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Neste dia, voltemos à madrugada de 28 de fevereiro de 1969. Passaram-se 50 anos, mas ainda há quem se lembre desta madrugada. Casas destruídas, prédios que ficaram inclinados, casas desniveladas... dezenas de feridos e centenas de desalojados.

As pessoas acordaram com as paredes das casas a abanar e um barulho ensurdecedor. Muitos são os relatos das pessoas que viveram o sismo de 1969. Nesta data, o escândalo nacional que tinha sido a ida de Simone de Oliveira ao Festival da Canção, foi esquecida devido ao sismo que abalou o país naquela noite.

Em terra, a noite estava chuvosa, mas no mar o céu até se apresentava limpo. Segundo o IPMA, "tratou-se do sismo de maior magnitude sentido na Europa desde o grande terramoto de Lisboa de 1755." O pânico foi generalizado entre a população, tendo havido "cortes nas telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica."

A vibração terá levado cerca de um minuto. O Algarve foi a zona mais afetada com uma aldeia inteira a "desaparecer do mapa." Mas poderia ter sido bem pior, não tivesse sido a distância a que se deu o epicentro.

Em Lisboa, caíram fachadas e desmoronaram varandins. Ao abalo principal de 7.9, seguiu-se uma réplica de 5.4 na Escala de Richter, tendo havido oficialmemente três vítimas diretas, resultantes de danos provocados pelo abalo. De acordo com a tese de Ana Vieira(1), as três vítimas foram as seguintes: "em Sines, na enfermaria do
hospital, um homem foi atingido por um tijolo que perfurou o tecto tendo sido, posteriormente, transferido para o Hospital de São José, onde não resistiu aos ferimentos (República 02/03/1969). Em Lagos, no lugar de São João, o colapso de uma residência provocou mais uma vítima (Diário de Notícias 01/03/1969). A última vítima mortal foi um pescador cujo corpo foi descoberto debaixo dos escombros de uma rocha que, devido ao sismo, se terá fragmentado (Diário Popular 12/03/1969)." Os registos acabam por ser díspares e, se uns apontam que o pescador terá morrido na "Praia do Vau" outros localizam a mesma morte "na Praia da Rocha."

Em relação aos restantes mortos, a sua ocorrência ter-se-á devido a síncopes e outros acidentes não diretamente relacionados com o sismo, mas que a este poderiam ter sido atribuídos. No site da RTP(2) os números que encontramos são desde logo diferentes, apontando para "treze pessoas" a perderem a vida. O mesmo nos diz o artigo hoje publicado no Diário de Notícias (3), afirmando que destas vítimas, "duas " terão ocorrido "em consequência direta do abalo e 11 indiretas, algumas acometidas de síncopes."

Quanto aos feridos, também não existe um registo exato do seu número. Na sua pesquisa, Vieira(1) indica que se registaram "cerca de 70 feridos em Lisboa e 150 na região do Algarve, sendo estas as regiões mais afectadas no país." No entanto, basta-nos pesquisar os jornais da época, principalmente os desse dia e do dia seguinte para vermos que existiu uma discrepância de números: no dia 28, o "Diário de Lisboa" apontava 60 feridos na capital, 

As pessoas concentraram-se nas ruas, mesmo com o frio e a cacimba que se fazia sentir. O pânico voltou a instalar-se quando por volta das 5:28, se sentiu "uma réplica de pequena intensidade." Pequena, pequena, não terá sido, mas menor do que a primeira sim. As estruturas já danificadas podiam de facto ruir e por isso ninguém voltava para dentro. De entre as descrições dessa madrugada, cada um contou o que viu e o que sentiu. "Muitos diziam que o céu tinha tomado uma coloração rubra, a fazer lembrar uma aurora boreal, depois viram uma rápido mas intenso clarão."

Um outro relato é o do comandante da embarcação "Manuel Vicente" que navegava àquela hora muito próximo do local do epicentro do sismo. De acordo com o publicado no Diário de Notícias (3) e cuja descrição já li também em outras fontes, "o comandante Oliveira Manata estava nessa altura recolhido, a ler. Eram, 1:43 locais e percebeu que o navio se estava a comporta de forma estranha. Começou a arfar, uma expressão que na linguagem náutica significa um movimento parecido com o abrir e fechar da mão." Disse o comandante que "embora construído em ferro, o barco tem uma certa elasticidade, mas naquela altura sentiu-se o esforço dele. Logo a seguir, deixou de arfar e começou a vibrar com muita força." Contou ainda que foi possível ver"o mar, e um lado e de outro, borbulhar como a água de uma panela a ferver. Logo que parou a vibração, vieram duas vagas grandes; o navio subiu uma, desceu a outra e passou-a também. Depois tudo serenou." Estas vagas chegariam a terra, mas sem grandes danos a registar.

