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Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

11
Set21

20 anos depois do Ataque às Torres Gémeas

Não me lembro de muita coisa desse dia, acho que foi um dia normal. Olhando para trás, eu tinha acabado de fazer 18 anos.  Ia começar o meu primeiro ano no Instituto Politécnico, no curso que eu tinha escolhido e estava entusiasmada. Mal sabia que estava a chegar um dos piores anos da minha vida.

Nesse dia, os meios de comunicação social passaram imagens que nunca vou esquecer. E durante vários dias, senão semanas, ou meses, andamos com medo. Tinha parecido tão fácil atacar uma superpotência como os EUA, mais simples seria atacar países mais pequenos. Nessa altura, eu não entendia nada de geopolítica, de extremismos e de radicalismos. Sabia apenas o que "ouvia" dizer. 

A maior parte das notícias que acompanhei nesse dia, passavam em canais estrangeiros, os diretos sucediam-se e pelo meio sempre as mesmas imagens, as da segunda aeronave a embater na torre, a torre a cair como um castelo de cartas e as lágrimas a serem disfarçadas.  Nos dias seguintes, acho que todos sentimos o receio dos nossos pais cada vez que saíamos de casa para ir apanhar o autocarro, cada vez que eu ia fazer serviço voluntário nos bombeiros da terra, sei que os meus pais ficavam com o coração nas mãos, com medo que algo de parecido aqui acontecesse e nós fossemos chamados.

Passaram 20 anos e o mundo mudou. Já vi tantas e tantas vezes as mesmas imagens que já nem choro. Já se fizeram filmes, documentários, centenas de entrevistas foram transmitidas. 

Daquilo que se sabe agora, foram dezanove terroristas da Al-Qaeda, (uma organização radical islâmica liderada por Osama Bin Laden) que sequestraramm quatro aviões comerciais nos Estados Unidos.

Eram apenas 08:46, na hora local, quando o primeiro avião – um Boeing 767 da American Airlines que tinha descolado de Boston 1 hora antes – atinge a Torre Norte do World Trade Center, em Nova Iorque, . Ninguém se tinha apercebido até ali do desvio dos aviões e até ao segundo embate, pensou-se ser um acidente trágico, mas apenas um acidente.

Apenas dezassete minutos mais tarde, o mundo assiste, incrédulo, em direto, ao embate de um segundo avião – um Boeing 767 da United Airlines –  na Torre Sul do World Trade Center.

Cerca de meia hora depois, um terceiro avião, o voo 77 da American Airlines, que deslocou do aeroporto Washington Dulles, na Virgínia, com destino para Los Angeles, colide contra o Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Naquele dia, perderam a vida num atentado terrorista de dimensões inimagináveis, 2996 pessoas e ficaram feridas cerca de 6300. O coração financeiro de Manhattan tornou-se num cenário apocalíptico, depois do embate de dois aviões comerciais, sequestrados por comandos terroristas da Al-Qaeda, enquanto que um terceiro avião se dirigia para o Pentágono. Pensa-se que o Capitólio e, eventualmente, a Casa Branca seriam os restantes alvos dos planos de Osama Bin Laden. O 4º avião, despenhou-se em Shanksville, na Pensilvânia, depois dos passageiros e a tripulação terem lutado com os sequestradores, ao aperceberem-se que algo de muito grave se estava a passar.

Depois desse dia, o mundo mudou. A América lança a Operação Liberdade Duradoura em território afegão e que tinha como objetivo afastar do poder os talibãs, desmantelar a Al-Qaeda, capturar Osama Bin Laden e impedir ataques terroristas em solo americano. 

Com a ajuda dos aliados da NATO, os Estados Unidos derrotam os talibãs no início de dezembro de 2001, mas a maioria dos membros da Al-Qaeda e dos talibãs conseguem, no entanto, escapar à captura fugindo para o Paquistão ou escondendo-se em regiões remotas. A ONU aprova, em dezembro de 2001, o acordo de Bona, que definiu a administração provisória do Afeganistão, presidida por Hamid Karzai, até à realização de eleições.

Dez anos depois dos atentados de 11 de Setembro, as forças especiais norte-americanas matam, no Paquistão, Osama Bin Laden. 

A morte do principal alvo dos Estados Unidos alimentou o debate sobre a necessidade de presença de tropas norte-americanas no Afeganistão e, em junho de 2011, Barack Obama anunciou o início da retirada dos militares do país. O  processo, que deveria ficar concluído no verão de 2012, acabou por só se iniciar em 2014, ano findo o qual os aliados da NATO deram por concluídas as suas missões. No Afeganistão ficaram, nessa altura, cerca de 12.500 militares estrangeiros, 10.000 dos quais norte-americanos.

Com a atenção dos EUA desviada para o conflito no Iraque, os talibãs reagruparam-se em redutos no sul e no leste do Afeganistão e voltaram às ruas, trazendo destruição e violência. Em 2018, sem o cessar da insurgência e com a guerra a tornar-se cada vez mais ‘impopular’ entre os norte-americanos,a administração Trump e os aliados iniciam negociações com os talibãs, oferecendo a retirada das tropas em troca da promessa de que o Afeganistão não seria palco de terrorismo.

