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As armas nas mãos erradas

por Elsa Filipe, em 30.04.23

Setúbal, perto do Bairro da Bela Vista, o bairro Azul, acorda com tiros de caçadeira. Cedo, aproveitando as primeiras horas da manhã, um homem regava a sua horta, enquanto dois amigos esperavam a chegada de uns pombos. Os cães do atirador estariam a ladrar, entusiasmados com as movimentações que por ali se faziam sentir, talvez. O que se terá passado, as palavras proferidas, só eles terão sabido, o atirador matou os dois colombófilos e ainda o homem que regava a horta ali perto. Depois, disparou uma última vez e terminou com a sua própria vida. Em pouco tempo, se perderam quatro vidas e porquê? Por pombos? Pelo barulho do ladrar de uns cães?

Sem acesso a armas, teria a discussão ficado em palavras, talvez uns empurrões e umas ofensas verbais. Quatro mortos, não seriam de certeza. Valentes as pessoas que acorreram a ajudar e que nem se aperceberam na altura que também podiam ter sido vítimas deste homem, ainda de arma em punho e aparentemente, já sem nada a perder.

Segundo o site Notícias ao Minuto,  "as autoridades depararam-se com quatro corpos e uma arma, que foi, entretanto, apreendida."

Mais tarde, já com algumas informações adicionais, esclareceu-se que a idade do atirador, Cesário, seria de 65 anos, e embora inicialmente se desconhecessem os motivos, dava-se a conhecer para as câmaras que já haveria divergências entre os homens por causa dos terrenos e da criação dos animais e que Cesário, já tinha ameaçado os vizinhos. Embora outros dissessem para as câmaras que ele era um homem pacato, que já tinha trabalhado numa escola e que morava ali numas barracas, as opiniões começavam a divergir conforme se iam sabendo mais informações.

Crimes cometidos sem que percebamos os motivos são muitos pelo mundo fora, mas basta-nos olhar para as notícias do nosso país e vamos perceber que o uso de armas para defender terrenos e para defender a "honra" ainda é muito comum. Infelizmente, ainda é hábito empunhar-se uma caçadeira, levando-a para uma discussão! 

 

Fontes:

https://www.noticiasaominuto.com/pais/2310692/desentendimento-sobre-pombos-levou-a-tiroteio-em-setubal-o-que-se-sabe

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/desentendimentos-antigos-na-origem-das-quatro-mortes-em-setubal

 

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publicado às 22:06

Apoiando-se na sua própria interpretação da Bíblia, uma seita no Quénia, levava os seus seguidores a fazer um jejum forçado e mortal. As autoridades do Quénia procuram em valas comuns na floresta de Shakahola, no norte do país, onde há cerca de uma semana 90 corpos foram descobertos. Em Malindi, outros 17 corpos foram localizados em várias sepulturas. As autopsias posteriormente realizadas aos corpos de nove crianças, com idades compreendidas entre 1 e 10 anos, e de uma mulher, revelaram que as mortes foram causadas por fome e asfixia.

"Isto foi um abuso do direito fundamental de liberdade com o suposto uso da Bíblia para matar e causar um massacre. Aqueles que exortavam os outros a jejuar e morrer, comiam e bebiam e pretendiam prepará-los para encontrar o criador", declarou o Ministro do Interior do Quénia, Kithure Kindiki, no final de uma visita à região.

210 pessoas estão dadas como desaparecidas, entre elas 112 menores, possivelmente ligadas à seita autodenominada Igreja Internacional da Boa Nova. O líder, o alegado padre Paul Makenzie Nthenge, foi preso e acusado a 14 de abril, depois de duas crianças terem morrido à fome quando se encontravam ao cuidado dos pais, que seguiam as suas "obrigações" religiosas. Várias pessoas foram também resgatadas, na floresta de Shakahola, onde estavam escondidas. O número de vítimas pode aumentar enquanto se explora a região e se vão descobrindo mais sepulturas e valas comuns.

