do Exército" apercebe-se da ocupação do Terreiro do Paço e vendo a sua situação muito complicada, "ordena a abertura, à picareta, de uma parede de tijolo que dava para o Ministério da Marinha. Aí conjuntamente com o Ministro da Marinha e outras entidades fogem, dirigindo-se para o parque de estacionamento da Marinha entrando para uma carrinha que os irá conduzir ao RL2." Mais ou menos à mesma hora, a fragata Gago Coutinho, "recebe uma comunicação do Posto Comando da Marinha efetuada através da Esquadrilha de Submarinos e do Centro de Comunicações da Armada, onde se encontrava o Cap. Ten. Almada Contreiras, dando indicação para o navio sair a barra." Caldeira dos Santos, 1º Tenente, informa que "a situação a bordo está controlada e que a guarnição estava com o Movimento."
Às 14h00m, o Secretário de Estado da Informação e Turismo, Dr. Pedro Pinto, já se "apercebera da inevitabilidade da queda do regime. Resolve assumir a mediação entre o Governo e o General Spínola. O Dr. Nuno Távora, Chefe de Gabinete do Dr. Pedro Pinto desloca-se a casa do General António de Spinola entregando-lhe uma carta do Secretário de Estado." Duas horas depois, o "Dr. Nuno Távora e o Dr. Feytor Pinto são recebidos pelo Prof. Marcelo Caetano" que é informado "da disponibilidade do Gen. Spínola para aceitar a sua rendição e assumir o poder." Pouco tempo depois, Marcelo Caetano reune com o capitão Salgueiro Maia e é ao aperceber-se da inevitabilidade da situação, que decide render-se desabafando: “assim o poder não cai na rua." Às 16h45m, o general Spínola fica "mandatado pelo PC para receber a rendição de Marcelo Caetano. Spínola é também informado que os dirigentes do regime serão conduzidos ao Funchal por um DC 6 da Força Aérea."
Às 19h30m, o Capitão Salgueiro Maia teme que, "perante um Largo do Carmo a transbordar de população entusiasmada" se possa desenrolar uma onda de violência durante a operação de retirada "dos membros do regime do Quartel do Carmo." É numa chaimite, de nome Bula, que são retirados "Marcelo Caetano, Rui Patrício, César Moreira Baptista e outros membros do Governo."
O que mostrou a força desta revolução também foi o apoio do povo! Ainda antes do poder passar para o lado dos revoltosos, já as pessoas que entretanto se juntavam nas ruas, festejavam a queda do Regime. A felicidade estava estampada nos mesmos rostos onde antes havia medo. Às 20h30, o povo de Lisboa que desde manhã seguia as movimentações militares, "começava a engrossar pelas ruas da Baixa, à medida que as Forças do Movimento iam conquistando objetivos. A população começou a dirigir-se maciçamente para a sede da PIDE/DGS na Rua António Maria Cardoso." Infelizmente, às 21h00m, os agentes da "PIDE, vendo a sua sede cercada de população, abrem fogo indiscriminado tendo efetuado 4 mortes e 45 feridos que serão socorridos pela Cruz Vermelha e encaminhados para o Hospital S. José e Hospital Militar." São estas as quatro vítimas que se lamentam deste dia e que o ensombram, mesmo não tendo sido por culpa dos militares revoltosos, mas sim de um grupo de agentes da PIDE.
No fim, nem tudo correu como desejado. Por volta das 23h45m, a Junta de Salvação Nacional "reune-se" e é aprovada "a Proclamação da Junta" que designa como "Presidente da República, o General António de Spínola. Esta designação foi contrária ao anteriormente acordado com o MFA que escolhera o General Costa Gomes."
Apesar de tudo, é proclamada a primeira lei da primeira República pós-regime.
"Lei n.º 1/74: destitui das suas funções o Presidente da República e o Governo, dissolve a Assembleia Nacional e o Conselho de Estado e determina que todos os poderes atribuídos aqueles aos referidos órgãos passem a ser exercidas pela JSN."
O decreto-lei nº 169, vem também dar início ao processo de descolonização e ao fim da guerra colonial.
"DL n.º 169/74: exonera os Governadores Gerais dos Estados de Angola e Moçambique e determina que as suas funções passem a ser desempenhadas interinamente pelos Secretários Gerais desse Estados."