Quando a luz do dia permitiu avaliar melhor os estragos, viram-se então diversos "carros soterrados por paredes que caíram." Em Lisboa, "os hospitais de São José (onde uma parte teve de ser evacuada) e o Curry Cabral também ficaram danificados." Em Castro Marim, no Algarve, o Hospital de Castro Marim, "ficou praticamente destruído. Na povoação de Casseia, várias casas vieram abaixo e a igreja, reconstruída após o terramoto de 1775, sofreu danos consideráveis." Bastante afetadas ficaram ainda as aldeias de Bensafrim, próximo de Lagos, (esta a "ficar praticamente destruída", com "cerca de 50 habitações" a serem "deitadas ao chão pelo terramoto") e de Fonte Louzeiros, perto de Alcantarilha, (onde não houve uma casa que ficasse de pé). Muitos foram os desalojados como se pode perceber.

É curioso que agora as pessoas falem sobre este sismo, mas temos de nos lembrar que naquela altura não havia a comunicação social como a temos hoje. "A realidade pretendia-se pacífica e harmoniosa." Os jornais e as rádios estavam limitados pela censura e as notícias iam chegando através dos seus correspondentes, que eram enviados aos locais e falavam com as populações.

Fontes:

(1) file:///C:/Users/pcmultimedia/Videos/Downloads/Ana%20Vieira_81693_TESE%20(1).pdf

(2) https://ensina.rtp.pt/artigo/memorias-do-sismo-de-1969/

(3) https://www.dn.pt/arquivo/diario-de-noticias/sismo-1969-o-mar-borbulhou-e-o-pais-saiu-a-rua-em-pijama-10630935.html

https://youtu.be/veyeux83c_E

https://youtu.be/xU3cSCuZiTY

https://www.noticiasaominuto.com/pais/1207995/meio-seculo-se-passou-do-grande-sismo-de-69-lembra-se-como-foi

https://youtu.be/Z7wMywUkeJc?t=27

 

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publicado às 23:25

Pecará por tardia...

por Elsa Filipe, em 21.02.19

O Vaticano irá receber a partir de hoje e até ao próximo domingo todos os presidentes das conferências Episcopais do mundo para uma reunião inédita sobre os casos de abusos sexuais a crianças praticados pelos seus membros. Este tem sido um dos temas polémicos a abalar a igreja com muitos casos ao longo dos anos, muitos dos quais foram abafados. 

Um relatório dá a conhecer que, por exemplo, na Igreja dos Estados Unidos cerca de mil crianças foram vítimas de padres nos últimos 70 anos, e que gerações consecutivas de bispos falharam repetidamente na adoção de medidas para proteger a comunidade e punir os violadores.

Na Austrália, outro caso envolveu o cardeal George Pell, que dirigia a Secretaria da Economia do Vaticano, foi considerado culpado por um tribunal em Melbourne de abuso sexual a duas crianças.

Em Agosto, o Papa escreveu aos católicos do mundo, poucos dias antes de uma visita à Irlanda, onde mais de 14.500 pessoas se declararam vítimas de abuso sexual por parte de padres, o papa escreveu aos católicos do mundo, condenando este crime e exigindo responsabilidades.Já em 2010, também o seu antecessor, Bento XVI, escrevera uma carta a todos os católicos irlandeses, reconhecendo a responsabilidade da Igreja nos abusos cometidos no país.

Em 2018, um enviado do Papa ao Chile fez uma investigação, da qual resultou um relatório que incluia 64 testemunhos e que acabou por desencadear a renúncia em bloco dos bispos chilenos. O papa assumiu na altura o compromisso de reparação dos danos e de mudanças na Igreja, as vítimas aplaudiram e as autoridades policiais avançaram com uma investigação que ainda decorre e que já levou à identificação de mais de 200 vítimas. 