Fontes:

https://cnnportugal.iol.pt/quenia/mortos/novo-balanco-indica-90-membros-de-seita-encontrados-mortos-no-quenia/20230426/6448cc2e0cf2cf92250432e0

https://cnnportugal.iol.pt/quenia/tragedia/quenia-quer-rever-regulacao-de-locais-de-culto-apos-tragedia-com-seita-religiosa/20230424/644625c90cf2cf922503e449

https://pt.euronews.com/2023/04/26/aumenta-o-numero-de-vitimas-do-jejum-fatal-de-um-culto-religioso-no-quenia

 

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publicado às 17:35

Pensar sobre causas... o conflito no Sudão

por Elsa Filipe, em 27.04.23

De manhã, tenho por hábito acender a televisão enquanto me despacho para ir ouvindo as notícias. Hábito que ganhei desde menina e que continuou quando, nas noites em que estava de turno, a televisão e, em especial, os canais de noticiários eram a minha companhia. Destas incursões matinais por aquilo que se passa pelo mundo fora, ficam muitas vezes guardadas em mim imagens e frases que depois ao longo do dia se vão continuando a repetir na minha mente. Escrever sobre elas acaba por ser um escape de emoções.

Hoje tenho andado atormentada pelas imagens da guerra no Sudão. Sim, o mundo "todo" parece estar em guerra há muito, muito tempo, tempo. Mas parece que nos últimos dias, se voltou a "acordar" para esta zona do globo, falando-se mais do conflito de ocorre na zona de Darfur (ou conflito do Sudão). Para tentar (um pouco ingloriamente) compreender o que se passa, decidi então fazer algumas pesquisas. 

Sudão tem uma história de conflitos entre o sul e o norte do país, que resultaram na primeira (1955-1972) e na segunda (1983-2005) guerras civis sudanesas (embora, para alguns, a primeira nunca tenha realmente acabado, apenas tenha havido um período de uma certa "paz" entre as partes). A segunda guerra civil, ocorreu quando o governo muçulmano do norte tentou impor a Charia em todo o país, inclusive no sul, onde a maioria da população é cristã e animista. Os conflitos deram-se maioritariamente na zona mais a sul do Sudão e foi uma das guerras mais longas e mais mortíferas do final do século XX, sendo o númro de mortos um dos mais altos do que qualquer guerra desde a Segunda Guerra Mundial.

Esta guerra termina após quase três anos de negociações, com a assinatura do Tratado de Naivasha a 9 de janeiro de 2005. Da assinatura deste tratado surgiu a região autónoma do Sudão do Sul.

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Existem três etnias predominantes na região: os furis (que emprestam o nome à região), os massalites e os zagauas, em geral muçulmanos da localidade ou seguidores de outras religiões.

Numa zona desértica da África Sub-Saariana, a combinação de décadas de secas, desertificação e superpopulação estão entre as causas do conflito do Darfur, onde os nómadas árabes bagaras, ao deslocarem-se em busca de água, levam os seus rebanhos de animais para o sul, onde estão terras ocupadas maioritariamente por comunidades agrárias.

A guerra entre fações arrasta-se desde 2003 e ainda ocorre nos dias atuais, com um saldo de milhares de mortos e milhões de refugiados, embora os números alarmantes não gerem tanta atenção e debate no âmbito político internacional.

Segundo a Organização das Nações Unidas, já morreram mais de 300.000 pessoas e 2,7 milhões tiveram de abandonar as suas terras e fugir para outras regiões, principalmente para o Chade, país vizinho localizado a oeste.

Depois da queda do presidente Omar Al-Bashir, em 2019, esperava-se uma transição para um regime menos dependente da influência militar e por isso os atuais combates apanharam de surpresa os habitantes de Cartum.

Em pouco mais de uma semana de guerra, terão morrido mais 400 civis. A vida desapareceu das ruas de Cartum e escondeu-se dentro das casas, cada vez mais permeáveis à violência dos combates e onde começam a escassear bens essenciais.

Os constantes conflitos, travados entre as forças regulares do exército sudanês e os combatentes da milícia paramilitar, refletem a oposição entre os dois generais mais poderosos do Sudão, que parecem ainda muito longe da mesa de negociações. No meio deste conflito, estão agora mais de cinco milhões de habitantes da capital sudanesa. Há falta do mais essencial para sobreviver: comida, água potável e eletricidade. Os habitantes de Cartum lutam já pela sobrevivência sob temperaturas próximas dos 40 graus e começaram a matar a sede com água retirada do rio Nilo.

Sem terem qualçquer expectativa de tréguas duradouras e com os combates a alastrar a outras regiões do Sudão, quem consegue, começa a abandonar o país, o terceiro maior do continente africano, temendo-se mais uma vaga de refugiados. O secretário-geral da ONU, António Guterres, garante que as Nações Unidas vão permanecer no país.

