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Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

Caderno Diário

Escrever é algo que me apraz. Ante a minha vontade de criar, muitas vezes me falta tempo. Aqui passo da vontade à prática. Este é um caderno onde escrevo sobre a minha vida pessoal e temas da atualidade que me fazem refletir.

25
Abr19

45 anos da Revolução de abril

Celebra-se hoje a passagem de 45 anos sobre a Revolução do 25 de Abril. Um dia especial que marca o fim do Estado Novo e o início da libertação dos presos políticos e o regresso a casa de muitos exilados. Ser clandestino, sussurrar para não ser ouvido pelos bufos, a olhar por cima do ombro em constante sobressalto, era uma realidade nos anos de ditadura. O 25 de Abril (após outras tentativas falhadas) dá-se para acabar com a Guerra Colonial.

Lembrando os jovens de 1974, Marcelo Rebelo de Sousa disse algo muito bonito na Assembleia da República: "a história faz-se sempre de programas, de ideias impossíveis. Portugal é uma impossibilidade com quase 900 anos. Porque haveríamos de ser nós a não acreditar em Portugal?"

Para muitos, hoje é um dia de festa, mas é também um dia de reflexão e de memórias. Eu tenho uma grande admiração pelos homens e mulheres que conseguiram fazer deste um país livre. São centenas, senão milhares, de nomes que conseguiam fugir ao lápis azul da censura, que resistiam às mãos da tortura dos PIDE sem denunciar os outros que com eles lutavam. No nosso país havia fome. Muita fome, muita miséria a que não queremos regressar. Claro que ainda há fome! Não sejamos hipócritas! Há falta de habitação condigna, existem falhas na Educação e na Saúde - para mim os grandes pilares - mas temos liberdade para lutar por mais! Eu posso fazer mais por mim e pelos meus, posso criticar e exigir! Até posso votar!

Posso escolher se quero dizer bem ou se quero dizer mal do governo, se hoje quero concordar com as ideias de um partido mas ontem concordei com as do outro. Posso optar por vestir calças ou saias, mostrar as pernas se bem quiser.

Aprendi a ler! Posso escrever! E mais, posso escrever o que eu quero, mesmo que não gostem e que me critiquem, pois quem quer criticar tem esse direito também, o de dizer mal ou de dizer bem, de gostar e de afirmar que não gosta. Posso não concordar e dizer que não concordo e quais são as minhas ideias. 

Abril ainda não está terminado! Nunca estará penso eu, pois estamos famintos de continuar a mudar e a crescer. O país pede mais, merece mais. O caminho tem sido lento, os entraves têm sido tantos... não nos deixem baixar os braços, continuemos a luta pela nossa liberdade, pelos nossos direitos e por não deixarmos cair na rua, o poder que Abril nos deu! As crianças e os jovens de hoje têm de saber daquilo que se passou para que nunca se esqueçam! A estes jovens que já nasceram em liberdade, tal como eu nasci em 1983, tem de ser mostrado o que era Portugal. 

Fontes:

https://rr.sapo.pt/noticia/149253/marcelo-pede-mais-ambicao-na-democracia-na-demografia-e-na-economia

24
Abr19

Os capitães de Abril

O movimento dos Capitães de abril foi desencadeado pelos oficiais das Forças Armadas portuguesas. Apresentava um programa político com a intervenção de Spínola e Costa Gomes e sob a coordenação de Otelo Saraiva de Carvalho, que elaborou o plano das operações militares, envolvendo todas as principais unidades do exército português.

O movimento revolucionário de abril de 1974 derrubou o Estado Novo e abriu assim caminho a uma nova era da História portuguesa, com a adoção de um regime democrático.

Mais do que uma questão corporativa o surgimento do Movimento de Capitães surge das divisões dentro das classes dirigentes do Estado Novo, do prolongamento da guerra, no quadro de uma crise económica cuja profundidade tinha levado ao fim do sistema de Bretton Woods e ao choque petrolífero de 1973.

Este movimento foi exclusivamente militar, apartidário e independente das forças políticas, sem qualquer tipo de compromisso com civis. Tinha um programa próprio, que contemplava desde o início a entrega do poder às instituições competentes, mediante um sufrágio que as legitimasse.