O abuso sexual contra crianças durante anos e anos chegou a ser classificado pelo secretário do papa emérito, Bento XVI, como "o 11 de setembro da Igreja Católica". Os relatos e as notícias de abusos tiveram também impacto na Igreja dos Estados Unidos. Neste caso, um relatório elaborado por um grande júri da Pensilvânia revelou que, pelo menos mil crianças, foram vítimas de 300 padres nos últimos 70 anos, e que gerações de bispos falharam repetidamente na adoção de medidas para proteger a comunidade e punir os violadores. As vítimas poderão ser ainda mais.

Na Alemanha, um relatório interno encomendado pela Conferência Episcopal alemã aponta para 3677 casos de abusos sexuais cometidos por 1670 elementos da Igreja Católica entre 1946 e 2014 e na Holanda pelo menos 20 bispos e cardeais holandeses foram associados a abusos sexuais.

O encontro sobre a “Proteção dos menores na Igreja”, que se realizará, no Vaticano focará três temas principais: responsabilidade, assunção de responsabilidades e transparência.

Fontes:

https://www.dn.pt/lusa/cimeira-no-vaticano-sobre-protecao-de-criancas-e-abusos-apresentada-na-segunda-feira-10587985.html

https://exame.com/mundo/papa-francisco-pede-perdao-as-vitimas-de-abusos-na-irlanda/

 

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publicado às 19:22

Os meninos-soldado da guerra de Angola

por Elsa Filipe, em 13.02.19

Hoje trago um tema, bastante polémico, mas do qual não nos podemos esquecer: os meninos-soldado. São crianças, raptadas, vendidas ou até recrutadas, que se juntam a grupos armados e combatem nas guerras de todo o mundo. Sobrevivem em condições desumanas, na maioria das vezes sem abrigo, alimentação adequada ou cuidados de saúde. Muitas morrem devido a ferimentos por armas de fogo, explosões ou de doenças contraídas e das quais não chegama  ser tratadas. Outras tantas são violadas, mutiladas...

Durante toda a História mundial, há inúmeros exemplos do uso de crianças em conflitos armados, seja propositadamente ou pela força das circunstâncias. É muito recente a condenação explícita e global da participação ativa de crianças em conflitos e guerras, uma vez que só em 1989 foi assinada a Convenção sobre os Direitos da Criança, onde se pode ler que: “os Estados Partes devem tomar todas as medidas possíveis na prática para garantir que nenhuma criança com menos de 15 anos participe directamente nas hostilidades”.

Uma notícia na RTP em 1990, já alertava para esta problemática, dizendo que "MPLA e UNITA incorporam crianças nas suas forças de combate devido ao desgaste humano provocado pela guerra civil no país". Tanto Angola como Moçambique ratificaram a Convenção sobre os Direitos da Criança em 1990, mas sabemos que as suas diretrizes não foram cumpridas.

Nesta pequena notícia, é mesmo mostrado um documento onde se intima jovens a partir dos 16 anos a se recensearem, mas em imagens da mesma época vemos que existem crianças bem mais novas de arma na mão.

Um relatório da Human-Rights, viria a dizer que estas crianças-soldado, que lutaram na guerra civil de Angola tinham sido excluídas dos programas de desmobilização, aquando do acordo que estabeleceu a paz na extensão continental de Angola em 2002.

"O contigente esquecido" foi um relatório criado na época e que dá a conhecer essa problemática. Em dados apresentados nesse ano, estimam que cerca de 11.000 crianças estiveram envolvidas nos últimos anos dos combates. Algumas crianças receberam treinamento no uso de armas e participaram diretamente dos combates, enquanto que outras atuaram como carregadores, cozinheiros, espiões e trabalhadores. A estas crianças eram dadas também drogas, como por exemplo, a Canábis. Fugir não era opção, porque quem tentava fugir era morto e, muitas vezes era pedido a uma das crianças que matasse outra que tinha tentado fugir da base. Se não o fizesse, ela mesma era morta. O medo era constante. 

O uso de crianças em conflitos armados viola a legislação de inúmeros países, entre os quais, Angola, bem como viola de forma bastante clara as leis internacionais. Sobre Angola recai a obrigação de providenciar a recuperação e reintegração de todas as crianças afetadas pelo conflito.

Além das agruras da guerra, as crianças-soldado foram privadas de oportunidades educacionais, vocacionais e de desenvolvimento, o que faz com que estas crianças necessitem particularmente de programas de reabilitação adequados com as suas experiências específicas. Sem nenhuma assistência, elas correm o risco de serem manipuladas no futuro, tornando-se mais vulneráveis a serem atraídas ao serviço militar ou ao exercício de atividades ilegais.