Segundo um comunicado do governo feito este domingo, o Ministério da Defesa juntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros nos esforços para a retirada dos portugueses retidos no Sudão, tendo a diplomacia portuguesa contactado "todos os cidadãos nacionais conhecidos".

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_de_Darfur

https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Civil_Sudanesa

https://sicnoticias.pt/mundo/2023-04-24-Conflito-no-Sudao-ja-matou-mais-de-400-civis.-O-que-se-passa-no-pais--825c4459

https://sicnoticias.pt/mundo/2023-04-23-A-guerra-civil-que-mergulhou-o-Sudao-numa-nova-tragedia-humanitaria-0825aadd

https://sicnoticias.pt/pais/2023-04-23-Ministerios-da-Defesa-e-dos-Negocios-Estrangeiros-trabalham-para-retirar-portugueses-do-Sudao-ff30624f

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/conflito-darfur.htm

 

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publicado às 09:30

Lagoa de Nafta

por Elsa Filipe, em 26.04.23

Infelizmente, espaços como estes existem há muito no nosso país e pouco "sabemos" deles. De quem são ou quem os gere é uma incógnita e os terrenos baldios continuam assim, atentando contra a saúde pública e o ambiente.

Foi o que aconteceu hoje e que já está a mobilizar muita gente - ante desconhecedora deste perigo - contra a lagoa onde descarregam produtos derivados de petróleo desde há muitos anos.

Segundo várias notícia na comunicação social e na página do IRA, que tenho por hábit acompanhar, hoje os Bombeiros Mistos do Concelho do Seixal e o próprio Núcleo de Intervenção e Resgate Animal (IRA) resgataram, esta quarta-feira, dois cães que se encontravam a afogar numa lagoa cheia de nafta, na zona de Vale de Milhaços, em Corroios. Contaram também com o apoio dos Bombeiros de Camarate com uma ambulância de salvamento animal. Um dos animais está em estado crítico e teve de ser estabilizado antes de serem encaminhados para um hospital veterinário.
Os dois animais têm o corpo coberto de uma massa pastosa, que será agora muito difícil de remover.

Segundo um requerimento do PCP para o Sr. Presidente da Assembleia da República, em 2009, deu-se conhecimento da existência de três locais onde foram depositados resíduos de
hidrocarbonetos em Corroios:

- "no antigo areeiro de J. Caetano, em Vale de Milhaços, numa depressão de terreno com cerca de O,5ha, transformada numa lagoa, encontram-se depositadas águas oleosas e outros resíduos de hidrocarbonetos";

- "na lagoa do antigo areeiro de Femando Branco em Sta Marta de Corroios, perto do cemitério municipal e a cerca de 400 metros do outro areeiro de Vale de Milhaços, encontra-se outra depressão com cerca de 350m2 preenchida com hidrocarbonetos";

- "e no poço da Quinta do Talaminho" foram despejados resíduos classificados como"naftas".

Segundo o mesmo documento, pode ler-se que "estes despejos foram denunciados junto das entidades competentes e foi dado conhecimento ao então Secretário de Estado do Ambiente, Sr. Eng. José Sócrates, a 28 de Maio de 2006, pela Câmara Municipal do Seixal" que "teve oportunidade de visitar o local, onde ficou decidido a resolução da questão."

"A 12 de Outubro de 1997 iniciou a extracção parcial dos resíduos de hidrocarbonetos na lagoa em Santa Marta de Corroios, executada pela empresa Quimitécnica e acompanhada pela DRARN/LVT, tendo sido interrompida no final de Outubro/inicio de Novembro de 1997, não voltando a ser retomada. Hoje, parte dos resíduos já se encontra soterrada."

E de 1997, até 2023 nada foi feito?

"Esteve também previsto intervenção na Quinta do Talaminho, mas não chegou a realizar-se."

Por aqui podemos ver que já havia conhecimento da parte da Câmara, dos partidos e do próprio governo desta situação, pelo menos desde 2005, pelo que já terá havido tempo mais do que suficiente para se fazer alguma coisa. De certo, outros animais já terão perdido a vida ali e quem sabe o que estará escondido naqueles locais.