Dois anos depois, é assinado um acordo entre as duas partes que define a retirada de todas as tropas do Afeganistão até maio de 2021, mediante a manutenção de diálogos e negociações de paz entre os talibãs e o Governo afegão. Na altura em que Joe Biden assume a presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 2021, o número de tropas no Afeganistão estava reduzido a 2500 militares e o Presidente norte-americano comprometeu-se a honrar o acordo de retirada, apontando para o dia 11 de setembro a data prevista para a sua conclusão.

20 anos depois, a guerra do Afeganistão, chega ao fim. Em maio, o grupo radical islâmico lançou uma nova ofensiva e conquistou vários territórios, aumentando os receios de que as forças de segurança afegãs fossem derrotadas. Um cenário que veio a confirmar-se em agosto, quando os talibãs conquistaram quase todo o território afegão, incluindo a capital, Cabul.

Duas décadas depois, os Estados Unidos não conseguiram impedir a conquista do poder pelos talibãs. 

De acordo com as Nações Unidas,o Afeganistão tem a terceira maior população deslocada do mundo. Desde 2012, pelo menos cinco milhões de pessoas fugiram e não conseguiram regressar a casa. Desde o seu início, mais de 240 mil pessoas terão perdido a vida durante a guerra.

 

Fontes:

https://sicnoticias.pt/especiais/20-anos-do-11-de-setembro/2021-09-11-Onze-licoes-do-9-11-o-dia-que-mudou--quase--tudo-00c3776b

https://sicnoticias.pt/especiais/20-anos-do-11-de-setembro/2021-09-07-A-guerra-mais-longa-da-America-do-11-de-Setembro-a-invasao-do-Afeganistao-fe2993c8

 

10
Set21

Jorge Sampaio

O ex-presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio morreu com 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa, onde estava internado desde o final de agosto, devido a dificuldade respiratória e doença cardíaca que já o acompanhava desde há muito.

Filho de mãe professora de inglês, de quem herda o rigor, e de pai médico, investigador, de quem herda a preocupação com o serviço de saúde público, criado numa família burguesa, democrática, que marcou a sua educação e personalidade. Irmão do conhecido psiquiatra Daniel Sampaio. Casou com Maria José Ritta, em Abril de 1974, de quem teve dois filhos, Vera e André, e com quem partilhou a vida privada e pública.

É em 1958, que desponta o seu entusiasmo pela política, talvez por ser o ano da campanha do General Humberto Delgado às presidenciais e ele, mesmo que ainda com 19 anos numa ditadura em que a maioridade era atingida apenas aos 21, ser já presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Havia a vontade de fazer algo e Jorge Sampaio estaria no momento e local exatos para poder fazer a diferença.

Funda o MAR (Movimento de Ação Revolucionária), o MES (Movimento de Esquerda Socialista) e o IS (Intervenção Socialista) antes de, em 1978, se tornar militante do PS (Partido Socialista). Embora mais tarde tenha reconhecido publicamente "o erro" de não ter-se inscrito mais cedo, em 1963, quando o PS foi fundado.

Durante quase 30 anos, desempenhou cargos políticos, tendo sido líder do PS. Em 1996 ganha a presidência da República a Soares, só deixando o lugar 10 anos depois. O homem da frase "há vida para além do orçamento" (2004), era tímido e discreto, mas ao mesmo tempo demonstrava uma cultura acima da média. Nem sempre entendido, afirmava que a "democracia global" teria de envolver a "democracia participativa e não só a representativa", mostrando uma preocupação com o futuro do país e do mundo, em especial com os países de expressão portuguesa.

Passou por cinco governos, e entre outros acontecimentos marcantes, assistiu há 21 anos à aprovação de um orçamento que valeu grande investimento na zona do Minho e o famosos "queijo Limiano", assistiu à queda de Guterres e conviveu com Durão Barroso e com a sua "mentira" sobre a Cimeira das Lajes, interrompeu o caminho de Santana Lopes dissolvendo a Assembleia e abriu o caminho para a eleição de José Sócrates. Foi ainda responsável pelos primeiros referendos nacionais, foi recordista de vetos (22, todos ganhos), percorreu os 308 concelhos do país. Não escapou aos escândalos da Universidade Moderna e da Casa Pia e teve um papel fundamental na independência de Timor Leste, que visitou assim que lhe foi possível. Foi o primeiro chefe do Estado português a fazê-lo.

No fim da presidência da República, Kofi Annan escolhe-o primeiro para lutar contra tuberculose e depois para unir as civilizações. O desempenho dessas funções valeu-lhe uma distinção da Organização Mundial de Saúde e o primeiro prémio Nelson Mandela instituído pelas Nações Unidas para premiar "feitos e contribuições excecionais ao serviço da humanidade".