Hoje a cultura ficou mais pobre com a morte (pelas notícias que li terá sido mais uma vítima de Covid19) de Maria José Valério, que estaria internada desde 20 de Fevereiro no hospital de Santa Maria. A artista, cuja imagem de marca era a sua franja verde, notabilizou-se pela forte presença nos grandes palcos e, também, por ter sido a intérprete da "Marcha do Sporting".
Maria José, nasceu a 6 de maio de 1933, na Amadora.
Começou a cantar em 1950, no Liceu D. João de Castro, onde era colega da atriz Lurdes Norberto.
Frequentou o Curso de Direito mas a música era a sua paixão e com o apoio do seu tio, o maestro Frederico Valério, conseguiu passar nos testes necessários para começar a frequentar o Centro de Preparação de Artistas da Rádio, na então Emissora Nacional, ficando a fazer parte do elenco, com 17 anos apenas. Na verdade, este foi o ponto de partida de uma carreira que logo nos anos 50 viveu um período de grande sucesso, participando em vários espetáculos de variedades da mesma Emissora Nacional mas também nas emissões experimentais da RTP, feitas na Feira Popular, em Lisboa.
Protagonizou outros êxitos como "Olha o Polícia Sinaleiro" e "As Carvoeiras".
Também se destacou no cinema, com participação no filme "O Homem do Dia" (1958), de Henrique Campos e Teresita Miranda, protagonizado pelo ciclista Alves Barbosa.
Na década de 1960, foi eleita rainha da Rádio de Goa, território então sob administração portuguesa.
Em 1962, casou com o matador de touros José Trincheira, que marcou a atualidade da época, com transmissão em direto pela RTP. O casamento foi celebrado pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira, na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, tendo o Papa mandado tocar os sinos em Roma, em sinal de bênção.
A artista gravou, em homenagem ao marido, do qual se veio a separar, o 'pasodoble' "Trincheira", no qual exalta as suas qualidades toureiras. O toureiro despediu-se das arenas em 1989.
Nos anos 90, participou na série televisiva "Um Solar Alfacinha" ao lado de Deolinda Rodrigues, Pedro Pinheiro, Carlos Cabral, Natalina José e Natália de Sousa, entre outros.
Em 2000, participou na série televisiva "Casa da Saudade", de autoria de Filipe la Féria, tendo contracenado com Carmen Dolores, Anita Guerreiro, Virgílio Teixeira, Raul Solnado, João d'Ávila, Helena Rocha e Artur Agostinho, entre outros.
Em 2004, recebeu a Medalha de Mérito da Cidade de Lisboa, grau ouro. Em maio de 2009, o município da Amadora inaugurou um centro cultural com o seu nome, na freguesia da Venteira.
Em 2017, liderou, com o cantor António Calvário, o espetáculo "Do musical à revista".

O seu repertório, dividido entre o fado e a canção ligeira, inclui temas como "Cantarinhas", "Fado da Solidão", "Expedicionário", "Um Dia", "Casa Sombria", "Deixa Andar", "Férias em Lisboa", "Longos Dias", "Lisboa, Menina Vaidosa", "Nunca Mais", muitos da dupla de autores Eduardo Damas e Manuel Paião, que assinam também a "Marcha do Sporting". Pouco tempo depois de se ter estreado na vida artística, Maria José Valério apresentou-se ao vivo numa festa do Sporting Clube de Portugal, o Clube do seu coração, realizada no Pavilhão dos Desportos (agora Pavilhão Carlos Lopes).
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Jos%C3%A9_Val%C3%A9rio
https://www.wikisporting.com/index.php?title=Maria_Jos%C3%A9_Val%C3%A9rio