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O contexto da situação política, económica e social da Rússia, é um tema, só por si, de uma grande complexidade. A atual Rússia nasce da Guerra Fria. Ainda hoje, é um país em tensão política, com uma ideologia que muitas vezes não aceitamos e com o qual a maior parte não se identifica.

Vamos voltar um pouco atrás na história. A Guerra Fria, foi um período histórico que sucedeu à Segunda Guerra Mundial e que durou entre 1947 e 1991. A Segunda Guerra Mundial, terminou com a vitória dos Estados Unidos e da URSS. Apesar de aliadas, estas grandes potências tinham óbvias diferenças ideológicas que levaram a que pouco tempo depois entrassem numa grande "tensão militar que se manteve até ao princípio dos anos noventa do século passado." e que ficou conhecida como Guerra Fria. Neste período opunham-se assim o Capitalismo Liberal e o Socialismo Soviético.

Depois da Segunda Guerra, o "crescimento económico soviético foi rápido" mas a partir dos anos 80, começam a ser visíveis os vários problemas que o afetam. O secretário-geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbatchev, aplica uma" política de abertura económica e política" que desencadeou várias "mobilizações pela independência de povos minoritários no país." Perante esta situação, e "sob pressão externa e atravessando uma crise económica, o governo central concordou com a reorganização do país numa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conferindo maior poder às administrações locais." Neste período de reconstrução que foi chamado de Perestroika, entre outras medidas Gorba"chev sentiu que a União Soviética deveria: desocupar o Afeganistão, negociar com os Estados Unidos a redução de armamentos nucleares (Corrida armamentista) e o abandono da possibilidade de interferência nos países comunistas da Cortina de Ferro (a Doutrina Brejnev)."

No entanto, esta reforma acaba por falhar e uma das "razões citadas para esse fracasso foi o insucesso na promoção e criação de entidades económicas privadas e semi-privadas e a indisposição de Gorbachev em relação a uma reforma na agricultura soviética." A implementação da Perestroika, fez com que a pobreza aumentasse "e os benefícios sociais" desapareceram "como os subsídios e descontos fiscais", o que levou ao descontentamento da população. Este programa fez também "com que os preços subissem, as taxas de juro aumentassem," se implementassem novos impostos, "os benefícios fiscais à indústria foram cortados, e o sistema de saúde soviético desapareceu."

Em "agosto de 1991, um golpe de estado depôs Gorbachev por três dias." Depois deste golpe de estado, "as pessoas aplaudiram o presidente da República Socialista Federativa Soviética da Rússia (RSFSR), Boris Iéltsin, por suspender o PCUS (Partido Comunista da União Soviética) no momento da investigação, apesar dos protestos do presidente soviético Mikhail Gorbachev, que insistiu que o partido, como um todo, não era o culpado pelos eventos." Algumas semanas depois, a União Soviética rompe-se de forma aparentemente pacífica. No dia 6 de Novembro de 1991, Iéltsin proibiu o Partido Comunista da União Soviética. A "26 de Dezembro de 1991," depois da Gorbachev ter renunciado à presidência da URSS, a sua dissolução foi declarada. A "sua maior república constituinte, a RSFSR, foi renomeada Federação Russa" e formalmente estabelecida a "1 de Janeiro de 1992" tendo-se tornado "o estado sucessor da União Soviética."

O Partido Comunista da Federação Russa foi restabelecido em Fevereiro de 1993. As pessoas que tinham sido detidas "por participação na tentativa de golpe de Agosto de 1991 foram libertadas da prisão em 1992 e as acusações foram anuladas sob anistia pela Duma Federal," em 1994. Este partido tem por base os ideais da filosofia marxista-leninista, tornando-se "o segundo maior partido político da Federação Russa depois da Rússia Unida." Os seus objetivos são principalmente: estabelecer uma nova forma de "socialismo na Rússia," através da "nacionalização dos recursos naturais, agricultura e grandes indústrias no quadro de uma economia mista que permite o crescimento de pequenas e médias empresas no sector privado."

