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Otelo Saraiva de Carvalho

por Elsa Filipe, em 25.07.21

Quando eu andava na escola, falaram-me do 25 de Abril, da revolução. Em casa, ouvi várias vezes falar sobre o "antes", de como era a vida, do que a revolução trouxe. Mas a verdade é que só em adulta entendi. Só quando vi a reconstituição feita por atores é que entendi quem era quem, aqueles atores mostraram-me a noite que mudou muitas vidas.

Foi através da televisão que eu depois senti vontade de pesquisar mais sobre o tema (mais do que tinha feito quando aluna para vários trabalhos que fiz sobre o tema). Li romances que retratavam a vida nos anos 50, 60. Não pensei que nada se dissesse (quase nada) quando morre um dos heróis do nosso país, da nossa história moderna. Para muitos pode ter sido apenas mais um coronel ou capitão de Abril, mas não terá sido Amália também mais uma cantora e Eusébio mais um jogador? 

Acredito que esta foi uma das pessoas marcantes da nossa história recente e que um dia se falará (mais) do seu papel nos livros de História.

Nasceu em Lourenço Marques a 31 de Agosto de 1936 e faleceu a 25 de Julho de 2021. Além da sua carreira militar, foi também político e, apesar de se concordar ou não com algumas das suas opções, a verdade é que devemos olhar a história com a importância que esta merece.

As suas primeiras atividades de contestação ao regime deram-se por ocasião da preparação do Congresso dos Combatentes do Ultramar (que teve lugar de 1 a 3 de junho de 1973, no Porto). Exigiu, junto com os outros oficiais em Bissau, a participação de oficiais do Quadro Permanente que exigiam reconhecimento pelo congresso.

Foi depois um dos principais dinamizadores do movimento de contestação ao Decreto Lei nº 353/73, que deu origem ao Movimento dos Capitães que depois se transformou em MFA. Esse decreto trouxe grande descontentamento porque faria entrar para o quadro permanente das Forças Armadas, como capitães ou majores, muitas pessoas com uma qualificação e tempo de aprendizagem muito inferiores às dos oficiais do quadro na altura.

Em Bissau foi criada a Comissão do Movimento dos Capitães (CMC), em que Otelo teve um papel de relevo. Foi promovido a Major em 1 de Setembro de 1973 e a 7 do mesmo mês faz uma exposição ao Ministro do Exército. Reunidos em Évora, 136 capitães assinam um documento semelhante, seguindo o exemplo da Guiné, seguidos por 94 em Angola e 106 em Moçambique. Em resumo, a contestação foi tal que esse decreto foi revogado (e um seguinte, que "resolvia" o problema dos majores), mas, como diz Otelo no seu livro Alvorada em Abril, o movimento já estava lançado. 

A 1 de dezembro de 1973, há um plenário mascarado de confraternização em Óbidos, e é criado o MOFA (Movimento de Oficiais das Forças Armadas, cujo nome, por razões óbvias de sigla, mudaria para MFA alguns dias antes do 25 de Abril por sugestão de Spínola).

Após o fracasso da intentona das Caldas de 16 de março de 1974, em que vários militares seus companheiros foram presos, e Otelo não o foi por um triz, tomou a seu cargo desenhar o plano militar de operações que deu origem ao golpe militar de 25 de Abril, sendo, portanto, o estratega indiscutível da Revolução de 25 de Abril de 1974, responsável pelo setor operacional da Comissão Coordenadora e Executiva do Movimento dos Capitães.

Otelo dirigiu também as operações com outros militares, a partir do posto da Pontinha, no Regimento de Engenharia n.º 1, onde esteve em permanência desde o fim da tarde de 24 de abril até ao dia 26 de abril de 1974 e entre outras ações, Otelo também seguiu de perto os acontecimentos do Largo do Carmo, tendo sido ele que escreveu a ordem manuscrita para que Salgueiro Maia iniciasse o fogo contra o Quartel do Carmo.

