Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Desaparecidos... ninguém sabe o que aconteceu

por Elsa Filipe, em 29.05.19

Comecei a escrever sobre alguns dos vários casos de crianças desaparecidas, a propósito do dia Internacional da Criança Desaparecida que se assinalou a 25 de maio. Muitos casos ainda hoje são mediatizados, mas outros que não foram tão expostos, também continuam à espera de ser resolvido.

A maioria seria ou será agora uma pessoa adulta - de quem ninguém sabe até hoje. Foram um dia meninos e meninas, hoje são apenas rostos em fotografias amarelecidas pelo tempo, rasgos em corações que ainda sofrem na incereteza de um luto que fazem todos os dias mas que nunca têm a certeza de estar a fechar. Porque os lutos servem para desconstruir a dor, para a expressar, para se ser livre de a sentir, mas para os pais de filhos desaparecidos não.

Hoje venho falar de outro caso muito antigo, mas que ainda consta nos arquivos.

Hélder Alexandre Ferro Pagarim Cavaco

Hélder Cavaco nasceu em julho de 1973, em Santiago do Cacém, no distrito de Setúbal. Desapareceu em janeiro de 1990, com 16 anos, na zona da praia de São Torpes, em Sines, onde praticava surf.

Vidas roubadas em Portugal. As crianças que nunca mais ninguém viuDe acordo com a descrição disponível no site da Polícia Judiciária, Hélder media 1,76 metros, tinha cabelo e olhos castanhos, e uma cicatriz sob o olho direito. Quando foi visto pela última vez, vestia calças e blusão de ganga azul e usava uma mochila da mesma cor com riscas amarelas e vermelhas.

Até hoje o caso não foi resolvido. Como é que se fecha um ciclo? Tem de haver um encerramento, nem que seja simbólico. Mas sem dados, sem corpo, sem respostas, como se pode encerrar, sem magoar nem desrespeitar os envolvidos que sofrem na sua perda?

 

Fontes:

https://www.jn.pt/nacional/vidas-roubadas-em-portugal-as-criancas-que-nunca-mais-ninguem-viu-10924324.html

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:14

Desaparecidas

por Elsa Filipe, em 27.05.19

Hoje, dando seguimento à minha última publicação sobre crianças desaparecidas, partilharei mais dois casos. O da Tatiana e o da Cláudia. Alguns casos foram mais mediáticos do que estes que aqui vos deixo, o que mostra que nem todas as famílias são alvo dos mesmos apoios e eu sinto sempre que isso não é correto.

Tatiana Paula Mesquita Mendes (ou Odete Araújo Freman)

Vidas roubadas em Portugal. As crianças que nunca mais ninguém viuNasceu em junho de 1998 e quando desapareceu em maio de 2005, estava quase a completar 7 anos. A menina, nascida na Guiné e batizada com o nome Odete, foi adotada (ao que parece) em 2004  por um casal português que a registou com o novo nome.

O mais bizarro, é que cerca de um ano depois, a mãe adotiva informou que a menor tinha sido por si entregue a outra pessoa, ainda no ano anterior, e que a menina tinha morrido mais tarde num acidente de viação em Badajoz, Espanha. Ninguém sabe o que realmente se passou e o verdadeiro paradeiro nunca foi revelado. O acidente não foi investigado? Se morreu, onde está o corpo? Há tantas perguntas sem respostas neste caso.

Cláudia Alexandra Silva Sousa

Vidas roubadas em Portugal. As crianças que nunca mais ninguém viuNascida em 1987, desapareceu em 1994, a caminho da escola. Tinha sete anos. A mãe tê-la-á visto a dobrar a curva da rua do Baltar, em Oleiros, Vila Verde, perto de casa e depois não a viu mais. Se estiver viva, tem agora já 32 anos...

 

Fontes:

https://www.jn.pt/nacional/vidas-roubadas-em-portugal-as-criancas-que-nunca-mais-ninguem-viu-10924324.html

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 20:59

"Eles perderam-se dos pais, perderam a infância e juventude que teriam tido. Os pais perderam os filhos." Não sabem se estão vivos ou se faleceram e por isso, não conseguem fazer o seu luto, choram-nos todos os dias.

Para a Justiça, nove crianças estão desaparecidas e se forem vivas, algumas serão adultos. Onde páram e o que foi feito para as encontrar?

Hoje assinala-se o Dia Internacional da Criança Desaparecida e por isso resolvi dedicar os próximos dias a relembrar aqui os casos de algumas destas crianças, para que não caiam no esquecimento.

