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Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

17
Jan23

Dia de Santo Antão

Sempre ouvi falar se Sº Antão mas nunca soube realmente quem foi esta pessoa.

Santo Antão é celebrado como o Padroeiro dos animais e independentemente de acreditar ou não em santos ou em Deus, não deixo de achar lindo que muitas famílias levem os seus animais a igrejas e até ao Vaticano, mostrando o carinho que têm por eles. E como é que isto começou?  No final do século XIX, os agricultores aproximavam-se da igreja acompanhados pelos seus animais de trabalho para garantirem um bom ano nas suas quintas e pedir proteção a Santo Antão.

Hoje em dia, as vacas, os porcos, as mulas, cabras e ovelhas começaram a dar lugar aos cães, gatos, ratinhos e chinchilas, passarinhos e muitos outros animais de companhia, aos quais os seus donos também desejam proporcionar esta bênção. Um ato bonito não é?

Hoje quero também destacar o trabalho de algumas câmaras e associações que prezam a segurança e o salvamento de animais, com investimento de muitos milhares de euros e milhares de horas de trabalho em prol do socorro animal. Estes são os "santos" em que acredito - e destaco apenas alguns mas existem muitos mais.

Desde 2008 que os Bombeiros Sapadores de Braga em conjunto com a Câmara municipal têm ao abrigo do projecto Socorro Animal, um serviço de assistência animal, do qual faz parte uma ambulância devidamente preparada para o efeito e pessoal treinado para o efeito.

Também desde 2008, os Bombeiros de Fão em conjunto com a Câmara de Esposende, têm ao dispor um serviço idêntico, com uma ambulância que iria para abate e foi recuperada para o efeito.

Em 2018, também se juntaram os Bombeiros da Póvoa de Varzim, a Câmara municipal e a associação A Cerca e avançou o projeto de remodelar e adaptar uma ambulância para a recolha de cães e gatos feridos nos espaços públicos, sobretudo animais atropelados. 

A Casa dos Animais de Lisboa é uma outra associação que dispõe de um serviço de recolha e transporte de animais abandonados e feridos, seja por acidentes de viação ou por envenenamentos e maus-tratos, são infelizmente muitos os pedidos– que desde 2019 têm também uma ambulância capaz de lhes prestar cuidados que podem fazer a diferença.

Pelo país muitos mais são os casos de gente que realmente se preocupa e que hoje resolvi aqui destacar.

 

 

13
Jan23

Desta malvada doença...

Qual é o problema de nos irmos habituando a ter uma doença crónica? É que vamos criando defesas, construindo muralhas que nos ajudam a suportar cada dia e gerindo a nossa rotina diária tendo em conta os tempos certos que precisamos para descansar e recuperar. Quando de repente, algo quebra esta cadência o corpo dispara e a dor rasga por todos os lados. É quando achamos que tudo está melhor e baixamos a guarda que ela começa a atacar, primeiro de mansinho, contraindo os músculos, limitando os movimentos a um mínimo que se torne suportável e quando nos damos conta, todo o corpo está demasiado contraído para que seja possível mexermo-nos naturalmente.

Hoje foi um desses dias. A dor atingiu todas as articulações em simultâneo, cada tentativa de me mexer e de sair da cama atingia o meu corpo como se estivesse coberta de vidros ou de espinhos que me picavam a pele. Deitada, o corpo tremia como se uma corrente de baixa voltagem passasse por ele e de tempos a tempos descargas dessa corrente me provocassem espasmos, movimentos involuntários e dolorosos seguidos de caibras nos músculos. O que se passou? Não faço ideia, mas sei que a origem esteve numa noite inteira acordada com uma possível gastroenterite. A medicação forte para as dores e os relaxantes musculares ajudaram na parte do alívio das dores mas não foram suficientes. Tomar doses maiores fez-me ficar a dormir o dia inteiro e não conseguir ir trabalhar. 

Mas nos últimos dias esta crise esteve a espreitar, tentando encontrar um espacinho por onde eu a deixasse aparecer. Eu percebi isso, já as conheço bem, as malvadas gostam de brincar comigo mas eu já as domino, já as conheço bem para as deixar passar pelas minhas defesas. Então vieram os vómitos, as tonturas e o mau estar que me fez ficar em sobressalto a noite inteira até eu ter de me render e me deixar atacar por todo aquele fluxo de dor.

Tentei, sempre evitá-la, atrasá-la o mais possível para que coincidisse com o fim de semana e não me estragasse um dia de trabalho, mas desta vez não fui capaz. Antes assim a uma sexta...

09
Jan23

Pelo pessoal docente

Nos últimos dias temos assistido a uma troca de ataque entre quem é contra e quem é a favor da greve dos professores e dos funcionários das escolas. Eu só quero dizer que estou do lado de todos os professores que têm feito greve e que faria também o mesmo se estivesse neste momento na vossa situação. A mim costuma-me muito quando os pais estão mais preocupados em os filhos terem aulas do que na qualidade das aulas que lá vão obrigando os professores a ministrar, com currículos desadequados. Que estão mais preocupados que os filhos passem de ano, do que se realmente merecem passar de ano. 