À 01h30m, já no dia 26 de abril, é lida já "perante as câmaras da RTP, a Proclamação da Junta de Salvação Nacional" por António de Spínola.
Às 07h00m, o "Almirante Américo Tomás, sob escolta de uma força do Movimento, comandada pelo Ten. Cor. Almeida Bruno segue para o aeroporto de Lisboa. À mesma hora o Ten.Cor. Lopes Pires acompanha o Prof. Marcelo Caetano e os ex-Ministros Silva Cunha e Moreira Baptista ao aeroporto onde todos embarcam" num avião da "Força Aérea rumo ao Funchal onde ficam com residência vigiada."
Só no dia 26, pelas 9h30m, os homens do RC3 "desarmam os agentes da PIDE/DGS e passam revista às instalações."
E tantas pessoas se poderiam ouvir sobre o que aconteceu nestes dias! Que outros pontos de vista interessante teríamos concerteza sobre a Revolução que, teve o seu ponto alto no dia 25 mas não se esgotou no Terreiro do Paço, nem no largo do Carmo. Amanhã, muitos irão descer a Av. da Liberdade. Absorvam tudo o que puderem, porque são 50 anos de liberdade!
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/a-revolucao-de-25-de-abril-de-1974/
https://a25abril.pt/base-de-dados-historicos/o-dia-d/
O sangue não pára de correr... Gaza tem sido constantemente atacada. Nem as crianças são poupadas.
As balas não têm destinatário. Todos podem ser atingidos. Homens, mulheres, crianças e bebés.
Durante a noite a Faixa de Gaza foi novamente atacada em força. Num primeiro ataque, "um homem, a mulher e o filho de 3 anos," foram mortos, tendo os corpos sido recebidos pelo Hospital do Kuwait, que apesar da morte da mãe, conseguiu salvar o bebé que ela transportava no ventre. Este bebé nasceu com vida, mas já nasceu sem mãe, pai ou irmão.
Um segundo ataque contra a região "matou 13 crianças" além de duas mulheres, todos membros da mesma família.
Mas infelizmente, basta vermos as notícias dos dias anteriores para percebermos que estes não foram atos isolados. "Na noite anterior, um ataque aéreo em Rafah matou nove pessoas, incluindo seis crianças." Sete meses depois do início do conflito, Israel continua a culpar "o Hamas pelas mortes de civis," uma vez que os militantes deste grupo "combatem em bairros residenciais densos." Mesmo que lá estejam membros do Hamas, não sabem que estão lá crianças?
Ontem, nas notícias outras situações eram relatadas, como a de um raide aéreo israelita que atingiu uma casa onde dormia uma família. O resultado foram nove mortos, dos quais seis eram, apenas, crianças. Um "casal, os três filhos, a cunhada, a sobrinha e mais duas crianças" foram todos mortos.
Segundo as autoridades em Gaza, já "foi ultrapassada a fasquia dos 34 mil mortos desde o inicio da ofensiva de Israel contra o território palestiniano."
Fontes:
As motivações que, há 50 anos atrás, levaram ao Golpe Militar que poria fim ao Regime, foram principalmente de cariz profissional. O governo tinha aprovado dois decretos-lei (o 353 e 409, de julho e agosto de 1973) "para responder às necessidades da guerra colonial." Os oficiais, que tinham tido uma formação militar de quatro anos, "não aceitavam poder vir a ser ultrapassados pelos novos oficiais milicianos, cuja formação seria feita apenas em dois semestres."
O Movimento dos Capitães pretendia "recuperar o prestígio das Forças Armadas e, mesmo depois de terem conseguido que Marcelo Caetano, suspendesse os decretos, continuaram a reunir-se, de forma clandestina. O objetivo era "efetuar uma mudança de Regime" de forma a acabar com a guerra colonial.
"Como eram eles que comandavam os soldados nas três frentes de batalha, tinham a noção de que a guerra estavam longe de estar ganha, até pelo apoio que os povos africanos, a viver em más condições em muitas regiões, davam aos movimentos de libertação."
Angola e Moçambique, continuavam num impasse e "a Guiné estava quase toda controlada pelo PAIGC."