Ainda segundo "O contingente esquecido", os soldados da UNITA espancavam frequentemente as crianças que cometiam qualquer infração e forçavam-nas a realizar trabalhos perigosos, além de abusarem sexualmente das adolescentes ou de as ofereceram como "esposas" aos soldados.

As forças armadas do Governo também usaram rapazes na guerra, se bem que em número mais reduzido do que a UNITA. 

As crianças que atuaram na guerra devem primeiro ser identificadas e reconhecidas para garantir que as ofertas tangíveis de assistência realmente as beneficiem.

Em abril de 2002, a guerra terminou na parte continental do país, depois de décadas de combates. A infra-estrutura do próprio país estava em ruínas: escolas e clínicas de saúde tinham sido completamente destruídas e restavam poucos profissionais qualificados para prestar os serviços.

O sucesso dos projetos de reintegração das crianças-soldado dependerá de uma maior dedicação de recursos por parte do governo para prestar os serviços básicos a todos os angolanos. Quem passou por isto, tem traumas muito profundos.

Fontes:

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/mpla-e-unita-incorporam-criancas-nas-suas-forcas-de-combate/

https://www.hrw.org/pt/news/2003/04/28/226507

https://www.dw.com/pt-002/a-inf%C3%A2ncia-passada-na-guerra-crian%C3%A7as-soldado-em-mo%C3%A7ambique-e-angola/a-17799763

 

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publicado às 12:48

12 de fevereiro foi a data escolhida para alertar a comunidade internacional para esta trágica e chocante realidade que afeta  centenas de crianças que continuam a ser raptadas, abusadas e utilizadas em conflitos armados. Entende-se por criança-soldado qualquer pessoa que tenha menos de 18 anos e faça parte de qualquer tipo de força armada organizada ou não organizada. A definição refere-se também a crianças que usem ou tenham usado armas e aplica-se a crianças que possam ter desempenhado no grupo armado funções tão diversas como transportar equipamentos, cozinhar ou servir de mensageiros. Neste momento, a definiçaõ inclui também as raparigas que tenham sido recrutadas para fins sexuais ou para «casamentos» forçados.

Estima-se que existam cerca de 250 mil crianças soldados, recrutadas à força em conflitos armados em mais de 20 países em todo o mundo. Estes meninos e meninas perdem o direito a brincar, a sonhar, a ser crianças. Estas crianças, correm sérios riscos de rapto, mutilação ou de morte, de serem recrutadas como soldados, de exploração e abusos sexuais. Ficam ainda privadas do acesso à saúde, à escola, ou mesmo a uma casa. Em 2007, durante a Conferência Internacional de Paris sobre as Crianças-soldado, os 58 países presentes comprometeram-se a lutar pela libertação incondicional destas crianças. Entre os compromissos assumidos num documento que resultou da conferência, pede-se aos Estados que as crianças-soldado sejam vistas como vítimas antes de serem acusadas de crimes aos olhos do direito internacional. A fragilidade dos acordos de paz assinados pelas partes envolvidas nos conflitos e tantas vezes violados também contribui para o fracasso da tentativa de desmobilização das crianças-soldado. Acresce que muitas das crianças ex-soldado quando regressam a casa não têm já uma estrutura familiar à sua espera.

No Afeganistão, as crianças chegam a ser usadas como bombistas suicidas, para fabricar armas ou transportar explosivos. Crianças e jovens em condições mais vulneráveis são os alvos preferenciais de governos, regimes e grupos armados. A guerra é apresentada como ato de heroísmo, no “marketing militar”.  o recrutamento de crianças é sempre muito fácil e a sua preparação para o campo de batalha torna-se muito simples. Elas são facilmente aliciadas – quando não raptadas –, facilmente treinadas para cumprir as ordens mais atrozes, são mais obedientes, não questionam ordens, são manipuláveis e sobretudo mais controláveis. A sua imaturidade não lhes permite ter discernimento sobre os atos que cometem, não são capazes de medir as consequências das suas ações, nem valorá-las, pois os mecanismos de limitação de comportamento estão ainda em fase de desenvolvimento pelo que, nos ambientes mais hostis, tomam atitudes que não seriam tão facilmente tomadas por adultos.

