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A indignidade humana

por Elsa Filipe, em 02.03.24

Quando olhamos de longe a guerra entre Israel e a Palestina, não nos apercebemos das atrocidades que têm vindo a ser cometidas naquele território. Não me interessa debater muito sobre as razões do conflito, sobre quem atacou quem primeiro, nem sequer sobre quem é o proprietário dos terrenos. Mas o que está ali a acontecer é pior que animalesco. Não há palavras que descrevam as constantes notícias que vão chegando e não consigo ficar alheia ao sofrimento de quem, já só quer, sobreviver.

Israel conseguiu acabar com a dignidade destas pessoas, tirando-lhes o mais básico: casa, água, aquecimento e comida. Deixar um povo à fome e sem acesso a água potável é dos piores crimes que se pode cometer. Volker Türk, alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, já veio dizer que em Gaza, "quase todos estão a beber água salgada e contaminada." E isto de facto é assustador, porque é baixar ao desespero a incapacidade de, pelo menos, permitir que os seus filhos sobrevivam. Alerta também Volker Türk que faltam "cuidados de saúde em todo o território" impedindo que "os feridos" e todos os que já sofrem "de surtos de  doenças infecciosas" possam ser tratados.

Tem sido quase impossível "fazer chegar a ajuda humanitária por via terrestre," e depois da morte de cerca de 118 pessoas e mais de 760 feridos que foram atacados quando estavam a tentar aceder a comida trazida por camiões de ajuda humanitária, "vários países têm usado a via aérea para entregar comida e água à população." Mas esta não pode ser a solução. Daniel Hagari, recusa a acusação de que o comboio de ajuda humanitária tenha sido atacado propositadamente pelos soldados israelitas. Já o Serviço Europeu para a Ação Externa, atribuiu a "responsabilidade por este incidente" às "restrições impostas pelo exército israelita" e às "obstruções impostas por extremistas violentos ao fornecimento de ajuda humanitária”.

Os ataques são de tal ordem que os hospitais estão sem capacidade para tratar quem lhes chega. Há falta de medicação, de analgésicos e de anestesias. As pessoas - adultos e crianças - chegam a ser amputados sem recurso a anestesias, tal como se fazia na época medieval. Muitos não sobrevivem.

Israel atacou hoje uma "tenda num acampamento em Rafah, que abrigava várias pessoas desalojadas." Entre os 11 mortos, estão dois profissionais de saúde. E dos 50 feridos, muitos são crianças. Por favor, parem com isto!

Fontes:

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-02-29-Ataque-israelita-a-Gaza-mata-mais-de-100-pessoas-que-aguardavam-por-ajuda-humanitaria-bcc4aa0b

https://observador.pt/liveblogs/tres-elementos-do-hezbollah-morreram-em-ataque-com-misseis-no-sul-do-libano/

 

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publicado às 21:52


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