É preciso dar o realce devido aos problemas internos das Forças Armadas no processo que evoluirá para a revolução. Com a guerra colonial, registou-se um problema de falta de quadros no exército e, para atrair oficiais, foram concedidas facilidades de progressão aos milicianos, sendo claramente prejudicados os oficiais do quadro permanente.

As reivindicações destes deram origem a uma série de reuniões mais ou menos clandestinas onde se definiram os pontos básicos de atuação. Aquilo que inicialmente surgia como reivindicação salarial transformar-se-ia num completo programa de reforma da sociedade portuguesa.

A recusa de Marcello Caetano em aceitar uma solução política para a guerra levou a que os oficiais de nível intermédio, que suportavam realmente o combate no teatro de operações, percebessem que o fim do conflito passava pelo derrube do regime do Estado Novo.

Em novembro de 1973, o Movimenta explicita que, além das reivindicações corporativas, estavam em causa outros objetivos, como o fim da Guerra Colonial e o restabelecimento da democracia.

Em dezembro foi eleito um Secretariado Executivo constituído por Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho e Vítor Alves, e foram formadas as várias comissões que iniciaram o processo de preparação de um golpe militar. 

Os capitães sabiam ser este também o sentimento geral da população. Sabiam ainda, após a publicação do livro de Spínola Portugal e o Futuro (fevereiro de 1974), que podiam contar com o apoio dos seus chefes militares.

A 5 de março de 1974, o Movimento dos Capitães passou a designar-se Movimento das Forças Armadas e foram aprovadas as suas bases programáticas, que constam de um documento distribuído nos quartéis: "O Movimento, as Forças Armadas e a Nação".

O ensaio geral para o derrube do regime deu-se a 16 de março de 1974, quando o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha tentou um golpe militar. Devido à falta de coordenação com outros setores do movimento, a iniciativa não teve sucesso.

Os objetivos definidos pelos seus mentores eram a mudança da política ultramarina e a transição para uma democracia. Estes pontos angariaram o apoio de muitos oficiais do quadro permanente e dos milicianos que a eles se juntaram, sobretudo após o golpe inconsequente de 16 de março.

A conspiração que finalmente derrubou o Estado Novo contou com cerca de trezentos oficiais das Forças Armadas e desenvolveu-se em menos de um ano.

O golpe foi marcado para a semana de 20 a 27 de abril de 1974. Acabou por ter lugar a 25, com Otelo Saraiva de Carvalho como principal comandante das operações. O regime caiu sem ter quase quem o defendesse.

 De imediato o MFA recebe o apoio entusiástico da população de Lisboa, que em menos de uma semana destrói os símbolos do antigo regime. No Quartel do Carmo, em Lisboa, o governo foi cercado; as portas da prisão de Caxias e Peniche abriram para saírem todos os presos políticos; a Pide, a temível polícia política, foi desmantelada, foi atacada a sede do jornal do regime A Época e a censura abolida.

Ninguém esperava porém esse desfecho vertiginoso do mais antigo império colonial.

Logo a partir de maio de 1974 é o PCP, que na altura é o mais bem organizado dos partidos, aquele que vai ser determinante na direcção do movimento operário organizado na Intersindical, vai traçar como estratégia a "Aliança Povo-MFA", tentando apoiar-se nos militares para levar a cabo o seu programa político.

O Partido Comunista Português (PCP) saúda logo a 25 de abril os militares que fizeram o golpe de Estado. A 30 de abril, o carismático líder do PCP, Álvaro Cunhal, regressa do exílio e dá uma conferência de imprensa onde afirma, perante centenas de apoiantes, que "o nosso povo, em aliança com os militares do 25 de abril conduzirão o nosso país pelo caminho da liberdade, da democracia e da paz".

Com a aproximação das eleições para a Assembleia Constituinte, marcadas para 25 de abril de 1975, o PCP vai procurar reforçar o MFA na direcção do Estado.

Para além de o programa do MFA ser um programa democrático coincidente com o programa do PCP de "revolução democrática e nacional", Álvaro Cunhal já tinha nesse momento a antevisão de que as eleições o iriam colocar numa posição mais fraca em termos de representatividade política.

A rapidez com que se desenvolvem as ocupações e greves entre fevereiro e março de 1975 leva todos os partidos prudentemente a apoiar um reforço dos militares no aparelho de direcção do Estado, embora o PS defendesse que esse reforço deveria ser mais matizado.