No Iraque e na Síria, as crianças com 12 anos, são submetidas a treino militar, sendo posteriormente usadas como informantes ou em patrulhas, em postos de controlo ou para guardar pontos estratégicos. Em alguns casos, também são utilizadas como bombistas suicidas ou para levar a cabo execuções. Na República Democrática do Congo, cerca de duas mil crianças estão a ser utilizadas por grupos armados sobretudo nas províncias orientais do Kivu do Norte e do Sul. 

Cerca de 40% das crianças soldados são meninas. A maioria sofre violência sexual. Se conseguem fugir, podem enfrentar o preconceito da família por terem sido violadas. O Boko Haram, responsáveis pelo sequestro de 276 meninas, em janeiro de 2015 usa uma  “menina-bomba”, de apenas 10 anos, num atentado a um mercado da cidade de Maiduguri, nordeste da Nigéria.  Na Colômbia, o alistamento voluntário de meninas é um modo de empoderamento e fuga de situações de violência, mas violência e discriminação acompanham-nas durante o período junto ao grupo armado e na sua reinserção na sociedade.

No Uganda, após o golpe de estado na República Centro-Africana, em 24 de Março de 2013, tornou-se mais difícil para as crianças-soldado ugandesas – raptadas para ingressarem nos grupos rebeldes que atuam naquele país– regressarem à sua terra natal.

 

Fontes:

https://www.acegis.com/2016/02/dia-internacional-contra-a-utilizacao-de-criancas-soldado/

https://www.apagina.pt/?aba=7&cat=166&doc=12279&mid=2

https://veja.abril.com.br/mundo/aos-12-anos-fui-uma-crianca-soldado

https://www.acn.org.br/republica-centro-africana-impede-o-retorno-de-criancas-soldados-ugandesas/

https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/27808

 

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publicado às 12:13

Este ano, vou aqui contar um pouco do que é uma das maiores tradições de Sesimbra. É que o nosso Carnaval não está apenas nos desfiles grandiosos, que a (quase) todos contagiam! É muito mais do que isso. Quando falamos do Carnaval de Sesimbra não podemos apenas falar nas Escolas de Samba e nos grupos de Axé que desfilam. Há todo um "mar" de gente, inserida em coletividades e grupos que preparam grandes momentos do mais tradicional Carnaval.

Sesimbra é um dos poucos locais do país que ainda mantém viva a tradição das Cegadas e das Cavalhadas, um costume da nossa zona rural, com mais de cem anos. Podemos ver aqui um ensaio do grupo de Cegantes de Alfarim.

Podemos aqui ver também uma das atuações do grupo, no Zambujal. As cegadas, "com mais de cem anos" são a voz do povo, que a brincar com as palavras fazem uma crítica social, à boa maneira popular, com malícia mas sem maldade. São uma espécie de teatro popular satírico originário das zonas mais rurais do concelho. "Em verso, e acompanhados à guitarra, o grupo" apresenta, "ao estilo das antigas canções de escárnio e maldizer, alguns dos acontecimentos mais marcantes da sociedade portuguesa." Podem criticar o país, ou o senhor do talho da aldeia, um presidente de um clube, o presidente da república ou o chefe dos correios. Todos podem ser visados e é nas entrelinhas dos textos que escrevem e que depois nos põem a rir, que vão deixando a sua marca e a sua alfinetada!

Já nas Cavalhadas, "um costume típico das zonas rurais e no concelho de Sesimbra" e que "têm acompanhado várias gerações", as habilidades são outras. Demonstrando a sua perícia, um grupo de homens, a cavalo, de bicicleta ou de mota, vão recriando hábitos medievais.

Na noite de quarta-feira, há também tradição de se fazer o Enterro do Bacalhau. O Um "cortejo, que encerra os festejos carnavalescos no concelho" e que "conta a história de um defunto que teve uma vida muito preenchida e animada. A acompanhar o "Bacalhau" (o morto) pelas ruas da vila, vai a "viúva", as recém conhecidas "amantes", o "padre", e os "amigos" que o vão chorando! É uma galhofada.

Fontes:

https://www.coolture.pt/event/carnaval-de-sesimbra-2018-programa-geral/

https://www.sesimbra.pt/noticia-72/enterro-do-bacalhau-marca-fim-dos-festejos-de-carnaval-em-sesimbra

 

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publicado às 20:30

Tragédia nas camadas jovens do Flamengo

por Elsa Filipe, em 09.02.19

Um incêndio que cause vítimas mortais é já por si uma tragédia, mas acho que ninguém fica indiferente, quando as vítimas são todas jovens elementos da mesma equipa de futebol. A tragédia aconteceu no Brasil, "no Centro de Treinamento do Flamengo no início da manhã desta sexta-feira". As dez vítimas "tinham entre 14 e 16 anos." De acordo com declarações prestadas por um porta-voz do Flamengo, "há três jovens internados, dois deles em situação estável e conscientes; o terceiro está em estado grave" uma vez que ficou com "cerca de 40% do corpo queimado."