Em dezembro de 1973, o grupo mandatou "Vasco Lourenço, Vítor Alves e Otelo Saraiva de Carvalho como Comissão Coordenadora para planear um golpe militar." O caso das manifestações em Moçambique chegou ao conhecimento do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), Costa Gomes, e foi abordado por Vasco Lourenço e Otelo em reunião com António de Spínola, o vice-chefe do EMGFA." António Spínola, publicaria em 1974, pouco tempo antes da revolução, um livro que seria, à época, bastante esclarecedor e polémico.
A 5 de março de 1974, numa reunião clandestina, foi criado o "Manifesto dos Capitães, de que Melo Antunes era um dos autores. Esse documento deixava clara a politização do movimento, passando a defender-se o fim da guerra colonial e uma solução negociada para a independência dos povos africanos, o desmantelamento do regime e a implantação de uma democracia de tipo ocidental, o prestígio das forças armadas e o fim do isolamento de Portugal."
"Marcello Caetano, consciente do mau estar entre as forças armadas, convocou os generais para uma sessão de apoio ao governo, a 14 de março de 1974." Esta reunião chamar-se-ia de "Brigada do Reumático", não tendo comparecido Costa Gomes nem António Spínola, que foram exonerados dos cargos por Marcello Caetano Caetano. Este facto, apenas aumentou o seu "prestígio junto do Movimento dos Capitães."
"A 16 de março de 1974 houve uma tentativa, falhada, de golpe militar nas Caldas da Rainha" e que ficaria conhecida como a "Intentona das Caldas." A coluna, "comandada pelo major Armando Ramos" tinha saído do Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha e seguiu até "às portas da capital." Deviam ter recebido apoio de outras forças, como Lamego, Mafra e Vendas Novas, mas nenhuma apareceu. Sem sinais do apoio esperado, a decisão foi "abortar o golpe e regressar ao quartel. Foi só depois de chegarem às Caldas que foram cercados pelas forças fiéis ao regime, vindas de Leiria e de Santarém." Por volta das 17 horas e "após várias horas de negociações, os revoltosos renderam-se."
Fontes:
https://ensina.rtp.pt/artigo/levantamento-militar-nas-caldas-da-rainha/
https://ensina.rtp.pt/explicador/as-motivacoes-do-golpe-militar-de-25-de-abril-de-1974/
No dia 24 de abril de 1974, o país viveu o seu último dia de um regime fascista e ditatorial.
Durante quase quarenta anos, os portugueses viam grandes projetos cair principalmente devido à grande dependência petrolífera. A agricultura empobrecia cada vez mais, levando muitos cidadãos nacionais a fugir, a grande maioria clandestinamente, para outros países da Euroca, como a França, a Suíça ou a Alemanha.
Lisboa estava repleta de barracas. Muitas zonas do país, sacudidas pelo sismo de 1969, ainda estavam em ruínas e até hoje se esconde o verdadeiro número de vítimas. A educação não chegava a todos, existindo uma enorme exclusão social. Em Portugal havia fome.
Mas ainda hoje, precisamos relembrar o que era a vida antes de 25 de Abril de 1974, para que não se "deseje" voltar a esses tempos. Antes da revolução não havia turmas mistas de alunos nas escolas, as professoras davam aulas às meninas e os professores aos meninos. Por vezes, estavam em escolas diferentes - como acontecia por exemplo em Sesimbra, onde os meninos frequentavam a escola Conde Ferreira, junto ao Jardim, e as meninas frequentavam as aulas no edifício onde hoje funciona o pré escolar da vila. Nas aldeias ou em sítios onde as escolas eram mais pequenas, as meninas frequentavam a escola de manhã e, os rapazes, de tarde.
Às meninas estava vedado o uso de calças! Era hábito, quando os alunos não aprendiam ou se portavam mal serem castigados. Nas salas de aula havia uma palmatória ou réguas grossas de madeira. Alguns professores usavam uma cana de bambu para bater nos alunos. Havia também as “orelhas de burro”, que eram colocadas na cabeça do aluno, estando este, muitas vezes, virado para a janela, para ser visto por quem passava, como forma de humilhação.