Depois da revolução, foi nomeado comandante da Região Militar de Lisboa, e Comandante do COPCON, com polémica atuação durante o Processo Revolucionário em Curso.

Pertenceu ao Conselho dos 20 e ao Conselho da Revolução, e é considerado um dos elementos mais carismáticos do Movimento das Forças Armadas.

Nos anos 1980, foi acusado de ter participado da luta armada em prol da revolução proletária como membro da organização terrorista Forças Populares 25 de Abril, tendo sido condenado a 15 anos de prisão por associação terrorista em 1986. Otelo sempre negou essa participação. Em 1991, Otelo recebeu indulto por seus crimes, que foram amnistiados em 2004. 

Muito poderia acrescentar aqui, de uma vida cheia e que em vários aspetos contribuiu para o país que hoje temos. Ele e outros com a devida importância.

 

Fontes:

https://observador.pt/2021/07/25/morreu-otelo-saraiva-de-carvalho/

https://www.dn.pt/politica/morreu-otelo-saraiva-de-carvalho-13972428.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Otelo_Saraiva_de_Carvalho

 

 

 

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publicado às 23:40

Mortes no Mediterrâneo - crise humanitária

por Elsa Filipe, em 14.07.21

Entre janeiro e junho desde ano, pelo menos 1146 pessoas morreram afogadas no Mar Mediterrâneo, enquanto faziam a travessia rumo à Europa. Este levantamento mostra a situação atual em algumas das rotas marítimas mais perigosas do mundo, tendo-se ainda registado uma subida de 58% no primeiro semestre deste ano, no total de migrantes que tentaram chegar à Europa pelo mar. 

O diretor-geral da agência pede aos países que “tomem, com urgência, medidas para proteger os migrantes e reduzir o número de fatalidades." Este aumento das mortes poderá estar relacionado com operações insuficientes de busca e regaste, tanto no Mediterrâneo quanto na rota do Atlântico para as Ilhas Canárias. Apesar dos dados disponíveis serem já aterradores, várias ONGs reportaram casos de “naufrágios invisíveis”, que são situações “extremamente difíceis de serem confirmadas”, mas que indicam que o total de mortes no Mediterrâneo pode ser muito maior.  

Segundoa alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, “todos os anos, as pessoas se afogam porque a ajuda chega tarde demais ou nunca chega.” 

Ela contou que os resgatados são forçados a esperar dias ou semanas para desembarca com segurança, mas muitas vezes são retornados à Líbia, onde não estão seguros, por causa da violência.  

De acordo com o relatório, as falhas são “uma consequência de decisões políticas e práticas concretas” de autoridades líbias, dos Estados-membros da União Europeia e de atores para criar um ambiente que põe a dignidade e os direitos humanos. Enquanto que os países da União Europeia reduziram significativamente as suas operações de busca e salvamento, ao mesmo tempo, ONG's humanitárias foram impedidas de resgatar os migrantes. 

O caso da Líbia é chocante. Em 2020, pelo menos 10.352 migrantes foram interceptados pela Guarda Costeira da Líbia no mar e reconduzidos ao país, em comparação com 8.403 em 2019. Entre janeiro e maio deste ano, foram menos 632 mortes que em igual período do ano passado. Com a pandemia, alguns migrantes resgatados tiveram que fazer a quarentena a bordo dos navios. Ao serem libertados, depararam-se com falta de condições de recepção e com o risco de detenção prolongada. 

Fontes:

https://news.un.org/pt/story/2021/07/1756692

https://news.un.org/pt/story/2021/05/1751832

 

 

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publicado às 16:24

Saudade

por Elsa Filipe, em 13.07.21

Há muita coisa em mim que era dela, umas que faço questão de manter, outras que não me agradam assim tanto ter herdado. Herdei os problemas de pele, a propensão a uma osteoporose precoce e se calhar a outras coisas que não quero nem saber. Herdei também a teimosia, o péssimo feitio quando me pisam os calos e a incapacidade de ficar calada quando me apetece mandar alguém para o alto do mastro.

