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Gosto de escrever e aqui partilho um pouco de mim... mas não só. Gosto de factos históricos, políticos e de escrever sobre a sociedade em geral. O mundo tem de ser visto com olhar crítico e sem tabús!
Este ano, celebra-se o 100º prémio Nobel da Paz, o qual foi dignamente atribuído ao primeiro-ministro da Etiópia Abiy Ahmed, de 43 anos. No poder desde abril de 2018, foi destacado pelos acordos de paz com a vizinha Eritreia.
A Eritreia acedeu em 1993 à independência pela qual lutava desde 1961, fazendo perder à Etiópia a sua única fachada marítima, sobre o Mar Vermelho. Entre 1998 e 2000, os dois países travaram uma guerra, que provocou pelo menos 80 mil mortos, com a questão da delimitação da fronteira a figurar entre as razões do conflito. Apesar de terem assinado um acordo de paz em 2000, os dois paísescontinuavam a manter numerosas forças ao longo da fronteira comum, de mil quilómetros. Esta situação levava a um clima de grande instabilidade entre os dois países.
Ao chegar ao poder, Abiy Ahmed, tentou conter os confrontos: libertou centenas de presos políticos, retirou o estado de emergência e permitiu o regresso à Etiópia de figuras destacadas da oposição que se tinham exilado.
Fontes:
https://www.dn.pt/mundo/nobel-da-paz-2019-vai-para-primeiro-ministro-da-etiopia-11395118.html
Antes de saber o que era o fado, ouvia já a voz de Amália e de outras fadistas. Sempre gostei mais das vozes femininas no fado. E gostava de as ouvir no rádio e nos discos, embora poucos, que havia lá por casa.
Quando Amália morreu eu era ainda uma miúda, com os meus 16 anos e pouco sabia sobre a sua história e sobre a sua vida. Para mim, naquela época, tanto mediatismo não me fez sentido. Hoje, 20 anos passados, teria certamente outra visão sobre a sua morte. Amália é uma das grandes personalidades da nossa história, tendo representado Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde atuou tantas vezes no prestigiadíssimo Olympia). Propagou a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado. A sua vida foi cheia de grandes encontros, embora fosse uma pessoa simples, vinda de uma família humilde.
Registado o seu nascimento a 23 de julho de 1920, pesquisas recentes concluíram que Amália da Piedade Rodrigues, nasceu no Fundão em 1 de Julho de 1915, mas por falta de dinheiro para pagar os emolumentos do registo, elevados para gente de fracos recursos, apenas foi registada em 1920 em Lisboa, com data declarada obrigatoriamente dentro do prazo de sete dias após o nascimento, para evitar fortíssimas penalizações. Para todos os efeitos a data válida é a oficial. Filha de um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, tentou a sua sorte em Lisboa. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão e Amália fica com os avós na capital.
Amália era muito timida, mas começa a cantar para o avô e os vizinhos, que lhe pediam. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar. Aos 9 anos, a avó, analfabeta, manda Amália para a escola, que tanto gostava de frequentar. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era frequente em casas pobres. Escolhe então o ofício de bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos. Aos 14 anos decide ir viver com os pais, que entretanto regressam a Lisboa. Mas a vida não é tão boa como em casa do avós.
Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera, em que se disputava o título de Rainha do Fado. Amália acabaria por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusavam a competir com ela.
Conhece nessa altura o seu futuro marido, Francisco da Cruz, um guitarrista amador, com quem casa em 1940, no mesmo ano em que se estreia no teatro de revista em 1940, como atração da peça Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados. Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano atua pela primeira vez fora de Portugal - em Madrid - a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira.
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para atuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.
A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de "apoio" dos EUA à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. Em Setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz.
Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco.
Amália apareceu em vários programas de televisão pelo mundo, onde cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e até alguma música de origem francesa, americana, espanhola, italiana, mexicana e brasileira. O álbum 'Com Que Voz', que gravou em 1969 - e saiu em 1970 -, com o compositor Alain Oulman, e já depois de uma carreira firmado nacional e internacionalmente, é o maior exemplo dessa viragem no seu percurso, e no próprio fado.
Em 1961, casa-se com o seu segundo marido, o engenheiro brasileiro César Seabra, com quém fica até à morte deste, em 1997. Em 1966, volta aos Estados Unidos, actuando no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o maestro Andre Kostelanetz frente a uma orquestra. Em 1971, encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris. Em 1974 grava o álbum Encontro - Amália e Don Byas com o saxofonista Dob Byas.
Na chegada da democracia são-lhe prestadas grandes homenagens. É condecorada com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República, Mário Soares.
Cantou poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados, de que é exemplo a lírica de Luís de Camões ou as cantigas e trovas de D. Dinis. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, José Carlos Ary dos Santos, Alexandre O'Neill ou Manuel Alegre. Amália Rodrigues falava e cantava em castelhano, galego, francês, italiano e inglês.
Na década de 1970, embora estivesse no auge da sua fama internacional, sua imagem em Portugal foi afetada por falsos rumores de que Amália tinha ligações com o regime do Estado Novo, de António de Oliveira Salazar. Na verdade, o antigo regime censurou muitos de seus fados. Amália reconquistou a popularidade com o povo português, cantou o hino da Revolução dos Cravos, a canção "Grândola, Vila Morena" e deu clandestinamente dinheiro ao Partido Comunista Português.