"O fogo destruiu parte dos alojamentos do Ninho do Urubu," assim chamado pela ave que é a mascote do clube e que se localiza "em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio." De acordo com informações dadas pelo jornal "Globoesporte, o incêndio terá começado no quarto de Felipe Cardoso, médio da equipa Sub-17 que chegou esta semana ao Flamengo vindo do Santos," e terá tido provavelmente origem num curto-circuito numa instalação de ar condicionado.

A estrutura principal "conta com cinco campos de futebol, alojamentos, ginásio e um parque aquático," mas esta seria uma construção ilegal, constituída por seis contentores entreligados entre si e para a qual já estaria prevista a demolição. De facto, a estrutura onde os jovens tinham ficado alojados, também "não tinha certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros, que atesta a existência e o funcionamento dos dispositivos contra incêndio previstos pela legislação vigente" no Brasil. O Munícipio local "informou que lavrou 30 autos de infração contra o Centro de Treinamento do Flamengo," uma vez que estaria a funcionar "sem o alvará de aprovação dos Bombeiros."

 

(imagem: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/08/incendio-deixa-mortos-e-feridos-no-centro-de-treinamento-do-flamengo.ghtml)

Fontes:

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/08/incendio-deixa-mortos-e-feridos-no-centro-de-treinamento-do-flamengo.ghtml

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47169580

https://observador.pt/2019/02/08/incendio-no-centro-de-treinos-do-flamengo-faz-pelo-menos-10-mortos/

 

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publicado às 20:55

Durante a década de 1980, a ilha de Santa Maria, nos Açores era um ponto de paragem obrigatória para os voos que cruzavam o Atlântico, ligando os continentes europeu e americano.

No dia 08 de Fevereiro de 1989, o boeing 707, da Independent Air, com 144 pessoas a bordo, com origem em Bergamo, na Itália, tinha como destino a República Dominicana, nas Caraíbas, fazia uma escala técnica no aeroporto de Vila do Porto, em Santa Maria, ilha do grupo oriental dos Açores. Por algum motivo, a aterragem não foi conseguida e a aeronave acabou por se despenhar no Pico Alto.

O cenário encontrado pelas equipas de salçvamento, era de terror. O silêncio era absoluto. Nenhum dos ocupantes sobreviveu ao embate. Nos dias que correm, a ilha já dispõe de cobertura por radar, o que naquela altura não acontecia. A falta de comunicação entre o piloto e a torre de controlo, levou a que a aeronave tivesse descido abaixo dos 2000m de altitude, embatendo assim na montanha.

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publicado às 12:11

Cremilda Gil

por Elsa Filipe, em 07.02.19

Faleceu a atriz Cremilda Gil. a atriz de 91 anos, que vivia há muitos anos na aldeia de Malarranha, concelho de Mora, no Alentejo, nasceu nas Caldas da Rainha, a 23 de fevereiro de 1927.

A sua ligação ao teatro começou como atriz no Conjunto Cénico Caldense, nas Caldas da Rainha. Estreou-se como atriz profissional em 1959, no Teatro Nacional D. Maria II na peça "Diálogos das Carmelitas".

Em 1961, estreia-se no cinema com o filme "Raça", de Augusto Fraga. Passa por várias companhias teatrais como o Teatro Estúdio de Lisboa ou Teatro Ádóque.

Na televisão fez teleteatro; séries; telefilmes e telenovelas. Participou na primeira telenovela portuguesa Vila Faia.

Retalhos da vida de um médico, Sabadabadu, Vila Faia, Origens, A relíquia, A morgadinha dos canaviais, O Mandarim, Cinzas, As Aventuras do Camilo, A Lenda da Garça e Inspector Max são alguns dos trabalhos em que participou em televisão. 

No teatro, atuou em Madame Sans-Gêne no D. Maria II, Sinhá Eufémia e António Marinheiro, no Teatro Villaret, Pimpinela, no Monumental, em Lisboa, mais recentemente, no Teatro da Terra em A casa de Bernarda Alba e A maluquinha de Arroios.

