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Início da viagem de Circum-navegação

por Elsa Filipe, em 20.09.19

Há 500 anos, o navegador português Fernão de Magalhães, partiu de Sevilha com "uma esquadra de cinco navios e 234 homens decidido a provar que era possível circum-navegar o globo."

Foi a 20 de setembro que a armada armada de "Fernão de Magalhães, composta por cinco navios: TrinidadConcepciónVictoriaSantiago San Antonio" partiu para o mar a partir de Sanlucar de Barrameda, em Espanha. A viagem foi organizada com o financiamento dos reis da Espanha, e apesar de ter sido iniciada sob comando do navegador português, foi Juan Sebastián Elcano, que a terminou, após a morte de Magalhães.

Apesar de ser português, Fernão estava ao serviço de Espanha e tinha como missão "provar que as Ilhas das Especiarias, conhecidas pelo valioso cravo, se situavam no domínio espanhol."

Durante a viagem, foram descobertos "terras e mares desconhecidos, desde o rio da Prata até às Filipinas, incluindo toda a extensão do vastíssimo oceano Pacífico." Além disso, esta viagem vem "alterar definitivamente o paradigma geográfico da época: confirmava-se que a terra não era plana." Abrem-se novos horizontes com "a descoberta de novas passagens marítimas e de novas rotas comerciais."

Desenvolvem-se várias áreas do saber - "cultura, história, teologia, linguística, botânica e zoologia", mas o que se destaca é o "reconhecimento do valor científico dos astrónomos, cartográficos e geográficos."

A "Santiago" afunda-se a 3 de maio de 1520 e a 8 de novembro, antes de iniciarem a passagem do Pacífico, a nau "Santo António", revolta-se e regressa a Espanha. A 13 de fevereiro de 1521 as restantes três naus passam o Equador. Ao chegarem às ilhas Filipinas, Fernão de Magalhães percebe que os seus cálculos estão errados e isso acaba por ser trágico. O erro que terá cometido, terá sido o de avaliar de forma errada a localização das ilhas Molucas em relação à Indonésia, uma vez que estas se localizam um pouco mais a leste e não a norte como ele tinha primeiramente ponderado. Se tivesse reconhecido "o seu erro, punha-se mal com Espanha." Ao não o reconhecer, acaba por entrar num drama interior contra si mesmo, o que o leva a fazer algo considerado irracional. Perante este dilema, "em vez de ir para as Molucas, que eram o seu objetivo, anda a passear pelas Filipinas, de ilha em ilha, a imiscuir-se em lutas tribais onde encontrou a morte”, pelo que é descrito "a 27 de Abril de 1521, na ilha de Mactan, às mãos do chefe tribal Lapu-Lapu, coroado herói nas Filipinas." No dia 1 de maio, na ilha de Cebu, "vinte e seis tripulantes" desaparecem e pensasse que tivessem sido assassinados. Devido à falta de tripulantes, no dia seguinte, a "nau Concepción é abandonada."

Fernão de Magalhães não chega assim a atingir o seu objetivo, mas não deixa de ter a sua importância para a nossa história, uma vez que é graças aos seus conhecimentos que esta primeira circum-navegação é conseguida. De facto, esta viagem resulta do "mérito científico daquele fidalgo do Porto que foi fruto dos conhecimentos e formação que adquiriu em Portugal e nas áreas da sua expansão desde 1505 até ir para Espanha em 1517," na altura com cerca de 37 anos. O projeto tinha sido feito em Lisboa "entre 1516 e 1517," e a aceitação de ser um português  fazê-la só terá acontecido pelos conhecimentos demonstrados.

No regresso, a nau" Trinidad" acaba por ficar para trás e não consegue concluir a circum-navegação, mas a "Victoria", acaba por regressar pelas "águas do sul do Índico", chegando a Sanlúcar de Barrameda a 6 de setembro de 1522 "com apenas 18 sobreviventes da primeira volta ao mundo feita de seguida." A viagem de regresso teve como perigo maior "o receio de poder ser interceptada pelas embarcações portuguesas," navegando numa zona do mundo que estava "sob soberania portuguesa definida pelo Tratado de Tordesilhas."

Esta viagem teve um forte impacto para o conhecimento do mundo e para o processo da globalização, dando a conhecer, entre outros locais, as Ilhas de Cabo Verde que se tornariam depois um pilar de apoio crucial aos navegadores portugueses e às diversas rotas marítimas, na criação de ligações entre o continente africano, americano e europeu e no comércio com África.