Bem, as escolas eram locais muito formais onde se tinha de obedecer a muitas regras e nos manuais escolares, estavam expressos alguns dos ideais da ditadura. Nesta época era obrigatório o ensino da Religião Católica. Por esse motivo, em todas as salas havia um cruxifixo e os alunos rezavam, além de no início das aulas, cantarem o hino nacional, que tinham de saber de cor! O regime assentava em três princípios fundamentas: Deus, Pátria e Família. E isso refletia-se no ensino. Apesar do ensino obrigatório contemplar a 4ª classe e exigir a realização de um exame, muitas crianças não chegavam sequer a ir à escola e iam trabalhar muito novas para ajudar em casa.
Em algumas cidades, para as famílias que tinham poder económico para manter os filhos a estudar, a opção eram os liceus. Nestes, aperfeiçoavam-se as matérias que se tinham aprendido até à 4ª classe, mas também se aprendiam outras matérias, como o francês, o inglês, a história universal, as ciências... Estes alunos, se passassem nos exames a que eram sujeitos, podiam depois ir para a universidade.
Os alunos que queriam continuar a aprender mas não tinham tanto poder económico, seguiam muitas vezes para as escolas industriais e comerciais, onde se aprendiam diversos (serralheiro, eletricista, contabilista, dactilógrafa...). Além destas escolas, também haviam escolas agrícolas.
Não era permitido fazer greve nem sequer protestar! Se meia dúzia de pessoas se juntassem para discutirem ideias, eram presas. Era proibido festejar-se o Dia do Trabalhador...
Para uma mulher ser professora, o pai ou o marido tinham de assinar uma autorização. Se quisessem saír sozinhas do país, "todas as mulheres casadas precisavam da autorização do marido." As "enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se podiam casar."
Mas havia algo muito pior... a guerra colonial. Desde abril de 1961 que o estado mandava os seus jovens para as colónias em África (que para que Salazar ficasse bem na fotografia europeia, passou a chamar de "Províncias" como se Portugal se salpicasse como país por aqui e por ali) onde morriam e matavam, por uma causa sem sentido. Esta era uma guerra que, para muitos, nunca iria ter solução, e muitos dos países da ONU "reclamavam a independência das colónias de África," aprovando "sucessivas moções contra Portugal." Foram milhares os mortos nessa guerra! E como em todas as guerras, ambas as partes acusavam a outra pelos ataques, escondendo verdadeiros massacres que ainda hoje envergonham o nosso país.
Recomendo o visionamento de:
https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/
https://www.rtp.pt/play/p3445/e285330/mulheres-de-abril
Fontes:
https://lisboasecreta.co/como-era-viver-antes-do-25-de-abril/
https://observador.pt/opiniao/os-50-anos-do-25-de-abril/
https://media.rtp.pt/50anos25abril/rtp-memoria/
https://a25abril.pt/arquivos-historicos/filmes-e-documentarios/
Em primeiro lugar, permitam-me dizer que eu, não estou do lado de nenhum dos dois, e quando aqui coloco como título "de que lado estamos" estou a clocar o enfoque na União Europeia e na "nossa" posição como país, nesse âmbito.
Analisar estes factos não é fácil, porque estou desde logo a falar de culturas e de ideologias diferentes daquelas com as quais me identifico. Afinal, qual a posição das nações e como é que Portugal se está a posicionar no meio destes conflitos? Penso que Portugal vai na onda da maioria, mas aquilo que todos queríamos é que este conflito tivesse um fim...
E o que é que se passa nesta tríade - Israel, Irão e Palestina? Sabemos que o ataque do Hamas a 7 de outubro foi um ato terrorista que veio abalar a segurança de Israel, resultando na morte de perto de 1400 pessoas e em muitos reféns. Israel, atacou a Faixa de Gaza, com a principal intenção de acabar com o Hamas e recuperar os reféns. O Hamas é apoiado pelo Irão através de grupos como o Hezbollah, O Irão fornece a maioria do armamento de que o Hamas dispõe, colocando assim o Irão na linha direta de ataque de Israel. Apesar do Irão ter negado a sua participação no ataque de 7 de outubro, há sempre a questão da origem das armas utilizadas.
Como está mais do que percebido, os ataques das tropas israelitas, estão a destruir edifícios residenciais, hospitais, escolas e, até, centros de refugiados, com a desculpa de que nesses locais estão homens do Hamas. Mas também se diz que é verdade que os membros deste grupo, usam a população civil como escudo humano. Assim, como é possível que se esteja a debater quem é no meio disto tudo tem razão! Acho que, na verdade, estamos impotentes e que estamos todos a aguardar qual será o próximo ataque, para depois apoiarmos os civis, de um lado ou do outro, minimizando da forma que for possível, os danos causados. E é isto que é triste! Esta impotência!