Na ata 11/2018, de 30 de maio, pode ler-se que "a defesa do ambiente, nas suas múltiplas componentes, constitui um eixo estruturante da nossa ação." No entanto, nesta ata e após se referirem os vários passos positivos na defesa e proteção do ambiente, também se trocam acusações sobre o que há ainda a fazer em relação à Siderurgia Nacional em Paio Pires e às lagoas de hidrocarboretos em Corroios, entre outros aspetos que são discriminados como estando ainda a aguardar soluções. O assunto estava aqui em debate, mas em todo o caso ainda hoje não se encontra de todo resolvido.

Fontes:

https://www.noticiasaominuto.com/pais/2308315/caes-resgatados-de-areias-movedicas-em-corroios-um-em-estado-critico

https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063484d364c793968636d356c6443397a6158526c637939595355786c5a79394562324e31625756756447397a554756795a3356756447467a556d5678645756796157316c626e527663793878553077764e6a41334e3245314f5759744d7a466b4f4330304d6a5a694c546b30595745744f4459314e6d49304f575a6b4e4755354c6e426b5a673d3d&fich=6077a59f-31d8-426b-94aa-8656b49fd4e9.pdf&Inline=true

https://www.cm-seixal.pt/sites/default/files/editais/11_ata_rc_30maio2018.pdf

 

 

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publicado às 23:47

Liberdade

por Elsa Filipe, em 25.04.23

Feriado, cá para mim é raro ter descanso. Desde muito cedo me vi envolvida em atividades que serviam para marcar este dia. Fosse em galas e apresentações de ginástica, ainda em Sesimbra, fosse nas representações pela dança, pela fanfarra ou, como agora, através do Futsal, participando em torneios comemorativos ou organizando atividades para crianças.

Hoje fui buscar alguns jogos à arrecadação, levei balões e fui preparar uma manhã de jogos e brincadeiras destinada a crianças, no campo do CDRF. Apareceram um total de 27 crianças, que puderam desfrutar de várias atividades diferentes e os pais que também se envolveram e brincaram com eles, recordando algumas brincadeiras da sua infância, como a macaca, saltar à corda, ou o jogo do arco. Claro que não pode faltar o jogo de futebol, mas isso não foi o principal.

E hoje é 25 de abril e isso lembra-me que se, acaso ainda vivesses num regime ditatorial, hoje não poderia ter estado a almoçar com os outros colaboradores e organizadores deste pequeno evento, sendo eu a única mulher. Bem pensado, nunca poderia estar a treinar uma equipa de futsal e se quisesse ser professora teria de estar casada!

Oh que bom que eu posso passear sozinha, ir a um café ou a um bar se bem me apetecer! Que bom que pude tirar a carta e escolher conduzir! 

E que bom que é ter comigo tantas mães e pais que vieram dos PALOP para Portugal e que tanto me ensinam com a sua cultura e sabedoria, os seus costumes, a sua alegria!

 

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publicado às 18:56

Cantar Abril - o poder das canções

por Elsa Filipe, em 24.04.23

Este ano não vou sair de casa para ir ver um concerto, uma vez que aqui onde moro não me agrada particularmente (nem canda Abril). Sou uma pessoa de hábitos e há aqueles dias em que a música que me faz sentido é aquela que lhe associo.

Nestes dias, faz-me sentido ouvir as grandes cantigas portuguesas, boa música, poemas escritos por Ary dos Santos ou por José Niza, com os orquestramentos próprios dos grandes Festivais de então, ou aquelas músicas que se ligaram a este momento para sempre, como "Grândola, Vila Morena", de José Afonso e direcção musical de José Mário Branco.

Esta música foi utilizada como segunda senha da revolução e é, ainda hoje, a música que mais se identifica com o que aconteceu nesta data.

“Grândola, vila morena” foi anunciada aos 25 minutos do dia 25 abril de 1974 por Leite de Vasconcelos, no programa “Limite” da Rádio Renascença, confirmando aos muitos militares que esperavam atentos, que a Revolução estava na rua e que iriam de facto avançar na mobilização de forças para tomar pontos estratégicos especialmente na capital. Uma hora e meia antes, tinha sido emitida a primeira senha, nos Emissores Associados de Lisboa, “E depois do Adeus”, um tema interpretado por Paulo de Carvalho.

Fontes:

https://ensina.rtp.pt/artigo/grandola-a-musica-da-revolucao/

https://www.timeout.pt/porto/pt/musica/cantar-abril-uma-duzia-de-cancoes-revolucionarias

 

 

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publicado às 10:06

No tempo da PIDE

por Elsa Filipe, em 23.04.23

A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi criada a 22 de outubro de 1945, no auge do Estado Novo. Quando foi criada em 1945, a PIDE constituía um organismo do Ministério do Interior, estando o seu diretor subordinado diretamente ao ministro.