Hoje começamos com Sofia:

Vidas roubadas em Portugal. As crianças que nunca mais ninguém viu

Sofia Catarina Andrade de Oliveira 

Nasceu em fevereiro de 2002, e desapareceu aos dois anos. Filha de pais separados, foi retirada à mãe, com quem vivia, pelo pai em Câmara de Lobos, Madeira, na noite de 22 de fevereiro de 2004. Na fuga com a menor, o homem apanhou primeiro um táxi e depois boleia de um familiar, tendo sido deixado a pé, com a filha, às 21.30 horas, no Caniço de Baixo. Duas horas depois, deslocou-se à esquadra da PSP de Câmara de Lobos, onde estava a mãe da menor a participar o desaparecimento. A filha já não estava consigo.

Foi condenado mais tarde, por subtração de menores mas perante Polícia e tribunais, recusou sempre dizer onde estava a filha, mantendo a versão de que a menina se encontrava bem e que o segredo do paradeiro ia consigo para a cova. 

Terá agora 17 anos... e ainda ninguém sabe dela...

 

Fontes:

https://www.jn.pt/nacional/vidas-roubadas-em-portugal-as-criancas-que-nunca-mais-ninguem-viu-10924324.html

https://apcd.pt/web/desaparecidos/sofia-catarina-andrade-de-oliveira/

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:42

A Bula que "fundou" Portugal

por Elsa Filipe, em 23.05.19

Foram diversos os momentos que nos tornaram quem somos: portugueses.

Assinalam-se hoje 840 anos da assinatura da Bula “Manifestis Probatum”, (passava o dia 23 de Maio de 1179). Neste documento, "o Papa Alexandre III" atribuiu "o reino de Portugal ao rei D. Afonso Henriques e a seus herdeiros,"

D. Afonso Henriques merece a distinção de rei depois de ter ficado provado  ̶  “manifestis probatum”  ̶   a sua dedicação pelo reino, através dos "seus feitos em prol do novo reino, cujos territórios aumentara amplamente,  num claro benefício para a Cristandade", reconhecendo assim formalmente a "Independência de Portugal." D. Afonso Henriques, na época já com quase 70 anos, via assim serem salvaguardados "os territórios adquiridos na guerra como fazendo parte integrante de Portugal."

O documento original encontra-se no espólio da Torre do Tombo. Pode dizer-se que, este será o verdadeiro dia de "Portugal, como Estado livre e independente, reconhecido internacionalmente," depois de um processo "naturalmente lento porque dependeu da alteração da conjuntura internacional."

De lembrar que, mesmo com o Tratado de Zamora, havia ainda uma certa influência castelhana sobre Portugal, não tendo agradado aos reis de Castela-Leão a independência de Portugal. Com a "morte do imperador Afonso VII e a separação destes dois reinos, em 1157," dá-se a "emancipação definitiva de Aragão," o que veio a facilitar "as pretensões de D. Afonso Henriques." A isto, juntou-se o enfraquecimento da "autoridade do papado", durante todo o "século XII, com o envolvimento em querelas com o Sacro Império Romano-Germânico e o surgimento de vários anti-Papas."

Este é um dos demais episódios da nossa história em que a igreja católica tem uma forte influência através da figura do Papa.

Fontes:

https://www.ship.pt/sociedade-historica/datas-importantes/

https://ensina.rtp.pt/artigo/a-bula-manifestis-probatum-o-documento-fundador-do-reino/

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 20:45

O regresso do Dia do Trabalhador

por Elsa Filipe, em 01.05.19

Hoje celebram-se 45 anos sobre o dia em que as pessoas puderam voltar a vir à rua e manifestar-se, pelos seus direitos, no Dia do Trabalhador. 

Este dia é celebrado em Portugal desde 1890 - com interrupção durante os anos do Regime. Bem sabemos, que perande a ideologia praticada no período Salazarista, era proibido que as pessoas se manifestassem contra o regime. Não podia haver qualquer reivindicação e a pobreza era uma realidade que se queria tapar e esconder.

Sobre este dia, é importante pereceber também que ele não teve origem aqui em Portugal, mas que teve sempre uma enorme importância.

Foi nesta data que aconteceu a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago e uma greve geral nos Estados Unidos, em 1886.

Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial.

Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir os seus direitos, apenas trabalhavam.

No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e uns anos depois a Rússia fez o mesmo.

No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário por tratar-se do santo padroeiro dos trabalhadores. 

Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.

Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas.

Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.

Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo.

Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.

 

Fontes:

https://pt.euronews.com/2018/04/30/significado-e-historia-do-1-de-maio-dia-do-trabalhador

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:03


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D