No cinema foi dirigida por António Macedo, em Domingo à tarde, por João Botelho em Um adeus português e Aqui na Terra e por Manoel de Oliveira em A divina comédia.

Em Cruz de Ferro (1967), um dos últimos trabalhos do realizador Jorge Brum do Canto, contracenou com Octávio Matos (do qual infelizmente também dei conta aqui da morte ainda há poucos dias).

 Ao longo da sua carreira fez vários trabalhos em cinema e televisão, entre eles as famosas novelas da TVI Todo o Tempo do Mundo, em 1999, Olhos de Água, em 2001, e a série Inspetor Max, em 2005.

Entre as mulheres, um telefilme de 2012, foi o seu último trabalho em televisão.

Fontes:

https://www.dn.pt/cultura/morreu-a-atriz-cremilda-gil-10554686.html

https://www.publico.pt/2019/02/08/culturaipsilon/noticia/morreu-actriz-cremilda-gil-91-anos-1861261

https://www.delas.pt/morreu-a-atriz-cremilda-gil/atualidade/544354/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cremilda_Gil

 

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publicado às 14:12

Octávio Matos

por Elsa Filipe, em 03.02.19

Octávio Matos, o homem que dizia ter pena de se ir embora, deixou-nos com 79 anos. O ator foi encontrado sem vida em sua casa, desconhecendo-se ainda as causas de morte. Ficou conhecido do grande público por séries como "Nico D'Obra".

Foi um dos mais famosos atores de revista da sua geração, tendo também atingido sucesso em diversos programas de humor na televisão.

Octávio Rogério da Costa Matos nasceu no Porto, a 5 de abril de 1939, no seio de uma família ligada ao teatro. Octávio Matos pisou pela primeira vez um palco, com 4 anos, onde fazia ilusionismo, ao lado do pai (considerado um dos melhores ilusionistas do mundo). Em teatro, Octávio Matos estreou-se nos palcos aos 17 anos, também ao lado do pai em Abril de 1956, no Teatro Nacional de Luanda, em África, no registo de comédia.

Do ABC ao Maria Vitória, o seu nome fica associado a uma série de marcos na história da Revista à Portuguesa. Remonta a 1965, a sua estreia no cinema, com “O Parque das Ilusões”, de Perdigão Queiroga, e se a relação com a sétima arte não ficaria por aqui, é através da televisão que reforça o seu vínculo com o grande público, quase sempre através do registo cómico.

Na RTP, Octávio Matos começou por fazer Teleteatro. Entre várias peças, protagonizou “Uma Bomba Chamada Etelvina”, em 1988. Mas muito antes disso, na década de 70, já tinha entrado no “Álbum da Feira”, onde o vemos a contracenar com Ivone Silva. Foi a Londres ver a peça "Sexo nunca, somo britânicos", para depois a executar de forma brilhante em Portugal.

No cinema, Octávio Matos fez um brilharete com o filme “Cruz de Ferro”, onde ganhou todos os prémios que havia para ganhar. Depois disso e apesar de todos os prémios, ficou sete anos sem filmar.

Em 2000, protagoniza, juntamente com Guilherme Leite e Carlos Areia, a série cómica “Bacalhau com Todos” e participa na série “Camilo, o Pendura” (2002). 

Também para a RTP, Octávio Matos entrou nas telenovelas “Primeiro Amor” (1996), “Terra Mãe” (1998) e “Ajuste de Contas” (2000).

O ator recebeu a medalha de mérito, em 2007, pela Câmara Municipal de Lisboa, e deixa, na memória de todos os portugueses, uma carreira notável, que passou pelos palcos do teatro e pelos três canais generalistas. 

O curriculum inclui também outras séries como “Eu Show Nico”, “Nico D’Obra”, “Nós os Ricos”, "Os Batanetes" e “O Prédio do Vasco”.

Em 2016, emprestava a sua voz a uma das personagens de “O Panda do Kung Fu 3”. Estreou o espetáculo "Quem é o Jeremias?" no teatro Vilarett, uma comédia escrita e encenada por Isabel da Mata (substituída depois por Paula Marcelo).

Fontes:

https://observador.pt/2019/02/03/morreu-o-ator-octavio-de-matos/

https://media.rtp.pt/agoranos/artigos/recordar-carreira-octavio-matos

 

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publicado às 13:10


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