Fontes:

https://ccm.marinha.pt/pt/museumarinha_web/multimedia_web/Paginas/efemeride-inicio-viagem-circumnavegacao-magalhaes---20set19.aspx

GARCIA, José Manuel, https://www.publico.pt/2019/09/12/culturaipsilon/noticia/fernao-magalhaes-genio-cometeu-erro-matou-1886323

GARCIA, José Manuel, https://www.publico.pt/2019/03/29/culturaipsilon/opiniao/sete-erros-factuais-informacao-viagem-fernao-magalhaes-emitida-academia-historia-espanhola-1867192

https://www.acasaaolado.com/magalhaes

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publicado às 11:57

Roberto Leal

por Elsa Filipe, em 15.09.19

O jovem loiro que saiu de Macedo de Cavaleiros e conquistou o mundo com a sua voz e a sua alegria, partiu hoje, depois de nos deixar um legado de músicas que perpetuarão a sua memória.

Dele lembro-me de ter os discos da minha avó a tocar lá em casa e de o ver na televisão quando vinha atuar a Portugal, em programas como o Big Show Sic. Em casa, a minha mãe ouvia-o em cassetes ou nos discos pedidos da rádio Santiago.

Roberto Leal, nome artístico de António Joaquim Fernandes, filho de Avelino Augusto Fernandes e de Maria Julia Patricio, nasceu na freguesia de Vale da Porca, Macedo de Cavaleiros, a 27 de novembro de 1951e com a sua música e presença artística uniu dois povos.

Cantor, compositor e ator português radicado no Brasil, era considerado embaixador da cultura portuguesa no Brasil. Ao longo da carreira de mais de 45 anos, ganhou trinta discos de ouro, além de cinco de platina e quinhentos troféus.

Teve uma infância pobre e declarou que comeu apenas batatas por um ano, após a colheita de trigo da família ter sido destruída por uma trovoada. Em 1962, emigrou com os pais e com os nove irmãos para o Brasil, com o objetivo de ter uma vida melhor,  Na cidade de São Paulo, após trabalhar como sapateiro e comerciante de doces,começou a carreira de cantor de fados e músicas românticas.

Em 1971 obteve o seu primeiro grande sucesso com "Arrebita", conhecida pelo seu refrão "Ai cachopa, se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita", após aparição no programa Discoteca do Chacrinha. Logo depois, começou a ganhar grande popularidade, sendo convidado para vários programas no Brasil. Os álbuns Carimbó Português (1976) e Rock Vira (1977) ganharam mbos o disco de ouro, por mais de 150 mil cópias vendidas cada um.

Em 1978, participou do filme Milagre - O Poder da Féque contou com participação especial de alguns nomes importantes como o apresentador Chacrinha, Elke Maravilha e a atriz Lolita Rodrigues. Lançado em 1979, o filme que abordava a história da sua vida e foi dirigido por Hércules Breseghelo, foi filmado em parte na sua terra natal.

Além do reportório romântico-popular, o seu trabalho também se caraterizava por misturar ritmos lusitanos aos brasileiros, além de ter gravado em estilos tipicamente brasileiros como o forró. Quase todo o seu reportório é composto por faixas da sua autoria ou em parceria com a esposa Márcia Lúcia, com quem foi casado e tinha três filhos entre os quais, o cantor e produtor musical Rodrigo Leal.

Além de cantor e compositor, Roberto Leal foi apresentador de programas na Rádio Capital de São Paulo na década de 1980, apresentador no canal português TVI e no Brasil e também apresentou programas na TV Gazeta e Rede Vida.

Em 2007, gravou o CD Canto da Terra, e em 2009, Raízes. Nesses discos gravou músicas em mirandês para divulgar a segunda língua oficial de Portugal, e onde usou vários instrumentos tradicionais como por exemplo a Gaita de Foles.

Em 2011 participou do elenco no programa Último a Sair, um falso reality show da autoria de Bruno Nogueira, João Quadros e Frederico Pombares, exibido pela RTP1, do qual saiu vencedor. Nesse mesmo ano publicou uma autobiografia, intitulada Minhas Montanhas, que foi lançada tanto no Brasil como em Portugal.

Em 2018 candidatou-se a deputado estadual por São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro, mas não foi eleito.

Em janeiro de 2019, Roberto Leal revelou lutar havia dois anos contra um melanoma, mas sofreu com metástases nos olhos e na coluna, e que por conta disto havia perdido parte da visão, também devido a cataratas. A sua morte decorreu de um internamento após ter feito uma reação alérgica a um medicamento e que lhe provocou insuficiência renal.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Leal

https://observador.pt/2019/09/15/morreu-o-cantor-roberto-leal/

 

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publicado às 23:28

20 anos depois - setembro negro na Rússia

por Elsa Filipe, em 13.09.19

Entre os dias 4 e 16 de setembro de 1999, a Rússia foi atingida por uma série de atentados que conduziram à morte de cerca de 300 pessoas. Passam-se agora 20 anos desde esse setembro negro e, apesar de estarmos um pouco longe geograficamente, não podemos deixar de assinalar esta data.