Não preciso de saber quantos anos se passaram para saber que é como se fosse ontem. Ainda acordo a pensar em coisas que tenho de lhe contar, para perceber rapidamente que não o vou poder fazer. Nos meus sonhos, ela está muitas vezes presente, conhece o meu filho, sabe das coisas da minha vida. Em pensamento é a minha confidente. Atenção que eu não acredito em nada dessas coisas da vida depois da morte, nem acredito que me oiça, ou que me ajude a tomar decisões. Acho é que a memória que tenho dela e da sua presença é tão forte que me acompanhará sempre. 

Se fosse viva, hoje festejaríamos  os seus 61 anos. 

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publicado às 18:13

Ir à praia com crianças é, para mim e para mais algumas pessoas, um drama! Chego a casa, em ponto de "não me toquem nem com uma pluma!"

Adoro praia mas passar o dia a contar cabeças - ou melhor chapéuzinhos iguais, torna-se mais do que cansativo, num stress diária. E isso porque o meu sentido de responsabilidade triplica, ou quadriplica nestes dias. A praia está cheia de gente e todos os cuidados são poucos. Começa logo nos dias anteriores com toda a preparação necessária para a própria viagem - seja para a praia, para a piscina, para uma visita a um museu... as carrinhas tem de estar impecáveis - regras, mecânica, cintos, banquinhos! Não sendo eu a responsável neste campo, o facto de ser uma das motoristas faz com que tenha de ter alguns cuidados, em especial, quando as crianças entram e saem, na viagem em si, no caminho escolhido, nos horários, engtre outras coisas...

E não se fica por aqui. Um diz que "no carro do pai já não usa o banquinho", o outro não quer ir na primeira volta e outros vão o caminho a bater com os pés no meu banco e a gritar! Ai que bom que é levar os meninos para a praia!

O trânsito? Tranquilo, primeira volta. Um pouco mais difícil, na segunda volta... na terceira já fico com cãibras de estar no pára arranca e tenho de parar para esticar as pernas, enquanto eles estão ansiosos para ir a banhos! Será óbvio que nem sempre as entidades patronais entendam - uns percebem isso, outros não, as dores não estão na cara. No primeiro dia, até se aguenta, mas depois, no segundo, terceiro, o corpo está rígido, tenho espasmos musculares, dormência durante a condução. Mas é tão bom ir para a piscina quatro semanas seguidas! É bom mas não é para mim... 

Se me posso negar, até podia, mas a recibos... ou faço ou salto fora da equipa. Adoro a parte d ensinar, de brincar, de corrigir trabalhos, de fazer projetos, de meter as mãos no barro... mas detesto as idas à praia! Please! Que este verão acabe rápido!!!

 

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publicado às 20:06

Afetações e limitações de circulação

por Elsa Filipe, em 01.07.21

Os casos estão a aumentar muito no Seixal e em Sesimbra. Infelizmente, estas regiões têm sido notícia quase todos os dias, expondo-se as nossas gentes ao olhar inquiridor e maldoso de tanta gente.

Hoje em comunicado do Conselho de Ministros, Seixal e Sesimbra são aplicadas as medidas de Risco muito elevado, o que significa entre outras coisas que voltamos a estar confinados das 23h00m às 05h00m. Todas estas medidas são necessárias, embora me incomodem a mim como incomodam muita gente.

A minha vida pessoal não devia estar dependente das medidas anunciadas nas notícias, mas está. Preciso saber diariamente o que se espera de mim, dos meus comportamentos, para saber até onde posso levar as minhas liberdades. Se saio, se vou, se não vou... 

Mas eu tento cumprir as medidas, sempre, pensando em mim e nos outros. Não me sinto com medo, mas acho que se não cumprirmos, não estamos a respeitar o trabalho duro das equipas hospitalares. É tão difícil o seu trabalho.

 

Fontes:

https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/governo/comunicado-de-conselho-de-ministros?i=429

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publicado às 21:57


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