A função desta polícia era perseguir, prender e interrogar qualquer individuo que fosse visto como inimigo à ditadura salazarista. Estes opositores ao regime eram levados para prisões em Portugal como as dos Fortes de Caxias e de Peniche, ou a do Tarrafal, na ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde.

Nestes locais, os presos eram muitas vezes vitimas de tortura, privação de sono, isolamento, más condições alimentares, higiénicas e de saúde, o que levava muitas vezes à sua morte.

A PIDE também dirigia a censura, uma outra forma de controlo do Estado Novo sobre o povo. Um dos seus mais famosos processos ficou conhecido como o “lápis azul”, uma vez que todos os artigos de imprensa e obras de arte – literatura, teatro, cinema, artes plásticas -, eram cortados, editados ou proibidos com um lápis azul antes de serem publicados.

Depois da reorganização de 1954, a PIDE passou a estar na dupla dependência do ministro do Interior e do ministro do Ultramar. Cada um dos ministros tutelava a atividade da PIDE, respetivamente na Metrópole e no Ultramar

Com a subida ao poder de Marcelo Caetano, em 1968, a imagem deste organismo policial tinha uma reputação amarga perante o povo português, levando o recente ditador a dissolver a PIDE. Mais tarde, a 24 de Novembro de 1969, foi oficialmente criada a DGS (Direção-Geral de Segurança) que manteve as mesmas funções da antiga PIDE.

Este sistema autoritário só chegou realmente ao fim com a chegada do 25 de Abril de 1974.

Fontes:

https://ensina.rtp.pt/artigo/historia-da-pidedgs/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Internacional_e_de_Defesa_do_Estado

 

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publicado às 09:17

Teve hoje lugar a XIII Cimeira Luso Brasileira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, na qual estiveram presentes o primeiro-ministro português António Costa e o presidente do Brasil, Lula da Silva, acompanhados das suas respetivas comitivas. Com honras de estado e envolvendo diversas entidades, Lula da Silva foi recebido esta manhã no Mosteiro dos Jerónimos por Marcelo Rebelo de Sousa.

Esta cimeira teve por objetivo discutir e chegar a acordos sobre a construção do futuro “na cooperação científica, na inovação, na criatividade, na tecnologia, no digital, na energia, na educação, na economia”. O dia escolhido teve a intenção de assinalar a chegada dos portugueses ao Brasil no ano de 1500. 

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "é tempo de futuro, de olhar para a frente, de alargar mais e mais horizontes. É esse o significado primeiro e decisivo da vossa visita”, referindo-se aos laços que unem Portugal e o Brasil há mais de 200 anos.

Foram 13 os Acordos a ser assinados nesta Cimeira, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países. O primeiro foi o da “concessão de equivalência de estudos entre Brasil e Portugal. Seguiu-se o acordo sobre proteção de testemunhas, sendo seguidas outras de igual importância, em áreas como a dos direitos das pessoas com deficiência, energia, geologia e mineração, de reconhecimento mútuo de títulos de condução, cooperação na investigação biomédica, produção cinematográfica entre agências dos dois países, um acordo entre agências espaciais dos dois países, uma carta de promoção da Saúde, um entendimento entre a Turismo de Portugal e a Embratur e um acordo entre a agência Lusa e a agência de notícias brasileira. 

Durante a sua visita a Lisboa, Lula da Silva, atribui a Marcelo Rebelo de Sousa, a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul.

Mas a vinda do presidente brasileiro, que chegou acompanhado da sua primeira-dama e que foi a 6ª visita de Lula enquanto governante, esteve desta vez envolva em muitas críticas, desde logo devido à opinião que o mesmo tem vindo a emitir sobre a guerra da Ucrânia. Perante o que tem sido transmitido ao longo do dia nas estações portuguesas, o que mais me chamou a atenção foi a forma como Lula da Silva perante questões colocados pelos jornalistas, conseguiu dar a volta dizendo  “compreender” a posição da Europa na guerra da Ucrânia, masd mantendo a sua postura a favor da paz e contra a guerra, sem que nunca se pusesse do lado da Ucrânia, vítima indiscutível de uma invasão. 