As "explosões atingiram Buynaksk" no dia 4 de setembro e repetiram-se em Moscovo nos dias 9 e 13 do mesmo mês. No dia "13 de setembro, o porta-voz da Duma russa, Gennadiy Seleznyov, anunciou que tinha havido "outro atentado", desta vez na "cidade de Volgodonsk." Estranhamente, esse bombardeamento não tinha ainda ocorrido, tendo acontecido "apenas três dias depois," a 16 de setembro. A responsabilidade foi atribuída a "militantes chechenos" mas estes, tal como o presidente da Chechénia, Aslan Maskhadov, "negaram" veementemente qualquer "responsabilidade," pelos atentados.

Estes atentados foram uma desculpa para um novo ataque à Chechénia, localizada na região do Cáucaso. Mas será que os chechenos estiveram mesmo envolvidos? São vários os factos que têm vindo a levantar dúvidas, desde logo o que se passou a 22 de setembro, quando "um dispositivo suspeito semelhante aos usados nesses atentados foi encontrado e desativado" num prédio de apartamentos na "cidade russa de Riazan. No dia seguinte, Vladimir Putin elogiou a vigilância dos habitantes de Ryazan e ordenou" o bombardeamento aéreo de Grózni, ataque "que marcou o início da Segunda Guerra Chechena."

No entanto, acabou por se saber, mesmo com todas as limitações feitas à imprensa russa, que "três agentes do Serviço Federal de Segurança (SFS)" russos, tinham sido "presos pela polícia local," acusados de plantarem os explosivos em Riazan. No dia "24 de setembro de 1999, o chefe do SFS Nikolay Patrushev anunciou que o incidente em Ryazan" tinha sido apenas um exercício antiterrorismo "e o dispositivo encontrado ali continha" unicamente "açúcar."

De acordo com a investigação oficial, da parte do Ministério Público da Rússia e que foi concluída em 2002, "todos os atentados a apartamentos foram executados sob o comando do carachai Achemez Gochiyayev" e planeados por "Ibn al-Khattab e Abu Omar al-Saif, militantes árabes que combatiam na Chechénia ao lado dos insurgentes chechenos."

Alguns historiadores alegaram "os atentados foram um golpe de Estado de bandeira falsa bem-sucedido e coordenado pelos serviços de segurança estatais russos para obter apoio público para uma nova guerra em larga escala na Chechénia e trazer Putin ao poder." A verdade, essa, não seria descoberta uma vez que nem uma "comissão pública independente" criada "para investigar os atentados" e "presidida pelo vice-presidente da Duma, Sergei Kovalev" teve eficácia. O governo russo recusou-se a responder às perguntas colocadas por esta comissão e dois membros-chave, "Kovalev, Sergei Yushenkov e Yuri Shchekochikhin, morreram em aparentes assassinatos." 

Já "Mikhail Trepashkin", advogado e investigador da comissão, "cumpriu quatro anos de prisão por revelar segredos de Estado." Para mais, "Alexander Litvinenko, que escreveu dois livros sobre o assunto," foi envenenado em 2006.

Este conflito entre a Rússia e a Chechénia, não é novo e estende-se já "desde o século XVIII". Embora tenha sido considerada por muitos como um conflito interno dentro de território russo, esta "guerra atraiu um grande número de combatentes jihadistas (mujahidins) estrangeiros, incluindo redes terroristas apoiadas pelo Afeganistão." A Arábia Saudita e a Geórgia apoiaram os "separatistas chechenos" o que tornou as relações entre a Rússia e estes dois estados, muito mais tensas. O presidente Putin chegou mesmo a "ameaçar publicamente o governo saudita de retaliação militar caso um novo atentado daquele tipo ocorresse."

O fim o fim do conflito militar na Chechénia, foi anunciado em 2009, seguindo-se a retirada de uma parte dos "20 mil soldados" que a Rússia ainda tinha nessa região. "A violência da guerra da Chechénia provocou um número indeterminado de mortos, que se estima da ordem de 100 mil." 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Atentados_contra_apartamentos_russos_em_1999

https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_na_Chech%C3%AAnia

https://www.dn.pt/globo/europa/moscovo-anuncia-fim-da-guerra-na-chechenia-1203928.html/

 

 

 

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publicado às 15:32


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