O Partido Socialista, no início de março de 1975 declara, através de Mário Soares, que defende a institucionalização do MFA, mas a "superioridade das eleições".

A 11 de abril de 1975 tem lugar a cerimónia de assinatura do Pacto entre o MFA e PS, PPD, PCP, MDP, FSP e CDS.

Fontes:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$movimento-dos-capitaes-de-abril

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$movimento-das-forcas-armadas-(mfa)

Porto Editora – Movimento das Forças Armadas (MFA) na Infopédia [em linha]. Porto

https://www.scielo.br/j/rbh/a/k7vrdj5Vy5mCLNRrqfKhbHK/?lang=pt

 

23
Abr19

110 anos depois do sismo de Benavente

O sismo de Benavente de 1909 foi um abalo telúrico que ocorreu no dia 23 de abril de 1909, às 17h05. Afetou a região ribatejana que abrange os concelhos de Benavente e Salvaterra de Magos, tendo provocado cerca de quatro dezenas de mortos e elevados prejuízos materiais.

O sismo teve origem na Falha do Vale Inferior do Tejo, uma falha intra-placa activa e terá atingido uma magnitude de 6.1 na escala de Richter. Foi o mais importante sismo gerado sob o território continental português em todo o século XX, uma vez que o sismo de 1969 (de magnitude superior a 7.0) teve o seu epicentro a sudoeste da costa algarvia.

De acordo com relatos da época, o sismo teve uma duração de 22 segundos. Os mesmos relatos referem que o terramoto se terá desenrolado em duas fases, inciando com um movimento vertical seguido por vários abalos horizontais mais violentos e de maior duração. Ao longo das semanas que se seguiram, sentiram-se várias réplicas com menor intensidade.

O sismo provocou 42 mortos e 75 feridos, distribuindo-se as vítimas mortais do seguinte modo: 30 na freguesia de Benavente, 7 na freguesia de Samora Correia, 3 na freguesia de Santo Estêvão e 2 na freguesia de Salvaterra de Magos. O balanço que só não foi mais dramático porque, à hora em que ocorreu, 17:05h, a grande maioria da população estava ainda a trabalhar nos campos.   

Para além das perdas humanas, o sismo provocou ainda elevados danos materiais, tanto nas habitações como em edifícios que constituem património municipal. O património religioso foi sem sombra de dúvida o mais afetado, de que são exemplos a Igreja Matriz, a Igreja de Santiago, a Igreja de S. Tomé, a capela de Nª Srª da Paz e os Paços do Concelho. 

Testemunhos da época fazem referência a «nuvens colossais de poeira que se elevam nos ares», ao «barulho infernal dos prédios a cair», e aos «gritos de dor de uma população inteira». Sem comunicação telegráfica, a notícia do sismo chegou à capital do distrito, Santarém, através de um lavrador que para  se dirigiu.

FOTO: CM BENAVENTE

Dos edifícios públicos, apenas os edifícios da Câmara Municipal e do actual Museu Municipal (em Benavente) e o Palácio da Companhia das Lezírias (em Samora Correia) resistiram, mesmo assim com danos relevantes. Relatos da altura, contam que as muralhas das Portas do Sol se desprenderam quatro blocos do alicerce, um dos quais foi cair ao Tejo, produzindo deslocamento nos carris da linha férrea. A igreja do Salvador tem as abóbodas fendidas e os cunhais da capela-mor e coro todos desligados.

No dia seguinte, o rei D. Manuel visita a zona sinistrada e as forças militares começam a instalar tendas de campanha trazendo consigo mantas, camas, roupas. O Hospital Militar da Estrela envia para o local médicos e enfermeiras.

Por todo o país e no estrangeiro foram feitas subscrições, bandos precatórios e récitas de caridade, com a finalidade de angariar meios para acudir aos mais necessitados. Destacam-se as iniciativas levadas a cabo pelos jornais: “Diário de Notícias”, “O Século” e ainda pela Associação Comercial de Lisboa e pelo Clube de Fenianos do Porto, contribuindo assim para a reconstrução e recuperação de habitações e escolas.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Benavente_de_1909

https://www.cm-benavente.pt/visitar/historia/terramoto-de-1909

https://correiodoribatejo.pt/memorias-da-cidade-quando-a-terra-tremeu-em-1909-e-1969/

 

 

17
Abr19

Acidente grave na Madeira

A Madeira é conhecida pelas suas encostas íngremes, mas foi o descuido que levou ontem ao despiste de um autocarro de turismo na Estrada da Ponta da Oliveira, na freguesia do Caniço. Este acidente provocou 29 mortos (todos de nacionalidade Alemã) e 27 feridos, dois dos quais portugueses.