Ainda voltando um pouco à questão da guerra, é importante salientar que Declaração Conjunta assinada por Portugal e Brasil enfatiza o "compromisso com o direito internacional, a Carta das Nações Unidas e a resolução pacífica de conflitos". Nesta declaração, deplora-se "a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes do seu território como violações do direito internacional”, o que parece ser um pouco contrário à posição do presidente do Brasil nas declarações anteriores. No entanto, não significa isto que o Brasil se tenha colocado do lado da NATO, nem da UE, no que respeita ao apoio dado à Ucrânia. As palavras enredam-se e são lidas mas nem sempre da forma que pretendem que as leiamos.

O presidente português na sua posição de anfitrião, não deixou porém de evidenciar a postura de Portugal e insistiu na "condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia”. Também acrescentou que “faz sentido aplicar as resoluções das Nações Unidas" dando assim um sinal de discordância com Lula da Silva. Uma das frases que me ficou, foi a seguinte pronunciada por lula da Silva: "a Rússia não quer parar, a Ucrânia não quer parar" - para mim esta frase coloca os dois países no mesmo nível e isso na minha modesta opinião não faz qualquer sentido. A Ucrânia não pode "parar", porque isso seria baixar os braços e entregar-se à Rússia.

O Presidente português afirmou a necessidade imediata da "retirada das tropas russas” para que se possa começar a negociar e destaca que Portugal sempre esteve solidário com a NATO e a com a UE, afirmando ainda que “não é uma situação justa não ajudar a Ucrânia a defender-se e recuperar território”.

No que diz ainda respeito à guerra na Ucrânia, os governantes Português e Brasileiro “lamentaram a perda de vidas humanas e a destruição da infraestrutura civil, bem como o imenso sofrimento humano e o agravamento das vulnerabilidades da economia mundial causados pela guerra”.

Numa entrevista à RTP1, o presidente do Brasil disse ser necessário um grupo de países para “construir uma narrativa” de que a guerra “não é a melhor saída para os problemas”, reafirmando ainda que não é a favor de enviar armamento que cause destruição, mas sim providenciar um espaço de conversa e de acordo. Lula da Silva rejeitou nesta mesma entrevista que o seu posicionamento seja o de aopiante da Rússia e de Putin, lançando em vez disso a ideia de que é fundamental colocar os países a trabalhar num plano de paz que consiga sentar os líderes russos e ucranianos à mesa com negociações patrocinadas por Estados Unidos, NATO e União Europeia.

O presidente brasileiro afirmou ao Programa 360 da RTP que a oposição não iria impedir a sua vinda a Portugal, falando ainda da existência de uma dualidade de opiniões em Portugal e que cada país deve cuidar dos seus assuntos internos. No programa que se seguiu, Paulo Markun diz que Lula da Silva corrigiu o seu discurso.

 

Fontes:

https://observador.pt/liveblogs/lula-mantem-criticas-a-ue-se-nao-faz-a-paz-contribui-para-a-guerra-marcelo-censura-russia/?recommId=4eb0d05dfe9bd11a94c93d354ef9954c#liveblog-entry-609954

https://www.rtp.pt/noticias/politica/lula-foi-recebido-nos-jeronimos-por-marcelo-rebelo-de-sousa_v1481354

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/sentar-putin-e-zelensky-a-mesa-lula-da-silva-quer-nato-ue-e-eua-a-trabalharem-na-ideia-de-paz-para-a-ucrania_n1481421

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/lula-da-silva-em-portugal-tempo-de-pensar-no-futuro-e-de-alargar-mais-e-mais-horizontes_n1481326

https://www.rtp.pt/noticias/economia/esta-e-a-sua-casa-diz-antonio-costa-o-brasil-esta-de-volta-responde-lula-da-silva_v1481420

Programa 360º RTP 3, Sábado, 22/04/2023

 

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publicado às 22:24

Não muito longe vai o tempo em que alunos (e não só) inventavam ataques a escolas. Uma mochila deixada ao acaso e que fazia todos pensarem ser uma bomba prestes a detonar, um envelope com farinha que se receava ser antraz e outros casos que foram acontecendo aqui e ali, tornando aquele dia diferente para os alunos que ficavam sem aulas e para as forças de autoridade e segurança, que ficavam com mais um caso para resolver em mãos. Não sei se alguma vez chegaram a culpados e se os condenaram, mas sei que estas são situações muito graves, brincadeiras de mau gosto que se podem tornar perigosas.