O primeiro-ministro israelita coloca-se contra todos os países que vêm defender os palestinianos ou mesmo contra aqueles que defendem um cessar-fogo. Sabemos também que, apesar de não haver consenso dentro da União Europeia, uma coisa é certa, os resultados atingidos por Israel ficam muito aquém dos seus objetivos e colocaram a Palestina numa crise humanitária sem precedentes naquela zona.
Enquanto a União Europeia se esforça "por controlar uma potencial retaliação israelita e evitar uma escalada ainda maior," Netanyahu já veio por diversas vezes dizer que já estariam aprovados "planos para uma operação militar no sul de Gaza."
Na terça-feira, dia 16, os 27 ministros dos Negócios Estrangeiros da UE realizaram por videoconferência "uma reunião extraordinária do Conselho," na qual discutiram "a resposta coletiva à escalada, vista como um ponto de inflexão no conflito no Médio Oriente." Apesar de muitos se terem colocado do lado de Israel, ninguém quer que este conflito escale. Reino Unido e França, estão de facto do lado dos EUA e reconhecem "o direito do Irão a uma resposta ao ataque ao seu consulado" em Damasco, na Síria. As forças destes três Estados participaram de forma ativa "na interceção do ataque iraniano" a Israel, abatando vários dos drones lançados contra o país. Mas Israel, deve retaliar?
Se Israel retaliar, o conflito irá complicar-se. O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ameaçou que “se o regime sionista fizer a mais pequena invasão" contra o Irão, "os israelitas podem ter a certeza de que enfrentarão uma resposta agressiva e em larga escala”. Mas Israel (cuja população é composta na sua maioria - mais de 75% - por judeus) já atacou diversos alvos do Hezbollah, grupo que é apoiado pelo Irão (regime islâmico).
Os EUA são os principais fornecedores de armamento a Israel e é em parte esse armamento que tem destruído a faixa de Gaza. Apesar de, quando a 9 de abril, Netanyahu afirmou que já existia "uma data para o início das operações militares em Rafah," os Estados Unidos da América terem avisado que não apoiariam qualquer operação que visasse um ataque à "cidade do sul da Faixa de Gaza," parece que afinal agora voltaram com a palavra atrás. Se antes pareciam preocupados com os quase 1,5 milhões de palestinianos que estão encurralados em Rafah, agora parecem ver esse ataque como um mal menor, desde que se evite uma propagaçaõ da guerra contra outros países.
Numa declaração das autoridades egípcias, a um meio de comunicação do Catar, é hoje dito que os EUA "aceitaram o plano de Israel para avançar com uma ofensiva em Rafah, em troca de não retaliar contra o Irão." Ou seja, será que estou a ler bem? Desde que fiquem dentro daquelas fronteiras, não há problema em apoiar ataques contra milhões de civis que neste momento, nem comida nem água têm?
Segundo informações de órgãos de comunicação internacionais, "pelo menos quatro batalhões do Hamas estão em Rafah, preparados para o início da ofensiva". Em Rafah podem estar escondidos "vários líderes do Hamas" mas também é possível que estejam "reféns israelitas". Mas... e os quase 1,5 milhões de palestinianos que lá estão encurralados?
Ontem, quarta-feira, no decorrer da reunião entre os 27 estados da UE ficou decidido que iriam ser reforçadas as sanções contra o Irão, depois do ataque de sábado. Ao isolarem o Irão, estes estados, esperam conseguir "avançar no sentido de um processo de paz" na região. Mas em parte, alguns dos países que também estão representados na ONU, defendem que "os líderes europeus devem tomar medidas mais concretas contra Israel, incluindo a revogação do reconhecimento diplomático e a aplicação de sanções específicas a funcionários do governo." Ainda há poucos dias, isto foi defendido pela Irlanda e pela nossa vizinha Espanha. Manu Pineda (eurodeputado espanhol) veio afirmar que é "vergonhoso que a União Europeia continue a comprar e a vender armas a Israel, que estão a ser utilizadas em combate e que estão a cair sobre as cabeças das crianças palestinianas na Faixa de Gaza."
Fontes:
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