Ouço diariamente frases de alunos como: "Oh 'stôra, isso nem conta para nota!" ou "esta nota não vai contar para nada." A partir daqui, parece que vale tudo. E tenho alunos de 5º ano que não sabem ler nem escrever. Tenho alunos que chegaram ao 4º ano sem saberem o que são vogais e consoantes. Tenho alunos que não sabem colocar palavras por ordem alfabética nem consultar um dicionário...

Mas não faz mal, o que importa é que pais e crianças não sejam frustrados nas suas expetativas de passar para o ano seguinte, mesmo sem terem atingido as metas mínimas. 

Estou do lado dos professores porque tiveram as suas carreiras congeladas. Aqueles que tiveram a coragem de ir para o função pública e de serem colocados a centenas de quilómetros de casa e que ficaram semanas sem ver a mulher ou o marido e até sem estarem com os filhos, para poderem leccionar. Eu não tive essa coragem e por isso tenho zero de tempo de serviço, passados noutras andanças e noutra carreira.

Estou do lado dos Educadores que como eu tantas vezes têm de seguir outros caminhos e desistir do sonho que construiram durante a sua formação, porque não havia vagas suficientes para todos, porque na creche o tempo de serviço nem sequer conta, porque "qualquer um" faz esse trabalho de tomar conta dos miúdos. Não faz!

Estos do lado dos técnicos de ação educativa a quem cada vez mais (e muito bem!) é exigida formação e a quem tão pouco valor se dá! Lutem e dêem-se ao valor! Apoiem-se uns aos outros. 

E termino dizendo que, mesmo que pareça que vos estou a boicotar a greve, não estou. Não posso é fechar a porta da minha sala aos alunos que não têm aulas e que deviam voltar para casa ou ficar na porta da escola para que a vossa greve tivesse o impacto desejado, porque a porta da sala não é minha e sou apenas uma prestadora de serviços. Estou do lado dos professores e dos técnicos de ação educativa e da minha parte, não aviso quando há greve, mesmo que o saiba! Continuem a lutar! 

04
Jan23

Ly Hao Nam, a fragilidade dos pequenos anjos

Soube-se que infelizmente, não foi possível salvar o menino de 10 anos que caiu num buraco com 35 metros de profundidade, no passado sábado, no Vietname. As equipas de resgate passaram quase 100 horas a tentar libertar Ly Hao Nam, mas não conseguiram atingir o seu objetivo, que era chegar até ele a tempo. Talvez os ferimentos já o tivessem levado, talvez o frio... 

Mais do que o salvamento em si que falhou, pergunto-me apenas, o que fazia ali aquela criança de dez anos? Portanto, quem estava com ele e que sociedade é esta? Quantos Ly Hao têm de morrer para o mundo proteger as suas crianças? Estes meninos, não têm asas, não são anjos, mas morrem jovens, uns enquanto brincam, outros enquanto trabalham e ganham sustento para si e para as suas famílias. Ele era apenas mais um menino... a apanharsucata? Porquê?

01
Jan23

No novo ano

Todos fazemos planos para o novo ano, listas infindáveis de objetivos a atingir, desejos de paz, amor, prosperidade. Escrevemos coisas que queremos fazer, dietas, aulas em que nos queremos inscrever e que se antes não tínhamos tempo, achamos que agora vamos mudar tudo e vamos conseguir fazer.

Eu fiz planos, um deles era escrever a minha lista, os meus objetivos, mas hoje desisti de o fazer. E porquê? Porque um novo ano é um recomeço, uma continuidade do que fomos e do queremos ser. Eu não mudei de um dia para o outro, não vou ser melhor só porque assim o desejei. Haverá um esforço nesse sentido, haverá um planeamento diário, terei vontade de fazer diferente mas também vão haver dias sem vontade de fazer nada. Dias em que a manhã será difícil de vencer.

O meu desejo principal para este ano é sobretudo ser melhor professora, criar mais conteúdos para os meus alunos, ser para eles o apoio que precisam.

Para este ano quero escrever mais e melhor. Treinar a escrita diariamente. Escrever no meu blogue, terminar os livros começados e não acabados. Se vou ter tempo? Não sei, talvez não...

Para este ano quero cuidar mais de mim... todos os anos digo o mesmo - e faço? Pois, algumas coisas sim, outras não. Não vou deixar de beber café nem comer chocolates e gomas! Mesmo que me façam mal. Mas sou capaz de começar a beber mais água, a fazer algum tipo de exercício? Talvez o consiga fazer, ou talvez não...

Esperar que o mundo mude e não fazermos nada por isso, não vai trazer resultados.  Diminuir o lixo, é apanharmos uma garrafa de plástico que vemos na praia e colocá-la no lixo. Se faz a diferença? Faria... acreditar que sim é o primeiro passo.

Mudar mentalidades não vai ser possível mas fazermos a nossa parte, uma pegada de cada vez, uma atitude a cada momento, fará a diferença pelo menos, na noss cabeça, a deitarmo-nos mais tranquilos.

Um bom ano a todos.