Nas redes sociais corria uma publicação em que jovens ameaçavam fazer um ataque  a escolas, referindo mesmo, qual a escola onde era suposto esse ataque acontecer. Também havia referência a armas. Logo deixando bem claro que na minha opinião estes casos têm de ser devidamente penalizados, uma vez que além de se estar a fazer uma ameaça, se está também a prejudicar o trabalho das forças de segurança que poderiam estar empenhadas noutras ações, bem como pais e professores que viram a sua rotina alterada e todas as consequências que isso pode ter.

O Diretor Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), Magina da Silva, já veio afirmar, esta quinta-feira, que as ameaças feitas nas redes sociais a uma eventual invasão de uma escola no concelho de Odivelas, distrito de Lisboa, "não passaram de uma brincadeira de mau gosto".

O jovem que proferiu as ameaças através das redes sociais, de um massacre numa escola de Odivelas, já foi identificado. Este, além das ameaças, mostrava um arsenal de armas de fogo e de armas brancas. No entanto, parece que há outros envolvidos.

As ameaças, originalmente difundidas a partir de um perfil digital chamado "vidabandida93", levaram pais a manifestar, ainda nas redes sociais, que não deixariam os seus filhos ir à escola. 

Num comunicado emitido esta manhã, a polícia afirmou que estava a monitorizar a situação e a acompanhar o funcionamento dos estabelecimentos de ensino e a população escolar, uma vez que tinha sido alertada para a existência destas ameaças também pelas redes sociais, vindas de diversos cidadãos que quiseram confirmar que as autoridades se encontravam a par do assunto.

A não esquecer que os casos reais existem e que embora se possa tratar de uma brincadeira, poderia ser um ato de imitação de comportamentos. Todos temos de estar atentos e qualquer suspeita deve ser imediatamente comunicada.

Estas ameaças surgiram no dia em que se assinala 24 anos do massacre de Columbine, nos Estados Unidos, um ataque que aconteceu no dia 20 de abril de 1999, na cidade de Littleton, no estado do Colorado, quando dois estudantes invadiram a Columbine High School e mataram 12 alunos e um professor, suicidando-se de seguida.

Fontes:

https://www.noticiasaominuto.com/pais/2303458/ameaca-de-ataques-a-escolas-nao-passou-de-uma-brincadeira-de-mau-gosto

https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2023/04/20/ameaca-de-ataques-nas-escolas-foi-brincadeira-de-mau-gosto-autor-identificado/328345/

 

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publicado às 13:29

Incêndio em Hospital de Pequim

por Elsa Filipe, em 19.04.23

Incêndios urbanos na China, trazem sempre questões relacionadas com a segurança (ou a falta dela) e com o elevado número de mortos e feridos que habitualmente ocorre. Ontem, ocorreu um trágico incêndio que levou à morte de pelo menos 29 pessoas (segundo atualização de fontes noticiosas) e que aconteceu num hospital situado no sudoeste de Pequim que estava a ser alvo de obras de reparação. Mais uma vez, existem lacunas nas informações que deixaram "sair" para o exterior.

Apesar de a causa do incêndio estar ainda sob investigação, pensa-se que o incêndio, que afectou principalmente uma ala para pacientes em estado grave, foi causado por material de pintura inflamável numa enfermaria em obras e, por esse motivo já foram detidas doze pessoas, entre as quais estão o diretor do hospital e funcionários da empresa encarregue das obras de reparação do hospital privado de Changfeng.

Este incêndio obrigou também à evacuação de dezenas de pessoas, enquanto alguns dos pacientes e funcionários conseguiram escapar pelas janelas, improovisando uma corda feita com lençóis. 

Os bombeiros conseguiram apagar as chamas cerca de meia hora depois, embora a operação de resgate tenha durado aproximadamente duas horas. Este é o incêndio mais mortífero em Pequim desde 2002, quando um incêndio num cibercafé fez 25 mortos.

Esta segunda-feira, pelo menos 11 pessoas morreram, na sequência de um incêndio numa fábrica em Jinhua, uma cidade localizada na província de Zhejiang, no leste da China.

 

Fontes:

https://www.publico.pt/2023/04/19/mundo/noticia/incendio-hospital-china-faz-29-mortos-2046640

https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2301092/sobe-para-29-numero-de-mortos-em-incendio-em-hospital-de-pequim

 

 

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