"O partido sofreu um forte declínio nas eleições legislativas de 2003, passando de 113 para 52 assentos" parlamentares. 

Entretanto, surge no panorama russo, Vladimir Putin. Em 1975, com apenas "23 anos de idade e recém-graduado no curso de Direito, ingressa no Comité de Segurança Nacional, o KGB", onde fica durante 16 anos. A partir de 1977, Putin "passa a trabalhar no setor de contrainteligência no departamento investigativo do KGB de Leningrado."

Em 1985, especializa-se em inteligência estrangeira, aprendendo alemão, e entre 1985 e 1990, trabalha "em Dresden, na Alemanha Oriental, chefiando o departamento de fronteiras," onde ascende "ao posto de tenente-coronel antes de renunciar em 1991 para iniciar uma carreira política em São Petersburgo." É em 1996 que se muda para Moscovo "para ingressar na administração do presidente Boris Yeltsin," tendo servido "brevemente como diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB) e depois como secretário do Conselho de Segurança da Rússia antes de ser nomeado primeiro-ministro em agosto de 1999." 

Após Yeltsin ter renunciado ao cargo, Putin assume as funções de "presidente interino e, em menos de quatro meses, foi eleito para o seu primeiro mandato como presidente." Em 2000, como forma de consolidar o seu poder, "Putin anunciou um decreto que dividia as 89 subdivisões da Rússia em 7 distritos federais, de forma a facilitar a administração do país." Depois disto, acabou por ser "reeleito em 2004", mas não foi um mandato sem preocupações. Nesse mesmo ano, o "massacre de Beslan, ocorrido em setembro", levou a que centenas de civis fossem assassinados e "fez com que sua popularidade caísse, devido às críticas à sua postura tomada contra os rebeldes chechenos. Foi até mesmo acusado de ter comandado o atentado, de forma a justificar a repressão contra os terroristas."

Entre 2008 e 2012, volta a ser primeiro-ministro do país, "no governo de Dmitry Medvedev", uma vez que "devido às limitações constitucionais de dois mandatos presidenciais consecutivos, Putin" na altura não poderia voltar a ser eleito como presidente.

Em 2012, volta então a ser eleito presidente da Federação Rússia, "após uma eleição marcada por denúncias de fraudes e protestos," seguindo-se uma nova reeleição "em 2018. Em abril de 2021, depois da realização de um referendo," Putin adapta a Constituição de forma a lhe ser permitido "concorrer à reeleição mais duas vezes." É este o motivo para que neste momento ele possa ser novamente candidato. Durante os seus sucessivos mandatos "Putin liderou a Rússia num conflito contra os separatistas chechenos, restabelecendo o controle federal sobre a região. Enquanto servia como primeiro-ministro no governo Medvedev, supervisionou um conflito militar com a Geórgia e promulgou reformas militares e policiais. No seu terceiro mandato presidencial, a Rússia anexou a Crimeia." Entretanto, ordenou também "uma intervenção militar na Síria para apoiar o seu aliado Bashar al-Assad durante a Guerra Civil Síria, garantindo bases navais permanentes no Mediterrâneo Oriental."

E neste momento, é sob a sua liderança que, tal como todos sabemos, a Ucrânia está a ser atacada. "Em março de 2023, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra relacionados com a sua alegada responsabilidade criminal por raptos ilegais de crianças durante a guerra ucraniana." Tem sido também fortemente acusado de promover na Rússia uma cultura de medo e de restrição da liberdade de imprensa, entre várias outras liberdades e direitos.

 

Fontes:

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-guerra-fria-a-nova-ordem-mundial-do-pos-guerra/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dissolu%C3%A7%C3%A3o_da_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica

https://pt.wikipedia.org/wiki/Perestroika

https://pt.wikipedia.org/wiki/Descomuniza%C3%A7%C3%A3o_na_R%C3%BAssia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Putin

 

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