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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Não há infância em Gaza. Há muito que lhes foi retirado o direito de brincar sem medo, de dormir tranquilo... A infância já foi perdida há muito, não foi hoje, nem ontem, numa região onde quase caiem mais bombas que chuva! Estas crianças morrem dos bombardeamentos, morrem fuziladas, morrem de fome, de doenças e de graves infeções. Muitas vezes, morrem sem os pais, sem família, sem ninguém que as chore, ou porque também eles tiveram o mesmo destino ou porque nem sequer sabem onde elas estão.
Devido às mortes constantes, algumas famílias tentaram arranjar forma de identificar as suas crianças caso estas sejam mortas e não seja possível identificá-las, ou caso sejam levadas para uma vala comum. Assim, "colocam pedaços de tecidos coloridos em redor dos pulsos das crianças ou escrevem o nome nos braços e nas pernas."
"A 29 de janeiro, Bashar, de 44 anos, e a mulher, Anam, de 43 anos, puseram os quatro filhos e a sobrinha no carro, depois de o exército israelita ter ordenado a evacuação do bairro de Tel Al Hawa, em Gaza." Hind Rajab tinha apenas 5 anos e ia nesse carro quando um tanque os atingiu com rajadas de tiros. A menina, ficou viva e pegou no telemóvel que a prima, de 15 anos, tinha usado para ligar para a ajuda do Crescente Vermelho Palestiniano, para implorar que a viessem buscar. Nas horas seguintes, conseguiram manter-se em contato com a menina e encontraram até forma de ser autorizada uma "passagem segura" para que uma ambulância a fosse buscar. A mãe chegou a estar em contato com a menina, sem poder fazer nada para a ajudar. Ao fim do dia, os tripulantes da ambulância informaram que estava a acontecer um “tiroteio pesado", informaram "que conseguiam ver o carro onde estava Hind e avisaram que estava apontado um laser à ambulância." Ao mesmo tempo, noutra chamada Hind continuava a pedir que a fossem buscar. "Ambas as chamadas caíram. Durante 12 dias, não foi possível saber o que aconteceu."
Doze dias depois, a ambulância com os seus dois tripulantes foi encontrada completamente destruída e com dois corpos carbonizados lá dentro. No carro, a pequena Hind jazia também morta "rodeada pelos cadáveres de seis familiares."
Num outro ataque, entre tantos, cerca de 30 pessoas morreram mas, nove dias depois, ainda foi possível retirar um menino com vida dos escombros! Desidratado e subnutrido, foi levado para um "hospital numa carroça, já que não há combustível na Faixa de Gaza." Espera-se que sobreviva agora, depois da sua dura provação e de ter perdido toda a família. Mas quantos como ele poderiam estar vivos e acabado por sucumbir por falta de ajuda?
Continuar com os hospitais abertos e com ambulâncias na rua é um ato heróico para quem o faz. Os meios de socorro estão constantemente a ser atacados, sem dó nem piedade. Esta quarta-feira, "os hospitais Kamal Adwana e Al-Awda, ambos localizados no Norte da Faixa de Gaza, anunciaram a suspensão total dos seus serviços." Já serão até agora pelo menos dez, as crianças que morreram em hospitais daquela área "devido à desnutrição e desidratação" nos últimos dias. Muitas crianças morrem no chão dos hospitais, sem que nada possa ser feito para as salvar. Há a vontade, mas falta tudo o resto.
O que o Hamas fez em Israel não tem perdão. O que Israel está a fazer em Gaza, também não. Uma ação não pode desculpar a outra, quando quem mais sofre são os bebés e as crianças.
Fontes:
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