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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
O Haiti fica numa das várias ilhas localizadas na zona central do continente americano, tendo passado pela "colonização europeia, ocupações pelos Estados Unidos e escravidão," mas entre "revoluções" e conflitos, é, desde 1804 um país independente. Da sua história faz parte, a sua "descoberta" por Cristovão Colombo que "chegou à ilha que hoje abriga o Haiti e a República Dominicana em dezembro de 1492," tendo à época este território ficado sob o controlo da Coroa espanhola. Assim sendo, "Colombo batizou a ilha de A Hispaniola," e aos seus habitantes, nativos, o navegador chamou "índios." Perdido o interesse dos espanhóis, que entretanto tinham descoberto territórios mais ricos, a ilha começou a ser disputada por "piratas ingleses, holandeses e franceses."
No ano de "1665, a França" deu-lhe "o nome de Saint-Domingue," e cerca de 30 anos depois, a capital espanhola "cedeu formalmente um terço de A Hispaniola ao governo francês." Sob domínio francês, a ilha prosperou e em 1789, "75% da produção de açúcar do mundo vinha de Saint-Domingue, assim como grande parte da riqueza e glória da França. A chamada pérola das Antilhas produzia também café, tabaco, cacau, algodão e índigo." Em 1791, depois da Revolução Francesa, um homem "de origem jamaicana chamado Boukman liderou uma revolta numa grande plantação." Nessa revolta, os escravos que até aí tinham sofrido imensas brutalidades, "destruíram as plantações e executaram todos os brancos que viviam na região." Nos anos seguintes, a guerra civil não se fez esperar e "entre fevereiro e abril de 1804 ocorreu o chamado Massacre do Haiti," no qual morreram entre 3 a 5 mil "mulheres e homens brancos de todas as idades." Esta longa luta, apesar de lhes ter trazido a independência, teve custos elevados. Além da destruição da "maioria das plantações" e das infraestruturas do país, também os custos humanos foram enormes: "calcula-se que das 425 mil pessoas escravizadas, tenham sobrado apenas 170 mil em condições de trabalhar para reconstruir o país."
Em 1825, "o então presidente do Haiti, Jean-Pierre Boyer, assinou um acordo com o rei" francês em que era prometido ao Haiti o "reconhecimento diplomático pela França em troca de uma redução de 50% das tarifas alfandegárias às importações francesas e uma indenização de 150 milhões de francos." Este acordo foi assinado porque, caso o governo haitiano não o assinasse, "o país não só continuaria isolado diplomaticamente como seria cercado por uma frota de embarcações de guerra francesas que estava na costa haitiana." O Haiti acabaria por fazer um empréstimo através de um banco também ele francês e demoraria 122 anos a pagar a dívida!
Em 1844, o lado leste da ilha declarar-se-ia "definitivamente independente do oeste, formando a República Dominicana."
Com um clima tropical, o Haiti está localizado numa zona problemática ao nível climático, sendo fustigado muitas vezes por furacões que destroem sucessivamente as estruturas habitacionais de uma população empobrecida por sucessivos governos ditatoriais e guerras civis, mas também sofre por sucessivos anos de seca que em algumas zonas da ilha acabam por reverter em grandes incêndios e na destruição das fontes de subsistência da população.
"Desde fevereiro de 2004, o Haiti sofre intervenção de forças militares da Organização das Nações Unidas (ONU)." Em 2010, foi notícia por ter sofrido um forte sismo que destruiu a maior parte do território, em especial Port au Prince (ou Porto do Príncipe) e que matou cerca de 120 mil pessoas.
Num país com baixo índice de desenvolvimento humano e em que menos de metade da população é alfabetizada, o Haiti tem uma economia nacional pouco desenvolvida e baseada em atividades do setor primário." O principal produto de exportação é o açúcar, o país também cultiva manga, banana, milho, entre outros." O Haiti foi considerado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, como "o país mais pobre da América e um dos mais pobres do mundo."
É a ONU que no fim de fevereiro vem reforçar o alerta para "o crescimento no número de violações sexuais." Ulrika Richardson, coordenadora das Nações Unidas diz mesmo que em 2023 se verificou "uma degradação muito acentuada da insegurança, com assassínios, linchamentos, violações e outras formas de violência sexual, sendo que 2024 deu continuidade a essa “tendência trágica”. Acrescenta ainda Ulrika que “as pessoas estão a ser sujeitas a violações muito brutais dos seus direitos humanos e estão sujeitas a formas muito brutais de violência sexual, incluindo violação coletiva."
Em relação à insegurança alimentar, a porta voz da ONU alerta para o aumento dos níveis de subnutrição, que têm sido mais acentuados nas crianças e nas mulheres grávidas, provocado sobretudo pelo "agravamento da insegurança no Haiti" que "mantém os preços das matérias-primas acima da média, nomeadamente devido à escassez de produtos alimentares básicos nos mercados devido a perturbações nas cadeias de abastecimento."
Os ataques dos gangues têm vindo a aumentar neste território. “Em 2023, a violência perpetrada por gangues armados contra a população haitiana continuou a espalhar-se no país, atingindo áreas rurais isoladas à medida que a presença do Estado diminuiu," segundo afirmações da ONU. Estes ataques não são só entre grupos rivais, mas tratam-se também de grupos violentos que atacam "hospitais, escolas e locais de culto."
Segundo uma notícia avançada pela BBC, no último domingo, o governo do Haiti terá decretado "o estado de emergência" e o "recolher obrigatório" na capital, Porto do Príncipe, devido à “deterioração da segurança” e "aos ataques a duas prisões por bandos armados." No sábado, "grupos armados invadiram" a "Penitenciária Nacional" tendo resultado na morte de "12 pessoas" e na fuga de cerca de "4000 presos."
Segundo algumas versões que têm vindo a ser apresentadas, "o objetivo destes gangues é ganhar força antes da chegada ao Haiti da missão multinacional de apoio à segurança, que será liderada pelo Quénia." Isto acontece depois de na passada sexta-feira, o Quénia e o Haiti terem assinado "em Nairobi, um acordo bilateral solicitado pelos tribunais do país africano, para permitir o envio de um contingente de mil polícias." Esta missão multinacional foi aprovada em outubro passado pela ONU e será liderada pelos quenianos.
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46721129
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