 

16
Abr19

Notre Dame

Desde ontem que estamos de olhos postos em França, onde a catedral de Notre Dame, em Paris, ardeu de forma violenta. Parece algo absolutamente impossível de estar a acontecer nos dias de hoje, mas a verdade, é que a estrutura acabou por ceder e a catedral nunca mais será a mesma. Perderam-se para o fogo e para a água, anos e anos de História, que nunca nenhum dinheiro conseguirá repor.

Um incêndio deflagrou esta segunda-feira, por volta das 18h50 (17h50 em Lisboa) na Catedral de Notre-Dame, em Paris. A intensidade das chamas foi tal que o pináculo da catedral cedeu e colapsou.

Emmanuel Macron, presidente da França, já veio confirmar que a edificação principal foi "salva e preservada", mas que a estrutura superior desabou. Do telhado, restou apenas um terço.

A tragédia de Notre-Dame cobre quase todas as capas da imprensa internacional e, nas redes sociais, há dezenas de ilustrações com homenagens ao icónico monumento parisiense.

 

Fontes:

https://sicnoticias.pt/arquivo/incendio-na-notre-dame/2019-04-15-Cinzas-de-Notre-Dame-cobrem-Paris

15
Abr19

Maria Alberta Menéres

Faleceu a escritora de "Ulisses" e criadora do conceito "Pirilampo Mágico" em Portugal. Tinha 88 anos, mas a sua obra perdurará por muitos mais.

Maria Alberta Menéres nasceu em Vila Nova de Gaia, no dia 25 de agosto de 1930. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mais conhecida pela sua obra como escritora, foi também professora do Ensino Técnico, Preparatório e Secundário, nas disciplinas de Língua Portuguesa e História.
 
Organizou a Antologia da Poesia Moderna Portuguesa (1940 a 1967), em 1976, e, dois anos mais tarde, a Novíssima Antologia da Moderna Poesia Portuguesa, em parceria com o poeta E. M. de Melo e Castro.
Traduziu e adaptou para crianças várias obras de língua francesa, entre elas contos de Perrault e fábulas de La Fontaine.

De 1972 a 1974 dirigiu no Diário Popular a secção «Iniciação Literária». Este trabalho serviu de base à obra O Poeta faz-se aos dez anos (1974), que continua sendo um dos mais interessantes livros portugueses de iniciação a uma pedagogia da poesia. Publicou também livros didáticos, como O livro aberto (1975), em colaboração com António Torrado.
 
Pertenceu à Comissão de Classificação de Espectáculos Cinematográficos (Ministério da Comunicação Social), de 1974 a 1982, desempenhando aí diferentes funções.
 
De 1974 a 1986, foi Diretora do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP, tendo sido autora e produtora de inúmeros programas.
 
Foi Assessora do Provedor de Justiça, de 1993 a 1998, sendo da sua responsabilidade as primeiras linhas de apoio a crianças e idosos em Portugal.
 
Criadora do conceito e responsável pelo nome do "Pirilampo Mágico", foi autora, durante seis anos, das letras das canções dessa campanha solidária que dura até hoje.
 
Maria Alberta Menéres é autora de mais de 100 livros infantis e juvenis, dos quais se destaca a obra Ulisses, que conta já com 45 edições e mais de um milhão de exemplares vendidos. Fez traduções, adaptações, dezenas de peças de teatro, para além de uma sólida obra de poesia adulta.
 
Em 1986 recebeu o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças, «pelo conjunto da sua obra literária e a manutenção de um alto nível de qualidade». Em 2010, foi agraciada com a Condecoração da Ordem de Mérito Civil no grau de Comendador.
 
 
Fontes:
https://www.portoeditora.pt/autor/maria-alberta-meneres/129
http://livro.dglab.gov.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=13443