A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre, em sua casa, repentinamente, ao início da manhã, com 79 anos, poucas horas depois de regressar da sua casa de férias, no litoral alentejano. Imediatamente, o então primeiro-ministro, António Guterres, decreta Luto nacional por três dias. No seu funeral, centenas de milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Dois anos depois, a 8 de Julho de 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), e onde repousam personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade. Duas décadas depois da sua morte, a herança que deixou afirma-se e renova-se a cada e dia, em boa parte graças a sucessivas geração de cantores, fadistas e não só, que reinterpretam e atualizam a sua obra.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A1lia_Rodrigues
https://www.letras.com.br/amalia-rodrigues/biografia
Aqui não estamos muito habituados à formação de grandes fenómenos atmosféricos, por isso, falar-se da passagem de um furacão no arquipélago dos Açores é notícia obrigatória. Não é inédito, mas desta vez o Lorenzo, provocou mais de 250 ocorrências e obrigou ao realojamento de 53 pessoas.
Começou por ser uma tempestade tropical mas agora já atingiu o nível máximo na escala que classifica a intensidade dos fenómenos desta natureza - o nível 5 - perdendo alguma força, quando atingiu o arquipélago.
Apesar de tudo, a população preparou-se para a sua chegada, que se previa ser de nível 1 em algumas zonas ou até chegando a nível 2 quando chegasse à costa das primeiras ilhas no seu caminho. No terceiro dia, o Lorenzo levou à destruição do porto comercial das Lajes das Flores, que é essencial ao grupo ocidental da região (ilhas do grupo Ocidental, Flores e Corvo). O furacão está a ser acompanhado via Miami, uma vez que não há radares ativos nas ilhas.
Os Açores eram, até 2016, servidos por um único radar, no Pico de Santa Bárbara, na ilha Terceira, que era propriedade do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, mas foi desativado na sequência do processo de redução da base militar norte-americana nas Lajes.
Pode atingir o continente mas o mais certo é que perca alguma da sua intensidade e não faça muitos danos por aqui. Vamos estar atentos.
Fontes:
https://www.publico.pt/2019/10/03/sociedade/noticia/destruicao-porto-lajes-flores-1888754
Diogo Freitas do Amaral, faleceu esta quinta-feira, no hospital da CUF, onde estava internado desde meados de setembro, devido a um cancro ósseo. Tinha 78 anos.
Nasceu na Póvoa do Varzim, a 21 de julho de 1941 e licenciou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1963, tendo-se doutorado em 1967. Especializou-se em Direito Administrativo (área em que se tornou numa das grandes fontes de doutrina), foi professor na faculdade onde tinha sido aluno, mas também na Universidade Católica e, mais tarde, na Universidade Nova. Desde 1970, Freitas do Amaral esteve cinco mandatos à frente do Comitê Científico da faculdade e publicou vários livros e artigos sobre direito público, ciência política e história do pensamento político.
Político e professor de direito, Diogo Freitas do Amaral ocupou vários cargos proeminentes no governo de Portugal, incluindo os de vice-primeiro-ministro e de ministro de Negócios Estrangeiros.
Defensor de uma Democracia cristã de matriz europeia para Portugal, fundou a 19 de julho de 1974, o Centro Democrático Social (CDS), ao lado de Adelino Amaro da Costa ou Basílio Horta e de outros nomes. Em janeiro do ano seguinte, foi eleito líder do partido, num famoso congresso no Palácio de Cristal, no Porto, que chegou a estar cercado durante 12 horas, obrigando à intervenção do COPCON (comando militar do Movimento das Forças Armadas).
Em 1975, chegou a deputado na Assembleia Constituinte e quatro anos depois formou, com o PSD de Francisco Sá Carneiro e o PPM de Gonçalo Ribeiro-Telles, a Aliança Democrática, que viria a vencer as eleições nesse ano e no ano seguinte. Nesse período o CDS foi o único partido a votar no Parlamento contra a aprovação da Constituição da República Portuguesa de 1976.
Foi vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do VI governo constitucional, liderado por Francisco Sá Carneiro.
Em dezembro de 1980, quando cai em Camarate o Cessna que vitima o então primeiro-ministro Sá Carneirto, é Freitas do Amaral quem dá a notícia aos portugueses, logo assumindo a liderança interina do executivo e assegurando a transição para o governo de Francisco Pinto Balsemão (1981/1983). Nessa altura, além da pasta da Defesa, assume novamente as funções de vice-primeiro-ministro.
Chegou a professor catedrático em 1984. Em 1986 candidatou-se à Presidência da República, mas acabou por ser derrotado por Mário Soares, apesar de ainda ter vencido a primeira volta.
Freitas deixa o CDS em 1992, por divergências dentro do partido. Segundo alguns, ele acabou por ser abandonado pela direita após ter participado no governo de Sócrates, mas acabou também desprezado pela esquerda, por ter sido um homem próximo do «Estado Novo». Mas no fundo, não nos podemos esquecer da importância que ele, como outros, da sua geração, tiveram para o arranque da democracia como hoje a conhecemos. No entanto, só abandonou o seu cargo de deputado em novembro de 1993.
Freitas do Amaral, presidiu a 50ª sessão da Assembleia Geral da ONU entre 1995 e 1996.
Em 1998, depois de ter estado entre os fundadores da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, abandonou a Clássica, dedicando-se exclusivamente ao ensino na Nova, onde também presidiu à Comissão Instaladora, até 1999. No dia 22 de Maio de 2007 lecionou nesta Faculdade a sua última aula, com o tema Alterações do Direito Administrativo nos últimos 50 anos.
A partir de 2011 regeu, na Faculdade de Direito da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, a disciplina de Direito Público da Economia, coordenando também o Centro Português de Estudos Lusófonos.
Fontes:
https://observador.pt/2019/10/03/morreu-freitas-do-amaral-o-fundador-do-cds/
https://www.dn.pt/poder/morreu-diogo-freitas-do-amaral--11366346.html
https://news.un.org/pt/story/2019/10/1689572
https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_Freitas_do_Amaral
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